Forever & Ever escrita por soulsbee


Capítulo 26
O passado esconde muito


Notas iniciais do capítulo

E se tudo o que sabemos a respeito de nós não passasse de uma grande mentira? E se tudo o que nos contaram, tudo o que nos fizeram acreditar não passaram de meras omissões sobre o nosso real destino? Talvez, antes mesmo de nascermos, estivéssemos destinados a lutar, mesmo que em um futuro distante, para mudar a história da humanidade? No final, não importa o que fizemos ou deixamos de lado, importa o que faremos e pelo o que lutaremos...

Aqui vai mais uma palinha dos antepassados de Hayley e traz uma revelação um tanto quanto bombástica, que vai estourar o neuronio de cada um de vocês na tentativa de entender melhor, o que se passa, antes de ver tudo desabar em uma luta pela sobrevivência.



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O sol batia forte na janela, não estava quente, pelo contrario estava muito frio e Robert e eu estávamos cobertos com uma manta fina. Passamos a madrugada inteira e parte da manhã trancados dentro daquele sótão, parecia ter passado mais tempo devido a tantas histórias e acontecimentos, coisas de um passado tão recente...

Descobri de onde eu vim, mas não sabia quem eu era e de quem eu era. Minha mãe não era uma mediadora, mas eu sim, como isso é possível? A genética teve falha? A ordem da linhagem mudou? O que seria a partir de agora se tudo o que eu acabei de descobrir parecia não ter a menor valia?

Peguei o terceiro diário e, assim como os outros, soltei a tira de couro libertando suas primeiras paginas rasuradas. Margaret não seguia um padrão diário de escrita, alias, ela não seguia nenhum padrão, escrevia quando tinha vontade e tempo livre.

Novembro, 27 de 1972

Joanne completou 1 mês de vida hoje, ela é uma garotinha linda de cabelos castanhos, tão escuros quanto seus olhos. Ela parecia à cópia de seu pai Thomas e é tão silenciosa quanto ele. Quase não chora, é o oposto de Miles quando bebe. Samuel não sai do lado de seu berço e Olivia está se sentindo meio excluída então passa o resto de seu tempo livre ao meu lado me ajudando com algumas tarefas em casa.

Miles está com 10 anos, mas age como se possuísse mais. A nova década está acabando com a minha paciência, principalmente com a nova moda de Rock e as bandas cheias de gritaria que estão surgindo, é uma lastima. Não me importo se ele gostar disso, só não quero vê-lo se vestindo como um e quebrando as coisas por ai.

Abril, 04 de 1973

Samuel começou a ouvir espíritos constantemente, ele não consegue vê-los, assim como eu, então não se assusta tanto, mas consegue sentir sua presença. Olivia sente em menor escala, quase nulo, é intrigante observá-los interagindo perto de uma entidade sem vê-las, nunca vi alguém assim. Minha mãe podia vê-los e ouvi-los assim como eu, mas ele não, ele era um dos que tinha poderes mais escassos, mas não deixava de ser um mediador.

Agosto, 09 de 1975

Miles, esse garoto está me dando nos nervos, até Thomas não o agüenta mais, hoje ele apareceu com o cabelo completamente arrepiado, disse que era a nova moda do moicano e que fazia o maior sucesso entre todos. Samuel o perturbou a semana inteira para fazer o mesmo em seu cabelo, mas eu não deixei, não precisava de mais um aprontando o mesmo.

Olivia era tão quieta e sensata, parecia um anjinho em meio a uma casa de desordeiros, não sei como ela agüentava a bagunça, ela sempre era a que mais sofria com os garotos.

Foi impossível não conter uma alta risada, Miles era o mais bagunceiro de todos e Samuel o mais implicante, Olivia era a excluída como eu e minha mãe realmente era o chaveirinho de Sam. Era divertido ver o dia-a-dia deles, mas não me focava muito nisso, tentava avançar o maior numero de páginas que conseguia na tentativa de obter mais.

Cogitei a hipótese de minha mãe usar lentes de contato e nunca ter me falado isso, por isso acreditaria que ela não fosse uma mediadora, mas ela realmente nasceu não sendo o que bagunça um pouco mais minha mente.

– Hayley... – Robert resmungou, ele estava fazendo aquilo de hora em hora – Estou cansa... – Não concluiu a frase, pois seu peito se estufou de ar rapidamente e um forte espirro saiu de si.

– Estou terminando o terceiro diário e preciso saber porque eu sou assim... – Murmurei em frustração.

– Mas você tem as características, isso não basta? – Deu de ombros sentando com as pernas cruzadas na minha frente.

– Sim, mas minha mãe não e isso segue uma genética à risca há muitos anos... Algo esta errado – Disse para ele o mesmo que eu repetia mentalmente um milhão de vezes.

– Verdade, vendo por esse lado, ela não se parece nem um pouco... – Semicerrou o olhar pensativo – É, continue e me diga os detalhes conforme os descobre... eu vou pensar em uma teoria.

– Se você não me interrompesse a cada milésimo de segundo – Revirei os olhos.

– Se eu estou te incomodando, posso ir embora – Ameaçou se levantar. Ele e suas malditas frases que me tornavam a vilã da historia.

– Não, fique aqui – Puxei-o pelo braço fazendo-o deitar ao meu lado. – Agora deixe-me terminar...

Junho, 13 de 1980

Miles está tomando jeito aos poucos, ainda é um fanático que vive se metendo em confusão e agora está em um grupo de punks, garoto maluco, mas ele esta criando planos, sonhos, deseja ser um engenheiro e liderar uma grande equipe, ver prédios sendo construídos, ele terá um belo futuro. Está até namorando com uma garota séria, apesar de andar com quem anda e fazer o que faz.

Samuel e Olivia completaram 15 anos de idade. Ela não quis uma festa igual as outras garotas, preferiu ficar mais na dela e viajar para Nova Iorque com Thomas, Samuel desejou um carro, não importava qual, somente um bom o suficiente para rodar a rota 66 e cruzar o pais de leste a oeste.

Thomas e eu não éramos ricos, apesar da enorme casa em que vivemos que pertenceu ao meu avô, depois à minha mãe e agora a mim, mas ele trabalhava muito em um escritório e eu tinha algumas rendas paralelas com alguns trabalhos envolvendo seres sobrenaturais. Precisava tirar algo útil dessa droga de dom e paranóias que tenho quase todas as noites, mas aprendi a ignorá-las e a bloqueá-las parcialmente.

Joanne tem 8 anos e é pior do que Samuel, talvez a convivência constante e as histórias doidas que ele contava em seu berço a fizeram crer ser uma super heroína, ela também me dará trabalho quando mais velha, mas veremos onde isso irá chegar.

Interessante saber disso, mãe – Murmurei rindo comigo mesma.

Abril, 22 de 1985

Miles está quase concluindo a faculdade de engenharia e se casou há dois anos. Ele já teve um filho, Maxwell e se mudou para o Iowa, o estado vizinho, mas muito distante, ainda mais para uma mulher de 52 anos

Olivia está com 20 anos e começou a cursar arquitetura, sonha em trabalhar com o irmão desenhando os projetos enquanto ele os executa. É emocionante vê-los cheios de sonho. Alias, sua filha Carolyn está prevista para nascer no mês que vem.

Samuel fez sua viagem pelo país, levou 2 anos até ele voltar para casa trazendo-me um monte de objetos de cada estado que foi e agora ele decidiu sair em viagem novamente e ir de norte a sul. Ele disse ter encontrado algumas entidades malignas no caminho, atrasando um pouco seu cronograma, fiquei preocupada ao saber, mas ele disse ter dado um jeito em tudo isso.

Joanne está com 13 anos e agindo da mesma maneira que Miles quando tinha essa idade. Malditas décadas da filosofia do “Sexo, drogas e rock n’ roll” Thomas e eu estamos muito velhos para cuidar dessas crianças como babás, mas não vamos errar na educação de nossa filha mais nova.

Alias, Maddox conversou com Samuel essa semana, ele está meio irritado em vê-lo sozinho e sem uma mulher com quem continuar a linhagem, ele diz que isso será um problema se permanecer dessa maneira. Samuel não liga para isso, nem eu ligo muito, eu acho.

Maio, 12 de 1985

A filha de Olivia nasceu, ela é tão linda, fofa, loirinha de olhos cor de ocre, seus cabelos são meio cacheados, uma garota perfeita, parece uma boneca de porcelana.

Julho, 03 de 1985

Annabeth morreu hoje de manhã enquanto dormia, gostaria de ir ao seu enterro, mas não posso, preciso ficar em casa resolvendo algumas pesquisas. Isso já está me tirando à paciência.

Dezembro, 13 de 1987

Joanne está desaparecida desde que completou 15 anos em outubro. Ela disse que iria em uma festa de suas amigas e até agora não apareceu em casa, a policia toda está à procura dela e não obtiveram resultados nenhum, Maddox me disse para relaxar e que tudo ficaria bem se eu soubesse esperar.

Fevereiro, 15 de 1988.

Samuel está morto, um motorista de caminhão bêbado passou por cima de seu carro na interestadual, vi na televisão a matéria e quando disseram o nome dele... Não pude acreditar, não sei como ainda estou escrevendo, talvez precise desabafar com alguém já que Maddox está resolvendo os problemas ocasionados pelo corte na continuação da linhagem.

Joanne ainda está desaparecida, não sei o que vou fazer sem eles e, para piorar a situação, Thomas está adoecendo, estamos sem chão, sem saída. A vida perfeita está desabando diante dos meus olhos e eu não posso fazer nada para impedi-la

Julho, 17 de 1988

Joanne apareceu, Thomas está cuspindo fogo, furioso com o que ela apronto, mas para piorar ela está grávida de 8 meses, ele está enlouquecendo e me culpando por isso. Ela esta trancada no quarto já faz alguns dias. Não sabemos como iremos lidar com isso, apenas sabemos que ela não quer a criança, assim como Thomas.

Como é que é? – Deixei o diário cair das minhas mãos, estava chocada, surpresa com aquilo, minha mãe jamais me dissera ter tido outra filha.

Ela havia mentindo para mim o tempo todo? Porque nunca me disse sobre a existência da minha irmã? Será que ela tinha morrido e decidiu deixar isso em oculto? Ou pior, abortou...? Como ela poderia fazer uma coisa dessas? Não a imagino fazendo isso...

– Você está bem? – Robert colocou sua mão em meu rosto, sentindo a minha temperatura, verificando se eu não estava febril.

– Não... – Algumas lágrimas surgiram no canto de meus olhos, eu não sabia porque era uma mediadora e não sabia que o que eu mais queria, quase tive. Sempre desejei uma irmã mais velha e minha mãe nunca disse nada sobre o assunto e eu descubro isso...

– O que foi? – ele me abraçou com todas as suas forças, quando dizia não estar bem, ele sabia que algo muito tenso deveria ter acontecido, pois nunca admito isso.

– Veja por si mesmo... – Joguei o diário aberto na ultima pagina lida em sua frente, ele não me soltou, lançou seus olhos para aquela folha. Ele não precisou dizer mais nenhuma palavra, ele me abraçou ainda mais forte e sussurrou:

– Vai ficar tudo bem... Ainda tem mais, não acabou ai...

– Eu não consigo mais ler... – murmurei as lagrimas.

– Tudo bem, eu leio... – Disse soltando uma de suas mãos de meu corpo e virando as folhas do diário. - Agosto, 11 de 1988 – Fez uma breve pausa e prosseguiu - A filha de Joanne nasceu, estou vendo-a na incubadora. É uma garotinha loira de olhos azuis penetrantes, tão bela e fofa, era o bebe mais lindo que já vi... Seria uma pena ter sido posta a adoção... – Voltei a chorar ainda mais alta, desolada com o que ouvira, Robert ficou sem reação e decidiu continuar lendo – Tentei convencê-los de não fazer isso, mas para Thomas, isso era um absurdo e não teríamos como cuidar dela, ele se preocupava muito com a imagem que a família iria passar para os vizinhos. Joanne concordou com ele desde o inicio, mas parece estar um pouco arrependida, entretanto, não voltara atrás em sua decisão. – Ele ficou em silencio, chocado também com o que ouvira.

Ficamos ali, quietos, estáticos por um bom momento, não conseguia imaginar tamanha crueldade de minha mãe e meu avô para fazerem isso com uma criança indefesa... Com a minha irmã! O que diriam para ela no futuro? “Sua mãe não te quis porque seu vô achou um absurdo uma garota de 15 anos ter um bebe!”

Não quis mais tocar naquele diário, estava com ódio dele, não dele em si e sim das palavras, mas precisava, precisava deixar tudo de lado e terminar parte da minha busca, não agüentava mais ver e falar com os espíritos, não agüentava ouvir falar daquele acidente e ter paranoias com ele, agora tinha que acrescentar na minha lista uma irmã desaparecida!

– Foda-se eu vou ir para o ultimo diário e chegar onde me interessa, o meu nascimento. – Joguei o terceiro diário dentro da caixa, li-o pela metade e não queria mais continuar. Peguei o quarto e o abri procurando o mês de junho, o qual eu nasci.

– Calma Hayley... – Robert sussurrava ao meu lado, mas eu não prestava muita atenção nele.

Junho, 17 de 1995

Enquanto alguns nascem, outros morrem. Carolyn morreu de uma maneira desconhecida. Todos estão chocados com a noticia, mas, enquanto eu chorava sozinha em meu quarto, Connor, o marido da minha filha Joanne, disse que minha neta nasceu hoje. Ela se chama Hayley Thomas Campbell, o nome do meio é em homenagem ao meu marido Thomas. Ele está orgulhoso de nossa pequena e quer ir hoje mesmo ver sua netinha no hospital.

Junho, 19 de 1995

Fui hoje no hospital ver minha neta, mas fiquei surpresa com o que vi. Hayley nasceu com as características de um mediador, seus olhos, azuis marinhos, refletem sua alma, parece que consigo ver seus pensamentos mais puros. Seus pequenos cabelos castanhos já mostram sinais de ruivo, não entendo como isso aconteceu. A linhagem foi alterada e não sei o verdadeiro motivo, preciso chamar Maddox.

Junho, 21 de 1995

Maddox acredita que, pelo fato de Samuel, o mediador direto ter morrido prematuramente, o primeiro filho que nascesse de qualquer um dos descendentes de 1º grau de Sam seria o escolhido. Nem Olivia nem Miles tiveram outros filhos desde a morte do irmão, mas Joanne... Joanne teve duas garotas! Algo ainda está faltando, eu preciso reencontrar a primeira filha dela antes que algo de muito serio aconteça.


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Notas finais do capítulo

Bem intenso, não é mesmo? Hayley tem uma irmã! Quem pensou que isso seria possivel? E, o mais intrigante, é que a irmã dela também pode ser uma mediadora e está desaparecida!
Aguardem, pois em breve, tudo irá se encaixar.



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