Sweet Like Cake. escrita por Porcelain


Capítulo 9
1x09.


Notas iniciais do capítulo

Olááá, Sweeters! ♡ Esse é o nome dos leitores da fic que eu acabei de inventar, parece sweaters, eu sei, ok.
Primeiro quero agradecer à Anne Lopez (nem sei se o nome dela ainda é assim aqui no Nyah) por ter betado o capítulo. E também quero dedicar este capítulo ao R Rivera Cooper por ter recomendado a fanfic! ♡ Muito obrigado mesmo, não sabe o quanto fiquei feliz com isso!
Peço perdão pela demora. Os meus amigos mais próximos sabem que estou ficando com pouco tempo já que comecei o primeiro ano agora e, olha que legal, é em tempo integral. Então eu meio que só tenho tempo pra dormir agora. Buuut eu não vou desistir da fic! Espero que continuem lendo, que gostem e que não me apedrejem nos reviews.
Ah, sim, e eu mudei a capa da fanfic! O que acharam?



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Finn Hudson saiu do Glee Club. Certo, tudo bem, nada de extraordinário até esse ponto. Aposto que todos também queriam sair, por favor, ninguém é obrigado a aturar Rachel Berry se exibindo por alcançar notas que eu alcançaria até dormindo. Eu não achava Finn um cantor tão bom. Principalmente porque eles tinham a mim. Mas eu sabia que não estavam revoltados com Rachel por causa do talento de Finn, mas sim porque eram amigos.

— Vai se explicar ou vou precisar usar meus métodos pra isso? – Santana arqueou a sobrancelha olhando para Rachel, que se arrepiou por inteira com o olhar da latina. Todos estavam de braços cruzados fuzilando a garota com o olhar. Rachel caminhava de um lado para o outro com as mãos na cintura, e o barulho do salto de sua sapatilha batendo no chão a cada passo já estava me irritando.

— Ele simplesmente saiu! Por que acham que isso é culpa minha?! – Rachel bufou e então Santana olhou para Charlie com a boca aberta, como se o gesto de Rachel fosse uma tremenda falta de educação.

— É culpa sua! Ele saiu porque você e a Chelsey não param de brigar. Aliás, você briga com todo mundo! Acha que é o centro do universo quando na verdade todos sabem que o centro do universo sou eu. – Charlie enrolou seu rabo de cavalo em seu indicador ao falar. – E, como capitã feminina do Glee Club, eu deveria te expulsar para ver se esse seu ego diminui um pouquinho.

— Você não ousaria! – Rachel disse apontado o indicador para a face de Charlie.

— Vocês são tão infantis. – Chelsey revirou os olhos apoiando seu queixo no punho de sua mão. – Finn saiu e por isso vocês vão parar tudo pra brigar e culpar essa anã chata e nariguda? Sejam úteis e procurem outro para ficar no lugar dele.

— Como você pode falar isso sendo a namorada dele?! Finn é o garoto mais talentoso daqui! – Rachel franziu o cenho, ainda com as mãos na cintura.

— Sou a namorada dele, não a mãe pra decidir o que ele vai ou não fazer. Não vou obrigá-lo a ficar.

— Que tal um Duelo de Divos?

E então todos olharam pra mim, com os cenhos franzidos e olhares curiosos.

— É! Se está tendo o Duelo de Divas pra ver qual das duas insuportáveis pode exercer o cargo de capitã feminina, precisamos de um Duelo de Divos pra ver quem ocupa o cargo do Finn de capitão masculino! – Disse novamente, com uma empolgação que eu desconhecia. Se aceitassem minha ideia, é claro que eu iria ganhar. Não teria a menor graça.

— O Kal El tá certo! Finn ia ficar muito feliz se nós ganhássemos as Regionais. – Zach olhou para mim e sorriu ao falar, voltando sua atenção em Rachel enquanto eu tentava sugar todo o oxigênio que podia para não ser pego desprevenido outra vez. Aqueles sorrisos repentinos de Zach tiravam o fôlego de qualquer um.

— Vocês só falam em duelos. Não acham que precisam ao menos aprender a cantar para sugerirem algo desse tipo? – Santana perguntou enquanto assoprava as unhas e lançava um sorriso maldoso em minha direção.

— Desculpa se alcanço notas mais agudas que você.

— Temos a Rachel e Charlie para fazerem isso. Acho que precisamos de uma voz de homem pra substituir a do Finn, e não outra vozinha insuportável. – Santana contornou o canto de seus lábios com o indicador e manteve seu sorriso enquanto um coral sincronizado cantava um “Oooh” e riam baixo olhando para mim. E o pior é que ela tinha razão.

— O nome disso é democracia. Se as duas podem, nós também temos todo o direito. – Bufei e cruzei as pernas e os braços, inclinando o corpo para trás e deitando as costas no encosto da cadeira. É claro que este Duelo de Divos era outra oportunidade que criei para poder exibir o meu talento. Não queria que minha apresentação de tango com a Rachel ofuscasse o que sobrou da minha dignidade.

— Certo, concordo com a Lady Hummel. – Charlie concordou com a cabeça e Sophie revirou os olhos ao vê-la roubar seu apelido. – Então faremos assim, marcaremos os dois Duelos para o mesmo dia. Lembrando que o das Divas será daqui a uma semana, então todos os divos que quiserem participar já comecem a pensar nas músicas que cantarão. Será uma votação simples e justa, na qual as garotas vão votar naquele que tiver a melhor voz para representar um líder masculino. – E então a loira me mandou um beijo carregado de ironia.

Finn fora o único cara do time de futebol que agiu diferente comigo. Ele se preocupou na vez que levei uma slushie no rosto e ainda por cima era o capitão masculino do Glee Club, como se liderasse os fracassados! Por um momento me senti mal por tentar substituí-lo.

Eu gostava da presença de Finn. Ele era bonito, alto... Tinha um estúpido sorriso lindo. E por mais que não cantasse tão bem, eu adorava a sua voz. Mas, claro, sempre tinha a Chelsey ao seu lado para estragar meus planos. Calma, meus planos? Será que eu estou apaixonado por Finn Hudson? Seria incrível eu mesmo protagonizar uma história de clichê romântico de amor impossível, só precisaria de um meio de incriminar Chelsey por algo grave e vê-la ir direto para a cadeia. E aí só teria Rachel no meu caminho! Ok, Hummel, você está viajando.

O mínimo que eu podia fazer seria convencê-lo a voltar, mas eu sei o quão difícil é aturar Rachel. Se essa era a escolha dele, eu não poderia fazer nada além de aceitá-la. Ou talvez eu pudesse. Eu poderia tentar ser um capitão tão bom quanto ele foi. E era isso o que eu iria fazer.

´

Estava saindo do mercado onde comprei os tecidos para meu figurino da apresentação e outras compras de casa, usando meu casaco favorito e luvas pretas para me aquecer. Carregava em meus braços duas sacolas de papel enquanto me direcionava para casa, porém algo chamou a minha atenção.

Era uma garota familiar, de longos cabelos castanhos ondulados que estava sentada em um banco enquanto olhava para o céu escuro. Ao dar mais alguns passos em direção a ela, pude perceber que era Vic. Queria entender o porquê de ela estar sozinha neste frio, enquanto tudo o que eu mais queria agora era vestir o meu pijama e assistir America’s Next Top Model enquanto tomo chocolate quente embaixo dos edredons ao invés de ser obrigado a comprar cenouras e batatas por conta da alimentação precária de Arthur e Zach. Porém, a resposta veio mais rápida do que eu imaginava quando vi a garota soprar uma fumaça esbranquiçada que se dissolveu no ar aos poucos. Tentei me convencer de que aquela fumaça era apenas vapor condensado devido ao frio, mas esta ideia fora descartada da minha mente quando observei Vic levar um cigarro à boca.

— Vic? – Franzi o cenho e me aproximei dela, descartando qualquer possibilidade de ser menos direto ou amigável. A garota arqueou as sobrancelhas e então jogou o cigarro no chão, pisando sobre ele com sua bota preta em seguida.

— Kurt, olá. O que faz aqui? Quer dizer, estou vendo as compras... – Ela forçou um sorriso e passou a mão nos longos cabelos, o rosto corado devido o constrangimento de ser pega fumando um cigarro.

— Esse mercado é o mais próximo do meu condomínio. E está frio demais pra eu ir ao centro de Lima só para comprar algumas batatas. – Fiz uma careta e então me sentei ao lado dela, apoiando as compras em minhas coxas. Queria que Vic se sentisse mais tranquila, pois o constrangimento dela estava criando um clima tenso entre nós. Imagino que a sensação de ser pego no flagra fazendo sexo com alguém seja equivalente a essa que ela estava sentindo.

— Não... Não conte nada ao Zach. Por favor. – Ela disse, direta, os olhos fixos nos meus enquanto seu cenho franzido indicava preocupação. Por um momento esqueci que Vic era a namorada de Zach. Estava mais a vendo como uma amiga.

— Você sabe que fumar faz mal para a saúde, certo?

— Óbvio que eu sei, Kurt. Mas não é como se eu pudesse simplesmente parar, sem mais nem menos! É igual seu vício por bolos de chocolate e aquelas revistas de moda que você sempre leva pra escondê-las dentro do livro de história. – Ela sorriu ironicamente e cruzou os braços, como se estivesse me acusando.

— Ei, eu não faço isso! M-mas... Eu te dou esse tecido aqui, esse vermelho, em troca do seu silêncio. – Falei enquanto vasculhava uma das sacolas de papel, ouvindo uma gargalhada de Vic em seguida.

— Não, Kurt. Não precisa. Só não conte nada ao Zach, por favor. – Ela suspirou e então se levantou do banco. Puxou o celular da bolsa e então discou um número rapidamente. — Pedro? Pode vir me buscar?

´

— Por que só tem dois nomes na lista dos que competirão no Duelo de Divos? – Charlie perguntou com a sobrancelha arqueada ao entrar no Glee Club, carregando seus livros nos braços.

— Talvez porque estejam intimidados por saberem que sou o único aqui capaz de alcançar um Bb5. Ou porque minha apresentação será baseada em...

— Kurt, pelo amor de Deus, você não consegue falar nada interessante quando abre essa boca? – Santana bufou dando um tapa em meu braço.

— Eu estava falando algo interessante até você me interromper! Bruta.

— Espera, dois nomes? Achei que só o Kurt tivesse se inscrito. Ele que gosta de se aparecer pra exibir essa vozinha de mulher. – Arthur revirou os olhos com os braços cruzados e as pernas abertas, quase deitado na cadeira.

— Ah, é que o Jesse se inscreveu. – Rachel disse em voz baixa, quase para si mesma, enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha e ajeitava as partituras sobre o piano.

— Como é? Jesse? – Charlie arregalou os olhos e perguntou em voz alta. – Chamou seu namorado para ocupar o cargo do Finn? Rachel, isso é algum tipo de vingança?

— Que tal usar toda essa raiva e esse fogo pra mais tarde, Charlinda? – Emily sugeriu dando um tapinha na coxa da mesma, roubando totalmente a atenção dela que lhe deu um selinho em seguida. Revirei os olhos, quase me lamentando por Taylor Lautner não estar na sala para poder dizer as mesmas coisas para mim.

— Por favor, não estamos interessados nas aventuras lésbicas de vocês. – Santana sorriu com os braços cruzados.

— Pelo menos temos aventuras, enquanto seu namorado só serve pra gritar na frente da TV enquanto assiste jogos de futebol e se empanturra de pipoca como se esse tanquinho delicioso que ele tem fosse estar ali para sempre. – Charlie rebateu. Dei uma risada e então eu e ela batemos nossas mãos.

— Vou fingir que não ouvi isso. – Arthur disse revirando os olhos.

— Agora é sério, Berry. O que diabos o Jesse vai fazer nesse Duelo de Divos? – Charlie perguntou com a sobrancelha arqueada.

— Ganhar. – Rachel passou a mão nos cabelos e então voltou a arrumar as partituras, enquanto outro coral cantava um “Oooh!” enquanto olhavam para mim, fazendo-me revirar os olhos novamente. Eles estão ficando bons nisso.

— Sim, eu sei, mas ele não está no Carmel?

— Como assim, “eu sei”?! – Cruzei os braços olhando incrédulo para Charlie, que apenas deu de ombros.

— Ele disse que virá para o McKinley quando vencer o Duelo de Divos. Precisamos de um capitão masculino à altura, caso você continue com o posto de capitã feminina e deixe o nível bem abaixo. – Rachel sorriu, fazendo Santana dar uma risada baixa. Adorava quando pequenas doses de veneno escorriam da boca das pessoas mais impróprias.

— Charlie pode ocupar os dois cargos. – Assenti com a cabeça, um pouco sentido por a mesma não acreditar na minha vitória (que, a propósito, é bem evidente).

— Só porque minha voz é mais grossa que a sua, Kurt?

— Deve ser coisa de... Ah, espera, você ainda é a Treinadora Fabray?

— Com certeza sou. – Ela assentiu com a cabeça ainda com a sobrancelha arqueada, e então me calei e deitei as costas no encosto da cadeira antes que pudesse completar a frase.

E então percebi que Zach estava calado, e não tão distraído quanto costumava ser. Estava só esperando ele interromper a conversa para perguntar algo relacionado a super-heróis, mas esse momento não ocorreu. Também notei que Vic não estava no Glee Club, assim como Elena e Sophie.

— Saudades do Finn. Ele sabia fazer esse clube andar. – Falei enquanto suspirava baixo. – Quer dizer, temos as Regionais pra vencer e estamos mais concentrados em vencer esses duelinhos que nós mesmos criamos.

— Algo contra, Porcelana? – Charlie perguntou com a sobrancelha arqueada.

— Não sei, mas acho que seria divertido discutirmos o que faremos nas Regionais ao invés de provocarmos uns ao outros sobre quem vai vencer tal duelo pra cantar tal solo ou ocupar o lugar de um capitão.

— Dueto Chemily, apresentação em grupo e um solo meu porque vou ganhar novamente.

— Viu? É disso que estou falando, vocês não param de se provocar! Que tal deixarmos esse blábláblá pro dia dos duelos e vermos quem realmente vai vencer? Quer dizer, você ainda não me viu nas calças apertadas dançando tango...

Ok, eu acabei de me contradizer. De repente, Rachel deu um gritinho de raiva interrompendo a pré-discussão e então se recompôs, passando a mão nos cabelos e cruzando as pernas e os braços em seguida. Charlie arqueou a sobrancelha a olhando.

— O que foi? Seu nariz está atrapalhando a sua visão?

— Não, Charlie. Só estou irritada porque se o Finn admitisse que me ama logo de uma vez, metade dos problemas do Glee Club não existiriam. – Rachel bufou com os braços cruzados sobre o peito enquanto balançava o pé impacientemente, coberto por uma sapatilha vermelha com um lacinho.

— E como fala com tanta convicção que ele ama você? Tipo... Você, Berry. – Santana comentou fazendo uma cara de nojo. Contive uma risada apenas porque Rachel é minha parceira no Duelo de Divas.

— Ele cantou Can’t Fight This Feeling pra mim. Q-quer dizer, estava cantando pra Chelsey, mas eu apareci no auditório e ele começou a cantar olhando pra mim então claramente estava expressando seus sentimentos por mim usando a música. – A garota esboçou um sorriso satisfeito, conforme passava a mão por sua saia.

— Sinto muito se seu nariz mutante distraiu meu namorado. – Chelsey deu de ombros com um sorriso irônico enquanto olhava para Rachel, sentada a algumas cadeiras atrás dela. A morena virou o rosto para a loira ao ouvir sua voz, fazendo seu rosto corar imediatamente. Chelsey acenou mantendo seu sorriso irônico.

— E-eu não sabia que você estava aqui... – Rachel murmurou encolhendo-se em sua cadeira.

— Só quero deixar claro que se você não ficar longe do Finn, teremos um problema. E não se esqueça de que problemas entre uma cheerio com uma garota qualquer é algo que ninguém vai querer estar presente para ver. – Chelsey desfez o sorriso e continuou fitando Rachel com um semblante sério, algo absolutamente intimidador se você for loira com olhos bem marcados. Rachel engoliu em seco e então passou a mão nos cabelos, tentando manter sua seriedade por mais que a ameaça da loira tivesse feito-a se arrepiar da cabeça aos pés.

— Caso tenha esquecido, eu tenho um namorado.

— Acho que quem se esqueceu foi você.

´

Santana e eu tomávamos sorvete embaixo dos edredons do meu quarto enquanto assistíamos a apresentação da Beyoncé no Super Bowl. A latina insistia em cantar mais alto do que a TV, o que estava começando a me irritar. Já havia algum tempo de que não fazíamos nada juntos, e eu estava sentindo falta de ouvir as reclamações dela por eu falar demais e piorar isso tendo uma voz irritante — palavras dela.

— Santana, eu quero ouvir! – Resmunguei levando uma colherada de sorvete à boca enquanto a garota fingia que o controle remoto era um microfone. Não demorou muito para que nós dois estivéssemos dançando Single Ladies em frente à TV, algumas vezes esbarrando um no outro devido o meu problema de coordenação – o que deixava Santana irritada. Voltamos para debaixo dos edredons após o fim da música, ambos sentindo menos frio após aquecermos nossos corpos movendo tanto os quadris.

— Hummel, o que faz você pensar de que vai vencer do Jesse? – Santana perguntou com a sobrancelha arqueada, o edredom na altura de seu queixo. Dei outra colherada no sorvete e voltei minha atenção a ela.

— Até você? Está ficando difícil encontrar alguém que me apoie nesse lugar. – Suspirei fazendo um bico e então afundei minhas costas nos travesseiros, voltando a fitar a televisão enquanto via Beyoncé agitar seus cabelos na famosa “cabelografia”.

— Kurt, eu recomendo você parar com esse drama porque nós dois sabemos que até meus cabelos são mais rebeldes que você. – A latina deu um sorriso irônico e logo tornou a falar. – Só não quero que fique cheio de confiança ou se achando o melhor por conseguir alcançar a droga de tal nota para que no final o Jesse acabe com a sua cara, e sem alcançar nota nenhuma. Você não estava aqui quando ele pisou no New Directions com o Vocal Adrenaline. Agora imagina só, você competindo com o capitão masculino do coral que levou o troféu de primeiro lugar por três vezes seguidas!

Eu entendia que aquele era o jeito da Santana de me proteger, mas a cada palavra que ela dizia eu me sentia mais empenhado em competir. Suas táticas de me intimidar não estavam funcionando, até porque eu sempre confiei no meu talento. E seria tarde demais para eu voltar atrás, então o mínimo que eu poderia fazer era honrar o nome de Finn e vencer este duelo. Eu sei o quão duro seria para ele ver o coral que liderou por tanto tempo acabar virando uma “propriedade” do namorado de Rachel sabendo que eu poderia ter feito algo para impedir.

— Não se preocupe. Eu sei o que estou fazendo. – Sorri e então indiquei a máquina de costura no canto do quarto e um manequim que estava vestindo a parte de cima de um terno branco. – Jesse não vai conseguir fazer metade do que eu farei naquele palco.

— Você ficou maluco?! Sua sorte é que aqui embaixo dos edredons minhas mãos estão bem quentinhas, caso contrário você teria acabado de levar um tapa nessa sua cara.

— Ele não pode ser tão bom assim! Quer dizer, Jesse nunca me ouviu cantar. Ninguém pode dar a certeza de que ele vai vencer.

— Jesse foi o único que conseguiu fazer todos do Glee Club chorarem. – Santana arqueou a sobrancelha com seu típico olhar de bitch, o que de fato conseguiu me fazer repensar em tudo o que falei. Suspirei e afundei as costas nos travesseiros, voltando a encarar Beyoncé que agora dançava Run The World.

— Eu posso não ganhar, mas vou competir. Sem falar que tenho certeza de que não serei o único competindo... Os outros garotos do Glee Club não seriam tão covardes. — Revirei os olhos, cruzando os braços sobre o peito enquanto deixava o pote de sorvete no meu colo. — Bem que você podia convencer o Arthur a participar do duelo! Ele não faz nada que não seja reclamar.

— E desde quando o Arthur sabe cantar? — A latina franziu o cenho e deu de ombros, voltando a direcionar seu olhar à televisão e mordendo o lábio a cada movimento que Beyoncé fazia. — Mude de canal, estou sentindo meus sentidos lésbicos voltarem. Aliás, Porcelana, porque você não convence seu namoradinho a participar também?

— Namoradinho?

E então Zach bateu na porta. Estava usando uma regata e uma cueca boxer preta, o que fez seu rosto tornar-se vermelho em segundos ao notar a presença de Santana ao meu lado na cama.

— Kal El, você podia ter trancado a porta! – Ele disse escondendo parte de seu corpo atrás da porta. Santana deu uma risada e levantou-se, exibindo sua camisola de seda vermelha. Pegou seu celular no criado-mudo e beijou a minha testa.

— Belas pernas, Zacarias.

E então a garota saiu do quarto. Zach franziu o cenho e entrou em seguida, fechando a porta logo depois.

— Está muito tarde para a Super S sair na rua de camisola, Kal El. – O maior disse fazendo um bico, aproximando-se da cama.

Meu celular vibrou sobre o criado-mudo, e após eu deslizar o dedo na tela para desbloqueá-lo, uma mensagem de Santana surgiu no display.

Vou dormir com o Arthur. E, por favor, gema o mais baixo possível. Xoxo, –S.

Eu também pediria pra você gemer baixo, mas acho que o Arthur tem preguiça de fazer sexo. Xoxo, Lady Lips.

Vá para o inferno. Amo você. – Queen Latina.

Dei uma risada e coloquei o celular no criado-mudo novamente, dando espaço na cama para Zach se sentar. O garoto cobriu as pernas com os edredons e aconchegou-se nos travesseiros, deixando um suspiro longo escapar por seus lábios.

— Você estava distraído no Glee Club hoje. – Falei diminuindo o volume da televisão, o olhando um pouco preocupado. – Aconteceu alguma coisa, Super Z?

— Eu terminei com a Vic.

Pisquei os olhos algumas vezes, tentando digerir a informação enquanto ainda encarava o rosto do maior. Franzi levemente o cenho, vendo que diversas hipóteses prováveis sobre o término pipocavam em minha mente. E então Zach ergueu seus olhos até encontrarem os meus, fazendo um arrepio percorrer todo o meu corpo e trazendo consigo uma sensação desconfortável.

— Eu... Eu sinto muito. O que aconteceu? – Perguntei, apertando timidamente a mão do maior sobre o edredom tentando passar alguma segurança a ele. Zach pressionou seus lábios um no outro e logo eu tive a sensação incômoda de que ele estava prestes a chorar. Eu nunca sabia como reagir em ocasiões como essa.

— Kal El... A Vic usa drogas. E-ela disse que tinha parado de usar, mas o Pedro me ligou hoje de tarde dizendo que encontrou ela desmaiada no apartamento! — Sua voz estava trêmula, e seus olhos marejados fitavam os meus por tanto tempo que, por alguns instantes, senti que eram eles que estavam o confortando. — E ela tinha prometido pra mim que ia se cuidar e que ia parar de usar aquilo, porque eu disse a ela que as drogas enfraquecem os nossos poderes e que ela é a minha super mocinha, então ela precisa estar sempre forte... Mas ela mentiu pra mim! Ela mentiu pra mim, Kal El!

E logo as lágrimas escorriam pelo rosto de Zach. O puxei para um abraço, ouvindo-o soluçar enquanto ele apertava firmemente o tecido de meu pijama na cintura. Eu afagava seus cabelos e beijava o topo de sua cabeça, dizendo que tudo ia ficar bem sem ter a certeza se, de fato, ficaria.

Os fatos aconteceram rápido demais. Eu estava tentando acompanhar tudo e organizar as ideias em minha cabeça, mas o barulho de Zach chorando era o bastante para que tudo se bagunçasse novamente. Então Vic usava drogas? Aquele cigarro que ela fumava podia muito bem ser feito de maconha e a minha capacidade limitada de reconhecer tipos de drogas falhou nesse momento. Zach estava tão abalado que parecia não se importar — ou não notar — o fato de que Pedro entrou no apartamento de Vic quando ela estava desmaiada. Talvez tivesse alguma chave reserva, mas por quê?

O garoto afastou-se do abraço, ainda fungando, e então murmurou um “obrigado”. Passou a mão nos cabelos enquanto tentava recompor-se, se esforçando para não começar a chorar novamente. Na realidade, eu não queria que aquele abraço acabasse. Estava sendo ótimo sentir o corpo de Zach, por mais que esta não fosse a ocasião correta para ter esses tipos de pensamentos. Foi quando o moreno fitou meus olhos novamente deixando que um silêncio se instalasse sobre o quarto. Eu detestava que olhassem em meus olhos por muito tempo; além de achar constrangedor, me sentia vulnerável. Sentia como se a pessoa pudesse enxergar através de mim, ver coisas que eu não queria que vissem. Apesar de ser algo patético, eu achei que seria rude desviar o olhar, portanto continuei olhando os olhos azuis de Zach que estavam levemente avermelhados.

E então, o que parecia ser constrangedor, se tornou algo natural. Como se passar segundos, se não minutos, olhando fixamente para os olhos de alguém fosse completamente normal. Passei a observar as feições de Zach, contornando todo seu maxilar com os olhos e parando em sua boca.

Não queria admitir a mim mesmo que, mesmo em uma situação delicada como esta, eu queria beijar o Zach. Queria imaginar a sensação, o gosto, a textura... Sentir as mãos dele por minha pele e experimentar, pela primeira vez, a sensação de ficar arrepiado por uma pessoa. E foi quando meu celular vibrou novamente sobre o criado-mudo. Logo o desconforto voltou novamente para ambos, e o clima tenso se instalou por ali. Saindo do transe, Zach balançou a cabeça e se levantou da cama.

— Obrigado, Kal El. — E então deu um sorriso desanimado antes de sair do quarto. Suspirei e me joguei na cama, sentindo o colchão balançar em minhas costas enquanto o celular tornava a vibrar. Estiquei o braço para alcançá-lo no criado-mudo e vi dois e-mails da Revolve Clothing, um site de roupas de grife... Da Alemanha.

´

Estava um silêncio insuportável na sala do coral. Eu estava esperando Rachel falar alguma coisa para que começasse uma discussão e assim o maldito silêncio fosse quebrado, mas parece que a judia estava ocupada demais alimentando seu Pou para se gabar do seu talento inexistente. Mr. Schue falava sobre algumas bandas dos anos 80 na esperança de que alguém estivesse prestando atenção. Meu olhar pairava algumas vezes sobre Zach, e o garoto permanecia do mesmo jeito que o dia anterior. Distraído, com os braços cruzados sobre o peito e sentado de qualquer jeito na cadeira. Um boato de que Vic havia tentado se suicidar após o término havia sido espalhado no McKinley, e este provavelmente era o motivo do tal silêncio perturbador na sala do coral.

— Mr. Schue, com licença. — Vic disse batendo na porta. Todos os olhares foram direcionados à garota, menos o de Zach. Ela continuava linda com suas roupas hipsters e os cabelos levemente bagunçados. Seu jeito tímido e meigo permanecia o mesmo. — Eu... Am... Eu vim anunciar a minha saída do Glee Club. Sei que as Seletivas estão próximas e eu fico muito chateada em saber que, se faltar um membro, vocês não poderão participar. Na verdade eu estou indo para o Canadá na próxima semana, e eu queria me despedir.

E logo cochichos baixos substituíram o silêncio, deixando apenas eu e Zach calados como antes. Eram percebíveis alguns olhares de Vic sobre Zach, e era mais óbvio ainda o fato do garoto se irritar por não conseguir fingir que não estava acontecendo nada. Seu olhar fixo nas caixinhas de som da estante no fundo da sala começara a parecer estranho.

— É uma pena, Vic. Realmente sentiremos a sua falta no coro. – Rachel fora a primeira a se pronunciar, fazendo Mr. Schue e Vic revirarem os olhos discretamente.

— Antes de ir, eu... Eu gostaria de cantar uma música. Posso, Mr. Schue? – Ela perguntou, olhando para o professor que estava apoiado no piano preto. Ele assentiu com a cabeça e se afastou, sentando-se em uma das cadeiras que estavam dispostas para os estudantes. A garota logo se sentou ao piano e, após um período em silêncio, começou a tocar.

[VIC]

Corks off, it's on
The party's just begun
I promise this
Drink is my last one
I know I fucked up again
Cuz I lost my only friend
God, forgive my sins

Em todos os momentos que cantava, Vic mantinha seus olhos fixos em Zach. O rapaz finalmente cedeu e passou a olhá-la, e a partir daí não conseguiu mais desviar o olhar. Que a voz da Vic era linda, isso todos já sabiam. Era um fato. O clima se tornara tenso assim que a primeira lágrima da garota caiu enquanto dedilhava as notas no piano, e a impressão que tínhamos era que, no momento, apenas ela e Zach estavam na sala. E, até então, isto nunca fora um incômodo pra mim.


Don't leave me, I
Oh, I'd hate myself until I die

My heart would break without you
Might not awake without you
Been hurting low from living high for so long
I'm sorry, and I love you
Sing with me, "Bell Bottom Blue"
I'll keep on searching for an answer, cause I need you more than dope

I need you more than dope
Need you more than dope
Need you more than dope
I need you more than dope

Dava para perceber que ambos estavam sofrendo. A voz de Vic estava trêmula e Zach pressionava seus lábios um no outro, claramente se esforçando para não chorar. Rachel desenhava círculos com a ponta do dedo em sua coxa enquanto ouvia a música, perguntando a si mesma se era errado pensar mais em Finn do que em Jesse.


Toast one last puff
And two last regrets
Three spirits and
Twelve lonely steps
Up heaven's stairway to gold
Mine myself like coal
A mountain of a soul
Each day, I cry
Oh, I feel so low from living high!

My heart would break without you
Might not awake without you
Been hurting low, from living high for so long
I'm sorry, and I love you
Sing with me, "Bell Bottom Blue"
I'll keep on searching for an answer, cause I need you more than dope

I need you more than dope
Need you more than dope
Need you more than dope
I need you more than dope


I need you more
Need you more

Zach se levantou, com o rosto sujo de lágrimas, e então saiu da sala.


I need you more than dope…

´


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Notas finais do capítulo

Tcharaaaaans! O que acharam do capítulo? Espero que tenham gostado e espero mais ainda que deixem meu dia mais feliz com um review grande e cheio de opiniões sinceras. ♡



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