Find Me and Stay [Hiato] escrita por soulsbee


Capítulo 23
Lar Doce Lar


Notas iniciais do capítulo

Paciência e perseverança tem o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os obstáculos sumirem.
John Quincy Adams



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Ficamos algumas horas lá, esperando o próximo voo para Oklahoma sair, mas, infelizmente, quando finalmente acreditamos que iriamos embarcar, fomos informados que o avião estava com alguns pequenos problemas e que eles levariam algum tempo para repara-lo antes de viajarmos.

Ouvir que algumas coisas não estavam funcionando tão bem quanto deveria, mesmo que insignificantes, fizeram Ellie se acanhar e tremer, imaginando o pior, temendo que algo passasse em branco e isso resultasse em um terrível desastre aéreo no qual o país inteiro iria se lembrar.

Se eu tinha a mente fértil e imaginava milhões de possibilidades enquanto escrevia, ela era ainda mais maluca do que eu.

Eu estava quase dormindo, sentado na parte mais isolada de uma fileira de bancos pretos, encostado em uma parede alta e branca atrás de mim, com o celular em mãos, ouvindo uma musica qualquer no fone de ouvido, quando Ellie surgiu ao meu lado alertando-me que deveríamos embarcar logo.

Seguimos por um corredor, saindo da sala de espera carregando apenas uma mochila contendo coisas importantes, para mim, como meu caderno de anotação, meu notebook velho e ultrapassado, mas um sobrevivente – ele tinha quase seis anos – e duas blusas de frio, caso precisássemos mais tarde.

Passamos depois por um corredor de vidro, obtendo visão do vasto espaço aberto onde às aeronaves pousavam. Pude ver um avião se preparando para decolagem e outro sendo posicionado em frente a um hangar. Não importa quantos anos eu tivesse, sempre os observaria maravilhado com sua grandeza e engenhosidade com a qual foi produzida.

Em pensar que, há pouco mais de um século, voar em uma coisa dessas era só um sonho. Santos Dumont versus os irmãos Wright? De verdade? Se até hoje não conseguiram provar quem foi que voou primeiro, quem seria eu para me intrometer?

Entretanto, estudando brevemente alguns artigos e ouvindo comentários de alguns professores, eles defendiam a teoria de que os irmãos Wright eram os criadores do avião, mas Dumont era o pai da aviação, pois conseguiu reconhecer os conceitos básicos para lançar o avião ao ar sem a ajuda de algum objeto.

Deixando meus pensamentos de lado, caminhei mais alguns metros, entrando na aeronave, caminhando por um corredor apertado e com varias pessoas se acomodando em seus lugares. Por azar, o nosso era quase no fim o que significava que ficaríamos alguns minutos naquela fila.

– Acho que deveríamos conversar com algum comissário de bordo – Ellie resmungou atrás de mim, olhando para todos os lados procurando alguém.

– Tinha uma aeromoça na porta, porque não falou com ela? – Indaguei dando mais alguns poucos passos para frente.

– Porque eu fui empurrada! – Ela lançou um olhar torto para um homem alto, atrás dela que a encarava com um olhar malicioso. Ele fez um bico para ela, lançando um beijo. Isso a fez se virar para mim com uma careta feia e me empurrou abrindo espaço para que ela pudesse passar e chegar logo em nossas poltronas.

Rindo, pedi desculpa para o passageiro que esbarrei e logo sentei-me ao seu lado, observando-a de braços cruzados afundando na poltrona, evitando olhar novamente para aquele homem, mas, para seu azar, ele se sentou na mesma fileira que nós, entretanto, do outro lado do corredor, mas isso não o impediu de olha-la fixamente por um longo tempo.

Como de costume, após todos terem tomado seus assentos, algumas aeromoças surgiram no corredor explicando passo a passo do que deveríamos fazer em caso de emergência e etc. Não sei como elas aguentavam fazer isso todo dia com um sorriso no rosto.

Ignorando-as, peguei meu caderno e comecei a rabiscar qualquer coisa, estava sem ideia alguma para escrever qualquer coisa produtiva. Ellie, por sua vez, estava ouvindo musica no ultimo volume e balançava a perna de um lado para o outro, tentando conter a raiva que sentia do homem de cabelos pretos arrepiados, parecidos um pouco com os meus, fitando-a de uma maneira pornográfica.

Às vezes, falamos coisas que não queremos...

Elas saem sem controle ou receio de qualquer consequência...

Em um ato de imprudência...

Depois de muito tempo pensando, essas foram às únicas frases que consegui escrever, ao menos, estava contente por ter conseguido isso, mesmo sendo pouco. Queria continuar, mas não conseguia pensar em nada além de chegar logo em Oklahoma e ver Claire pela primeira vez em tanto tempo.

De fato, tive toda certeza após reler o que havia escrito logo embaixo daquilo:

Cara, que se dane.

Eu sinto a sua falta!

Com toda certeza, não era isso o que eu esperava, porém, não conseguia me focar e não conseguia produzir nada quando não estava conectado em alguma boa musica e paciente, pelo contrario, tudo travava quando estava me sentindo elétrico e com Ellie balançando a perna e encostando em mim a cada segundo, era impossível me concentrar.

Só fui perceber que estávamos no ar há algum tempo quando Ellie se levantou para ir ao banheiro e eu decidi olhar pela janela e vi as nuvens abaixo de nós.

– Ai, cara – Ouvi uma voz grave seguido de uma mão que tocou meu ombro. Olhei para cima, fitando aquele moreno parado ao meu lado. – Aquela garota, está com você? – Perguntou.

Eu poderia dizer que ela era minha namorada ou que era lésbica, mas tive uma ideia muito melhor e então o respondi:

– Não, ela é minha amiga e só está se fazendo de difícil. Alias, ela foi no banheiro, porque não da uma mãozinha pra ela? –Ele abriu um sorriso malicioso ao ouvir a ultima frase. Sabia que havia passado dos limites ali, mas iria rir muito com o que estava por vir.

Ele então caminho pelo corredor apertado até o banheiro. Estiquei-me um pouco naquela direção, tentando ouvir o menor ruído que fosse, mesmo sendo impossível diante de tantas pessoas que não se calavam ali.

Porém, não foi preciso muito, em questão de segundos, ouvi-a gritar algumas coisas incompreensíveis. Um comissário de bordo foi até o local, apressadamente, ver se estava tudo bem, mas Ellie ainda escandalizava gritando que ele estava a assediando e fazendo um drama ainda maior do que estava acontecendo.

– Mas ele disse que era pra vim aqui! – O moreno disse apontando pra mim.

Afundei ainda mais no banco, curvando a cabeça para frente e fechando os olhos. Apertei minhas mãos para controlar minha risada e fingir que estava dormindo. Senti uma movimentação à minha esquerda e, em seguida, ela disse:

– Ele está dormindo! – Gritou.

– Como?! – Indagou. Senti as mãos daquele cara empurrarem meu ombro algumas vezes, antes de eu fingir acordar confuso.

– Já chegamos? – Perguntei mordendo o lábio inferior, contendo um sorriso.

– Viu só?! – Ellie o empurrou para longe de si e passou por mim, esbarrando em minhas pernas antes de se acomodar de volta em seu lugar.

– Mas você me disse – Ele foi interrompido pelo comissário que o empurrou para o corredor e disse algumas coisas que o fizeram sentar em seu lugar impaciente.

Depois desse episodio, ele não olhou mais nenhuma vez para nós e quando finalmente aterrissamos no Oklahoma, ele foi o primeiro a se levantar e seguir para a porta de saída.

Ellie não desconfiou por momento nenhum que eu era o culpado de tal façanha, até que, por brincadeira, provoquei:

– Pensei que você quisesse uma mãozinha dele

– Olha você vai se... – Ela parou, fitou-me por alguns segundos e me socou algumas vezes no ombro. Contrai meu corpo em defesa soltando uma alta gargalhada que atraiu o olhar de vários passageiros – Você, foi você! Eu te mato! – Resmungava completamente irritada.

– Foi engraçado – Conclui vendo-a vermelha e de braços cruzados.

– Aham, muito, não foi em você que ele passou a mão.

Depois de rir imaginando aquela cena, levantei-me e segui para a saída, carregando a mochila no ombro esquerdo e sendo seguido por Ellie que estava agradecida por termos chegado em segurança em nosso destino.

Logo saímos do avião e nos dirigimos até a esteira, recolhendo nossa única mala e seguindo para a porta do aeroporto. Podia sentir meu coração bater rápido dentro de meu peito, como se fosse sair pela boca. Não conseguia acreditar que finalmente estava ali e, assim como Ellie, estava maravilhado por termos conseguido.

Aquela viagem estava apenas no começo, mas prometia muito mais do que imaginava. Tinha certeza que iria me divertir muito, já podia sentir isso só de respirar o ar do Oklahoma, o ar que tanto amava e aquilo foi o que bastou para, finalmente, me sentir em casa de novo.


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Notas finais do capítulo

Demorei, mas cheguei trazendo esse capítulo fresquinho.
Espero que tenham gostado e é isso ai, essa semana está sendo corrida, pois estou cheia de trabalhos escolares e apresentações, mas espero trazer o próximo o mais cedo possível.



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