Ago(u)ra escrita por Lô
Notas iniciais do capítulo
Não existe amor em SP. Nem em lugar nenhum.
As mariposas estão caindo
Elas estão mudando a rota
E o destino delas já é outro
A jaspe na qual elas se seguravam caiu
E o chão branco de azulejos maculado foi com o sangue
Sangue que as mariposas vertem quando o seu olhar castanho não as guia
E que as faz receber o cólera com prazer, pois não há mais vida até o retorno d’Ela.
Os meus dedos já se sentem flácidos e finos, fracos e moles
Porque a juventude na qual eu residia foi para longe
E eu citaria dezembro como um mês de melancolia aqui, como é comum
Se tais pés não tivessem sumido do meu assoalho em março
Em uma quinta à tarde, quando nossos peitos pulsavam leves como a brisa de agosto
E se meus joelhos não tivessem apanhado dos degraus com força
E se o meu amor não tivesse convidado a alegria a um passeio no Titanic.
Eu teria dito tudo que deve ser dito numa canção de melancolia de amor
Se isso não fosse uma poesia dramática de uma ilusão cheia de dor.
Mas os seus ouvidos não escutarão meu verbo, e sua boca não beijará minha rima
E as ruas de Nova Iorque continuarão maiores do que as de Paris
Com as mariposas mortas nos asfaltos marcados por suspeitos beijos de pneus
Mas eu não sou a América que suportará sua Europa.
Eu sou apenas uma Madrid perto da sua Tenochtitlán
Dentro da minha Pérsia, sua Roma implacável a tudo destrói e quebra.
Em você, as mariposas dançam alegres, rodam de júbilo e satisfação
Mas eu? Eu sou a praga de todas as mariposas.
Inclusive, da mariposa que você foi.
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E morra em seu próprio Mar de fel.