A Garota De Bronte escrita por Milk Shake


Capítulo 15
XIV


Notas iniciais do capítulo

Eu sobrevive à semana de provas e estou aqui postando décimo quarto capitulo da história. Espero que gostem porque eu fiz correndo hahaha Beijinhos e boa leitura!



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Empurrei Augustus com toda a força que eu pude reunir naquele momento. O que foi o suficiente para ele dar três passos para trás. Ele perdeu o equilíbrio e se apoiou na amurada. Tá bom, agora eu fiquei confusa. TOTALMENTE confusa. Aquilo foi tão inesperado que eu não sabia bem o que dizer ou fazer. Eu estava em uma mistura de raiva com felicidade e com decepção e ansiedade ao mesmo tempo e arrependimento. Bom, eu deixei no início, mas me senti culpada por Jamie.

- O que foi isso, Augustus? – Minha voz saiu como um fiasco. Senti que as minhas bochechas estavam esquentando.

Ela olhou para mim com a mão no queixo. Como se a cena o divertisse. Nate dissera que ele era perigoso e agora eu notei. – Uma coisa que eu estava com vontade de fazer desde a primeira vez que eu te vi. Não precisa ficar irritada comigo. A gente pode esquecer isso. Se você quiser, é claro.

- Augustus. Isso não foi legal. – Eu não conseguia olhá-lo nos olhos. Qual era o meu problema?

- Mas você gostou.

O que eu diria agora? Que era verdade? Ficar calada só pioraria a minha situação. Ficar parada também não ajudaria em nada. Mas as palavras fugiram, eu tentei abrir a boca para falar alguma coisa, mas não tinha o que dizer. Ele conseguiu me deixar sem ação.

- Então eu acho que devíamos voltar. Já está escurecendo. – Ele disse enquanto colocava o braço atrás da cabeça e olhava para o horizonte.

Eu balancei a cabeça. Definitivamente, não queria ver Nate aquela noite.  Não sei se conseguiria fingir não ter acontecido nada. Sinto que ficarei estranha com Augustus por alguns dias ou semanas. O mais sensato a fazer seria ir para os dormitórios, chamar Libby e conversar com ela sobre isso.

- É. Vamos voltar.

Ele me acompanhou até os dormitórios como sempre fazia. Lá eu me troquei e fui bater na porta do quarto de Libby. Sem resposta. O que era completamente estranho porque Libby sempre ia direto para o quarto fazer as tarefas de casa quando não me encontrava. E sempre que ia visitar Nate, ela avisava ou me esperava para irmos juntas. Não fazia sentido Libby sumir desse jeito. Senti um aperto no peito. Será que alguma coisa de ruim aconteceu com ela?

- Augustus. Precisamos encontrar Libby.

Ele virou. – Por quê? O que aconteceu? – De repente ele entendeu. – Ela não tem aquelas aulas a mais que vocês fazem depois da aula?

- Não ela só faz literatura avançada mas não fica depois do horário na escola... – Coloquei a mão na testa em um gesto de preocupação. – Ah meu Deus. Libby também não. Ela não.

- Fique calma Jacey vai dar tudo certo. Ligue para ela.

Ótima ideia. Disquei rapidamente os números do telefone celular de Libby escondido para que ninguém pudesse me ver. Era proibido usar o celular durante a semana, mas os alunos usavam assim mesmo. Ouvi a voz da secretária eletrônica dizendo que o celular estava fora da cobertura de sinal. Onde ela poderia estar...

- E ai? – Augustus perguntou.

- Desligado ou fora de área. Onde ela está...

Ficamos por horas pensando em todos os lugares em que Libby poderia estar. Era lógico que estaria dentro das dependências do internato. Não há como sair sem nenhuma autorização ou algo do tipo. Principalmente com aquele monte de policiais por perto. O lugar que ela frequentava era a biblioteca, mas ela estava em investigação para achar vestígios do esfaqueamento de Nate. Libby gostava muito de ficar na praça mas os policiais enxotavam os alunos quando começava a escurecer e pela lógica era para ela estar dentro do quarto fazendo as tarefas. O única lugar que eu poderia imaginar não ter sinal dentro do campus seria alguma construção subterrânea ou...

- Augustus. Eu acho que sei onde ela pode estar.

- Onde?

- Nos túneis.

Augustus olhou no fundo dos meus olhos e me senti completamente desesperada. Libby não poderia ter ido para lá sozinha. Ela tem medo de escuro e a área está cheia de policiais. A diretora mandou lacrar a sala para que nenhum aluno fizesse a loucura de invadir. Assim como Nate e eu. Era certo que os túneis tinham várias entradas e saídas dentro da escola, mas encontrar uma seria muito difícil.

- Como vamos encontrá-la? Quer que eu peça uma busca.

- Sim, peça para que a procurem. Eu vou entrar no quarto dela para ver se acho alguma coisa.

- Mas está trancado.

- Sim

- E você não tem a chave.

- Eu sei.

- Então como...

Tirei um pequeno grampo do meu cabelo e um clips do bolso do short. Aprendi a arrombar portas com o meu pai quando era criança. Ele sempre dizia que um dia isso seria necessário. Bom, ano passado eu arrombava a porta da secretaria para roubar gabaritos de provas com os meus amigos. E de tanto fazer isso, acabei pegando jeito.

- Não acredito que você vai fazer isso. Jacey, você pode ser expulsa.

- Alguém vai contar? – Estávamos sozinhos no corredor por enquanto. As meninas estavam no andar térreo conversando sobre garotos e assistindo filmes. Olhei para os olhos de Augustus mais uma vez. Ele desviou o olhar e fingiu não ver o que eu estava fazendo. Enfiei o grampo na fechadura da porta e logo em seguida o clips. Após remexer e achar o segredo, pressionei o clips e girei o grampo. – Voilà.
Empurrei a maçaneta e a porta se abriu. O uniforme dela estava jogado na cama, isso significa que Libby chegou até o quarto e se trocou. Depois saiu por vontade própria para algum lugar. Ok. – Me ajuda a achar alguma pista. Alguma coisa que esteja faltando... – olhei para o cabide branco no canto do quarto e o roupão de banho dela não estava mais lá. – Ah ela foi tomar banho. Deve estar nos chuveiros. Vamos checar por lá.

Seguimos pelo corredor largo até as portas duplas do grande banheiro do meu andar. Algumas garotas fazia barulho lá dentro. Eu empurrei a porta e entrei. Augustus ficou parado do lado de fora como era previsto. Chamei por Libby. Nada. Perguntei em todos os boxes ocupados e não a encontrei em lugar nenhum. Até que eu vi o roupão dela pendurado do lado de fora de uma das cabines. Empurrei a porta e não tinha nada la dentro, só os xampus com aroma de chocolate dela. Segui em frente até o fim do corredor, checando em cada box para ter certeza de que ela não estaria largada no chão com uma faca cravada no peito ou algo do tipo. Não tinha nada de sangue. Nenhum traço de anormalidade. O vapor molhava os meus cabelos aos poucos. As outras garotas cantarolavam e conversavam de um box para o outro. E nada de achar pistas de Libby. No fim do corredor dos chuveiros, ficavam algumas pias com espelhos e alguns bancos com tomadas para secadores/chapinhas. Era tudo bem planejado para não fazer barulho dentro dos dormitórios. Embaixo de uma dessas pias, um alçapão estava mal fechado no chão. Parei na frente dele e levantei a tampa. O cheiro úmido de mofo preencheu meu nariz. Libby estava ali dentro. Haviam fios de cabelo arruivados na pia. Não tinha outra escolha senão descer e procurar por ela. Não queria voltar nunca mais àqueles malditos túneis. As lembranças da semana passada ainda assombravam meus pensamentos. Nate surtaria se eu entrasse de novo e surtaria mais ainda se eu morresse sem me despedir dele. Tinha que buscar Augustus para ir junto comigo. Ele possuía uma arma e precisaríamos dela caso alguma ameaça surgisse. Fui buscá-lo do lado de fora do banheiro. O meu cabelo estava molhado e grudado na testa. – Sei onde Libby está. Preciso que me ajude.

Expliquei para ele como funcionavam os túneis. Augustus tinha um kit de emergência com uma lanterna, uma arma e um rádio para pedir socorro que era conectado com o guarda mais próximo. Não estava me sentindo segura, mas me sentia menos em perigo. Ninguém nos viu entrar. Puxamos juntos o alçapão para não fazer ruídos, era uma escada que parecia descer até o inferno, Augustus foi na frente para checar se estava seguro. Quando chegou ao fim, disse que eu já poderia descer. Eu estava novamente no túnel dos meus pesadelos.
O chão de barro estava repleto de poças d’água que pingavam dos canos, todos eles enormes em cima das nossas cabeças. O túnel era diferente do que entramos pela sala do prédio administrativo, era mais largo e as paredes eram de concreto. Só o cheiro que não mudou absolutamente nada. Os canos também pareciam ser mais bem revestidos por causa do grande número de água que passava por eles em direção ao esgoto.  Augustus mirava a lanterna todo o tempo para o chão, procurando alguma coisa até que encontrou uma pegada. – Ali! Olha! – Era a marca de um chinelo de borracha. – Deve ser da Libby. Estamos no caminho certo.

Andamos por um bom tempo, sempre achando pegadas, entrando em corredores diferentes, mais estreitos, mais largos, mais sujos e mais cheios de ratos. Haviam algumas placas coladas nas paredes de concreto com os nomes dos lugares em que estávamos. – Estamos embaixo do refeitório. – Augustus disse.

- Andamos tanto tempo para chegar só até aqui? – Do dormitório para o refeitório eram meros sete minutos de caminhada. – Acho que demos uma enorme volta.

- Também acho. – Ele mirou a lanterna no chão procurando pegadas. – Temos duas opções: a) Seguimos para a direita onde a placa diz que vamos chegar ao prédio administrativo ou b) seguimos para a esquerda, que está indicando o ginásio.

- O que você acha melhor fazermos?

- Eu acho melhor seguirmos para a direita. Quem sabe Libby não foi para lá? Acho que não havia nada de interessante para ela no ginásio.

- Mas não sabemos se ela foi arrastada para cá.

- Não, só há pegadas recentes dela. Não tem ninguém andando junto.

Ouvir aquilo me deixou menos aflita. Mas não sossegaria até encontrar Libby. – Vamos para a direita então.

- Espera. – Ele colocou o dedo na própria boca indicando silêncio. – Fique quieta.

Eu parei para ouvir o que ele tinha a dizer e quando olhei para o fim do corredor à direita, vi uma luz de lanterna refletindo em uma das paredes. Augustus me empurrou para o corredor de onde vimos e encostou-se à parede. Ele desligou a lanterna e saco devagar a arma. Não via nada, mas pude ouvir o som da pistola sendo destravada. Os passos se aproximavam cada vez mais e a luz da lanterna ficava cada vez mais próxima. Augustus segurou a minha mão. Ele a soltou de repente e mirou a arma e a lanterna para a pessoa que estava vindo. – Parado! Não se aproxime!

A pessoa soltou um gritinho agudo e eu soube naquele momento que era Libby. Desencostei da parede e olhei para ela. Libby vestia seu pijama de patinhos e um pé dela estava descalço. Ela carregava uma caixa de papelão em um dos braços e uma lanterna na outra. Augustus abaixou a arma mas continuou com a lanterna mirada para baixo.

- Ah meu deus, Libby. Não faça isso nunca mais. – Disse enquanto corria para abraça-la. – Que diabos é isso que está carregando?

- É uma caixa com coisas que eu achei naquela sala que você e Nate visitaram outro dia. Acho que tem alguma coisa a ver com o assassinato das duas garotas. Podemos ir embora? Te explico tudo quando chegarmos no dormitório.

- Está bem. Vamos embora.

Nós três subimos de volta a escada que levava para dentro do banheiro das garotas. Libby precisou tomar outro banho porque estava muito imunda. A barrado pijama dela estava ensopada de água e barro. E perdera um dos chinelos nos túneis porque ficou atolado na terra molhada. Ela também conseguiu sujar de poeira a blusa e então emprestei um dos meus pijamas para ela. Depois de tudo isso, subimos para o meu quarto.

- Então Libby, conte-me o que descobriu.


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Notas finais do capítulo

Já tem alguma ideia do que se passa por trás dessas duas mortes? O que acham que vai acontecer daqui para frente?
Espero que tenham gostado.
~Veronica



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