Já passa-me o tempo sem saber o que eu quero
Espanto a calmaria dos momentos com a luz
Onde eu encontro meu arrepio, podes dizer?

Poeira pueril me rodeia pelos cantinhos
Me vejo escavando as rochas do meu eu
Perco os olhos entre as copas das árvores
Não posso ver onde vai ficar o próximo pé.

Eu penso em chorar, em ir pra tua casa.
Mas eu esqueci a cor do teu portão,
o brilho dos teus olhos.
Eu olho para o céu azul, estridente.
Lá, a alegria se permite ser vista, e os olhos buscam-na
Sustento seu olhar de pena, sua visão gorgolejante.

Não bebo. Não saio. Não me deixo viver.
É a hora da corrente partir-me a vida em duas.
Gemi inconsolavelmente pelas horas nubladas
E o ranger etéreo da porta ruiu-me as estruturas
O meu alicerce me largara em alto-mar,
Mesmo sabendo que eu não saberia aonde ir.

Não sinto os ombros há muito. Não sei viver.
Me agarro na esperança de um fim feliz,
Como fazem os idiotas sem coragem de sair ao Sol.

O vento do deserto é fraco, tão fraco.
E os olhos dela miram-me em afinco.
Sei que não dá mais, os Anjos me disseram.

As vozes me contam e sussurram que não há mais cantigas nos campos.

Segredos? Alpendres? Milhas? Pratas?
O sonho dançante de seus braços me vira a noite do avesso.
Lágrimas não são mais velhas colegas,
Agora, camaradas para a vida.
Eu choro de tristeza, asco e rancor.
Mas eu sei que a minha angústia só vai durar
Enquanto as águas cobrirem o Mar.