Ago(u)ra escrita por Lô
Eu caio outra vez, o soco arde
Como se eu tivesse ido a Marte
Ardem os chutes como eu, como meus olhos vermelhos.
Como a minha mão que lateja,
Ardem meus gritos, minha garganta seca,
Queima, queima, como queima.
Não, chega. Deus, minha morte tu almejas?
Jamais pensei eu que fosse assim, mas que seja
A mão que me soca é a mesma que pede que eu me erga e veja.
A mãe que me levanta é esposa do varão que me pune.
É esse o fogo que não mata
Essa é a brisa da velha e molhada chibata.
Esse é o som da lamúria que assola
O som da lágrima que rola.
E então, ao chão ela seca,
E meu lábio finalmente peca.
Esse é o amor que me louva
O que tem voz, e a mim todos os dias agoura.
O que resta do que sorrir um dia fora.
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