All I Need escrita por Katherine Marshall


Capítulo 15
I knew you were trouble.




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Idiota, idiota e idiota. Como eu odeio esse menino. Ele entrou no banheiro, e eu desci as escadas.

– Bom dia. – Digo a Laura.

– Mau dia, muito mau.

– Que foi?

– Ressaca amiga, conhece?

– É, eu vi o jeito que você chegou ontem. – Eu disse rindo.

– Ai, dei muito trabalho?

– Não, o Pedro que cuidou de você.

– Fiquei sabendo que você tá doente...

– Ficou? Como?

– Ah, deu pra ver, né. Acho melhor eu ir embora, você tem que ficar de repouso.

– Eu não tô tão doente assim, Laura.

– Eu sei, mas você sabe, sou hiperativa. Eu venho aqui todos os dias para ver como você está, e tal, mas não quero incomodar. Você precisa descansar, quando melhorar, é só chamar que eu volto. Aliás, pode chamar sempre que precisar.

– Tudo bem então, obrigada.

Fiquei triste por ela ir embora, por algum motivo... E eu sabia qual era. Pedro iria também, e... Esses dias com ele, sendo razoavelmente legais um com o outro, foram bons pra mim. E eu sabia que a partir de agora, isso acabaria. Foi só porque ele estava na minha casa.

Assim que eu e Laura terminamos de tomar café, acrescentando alguns remédios, Pedro desceu.

– Pedro, a gente vai embora. – Laura disse.

– O que? – Ele aparentou ter ficado levemente desapontado, mas só por um segundo. – Ah, até que enfim. – Disse sorrindo, mas assim que me olhou, não sei, seu olhar era... Profundo, preocupado, triste... O que fez meu coração disparar e motivou turbilhões de pensamentos sem sentido em minha mente. Que droga, por que ele fazia isso comigo? E como conseguia?

(...)

A tarde Pedro e Laura foram embora, e eu passei o dia inteiro deitada na cama, pensando, dormindo, de vez em quando acordava e dormia de novo. Eu estava piorando, e não fazia nada a respeito. Simplesmente não tinha vontade de sair da cama.

(...)

A noite chegou e estava frio, muito frio. Pelo menos eu achou, ou a febre tinha voltado. Estava sem sono, pois já havia dormido a tarde toda, mas ainda assim, estava cansada. E com tédio. Meu celular tocou várias vezes, mas não atendi ninguém, simplesmente porque não tive vontade.

Ouço a campainha tocar, uma, duas, três, quatro, cinco vezes. Também não tive vontade de atender. Seis, sete, oito, nove, dez, onze... E perdi a conta. Quem quer que fosse, estava insistindo muito, portanto me levantei da cama, mesmo que relutante e fraca, desci as escadas e levo um susto ao abrir a porta e dar de cara com Pedro.

– Que foi? – Perguntei, mas minha voz estava tão fraca que não sei se ele havia entendido.

– Vim ver como você tá, e pelo visto, nada bem.

– Ainda, Pedro? O fingimento já acabou, não precisa... – Continuar com isso, eu ia dizer, mas comecei e a tossir. Ele se aproximou, me envolvendo num abraço aconchegante, então respirei fundo e parei de tossir. – Você vai ficar contaminado. – Disse e tentei rir, mas com o riso, a tosse voltou.

– Vem, você precisa descansar. – Ele disse e me pegou no colo, me deitou no sofá e se sentou ao meu lado. – Tá com frio? – Eu simplesmente assenti, com os olhos fechados, e senti algo me cobrir, abro os olhos cansados e vejo que era a blusa vermelha de frio dele. – Eu vou lá em cima, buscar uma coberta e já volto.

– Não... – Eu respondi, mas a essa hora ele já estava subindo as escadas e nem se quer me ouviu. Logo ele voltou, com a minha coberta rosa. E então eu tive um pensamento muito idiota, na saúde e na doença. No meu caso, era só na doença.

– Você tomou os remédios? – Fiz que não com a cabeça. – Você tem que se cuidar, se tomasse, eu nem ia precisar estar aqui agora, te enchendo. – Ele riu.

– Prefiro você aqui... – Disse, já meio perdendo os sentidos, e esperei pelo pior. Ser xingada ou algo do tipo, humilhada. Mas nada. Ele só sorriu, se levantou e foi até a cozinha, voltando com um copo d'água e dois comprimidos. Tomei, e insisti em me sentar.

– Dorme, você precisa descansar.

– Eu já dormi o dia inteiro, tô bem... Obrigada por, sei lá, estar aqui cuidando de mim. Sei que deve ser contra sua vontade. Foi a Laura que mandou, não foi? – Perguntei rindo, mas ele não riu, muito pelo contrário.

– Não, vim porque eu quis. – E deixou escapar um sorriso fraco.

– E por que? Desde quando você se importa comigo?

– Desde sempre, eu acho...

– Como assim? – Perguntei, visivelmente confusa.

– Quem tem ódio se importa, certo? – Ele riu, e eu também.

– Certo, mas quem tem ódio que ver a pessoa mal, e você era assim comigo antes, parecia querer me ver triste, mas agora não...

– É, eu conheci você melhor e você nem é tão chata assim... – Ele riu de novo. – Na verdade, eu nunca te odiei. Só agi como um idiota, me desculpa.

– É, agiu mesmo. – Abaixei a cabeça, e fiquei assim, por um indeterminado tempo, até ele colocar a mão em meu queixo, e levantá-la, me fazendo olhar para ele. – Sabe, eu sei que errei em ter me metido entre vocês e a Laura, mas sei lá, eu tinha bebido, não que isso seja desculpa mas... Eu nunca entendi esse seu ódio grátis por mim, não era motivo pra isso tudo, sabe? Eu passei a te ver como uma pessoa ruim, horrível. Me tratava mal e, sei lá, parecia ter prazer nisso. Era grosso, e me acha tudo de ruim sem ao menos me conhecer direito. Você nem me deu uma chance, sabe? Eu te pedi desculpa aquela vez e... Esquece, você nem liga mesmo. Sei que quando eu estiver melhor tudo vai voltar a ser como era antes, então pra que isso? Por favor, pode ir embora, aproveite o resto de noite que tem longe de uma doente, chata, horrível, de voz e risada irritante e sentimental como eu. – Eu disse e me deitei, de cara com o travesseiro, meus olhos ameaçando chorar, e deixei cair algumas lágrimas sem que ele visse, estava totalmente arrependida por dizer tudo que disse. Agora sim que ele ia me zoar para sempre. Ah, ela se importa comigo. É, é isso que ele deve estar pensando. Mas ele está totalmente errado... Pelo menos eu queria que estivesse.

– Eu não vou a lugar nenhum, não vou deixar você agora. Agora, amanhã eu deixo. Só faltou ele dizer isso. Senti suas mãos acariciarem meu cabelo, me proporcionando uma sensação de reconfortante, de paz... – Olha pra mim. – Minha vontade era responder "não quero", como uma criança birrenta, mas tendo consciência do quão ridículo isso ia parecer, me viro e olho para ele. – Você não é chata, só um pouco irritante as vezes. – Disse com um sorriso fraco, e lindo. – E você é linda, até demais, assim como sua voz. E sua risada é a mais bonita que eu já ouvi. É sentimental mesmo, mas... Eu também sou. – Ele riu outra vez. – Sei que fui um babaca com você, e eu tô arrependido, de verdade. Como nunca me arrependi de algo na vida antes, sei que já te deixei mal de verdade, mas era uma coisa que eu não controlava, sabe? Não era eu ali. Acho que, a verdade é que eu sempre fui muito atraído por você, mas do que eu queria aceitar... É, é isso, pode rir da minha cara e fazer o que quiser, mas eu nunca senti por alguém isso que tô sentindo por você, é difícil admitir, mas é verdade. Eu não odeio nada em você, muito pelo contrário. Eu... Eu... Gosto muito de você, Beatriz, gosto do seu jeito, de tudo, e eu tentei transformar isso em ódio, em algo que não existia, simplesmente por não aceitar, por ter medo que você me rejeitasse, eu acho... Bom, talvez você nunca me perdoe, mas, a partir de agora eu vou mudar, não vou ser mais essa pessoa ruim que te mostrei, e que eu nunca fui. Me desculpa, mais uma vez.


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Notas finais do capítulo

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