Insuportável Dor escrita por Dark Lieutnight


Capítulo 5
Amiga


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo dessa fic, apesar da imensaaaa demora, não desisti ^^'



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Estava sentada em uma das cadeiras da sala de espera do hospital central, esperando alguém sair da porta onde supostamente levaram a garota loira de olhos verdes imediatamente. Eu não deveria estar ali, mas estava. Ainda consigo me lembrar o motivo de eu estar ali naquele lugar. Fora nesta mesma noite.

...

“Havia entrado atrás dos palcos. Ao final da apresentação da bailarina, pressentia algo errado e queria verificar o que era.

Me deparei com um corredor cheio de portas, escolhi uma e girei a maçaneta. Um cômodo cheio de fantasias, vestidos, maquiagens e tudo o que os atores de teatro precisavam para se preparar antes de subir no palco. Com toda certeza aquela não era a sala certa, entretanto me deixei levar pela emoção de ver todos aqueles trajes estonteantes, pois sempre tive um sonho de ser estrela de palco.

E se não podia realizá-lo de verdade, poderia pelo menos sonhar.

Assim, comecei a colocar os vestidos e mexer com todas aquelas coisas. Acabei fazendo tanto barulho, que ouvi som de passos no corredor. Rapidamente vesti minha roupa normal e uma pessoa abriu a porta do cômodo. Para minha surpresa era justo a bailarina que eu estava procurando.

— Hã? Quem... Quem é você? Não... Devia estar aqui! — Disse a loira.

— M-me d-desculpe, é-é que eu só vim ver se você estava bem, sabe? — Ela ainda estava ofegante e com dificuldade de falar.

— Veio... Ver se... Estou bem? Por quê?

— É-é q-que você parecia cansada e... Pálida no palco.

— Ah... Aquilo? Não é nada... É só... — Ela ficou mais pálida e tentou se apoiar com a mão numa parede.

— Ei! Você está bem? Está sentindo o quê? — Cheguei perto dela, ela parecia que ia cair.

— É só... — Ela desmaiou e quase ia cair, porém eu consegui segurá-la. Sentei no chão e coloquei a cabeça dela em meu colo, entrei em pânico.

— E agora? Ela morreu? O que eu faço?

Pensei rápido e peguei o celular em minha bolsa, disquei o número da ambulância e informei todos os dados, eles chegariam em menos de uma hora.

MENOS DE UMA HORA? — Pensei indignada. — E SE ELA TIVER ALGO GRAVE?

Então fiquei com ela ali, inconsciente e com sua cabeça em meu colo. Comecei a pensar o que iria dizer quando chegar no hospital. Eu não a conhecia, não era amiga, parente nem nada. Tive uma ideia, olhei a roupa que a loira estava, camiseta, uma jaqueta com alguns bolsos e uma calça jeans com bolsos traseiros. Procurei em todos eles e achei o que queria, o celular dela. Abri o Menu>Contatos e passei os olhos na lista e vi escrito mãe.

Bingo! Fiz chamada e uma mulher de voz suave atendeu:

— Alô? Lire minha filha, você está demorando, quer que seu pai e eu te busquemos? — Perguntou.

— Ah, a-alô meu n-nome é... A-amy A-aruha. — Gaguejei temendo a reação dela.

— O quê? Mas esse celular é da minha filha! Quem é você? O QUE FEZ COM ELA?! — Sua voz havia alterado.

— Senhora, fique calma, não fiz nenhuma mal para sua filha, deixe-me explicar. Estava assistindo à apresentação dela, no final notei que ela estava ofegante, pálida e tremia levemente. Assim fui procurá-la nos camarins atrás do palco, quando a encontrei, ela não parecia bem e desmaiou de repente. Chamei a ambulância que vai chegar em menos de uma hora, estou aqui ao lado dela e prometo ficar até os médicos chegarem e não fazer nada. — Silêncio no outro lado da linha.

— Saiba que eu não confio em você! Porém se for verdade o que diz, me passe o endereço onde vocês estão, irei aí imediatamente com meu marido! E não se atreva a fazer nada com minha filha! EU NUNCA VOU TE PERDOAR! — Esbravejou a mulher.

— S-sim vou dizer onde estamos, anote o lugar. — Assim que dei a informação ela encerrou a chamada. — Droga! A mãe dela acha que sou um sequestrador ou algo assim, mas entendo, qualquer mãe ficaria desesperada ao ouvir outra voz no telefone de sua filha.

Finalmente a ambulância chegou e muitos atores do teatro se perguntaram quem teria chamado. Suavemente coloquei a cabeça da loira no chão e corri lá fora, guiei os médicos até a mesma. Ela foi colocada numa maca e levada para dentro do veículo. Uma multidão de curiosos e atores se reuniram para saber do ocorrido, eu ia entrando no carro junto da loira, porém um dos médicos me impediu.

— Mocinha, você é amiga ou parente dela? — Perguntou o médico.

Se dissesse que era desconhecida, obviamente não me deixariam entrar, menti descaradamente. — Sou a irmã dela. — Tinha prometido que ficaria ao seu lado até a ajuda chegar, mas não queria abandoná-la ainda.

Ele me olhara desconfiado, mas me deu passagem. Olhei discreta para os atores e pensei que iam desmentir-me, mas para minha surpresa, eles simplesmente se calaram. Notei que os pais da loira não haviam chegado ainda. A ambulância começou a andar rumo ao hospital. Olhei para Lire ao meu lado na maca e comecei a me perguntar o porquê de eu estar tão preocupada com ela e o que ela tinha para ficar naquele estado.

— Lire... Então esse é seu nome.”

...

Ouvi passos, duas pessoas adentravam o hospital com expressões aflitas, uma mulher de cabelos loiros e olhos castanhos e um homem também loiro com olhos verdes. Os pares de olhos rapidamente focaram em mim e os dois adultos caminharam na minha direção. Levantei-me entendendo a situação. Aqueles deviam ser os pais de Lire, que chegaram ao teatro, alguém deve ter dito a eles que uma ambulância levou a menina.

— Você! Deve ser a garota que entrou na ambulância com minha filha! — Exclamou a mulher. — Disse que ia nos esperar no teatro!

— Alys querida, tenha calma, tenho certeza que a menina não fez nada! — O homem interrompeu-a e virou para mim com uma mão estendida.

— Meu nome é Larry Eruel e está é minha esposa, Alys Eruel somos os pais da Lire.

— Sou Amy Aruha. — Demos um aperto de mão, em seguida expliquei o ocorrido. Os dois foram até a recepcionista que indicou o quarto onde a filha deles estava e partiram para os corredores do grande hospital. E novamente eu fiquei sentada esperando para ver o que aconteceu.

Os segundos e minutos se passavam até que finalmente vi a silhueta dos adultos que voltavam.

— Amy, ainda está aí? É melhor ir para casa, já é tarde da noite, seus pais podem estar preocupados. — Disse Larry. Aquela frase mexeu um pouco comigo, me fez lembrar que não tenho pais. A única coisa que deve estar se preocupando era minha casa, por causa da bagunça que fiz nela ontem.

— Vai ficar tudo bem Senhor Eruel, meus pais não estão em casa. — Respondi como uma indireta para dizer que eles estão mortos.

— Oh, estão viajando então. — Ele não percebeu. — Mas, por que nos esperou todo este tempo?

— Ah, b-bem, e-eu gostaria... De falar com a sua filha, se... Ela estiver acordada.

— O que quer com Lire? — Alys perguntou em tom desconfiado, sua voz demonstrava um pouco de raiva.

— Alys, por favor me deixe falar a sós com ela. — Contrariada pelo marido, Alys se distanciou e Larry e eu ficamos a sós.

— Por que quer falar com Lire?

— Eu gostaria de saber como ela está. Sei que não sou nada dela, uma completa desconhecida, mas fiquei preocupada quando ela estava fazendo sua apresentação de balé.

Larry fez uma cara confusa, mas logo se recompôs e me deu autorização para falar com sua filha apesar dos protestos da esposa.

...

Dei três leves batidinhas na porta. Após alguns segundos, uma voz falou um breve “entre”. Abri devagar e entrei num cômodo todo branco com alguns objetos azuis, flores em um vaso, uma tv e um pequeno banheiro. O lugar era calmo e transpirava paz. Em seguida vi a bailarina sentada em uma cama. Fechei a porta, seus olhos focaram em mim. Uma expressão confusa se formou, para logo em seguida tornar expressão de surpresa.

— Hey, você! A garota que vi nos camarins! Por que está aqui?

— Ahn, ver se você está bem. Desde a sua apresentação eu notei que estava pálida, por isso fui te procurar nos camarins. — Depois de eu falar isso, ela ficou em silêncio um tempo e começou a falar.

— Eu soube pelo meu pai que você veio comigo na ambulância até aqui e não me deixou, agradeço muito a sua preocupação. Agora estou bem, mas no palco como você disse, eu estava pálida, fraca, suando muito e tremendo. Isto tudo porque tenho um problema no coração, arritmia cardíaca para ser mais exato. Na verdade, eu nem devia estar naquele palco, poderia estar morta agora mesmo. Mas... Eu não aguentei ficar sem dançar. É meu sonho, minha vida, mas depois que essa doença surgiu, eu tive que abandonar esse sonho. Não consigo aceitar completamente e muitas vezes eu saio escondida dos meus pais para fazer coisas assim, mesmo arriscando minha vida. — A loira terminou a frase, com um ar melancólico e triste.

— ... Eh... Eu, sinto muito... — Depois disso um silêncio eterno pairou na sala. Fiquei completamente sem palavras após ouvir isso, o que dizer para uma pessoa nessas horas?

— Sente muito? Você não fez nada, não precisa sentir, eu que devia pedir desculpa por te importunar com meus problemas, haha. — Ela deu um sorriso alegre. — Bem, eu ainda não entendi por que você se preocupou tanto comigo. Ah! Quase esqueci, obrigada por me salvar, Ahn... Criatura rosa?

Fiz uma careta e inflei as bochechas. Odiava ser chamada assim, eu acabo de salvar a vida dela e nem educação ela me dá?

— Desculpe, brincadeira. Meu nome é Lire Eruel e o seu fofa? — Novamente um tom alegre, perdoei a brincadeira.

— Amy Aruha.

— Que tal sermos amigas? — Surpreendi-me, ela acaba de me conhecer e me convida para ser amiga? Eu já estava achando que o cérebro dessa Lire tinha sido arremessado quando ela deu os saltos no palco. — E então? — Repetiu.

— Sim?

— Ótimo! Que legal, tenho uma amiga de cabelos rosa! — Lire saltou de sua cama e me abraçou rodopiando no ar. Onde ela tirou essa força?

— Ah bem, eu tenho que ir. — Já era quase meia-noite e os pais de Lire pareciam estar esperando na porta. Fui me dirigido a ela.

— Espere! — A loira pegou um papel e caneta, escreveu algo e me entregou. — Este é meu celular, talvez eu receba alta amanhã, me ligue.

— Okay... — Mas que menina doida!

— Ah, Amy... — Me chamou e a encarei. — Obrigada. — Sorriu, girei meus calcanhares até a porta a saí. Os pais de Lire estavam no lado de fora, disse que já tinha terminado e me despedi deles. Larry foi super gentil comigo, porém Alys nem sequer me olhou e despediu-se friamente.

Andando para casa, eu só pensava como esse dia tinha sido louco. Decido sair da minha casa; passo o dia todo sozinha na biblioteca; vou no teatro e invado os camarins; uma menina desmaia e tenho que socorrê-la; a mãe dela não foi com minha cara; descubro que ela tem uma doença e é muito doida.

Em casa, a bagunça... Ratos; baratas; cabelos com comida; sujeira e caos reinavam. Eu não quis saber. Apenas deitei na minha cama e adormeci, onde o amanhã nada interessante esperava-me.


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