As You Wish escrita por Yuui C


Capítulo 1
My king




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“Ja’far”

“Huh?”

“Eu tenho um favor a te pedir...”

– Cheguei! – Ela gritou conforme abriu a porta num estrondo. Levantei os olhos da costura que fazia, espantada com a visão que tive de sua figura.

– Sara! – Exclamei, incrédula. Ela estava imunda, com rastros de lama pelo rosto, braços e pernas, sem contar os resquícios de galhos e folhas presos aos longos cabelos negros. – O que eu já te disse quanto a voltar suja?!

– Eu sei, mãe! – Ela encolheu os ombros, parada em frente à porta. – Mas é que os meninos queriam brincar de explorar e...

Suspirei, um sorriso se abrindo no canto da face. Era impossível conter os seus ímpetos, uma vez que eu suspeitava que isso era de sangue.

– Tudo bem. – Levantei-me, deixando a roupa em que mexia de lado, agachando-me diante dela. – Venha, deixa a mamãe te dar um banho.

– Oba! – Ela se atirou contra meu pescoço. Sorri, abraçando-a de volta, pegando-a no colo.

Encostei a porta e segui com ela até o outro cômodo, onde ficava o banheiro, para tratar de toda aquela sujeira que ela adquirira durante o dia.

xxx

– Mamãe, mamãe! Você vai ler pra mim essa noite de novo? Diz que sim, vamos! – Sara pediu, subindo em cima da minha cama com o pergaminho.

Já era bem tarde agora, uma vez que a lua estava quase no meio do céu. Depois de banhá-la e fazer-lhe uma janta, a fiz vestir as roupas de dormir e coloquei-a em seu quarto.

Mas ela – por um mau hábito meu – acostumara a ouvir histórias antes de dormir. Não achava isso errado, todavia...

As histórias que ela gostava de ouvir eram...

– Hein, mãe? – Ela agarrou-se à minha cintura, os olhos cinza-esverdeados ressaltados na semi-escuridão do quarto, brilhosos.

Ah, os olhos dela...

– Tudo bem então. – Ela soltou uma exclamação de alegria, quase atirando o pergaminho para o alto. Arregalei os olhos em quase desespero, uma vez que aquele era um objeto de extremo valor, tanto monetário quanto sentimental. Mais sentimental do que outra coisa. – Sara, cuidado com as coisas. Mamãe já te avisou sobre isso.

– Desculpe. – Ela apertou o papel no peito, baixando a cabeça. Acariciei seus cabelos, sorrindo quando ela voltara a me olhar.

– Então... Qual história você quer que eu leia para você hoje? – Questionei, enquanto ajeitava-a em meu colo, aproximando mais a vela da cama, para poder enxergar.

– “As aventuras de Sinbad vol. 10”! – Exclamou, mostrando os dentes em felicidade, mesmo que ainda faltassem alguns em sua boca.

Devolvi o ato, porém com bem menos entusiasmo. O motivo real de eu ter evitado ler algo para ela naquela noite em específico era justamente aquele.

As histórias que ela tanto amava ouvir eram as histórias que ele havia deixado para o mundo.

“Porque, mesmo que eu morra, eu terei deixado algo de mim no mundo”, era o que ele dizia enquanto escrevia os longos pergaminhos.

– Essas são suas histórias favoritas, não são? – Questionei, fechando os olhos por um momento. Senti Sara se ajeitar melhor, suas costas encostando em meus seios. Abri os olhos novamente, vendo-a já com o manuscrito aberto, mesmo que não entendesse nada.

– Sim! – Respondeu-me enquanto eu passava os braços ao redor de sua cintura, apoiando o queixo no topo de sua cabeça. – Mamãe... – Baixou o papel, a voz ganhando um tom um pouco entristecido. – O Papai... Era realmente uma pessoa fantástica como essas histórias contam?

Ah...

Essas perguntas dela...

“Pode dizer. Farei tudo o que você mandar.”

“Esse é... O problema.”

“Huh? Como assim?”

“O que eu vou te pedir agora é... Egoísmo da minha parte...”

– Sim. – Respondi, os olhos perdidos em algum canto qualquer do quarto. – Por que você está me perguntando isso, hein? – Comecei a fazer cócegas em sua barriga, sentido-a se contorcer, sendo agraciada com sua risada.

– É que... – Ela parou de repente, a alegria sumindo de sua voz. – Eu penso que ele possa não ter sido tudo isso.

– Huh? – Arqueei as sobrancelhas, estranhando. – Alguém te disse algo, Sara?

– Não! – Sacudiu a cabeça, os cabelos longos voando, arrancando uma risada de mim sem querer, pelo jeito infantil e doce que parecia ser somente dela. – É que... Eu comecei a pensar... Se o papai realmente foi tão bom, por que ele não está aqui conosco? – Virou-se, fitando-me com aqueles olhos sempre tão brilhosos e expressivos.

Mordi os lábios de leve, em uma ilustre esperança de que ela não notasse.

Só que, infelizmente, ela era tão observadora quanto o pai.

– Viu só? – Fez um bico, entristecida. – Se o papai fosse realmente tão bom quanto dizem as histórias, ele não faria a mamãe ficar assim!

Fechei os olhos por um breve instante, respirando bem fundo.

“Eu quero que, mesmo após a minha morte, você continue a viver.”

“C-Como?”

“Isso é uma ordem. Você deve viver sem mim.”

“Mas, Sin–!”

– Você... Tem razão. – Relaxei os ombros, retendo a vontade de chorar. A memória ainda era vívida, quase palpável. Todavia, não mostraria esse meu lado diante dela. – Em partes.

– Huh? Como assim? – Ela tombou levemente a cabeça, desconfiada. Sorri de levinho.

– É verdade que ele não está aqui conosco...

“Porém! Esse não é o favor que eu quero te pedir.”

“Huh? Então, qual é?”

“Eu... Quero que você tenha um filho meu.”

“Haa?!”

– No entanto, ele me deixou você. – Encostei a testa contra a dela, assistindo seus pequenos olhos se arregalarem, espantada. – Você é a filha preciosa dele. E minha também.

“Eu quero que você... Carregue em seu ventre um filho meu.”

“Si-Sin–!”

“Porque dessa forma, mesmo que eu morra, você terá um pedacinho de mim sempre perto de você.”

– Por isso... – Abracei-a forte, encostando seu rosto contra meu peito, beijando o topo de sua cabeça. – Por mais que você pense, eu posso te afirmar, com toda a certeza, de que ele realmente era tudo isso que contam.

Ouvi sua risada baixa, sentindo-a se contorcer em meus braços. Soltei-a, admirando o sorriso que atravessava sua face, as sardas marcando suas bochechas conforme a luz incidia nelas.

– Você... Amava muito o papai, não é mesmo, mamãe? – Perguntou com aquele ar travesso.

– Ora... – Peguei suas bochechas, apertando-as e movendo-as de um lado para outro, apreciando sua careta com minha ação. – Tanto quanto eu amo você. – Beijei sua testa, acariciando seus cabelos.

Ela sorriu ainda mais largo, virando-se novamente, abrindo o pergaminho e encostando-se contra mim. Levei minhas mãos delicadamente às dela, tomando para mim o papel. Quando ameacei começar a ler, Sara perguntou:

– Mamãe... Você acha que o papai está olhando por nós de onde ele está?

“Sin... Sin isso é... O que eu vou fazer se ele perguntar de você? Como eu vou–”

“Não se preocupe com isso agora, Ja’far. E... Mesmo que eu morra, eu quero que você tenha certeza de que eu sempre estarei olhando por vocês dois. Isso eu prometo a você.”

– Não acho. – Respondi com um pouco de arrogância na voz. Sara pareceu assustar-se. – Eu tenho certeza. Afinal... Ele prometeu. – Sussurrei em seus cabelos. – Agora vamos logo à história, moça, porque já passou muito da sua hora de dormir.

– Yay! Histórias do papai! – Ela jogou-se para trás, fazendo com que eu caísse mais para perto da cabeceira.

“Ah... Se assim você diz...”

“Será como você quiser”

“Meu Rei.”


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Notas finais do capítulo

Bom, gente... Explicações aqui: eu adoro um genderbend, eu acho perfeito, abre muitas portas e... Depois que a Ohtaka fez o rascunho da fem!Ja'far e surgiram mais fanarts, eu não aguentei e precisei fazer algo assim. Provavelmente não irão gostar muito, mas eu precisava escrever algo assim.

Erm... Eu adoraria ouvir comentários, sério. Foi uma fanfic curtinha, só para sanar a vontade e também para presentear duas pessoas. Tudo o que vocês tiverem a dizer, eu gostaria de ouvir. Ficarei no aguardo de seus comentários ♥