Angariei essa vida, num brechó qualquer por aí, aonde vi os olhos mais belos, o sorriso mais leve, a voz mais suave na cabana mais obscura, e eu caí pra trás dentro do meu deprimir. E depois, pra incrementar esta lamúria tamanha, via morte recusar meus pedidos e orações e o sangue que decidiu não verter, e a dor que escolheu não doer, para que eu sofresse só, por uma ilusão errônea de minha alma, me fazendo culpar meu espírito por toda a eternidade, sem o sentir nem o ver, na claridão do breu total que me cercava com monstros filhotes da nova safra da montanha solitária, ao norte da muralha vermelha, com espigões, onde vive o leão que me aprisiona ao pulsar das veias e artérias. Eu sou Henrique, o Sul do Norte, a voz calada, a palavra findada. O que eu gastei desde que alcancei o mundo consiste nos dias anteriores a este, a este momento agora e ao futuro, até a morte.

E aqui, a única dádiva deste mundo, dede sua criação: o som, xanadu maldito da minha vida, a música.