Forever & Ever escrita por soulsbee


Capítulo 3
Distantes


Notas iniciais do capítulo

"Liberdade de voar num horizonte qualquer, liberdade de pousar onde o coração quiser."
Cecília Meireles



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Senti a luz quente do Sol bater em meu rosto, tirando-me do meu mais profundo estado de sono, acompanhado de uma voz dizendo repetidas vezes “Acorda”. Até eu finalmente decidir abrir os olhos.

Estava meio perdida no tempo pelo fato de não ter sonhado durante a noite – algo que não acontecia com muita frequência – e isso me fazia acordar parecendo estar de ressaca, pois não me lembrava direito do que aconteceu na noite anterior nem de quanto tempo fiquei dormindo, entretanto, quando não sonhava conseguia acordar no dia seguinte cheia de energia.

–Robert? – Perguntei ao notar a silhueta de um homem sentado na beirada da minha cama. Quem mais seria? Papai Noel?

–Sim? – Sua voz saiu rouca. Julguei que ele acordou há pouco tempo, pois seus cabelos também estavam bagunçados.

–Como eu vim parar aqui? – Senti o colchão macio em baixo do meu corpo, parecendo se moldar cada vez mais enquanto eu afundava nele.

– Você dormiu no sofá bem no finalzinho do filme, então te trouxe até aqui... - Ele me trouxe? “Não sua mula, você, simplesmente, é tão foda que se teletransportou do sofá para o quarto”

– Obrigada... – disse sem jeito – você não se aproveitou não, não é? – Perguntei arqueando minhas sobrancelhas.

– Ah, vê se você está vestindo as mesmas roupas de ontem, principalmente se sua mão não está com um odor diferente e se você está com as roupas debaixo...– Riu alto quando levei minhas mãos até o nariz respirando profundamente o cheiro delas. Revirei os olhos por ter caído em suas gracinhas de novo. Não era justo, tinha acabado de acordar!

– Engraçadinho – Ri irônica tampando meu rosto com um travesseiro.

– Tudo normal? – Perguntou ainda divertindo-se com a cena.

– Sim.

–Não precisa agradecer. Você está com fome? – Colocando as mãos em meus pés fazendo-me recuá-los e rir levemente.

–Não - “Mentira” – Estou sem fome – “Se estivesse sem fome seu estomago não estaria roncando” . – Se bem que... alguma coisa até que faria bem... – “Se você quiser arrumar um banquete não vou me importar” – Digamos que tem um leve buraquinho vazio no meu estomago – “Uma cratera de 100km de profundidade virou um buraquinho, entende?” Pensei rindo por ter essa mania de dizer algo e depois me contradizer em pensamento. Não que isso acontecesse com frequencia, só quando eu estava de bom humor.

–Por isso que você está tão magra, nem senti seu peso quando te peguei, parecia um travesseiro vazio. – Apontou para a minha barriga.

– Eu não estou magra, tenho 50 quilos e é o suficiente para uma pessoa de 1,60 fora que minhas coxas são um pouco grosas... – Murmurei o final da frase. Já não bastava ser baixinha, ser gorda também era o fim.

–Meia vassoura.

–Porque meia vassoura? – Indaguei curiosa.

–Porque você é muito magra e é pequena – Respondeu soltando uma gargalhada.

– Idiota. – Revirei os olhos. Eu odiava o fato de ser minuscula, não achava justo ter uma altura assim, quando todas as outras garotas passavam dos 1,68! Hayley, você não é como as outras. Disse a mim mesma recordando-me o fato de poder ver gente morta.

– Calma Miss Paranoid, o dia só está começando – E, com isso e um sorriso torto, repentinamente, ele ficou de pé em frente a minha cama, jogou meu cobertor para fora do meu corpo e puxou-me pelos pés até cair no chão. – Já não te disse que é hora de levantar?

– Argh, você me ama, não é? – Levantei-me do chão batendo o pó que estava na minha roupa. Robert espirrou diversas vezes e resmungou qualquer coisa.

–Vou fazer alguma coisa para comermos antes que você resolve preparar o café da manhã e nos mate.

–Eu não cozinho tão mal assim! – Disse lembrando-me da única vez que consegui cozinhar o arroz sem queimá-lo.

Depois desse pensamento, surgiram todos os outros em que comprovavam o desastre total que eu era na cozinha e então eu dei de ombros e ele sorriu satisfeito por ter desistido de rebater.

Caminhei para o canto esquerdo do lado, puxando um espelho enorme – embutido no guarda roupa que ia de um lado da parede a outra -, revelando o banheiro branco com detalhes em marrom como as toalhas e as gavetas do gabinete da pia.

Não levei muito tempo para me limpar, apenas o necessário para acordar. Em seguida, vesti uma blusa de moletom branca, com uma touca pequena, um jeans preto e um tenis azul. Penteei meus cabelos castanhos avermelhados repicados na frente do espelho, deixando minha franja cair suavemente para o lado que quisesse e sai dali indo para o corredor.

Assim que cheguei no topo da escada, consegui sentir o cheiro da comida que Robert estava preparando. Ele não era muito do tipo de cozinhar, mas sabia muito bem como se virar na cozinha e hoje ele estava preparando waffles.

– Hmm... Vou te contratar para ser meu empregado – Zombei ao entrar na cozinha e vê-lo terminando a comida. – Ou não... – Completei ao ver um monte de louça suja dentro da pia, os balcões de madeira ébano manchados com mel e algumas portas abertas, onde, provavelmente, ele apanhou para procurar os pratos.

– Olha, eu não moro aqui, nao sei onde ficam as coisas! – Resmungou colocando quatro waffles para mim em um prato e mais quatro para ele em outro, carregando-os até o pequeno balcão de centro da cozinha.

– E eu não venho aqui há muito tempo então... Estamos quites – Disse sentando-me em um banquinho alto, logo em frente ao balcão.

– Pelo menos eu sei cozinhar. – Deu de ombros sentando-se a minha frente.

Coloquei um pouco de mel e mordendo alguns pedaços vorazmente. Foi nessa hora que notei que minha fome estava grande, pois meu estomago revirou quando eu comi até aceitar a comida.

– O que vamos fazer depois? – Perguntou terminando seu segundo waffle. Como assim você comeu dois em menos de três minutos?

– Talvez jogar... – Disse olhando a maneira como ele comia. Ele comia devagar, mas suas mordidas eram grandes, diferente das minhas que eram medianas, mas rápidas. Entretanto, eu estava na metade do meu segundo waffle.

– Ótimo, eu vou te mostrar como se jogar Guitar Hero – Sorriu torto.

As luzes amarelas, logo acima de nossas cabeças, destacavam ainda mais os poucos fios loiros de seu cabelo e pareciam fazer seus olhos castanhos brilharem com um tom unico.

– Nem em sonho, eu sou melhor – Lancei-lhe uma piscadela.

Nossa discussão demorou pouco tempo, assim como nosso café da manhã que não durou mais do que sete minutos.

Em seguida, seguimos para a sala, onde Robert, pegou a guitarra para si e entregou uma para mim depois de ligar o video-game colocando a mais nova versão do Guitar Hero.

Ele me deixou escolher as três primeiras músicas e ele cuidaria das três ultimas.

Foi um jogo fácil, escolhi as que mais gostava e, consequentemente, era melhor, vencendo-o sem muito esforço em duas das três, e ele colocou as suas que, por sinal, também eram minhas favoritas – afinal, nosso gosto musical era parecido – mas tivemos um jogo mais equilibrado. Ele venceu uma, empatando comigo, eu venci outra ganhando a liderança e quando a ultima iria definir quem venceria, a energia acabou, deixando-nos em total escuridão, nervosos e frustrados.

Olhei pela janela e vi que a noite estava apenas começando. A estava surgindo trazendo consigo as estrelas e uma brisa fria que tanto me agradava. Isso me fez ver quanto tempo gastamos jogando e discutindo acusando um ao outro de ter trapaceado. Era muito divertido isso.

–Quer dar uma volta na praia? – Perguntei depois de passar uns longos minutos imaginando quando a energia iria voltar.

–Claro! –Ele deixou as guitarras encostadas na parede e foi para a porta aguardando-me fecha-la e seguirmos para a praia.

Caminhamos por dois ou três quilometros até chegarmos no inicio da praia, claro que Robert não iria ser tão amigavel e me deixaria caminhar ao seu lado. Na verdade, ele resolveu correr igual ao maluco criando uma perseguição entre eu e ele para ver quem era o mais rapido, obvio que ele.

A praia não estava tão cheia, alias, não tinha mais do que umas seis ou sete crianças ali empinando pipas e alguns adolescentes os observando. Afinal, lá não era como as praias de Miami ou da Flórida que viviam lotadas quase o ano todo.

Logo que chegamos na beira do mar, Robert tirou sua camisa de frio, ficando apenas com uma regata preta e um bermudão verde escuro. Ele não tinha musculos, na verdade, era magro, o diferencial era que ele não tinha coxas finas, pelo contrario, até que eram grossas e braços largos que, de longe, pareciam ser musculos. Mas, mesmo assim, ele era capaz de fazer qualquer garota boba babar por ele.

–Você não vem? – APós um longo mergulho, ele voltou à superfície olhando para mim querendo saber se eu iria fazer companhia a ele no mar. Neguei com a cabeça

– Está muito bom! – Disse saindo da água e tocando meu braço deixando a água gelada causar um calafrio em minha pele.

Vendo que eu iria recusar até o fim, Rob pegou-me nos braços e carregou-me até o mar. Por mais que eu me debatesse, ele sempre era mais forte que eu e sempre iria conseguir me jogar onde queria, no caso, agora ele me jogou no mar fazendo-me ter um ataque de calafrios ao entrar em contato com aquela água completamente gélida.

–Você en-enlou-louqueceu?– Balbuciei.

Eu estava nadando de volta para a areia quando senti meu pé sendo segurado, mais uma vez era ele com gracinhas. Me debati diversas vezes tentando me soltar em uma tentativa falha, mas aquilo só serviu para que ele se divertisse mais ainda com a situação.

Finalmente, depois de tanto reclamar, meus pés foram soltos, mas não pude voltar para a margem, ele passou a me abraçar fortemente deixando-me com mais frio, por culpa de sua pele que estava tão fria quanto a água,

Soltei-me dele e nadei até a praia o mais rápido que pude, sentei-me na margem e ele parou na minha frente oferecendo sua blusa seca que ele largara ali há algum tempo atrás.

Sua camisa tinha ficado gigante no meu corpo, mas estava me aquecendo e eu não ligaria se ficasse ali encolhida pelo resto da noite.

–Você tem que se acalmar... Não fiz aquilo por querer, eu só estava brincando – Senti seus braços envolverem meu corpo puxando-me para um forte abraço quente e acolhedor.

–Relaxa, eu só estou com frio, vai passar logo. – Disse rindo um pouco de sua reação. Seu pescoço estava apoiado em meu ombro esquerdo. Ele ostentava um sorriso torto que parecia brilhar ainda mais sob a luz do luar.

Virei meu rosto para mordiscar sua orelha, ele afrouxou o abraço e essa foi minha deixa para correr de volta para casa. Levantei-me e sai correndo. Tínhamos entrado em outra perseguição divertida.

Aos poucos ele ia se aproximando mais e mais de mim, o que me fez corre mais rápido ainda, mas, aos poucos, meu fôlego estava se acabando, a sede começou a aparecer junto com a dificuldade de respirar. De repente, mais uma vez, seus braços me envolveram, senti os pés foras do chão e logo senti a areia fina em minhas costas, ele estava por cima de mim segurando meus braços acima da cabeça imobilizando-me.

– Você não desiste mesmo... – Suspirei embaixo dele.

– Claro que não... – Ele sorriu torto. Seu rosto se aproximou do meu lentamente, seu hálito fresco batia em meu rosto fazendo meu coração disparar incontrolavelmente com o momento.

Seus lábios se aproximaram cada vez mais dos meus, automaticamente, fechei os olhos ergui levemente minha cabeça aproximando-me mais dele...


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Notas finais do capítulo

Capitulo alterado



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