O tempo passou tão depressa que nem percebi que meus cabelos cresceram, que meu corpo mudou, que as bonecas deixaram de ficar em minha cabeça, que a cama está maior, que o quarto mudou a decoração. 

As vezes desejo que o tempo parasse. Bam! como num toque de mágica parasse. Só eu pudesse me mover calmamente entre as peças paradas e me ver para sempre assim. Mais o tempo é indomável. Nenhuma pessoa pode controla-ló. Eu acho. 

Não tenho certeza de minhas afirmações, antes de achar algo que a comprove. Não posso dizer que a cenoura é laranja senão ver a cor. 

Meu nome é um tanto normal como tantos outros nomes. Me chamo Gabriela Vegas. Um nome simples e bonito que pode ser visto em revistas ou em filmes. Um nome típico brasileiro, que deixa de ser especial quando vemos pelas ruas. 

Observo calmamente meus traços no espelho. Sim, o tempo mudou mesmo. Estou mais alta uns centímetros, com os cabelos com ondulações até a cintura que são de uma cor castanho-mel. Os meus olhos são cinzentos com uma pupila que na maioria das vezes fica dilatada. Não sou do tipo de garota com os atributos de beleza. Tenho u corpo magro e pequeno. Minha pele é um tom pêssego e os lábios rosados e carnudos. 

Meu quarto é um tanto peculiar. As paredes são verdes que se misturam com um amarelo e um azul juntamente com brancos em rajadas de tintas. Minha cama é de solteiro e pequena sendo forradas por uma colcha verde-clara com uma flor enorme violeta desenhada. As prateleiras de madeira em uma parede com meus livros e entre outros objetos. Com um tapete vermelho de boas-vindas. 

Melancolicamente observo a janela. O tempo passou já é de tarde a hora do crepúsculo a hora da tristeza. Dá um tom de melancolia em nossas casas. O fim de um dia. Fecho os olhos e ouço o leve e doce suave cantar do relógio na parede. 

Começo a cantarolar baixinho com meus lábios carnudos e rosados uma música em homenagem ao tempo:

'' Tempo, tempo, tempo, tempo... Tú es um dos deus mais lindos... Tempo... Tempo... Tempo.... Tempo... ''

Enquanto cantarolo acabo deitando sendo abraçada pelo tempo e fecho os olhos para a tarde dormindo na escuridão dos meus sonhos.