Naquela manha quando me levantei parecia tudo normal, como se algo na minha vida fosse normal, o dia estava calmo e silencioso, mas seu perfume não estava mais ao meu lado.

Levantei um pouco confusa, vesti minha camisa azul, meu jeans puído e fui fazer o café de Charlie, como era muito cedo ainda preferi ligar para Jacob primeiro, afinal ele não tinha hora para dormir tão pouco para acordar, ele era realmente imprevisível, assim que soou o primeiro toque a resposta foi imediata:

- Oi Bells!

- Ann, oi Jake, tudo bem? – eu estava inquieta, o porque eu sabia – Se divertindo muito sem mim? – sou péssima piadista.

- Já que você quer saber, a alcatéia esta planejando uma festa para essa noite, que horas posso passar te pegar?

- Essa noite, ann, não posso, eh .... – quase não consegui formar uma desculpa coerente – prometi ao Charlie que faria o jantar e depois veríamos beisebol.

- Que pena Bells, se mudar os planos me avise.

Pude sentir desconfiança no seu tom de voz, mas o que eu posso fazer? Prometi a Edward que ficaria com ele essa noite, como todas as noites, mas ele esta cheio de suspense, e insiste em não me contar nada sobre seus planos, mesmo sabendo que isso me deixa louca.

Não demorou e Charlie já estava em pé tomando seu café e correndo para a cidade, era assim quase todas as manhas, uma xícara de café e duas xícaras de pressa. Para me distrair do longo dia que eu teria pela frente comecei meus afazeres, a principio com a louça do café da manha, ainda me perguntando porque menti para Jake se afinal ele já sabia que minhas desculpas e recusas envolviam sempre a mesma pessoa, Edward.

Eu estava distraída com meus pensamentos divagando entre a louça e Jacob quando senti braços gelados e duros como mármore me abraçarem delicadamente, e um hálito gelado encontra a parte de trás do meu pescoço:

- Pronta para essa noite Bella?

            Tenho que dizer que nunca me acostumo com isso, não importava quantas vezes eu ouvisse sua voz de anjo, sentisse seu perfume e visse seus olhos dourados, eu sempre era surpreendida como se fosse a primeira vez, e eu sabia que meus batimentos cardíacos entregavam minha reação.

            - Eu odeio suspense – insisti fingindo um mal-humor que eu não sentia, mas eu sempre era pega mentindo.

            - Minha Bella, você prometeu, agora seja uma boa menina e comporte-se ate eu voltar – eu sabia o que aquilo queria dizer, mas evitei visualizar isso por esse momento – Ou terei que pedir para Alice para ficar com você!

            - Ahmm – fiz um muxoxo – Esta bem, vou me comportar! – Ate porque não havia maneira de fugir, não com Alice por perto – Prometo!

             - Até a noite! – e me beijou na testa.

            Quando ele se afastou para partir, pude ver seus olhos, onde o meu tom favorito no mundo havia sumido daquele olhar deixando apenas o preto que, servia apenas para me lembrar o esforço que ele fazia para estar perto de mim, isso sem somar ao fato do perigo real que eu estava correndo.

            Depois disso meu dia foi arrastado, refiz tudo o que já estava feito. Quando o fim da tarde chegou, finalmente decidi abandonar aquela tentativa inútil de acelerar o dia e fui para o banho. Depois de uns 30 minutos sob a água quente decidi sair do banho e encarar o tempo que restava.

Estava chateada por não conseguir imaginar o que iria acontecer essa noite, tão pouco eu havia ganhado uma dica, algo a que me agarrar, só posso dizer se for mais algum presente eu vou surtar! Depois do pedido de casamento que recebi algumas semanas atrás, que alias ainda está fresco na minha memória, toda vez que ia a residência dos Cullen havia algo novo esperando por mim. Edward sabe a aversão que tenho a futilidade, mas ele não consegue reprimir Esme e Alice, então finge sofrer junto comigo.

Chegando ao meu quarto me dirigi ao guarda roupa, evitando olhar meus últimos que recebi de Alice nos cabides do fundo, lembrando de quando perguntei a Edward o que vestir, ele simplesmente disse “-vista algo que seja confortável”, me lembro de rir disso, como se eu tivesse coragem de vestir meus moletons. Eu decidi vestir-me quase idêntica ao que estava uma hora atrás, outra camisa azul e um jeans menos puído. Como havia lavado os cabelos, sequei-os para tentar encurtar essa espera.

Quando terminei ouvi alguém bater na porta, Charlie que já havia chegado em casa, foi abri-la não muito surpreso.

- Boa noite Edward – disse Charlie com a expressão de maior desanimo que consegui formar.

- Olá Charlie! Passe para buscar Bella para um jantar em minha casa, esme e Carlisle estão ansiosos para revê-la depois que voltaram de viagem – disse com o mesmo sorriso perfeito de sempre.

- Tudo bem, mas não a devolva muito tarde.

Engraçado ele dizer isso se estive lá a menos de cinco dias, mas como eu não sei nem ao menos o que faremos hoje, não posso dizer de fato se é mentira o que ele disse ao Charlie, ou parte dela.

Desci as escadas e dei de cara com um Charlie carrancudo. Antes que eu pudesse alcançar a porta, Charlie repete a mesma coisa que já escuto há algum tempo:

- Não se esqueça de seus outros amigos, se cuide Bella.

Eu podia ouvir Jacob naquela frase, até vê-lo me amaldiçoando por deixá-lo de lado, mas que escolha eu tinha, Edward era paraíso, minha paz enquanto Jacob era o meu verão. Assim que saímos Charlie bateu a porta com uma violência desnecessária, mas isso também não era novidade para mim.

Assim que entro no carro minha paciência se esvai e pergunto mais uma vez o que me afligiu o dia todo:

- Vamos mesmo jantar na sua casa? – não sabia mais como insistir, até agora todas as tentativas tinham sido frustradas – Por favor, me diga!

- Como posso manter segredos de você quando você me pede desse jeito.

Eu assenti vitoriosa, mas afinal minha resposta não veio. Só então percebi que quando ele falou ouvi um riso na sua voz, como uma criança que aproveita cada segundo de uma brincadeira que existe apenas dentro da cabeça dela, mas nesse caso aqui eu era o brinquedo.

Assim que saímos da minha casa ele ligou o som do carro com uma das belas melodias que sempre estavam prontas para serem ouvidas e apenas continuou a dirigir com aquele sorriso de tirar o fôlego, me dou conta então que não estamos pegando o caminho habitual para sua casa.

            Acho que o choque que senti transpareceu em meu rosto, mas não era medo, era mais como uma curiosidade não sanada que estava me tomando, então fechei os olhos e suspirei. Imediatamente um braço me consolou.

            - Bella? Bella? Você esta bem? – Seus olhos estavam preocupados e cheios de ternura.

            - Estou bem – menti. Eu estava à beira de um ataque de nervos.

            - Bella você é uma péssima mentirosa, já estamos chegando meu amor – Tentou me consolar movendo a mão pelos entre os cabelos da minha nuca.

            Confesso que nem uma outra coisa iria ter me distraído agora, apenas isso.

Tentando desligar meus pensamentos de para onde vamos, observo a paisagem que passa como um borrão por nós, consigo captar uma noite estranha do lado de fora. Não é comum em Forks o céu ficar sem nuvens, mas naquela noite o céu estava completamente negro e salpicado de pontos brilhantes somados a uma lua crescente, a luz dela jazia fraca, mas o suficiente para deixar tudo com um brilho prateado.

A ultima vez que eu havia visto um céu tão lindo quanto aquele foi quando fomos visitar minha mãe em Jacksonville. Uma onda de saudade me invadiu e só fui despertada quando o toque frio dos dedos de Edward roçou meu rosto e percebi que havíamos parado e a musica fora desligada.

Olhei envolta tentando reconhecer o lugar que estamos, mas estava completamente escuro, a única coisa que eu conseguia captar era o som do vento entre as arvores, e o brilho prateado da lua destacado em alguns pontos a nossa frente.

- Chegamos minha Bella – disse Edward pegando minha mão e me conduzindo rumo ao desconhecido.