Anatomia do Amor escrita por whatsername, whatsernamebeta


Capítulo 8
Magic


Notas iniciais do capítulo

Hei : ) Como estão?
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Bem, sei de minha demora absurda, mas também não quero me alongar escrevendo a respeito. Aconteceram muitas coisas nestas últimas semanas e minha cabeça estava tumultuada demais para eu conseguir escrever. De qualquer modo, aqui está o capítulo final. Espero que gostem, mas confesso que não estou satisfeita com o que escrevi. Acho melhor deixar para que vocês me avaliem, então não hesitem em comentar.
—_
É sempre bom começar e finalizar qualquer coisa, então estou contente por estar encerrando essa história também. Não há muito que dizer sobre Anatomia do Amor, mas gosto de classificá-la como uma história simpática, sem complicações. Nunca pensei que eu ficaria à vontade escrevendo algo tão sem drama. Isso aqui é um bom exemplo de que não precisamos criar amarras e complicações, que a vida é bem mais simples, somos nós quem a complicamos. O período foi curtíssimo, mas me deu tempo para conhecer mais leitoras e manter as antigas. Obrigada por tudo.
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Arline, acho que não tem como te agradecer. Obrigada por ter corrigido os capítulos, por me ensinar um tanto de coisa, por minimizar meus erros. Por me aturar também.
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Ah, Anatomia do Amor e suas recomendações. Agradeço por todas, especialmente as deixadas mais recentemente. IsabellaF e Sandrinha Penna, amei as palavras de vocês.
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Sem mais, vamos ao capítulo. Revisado. Boa leitura.



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POV Bella


“Tem uma mulher lá na porta.” Ela começou baixinho, sem tirar os olhos de Edward. “E ela está dizendo que é minha mãe.” 


A primeira reação foi o espanto, obviamente. Depois, veio o receio; eu não estava muito preparada para ver a mãe de Grace. Ainda tinha Edward, talvez fosse loucura e um pouco precipitado, mas eu já considerava aquele homem como meu, o casinho da adolescência e mãe da filha dele não tinha direito de roubá-lo de mim.


O rosto de Grace estava ilegível, a ponto de eu não conseguir entender nenhuma emoção que ela transbordava. As bochechas estavam rubras e o par de olhos verdes estava cheio do que eu supus ser surpresa.


“Que diabos essa mulher está fazendo aqui?” A voz de Edward rompeu o silêncio do quarto. Ele me pegou pela mão, puxando-me para fora do quarto. “Quem Katharine pensa que é?” Ele continuou na mesma voz, em um tom que era puro nervosismo e receoso.


Grace, ao meu lado, me olhou. O sorriso foi mais que discreto. “Não me olhe assim, Bella. Eu não faço ideia do que pensar.”


Pedi para que meu sorriso a acalmasse. Surpreendendo-me, Grace pegou minha mão, de um modo sem jeito e tímido. “Eu preciso de você.” Ela falou baixinho, antes de descermos o primeiro degrau da escada.


Edward, que estava calado até aquele momento, olhou para Grace, fixando o verde nos olhos verdes. “Eu não faço ideia do que essa mulher quer conosco, mas saiba que ela não pode te tirar de mim.”


“E quem disse que vou para longe de você, pai?” Grace perguntou com rapidez, sorrindo. “Só estou assustada, é só.”


Tudo que Edward fez foi sorrir. Sem dizermos qualquer palavra, terminamos de descer a escada. Meus olhos convergiram para porta; quando tive a imagem, perguntei-me o porquê de eu não ter fechado os olhos. A mulher era bonita demais. Eu ofeguei quando percebi que Grace era uma cópia fiel dela, apenas os olhos eram de Edward.


Por um longo instante, me senti absolutamente idiota. Eu tinha perdido as contas de quantas vezes dissera que Grace era a menina mais bonita que eu conhecia, a mais loira, a com rosto mais bonito. E, implicitamente ou não, estava derramando elogios sobre a mãe dela.


Ela era tão loira quanto Grace; e eu pensei sobre qual idade dar-lhe, preferi ficar com uns vinte e oito. O vestido era bonito, mas estava curto e justo. E ela sorria, sorria para o meu Edward. Aquilo foi o suficiente para me deixar enraivecida.


Eu dei um passo para frente, quase pulando em cima da mulher. “Amor, não comece a pensar besteira. Deixe que eu resolva isto.” Edward enlaçou minha cintura e inclinou para sussurrar em meu ouvido. “Amo você, só você.”


“Pai, é ela.” Grace roubou nossa atenção, ainda hesitante. “Essa mulher está dizendo que é minha mãe.”


Edward soltou uma respiração pesada, o olhar dele oscilou entre mim e a mulher. “E é, Grace. Esta é Katharine, sua mãe.”


A menina soltou um barulho engraçado, perto de um chiado. Ela encarou Katharine, medindo-a de corpo inteiro, sem saber o que dizer. “Continuo não sabendo o que pensar.”


“Podemos começar com um abraço, filha.” Céus, a voz dela era irritante! Katharine falou de modo muito arrastado, jogando um sorriso estranho para nós. “Você cresceu tanto.”


“Claro! Você ficou treze anos sem aparecer.” Edward falou em tom debochado, passando o braço sobre os ombros de Grace. “Não vamos nos alongar, Katharine. O que você quer de nós?”


“Eu quero minha filha.” Ela falou simplesmente, sem medo de parecer ridícula. “Ela também é minha, Edward.”


Quando ouvi Edward gargalhando, fiquei sem reação. “Não foi isto o que disse quando soubemos de Grace.” Ele a refutou ainda rindo. “É muito fácil, certo? É muito fácil aparecer do nada e dizer que quer minha filha. Claro, Grace está crescida, bonita de um jeito insuportável, educada e inteligente... Ela cresceu muito bem sem você!”


“Não coloque palavras na boca dela, Edward!.” Katharine foi ágil e praticamente gritou, aquilo estava perto de se tornar uma discussão e eu estava ansiosa para falar qualquer coisa. “Fale, você, Grace. Você sentiu minha falta, não sentiu?”


Grace recebeu três olhares nervosos, ela piscou e corou. “Uh, é difícil sentir falta de quem eu nunca conheci.”


Eu já disse que a adorava?! Pois bem, eu a adoro! As palavras de Grace levaram o espanto para o rosto de Katharine, ela sorriu forçadamente e jogou os cabelos. “Nós podemos recuperar esse tempo, filha.”


Os olhos verdes de Grace foram para Edward, era uma emoção diferente, bonita demais para ser entendida por mim. “Está tudo ótimo do jeito que está. A propósito, essa é Bella, a namorada de meu pai.”


Tudo que fiz foi abrir meu melhor sorriso. Sabendo que eu parecia uma louca, descansei minha mão na de Edward, ele a pegou e sorriu também. Não importei por estar completamente mal vestida e com cara de tédio. Eu era segura o suficiente para ter certeza que Edward não iria quer ter um recordar é viver com aquela mulher.


“Olhe, nós temos cães também!” Grace falou no instante em que Shady subiu na perna de Edward. “Pode parecer loucura, mas somos uma boa família. Meu pai é o médico mais esforçado desse mundo e Bella veio para deixar tudo melhor.” 


“Você não pode estar dizendo isto, filha.” Katharine soltou entre dentes. “Você vem comigo, Grace.” A mulher quase ordenou, o que fez Grace sorrir. “Não seja petulante, garota.”


“Por Deus, vá embora.” A voz de Grace sobressaiu a qualquer outra, o som saiu meio trêmulo e nervoso. “Ótimo, eu já te conheci, descobrir que sou idêntica a você e isso é triste, porque eu queria ter todos os traços de meu pai. Agora você já pode ir embora, nós estamos bem sem você.”


Eu esbugalhei meus olhos, nem em meus melhores sonhos imaginei uma reação tão estranha de Grace. A menina loira sorriu para mim, transmitindo certa diversão. “Vá lá abrir a porta para ela, Bella.”


Dessa vez, meus olhos saíram de órbitas. Edward sorriu ao meu lado e caminhou até a porta da sala, eu fui ao lado dele, ainda com cara de retardada. “Essa mulher é louca, Edward.” Eu ciciei antes de ele girar a chave. “E sua filha saiu melhor do que imaginava.”


“Grace sabe quem quer na vida dela.” Ele me respondeu baixinho, colocando mais força no enlace de nossas mãos. “Você pode ir embora agora, Katharine. Se você queria estragar meu dia, lamento, mas não conseguiu.”


“Você continua sendo o mesmo estúpido de sempre.” Ela cuspiu para Edward enquanto jogava o cabelo. “Espero que essa mulher não estrague ainda mais a cabeça de minha filha.”


“Cale a boca, por favor!” Edward não se conteve e gritou. “Estúpida você está sendo desde o instante em que decidiu ignorar Grace, não venha agora dizer que a quer, você não tem direito nenhum. Não foi você que teve que educá-la e dar-lhe amor dobrado, então não reclame nada sobre Grace. Não seja ainda mais tola, não fale nada sobre Bella.”


Quando Grace veio para perto de nós, permiti-me falar qualquer coisa. “Katharine?” Chamei-a com timidez. “Não importa o que você pensa sobre mim, apenas saiba que Grace é a melhor filha que alguém pode querer, e você decidiu ignorar a garota mais doce que conheço. E, bem, obrigada por ter deixado Edward para mim.”


Grace sorriu e piscou. Ela fechou a porta para nós, deixando Katharine do outro lado. “Deus, isso foi estranho.”


“Você está bem, filha?” Edward questionou-a, penteando os cabelos loiros dela. “Digo, você está bem com isso tudo?”


“Não muito.” Grace disse depois de se jogar no sofá. “É estranho.” Ela continuou falando e nos encarando. “Eu me pareço muito com ela, é um sentimento ruim.”


Edward abraçou-a, derramando carinho no ato. “Você é a pessoa mais bonita que conheço e isso não tem nada a ver com seus olhos verdes, com seu cabelo loiro... Você só é bonita porque é tudo para mim. Tudo. Não duvide de mim, por favor.”


“E eu não duvido.” Ela confidenciou e beijou a bochecha de Edward. “Vou subir, acho que preciso processar isto tudo.” Grace deu mais um beijo na bochecha dele. “Boa noite e eu te amo.”


Ela fez o mesmo comigo, eu a abracei e, antes que lhe desse boa noite também, ela subiu os degraus. Meus olhos foram para Edward, o rosto estava calmo e um sorriso bobo enfeitava-o, foi impossível não sorrir diante da situação.


“Vamos lá. Bem, você soube escolher a mãe de sua filha. A mulher é irritantemente bonita.” Falei antes de me empoleirar nos braços dele. “Só é idiota e desnaturada, mas continua sendo bonita.”


Mal senti os lábios dele nos meus, eu gostava de beijos roubados. “Eu tinha dezessete anos, sim?” Edward abusou da presunção e mordeu meu lábio. “Hoje sou um velho e só quero você.”


“Certo então.” Sussurrei na boca dele, deixando que minha mão o tocasse no braço. “Velho aos trinta e um anos? Você precisa rever seus conceitos, Edward!” Coloquei mais energia em minha voz, quase o beijando. “Fico feliz por esta mulher não ter afetado você, não aceito te perder.”


“A gente pode subir e terminar nossa noite.” Ele me respondeu com malícia, rolando as mãos para dentro de minha camisa. “Estávamos na parte em que eu arrancava sua roupa.”


Era um convite tentador, sorri enquanto olhava dentro dos olhos de Edward. “Eu te amo, mas vou se Grace está bem. Deu vontade de conversar com ela.” Falei depois de sair do sofá e arrumar minha roupa. “Sua filha já é adulta demais, mas penso que isso pode ter sido muito para ela.”


O verde do olho dele cintilou. “Obrigado por isso, por sempre querer ver Grace bem, você sabe, tudo sobre ela é importante para mim.”


Abaixei-me até tocar-lhe os lábios. “Ela também é importante para mim.” Confidenciei e senti minhas bochechas esquentando. “Grace é adorável, é impossível não querer o melhor para ela.”


Ele só assentiu com um sorriso e foi a deixa para eu correr até o quarto de Grace. Entrei sem bater e encontrei a menina loira debaixo do edredom, concentrada apenas no celular. Era tão óbvio saber com quem ela conversava. Sem fazer barulho, me sentei na beirada da cama.


“Ainda está assustada?” Perguntei baixinho, tentando ser notada e não soar tão intrometida. “Marshall está aí, conversando com você?”


Grace ergueu o corpo e sorriu. “Ele sempre está por aqui, mas não estamos falando sobre isto. Ele tem prova amanhã, Marshall realmente pensa que sei mais história que ele. Acho que ele ainda não percebeu que é dois anos a minha frente.”


“Vocês dois são engraçados.” Deixei escapulir no escuro do quarto. “Vocês se dão bem, isto é bom.” Falei por fim, meio incerta de como continuar com aquilo. “Uh, conhecer sua mãe não te mexeu em nada?”


Recebi um olhar engraçado, beirando a inocência. “Sabe, acho que sou a única pessoa no mundo que nasceu para não ter uma mãe. Sei lá, já está ótimo com meu pai, não preciso de mais ninguém.”


Meu silêncio surpreendeu até a mim, o que fez Grace continuar. “É um pouco perturbador saber que me pareço tanto com ela, mas, meu Deus, você ouviu a voz dela? É irritante demais! Ela também me parece meio idiota, me pergunto como meu pai teve alguma coisa com ela...”


Minha risada saiu cantada. “Seu pai teve ter sido um adolescente idiota.” Brinquei com ela a aproveitei para ir mais perto do travesseiro. “Pense, se não fosse isto tudo, você não existiria e meus dias seriam mais tristes.”


“Isso foi quase uma declaração.” Grace não poupou um sorriso e uma piscadela tímida. “Também te amo, Bella.”


Meu corpo não me obedeceu, e eu corri para abraçá-la, apertado e cheio de sentimentos. Grace se aninhou em mim, sorrido de lado a lado, mostrando para quem quisesse ver que ela estava um degrau acima da felicidade. “Quem imaginou que um médico de gente morta, uma filha louca e uma fotógrafa de nu artístico iriam formar a família mais feliz do mundo?”


“Uma família?” Repeti em tom calmo, bem diferente de como eu me sentia por dentro. “É isso que sou para você?”


Ela riu de novo, voltando para debaixo do edredom. “Claro que é!” Grace exclamou e jogou o celular para o lado. “Não faz muito sentido eu te ter como uma mãe, só há dez anos de diferença entre nós, mas você é minha melhor amiga, Bella.”


“Fico feliz em saber.” Talvez minha voz estivesse um pouco emocionada, mas não me importei. “Eu só quero seu bem, sim? E isso não tem a ver com seu pai, é porque eu gosto de você, gosto de verdade.”


“Certo, minha progenitora aparece e, do nada, fazemos mil declarações. O dia está estranho, não acha?” A menina loira não dispensou a diversão. “Daqui a pouco, Marshall vai me ligar, dizendo que me ama e me quer por toda a vida, pode apostar.”


Eu ri com ela, incapaz de parar de repetir o ato. “E você vai ficar muito triste, não é?” Devolvi-lhe sem parar de sorrir. “Confesse, garota, você está louca para ouvir isto da boca dele.”


As bochechas de Grace queimaram e ela levou certo tempo para falar qualquer coisa. “Não seja besta, Bella.” Ela tentou, mas não conseguiu disfarçar a vergonha e desconversou. “Só estou louca para que Marshall pare de ter tantas admiradoras. É um pouco complicado estar com ele, o menino é popular demais para o próprio bem.”


“Grace, bobinha.” Eu cantei e deixei meus olhos nos dela. “Você foi a escolhida, é difícil entender? Não faço ideia de como vocês dois estarão daqui um tempo, mas aproveite o agora, certo? Se ele te faz bem, apenas curta tudo isso.”


“Já disse que você é a melhor?” Ela me perguntou no mesmo instante em que pegou o celular novamente, eu só sorri porque ela o fez primeiro. “O que você sabe sobre o fim da guerra fria e a nova ordem mundial?”


“Isso tem a ver com a nova divisão do trabalho, com os blocos econômicos?” A voz de Edward soou vinda da porta, ele estava apenas no espiando com o rosto para dentro do quarto. “Juro, só cheguei aqui agora.” Ele falou entre sorrisos, Edward não hesitou em vir se sentar perto de mim.


“Além de médico, você se arrisca em história? Bom saber que tenho o homem mais inteligente só para mim.” Falei antes de depositar um beijinho na boca dele, sendo muito casta e inocente. “Grace e eu estávamos estudando.”


Edward deixou os lábios nos meus por tempo demais, ele deu atenção a Grace e sorriu. “Tem prova amanhã? Uh, não seria útil ter uns livros e umas anotações?”


De soslaio, vi que o rosto de Grace tingiu-se de vermelho. Cabia a mim tirá-la daquela situação. “Sua filha não estuda só quanto tem provas, amor. Só estávamos discutindo a aula de hoje, não é, Grace?”


“Oh, sim. Claro.” Ela afirmou com a certeza que eu queria. Grace praticamente pulou quando o celular acusou uma nova mensagem. Eu realmente ri da dissimulação dela. “Quem é esse idiota que está me atrapalhando?” Ela falou com uma entonação engraçada. “Tenho que começar a dar meu número para as pessoas certas...”


“Algo me diz que cheguei em um péssimo momento.” Edward falou, mas manteve os olhos em Grace. “Só queria saber como você está e dizer que sou louco por você.”


Ela se sentou na cama e abraçou a cintura de Edward. “Obrigada, pai! Acho que essa já é a terceira declaração que recebo, apenas saiba que é mais que recíproco.”


Edward beijou-lhe a testa. “Boa noite.” Ele falou antes de sorrir para mim. “E eu te espero na cama, amor.”


“Deus!” Grace falou e balançou a cabeça em negação. “Parem com essas insinuações!”


Foi a minha vez de ficar corada. Tentei, mas não consegui parar de rir como uma boa retardada. “Eu te odeio tanto, Edward!”


“Odeia nada, venha.” Ele me puxou pela mão, depois, abraçou minha cintura. “Detesto te decepcionar, mas vamos acabar dormindo.” Edward sussurrou para mim antes de fechar a porta do quarto de Grace.


“E você estava na parte em que arrancava minha roupa...” Usei toda a malícia que existia em mim. Fiquei feliz em ver os olhos verdes sorrindo no escuro do corredor. “Só precisamos ficar caladinhos, Grace ainda está estudando.”

(...)

POV Edward


Era impossível não sorrir verdadeiramente quando eu via Bella e Grace juntas. Elas espionavam alguma coisa perto da escada. Elas se vestiam quase da mesma forma, apenas a cor do short era diferente. Com certeza, nenhuma das duas notara minha chegada.


Fui barulho para ter atenção e a melhor maneira foi gritar com Shady, o cachorro ainda tinha certa e estranha tara por minha perna. “Saia de mim, seu cachorro safado!” Eu ralhei enquanto sorria. “Onde está sua cadela grávida?!”


Bella foi a primeira a olhar para trás, nada era mais bonito que o sorriso que ela me dava. “Ei, amor!” O cumprimento foi como música e eu abri meus abraços, implorando por um abraço.


Ela veio para mim se hesitar. Grace me deu um aceno e sorriu, mas logo voltou a atenção para o que existia debaixo da escada. Bella, como sempre fazia, pulou em meu colo, cruzando as pernas em meu quadril. “Chegou cedo.” Ela falou antes de salpicar um beijinho no canto de minha boca. “Deveria ter me avisado, eu teria tomado um banho e ficado mais bonita para você.”


Retribui os carinhos, beijando-a com mais profundidade. “Eu gosto de você assim, com short curto, com essa camisa que suponho ser minha.”


O sorrisinho foi mais que bonito. Bella procurou meu pescoço e também acarinhou a região com os lábios. “Você parece com sono, vá tomar um banho e depois comemos alguma coisa.”


Coloquei-a no chão e levei meus olhos para Grace. “Eu preciso mimar minha filha também.” Falei enquanto caminhava para perto de Grace. “Entender o porquê de ela estar tão sorridente.”


Grace apenas jogou os cabelos para trás. “Eu acho que Kim vai parir os filhotinhos. Ela está aqui desde cedo, toda irritada.” A voz foi quase arrastada, ela se abaixou para correr as mãos no dorso da cadelinha. “Pai, você é médico, certo? Seria bom saber se ela está sofrendo.”


“Há um abismo entre a medicina e a medicina veterinária.” Informei-a, mas não hesitei em afagar a cadelinha também. “Kim é esperta, logo esses cachorrinhos vão chorar e gemer.”


Senti as mãos de Bella espalmando em minhas costas. “Prometa que Kim vai sobreviver? Eu simplesmente não aceito a possibilidade de ela me deixar.”


Eu sorri baixinho, me perguntando o que eu iria fazer com Bella e com Grace. Aquelas duas mulheres eram loucas e sensíveis demais. “Tudo vai dar certo. Eu quase vejo um sorriso nas fuças de Kim.” Brinquei antes de me virar para ela. “Shady vai saber apoiá-la moralmente.”


Estranhei quando Bella não me acompanhou até o quarto. Ela permaneceu na sala, dividindo o sofá com minha filha. “Amor, você não vem?” Perguntei-lhe, já ansioso para ter Bella comigo na cama.


O rosto dela ficou vermelho em resposta, Bella me deu um sorrisinho tímido. “Uh, acho que Kim vai precisar de mim por perto... É melhor eu ficar com ela.”


Deixei de lado meus planos sobre ir para o quarto; eu fui para o sofá e não hesitei em descansar minhas mãos no rosto dela. Talvez eu também tenha feito um bico para Bella. “Não quer dormir comigo?”


Ela fez malabarismo e me beijou delicadamente. “Pare de fazer essa cara para mim!” Bella disse e me beijou mais, sendo um pouquinho mais demorada. “É tão difícil recusar suas propostas.”


“Então pare de recusar.” Minha voz morreu nos lábios dela. Eu ouvi Grace sorrindo e também a vi rolando os olhos. “E você, Grace, vá dormir também. Amanhã saberemos se os filhotinhos de Kim nasceram ou não.”


“Pai, você já foi mais sensível.” Grace brincou enquanto saía do sofá. “É um momento importante na vida dessa cachorra. Se você ainda não percebeu, ela está indo para ser mamãe.”


“Certo, Grace.” Eu ratifiquei e nos guiei para os degraus. “E amanhã você tem escola, eu trabalho e Bella tem que ir lá tirar fotos de gente seminuas. É hora de dormir, não de ficar velando o trabalho de parto de Kim.”


“Deus!” Grace exclamou, com sempre fazia. “Não seja assim!” Ela pediu antes de prender os cabelos loiros. “Só vou dormir porque realmente estou com sono, mas saiba que eu queria ficar aqui, até esses cachorrinhos nascerem.”


Eu não era o homem mais sensível e inclinado aos animais, mas também não entendia o porquê de Bella e Grace ficarem tão preocupadas. A natureza era sábia e tudo daria certo, com certeza, um ou dois filhotinhos sobreviveriam e fariam a felicidade de minha mulher e de minha filha.


Quando Bella deitou-se ao meu lado, foi impossível não medi-la de corpo inteiro. A camisola era caprichosamente tentadora. Ela não pensou antes de deitar sobre meu braço, agradeci quando ela fez milagre e depositou beijos calmos em meus ombros.


“Boa noite.” Ela nos desejou em tom baixinho. “Amo você.” Além de baixinho, o tom também era meio magoado.


“Bella.” Chamei-a com toda delicadeza que existia em mim. “Você não está chateada comigo por causa daquela cadela, está?”


“É claro que estou.” Bella respondeu-me com certa ironia. “Ela é importante para mim, certo? Realmente estou morrendo de medo de alguma coisa acontecer com ela.”


Suprimi um gemido frustrado, eu estava encrencado e não fazia ideia de como reverter aquela situação. “Amor, eu também gosto de Kim, tá? E de Shady também! Eu os alimento, dou um teto, água. Só não consigo ficar mimando-os, deixo que Grace e você façam isto.”


Bella me encarou e sorriu. “Bem, eu encontrei seu primeiro defeito.” Ela falou no instante em que pressionou os lábios em minha bochecha. “Eu não ligo, mas, por favor, não pense que Kim não está assustada. Minha cadelinha é mais inteligente que todos dessa casa.”


Meu sorriso perdurou até o momento em que a beijei. “Tudo vai dar certo. Já pensou nos nomes?” Perguntei em minha melhor voz interessada. “Penso que isso seja assunto para Grace e você.”


Ela sorriu de canto a canto, meio ruborizada também. “Ainda não pensei nisto. Preciso ver os rostinhos dos filhotinhos para saber qual nome combina.”


Na dúvida, eu assenti e esfreguei meus dedos na bochecha quente dela. “Tente dormir, tá? Te amo mais.”


Nem mesmo o sono de outro mundo me impediu de captar a inquietude de Bella. Ela se remexia na cama e, por vezes, cismava de enlaçar e desenlaçar minha cintura. Não que aquilo fosse gostoso, mas eu realmente estava sonolento e queria uma noite de sono. Só assim para eu ficar menos ranzinza e azedo.


“Não consegue dormir, amor?” Perguntei baixinho, fazendo carinho nos cabelos castanhos que faziam cócegas em meu pescoço. “Quer cobrir?”


Não tive nenhuma resposta, Bella moveu-se até estar em cima de mim, com o queixo apoiado em meu peito. As bochechas estavam vermelhas, nem mesmo a escuridão do quarto mascarou a vergonha infundada dela. “Você fica linda quando está com vergonha, mas me diga o que houve.”


“Uh.” Bella começou e fez questão de sorrir para mim. “Vai ser muita infantilidade se eu disser que não consigo dormir? Acho melhor eu ficar lá na sala, eu não atrapalho seu sono e mantenho meus olhos em Kim.”


Tudo que fiz foi enchê-la de beijos. Eu realmente a amava muito. Bella, do jeito único dela, me fazia feliz e era muito fácil sorrir ao lado dela. “Certo. Vamos descer e esperar os filhotes nascerem. Vai ser divertido e tentarei não dormir em serviço amanhã.”


“Já disse que você é o namorado mais fofo, amoroso, lindo que existe?” Bella falou antes de me beijar com vontade demais. “Obrigada por isso.” Ela usou um tom feliz e saiu da cama. “Só vou trocar de roupa, vai ser estranho se Grace me ver vestida assim.”


Meus dedos foram ágeis e tocaram o ombro nu dela, eu desci a alça da camisola indecente e pisquei de lado. “É injusto você usar essas coisas, sabia? Eu tenho certa queda por coisas curtas, transparentes, cheias de laços...”


Ela sorriu e jogou a peça para fora do corpo, dando-me uma boa visão da calcinha também indecente. “Ei, pare de me olhar assim!” Bella usou falsa indignação. “Vamos lá, estou louca para ver o que será de Kim.”


Não foi nenhuma surpresa cruzarmos com Grace no corredor. Os olhos verdes brilharam quando nos encontraram. “Estão pensando no mesmo que eu?”


Eu fui o primeiro a sorrir. “Bella não vai dormir até ter certeza que Kim está viva e lambendo os cachorrinhos.”


As duas desceram a escada com certa animação, eu as segui apenas com sono mesmo. “Deus!” As exclamações de Grace sempre me assustavam, mas esta veio com uma porção considerável de medo. “Tem tanto sangue, pai!”


Levei meus olhos para debaixo da escada. Kim estava lá, com cara de sofrimento e fazendo uma força descomunal. Agradeci por ela já estar na metade do caminho, agora só faltava ela colocar os cachorrinhos para fora. O sangue tinha manchado parte do chão e boa parte de jornais que tínhamos colocados ali. Minha risada escapou quanto percebi que Shady só olhava, a umas boas quinze patas de distância.


“Coragem para fazer, você teve, não é?” Falei enquanto afaguei as orelhas dele. O ato mais carinhoso que me arriscava fazer em animais. “E agora fica assim, só olhando!”


Bella também sorriu e abaixou-se, até conseguir fazer o mesmo em Kim. “Princesinha, está quase! Por que você não faz mais força, hein?”


“Talvez porque ela esteja exausta?” Grace brincou e também encheu a cadelinha de mimos. “Kim, meu doce, vamos lá, nem deve ser tão difícil assim.”


“Amor.” Bella me chamou antes de ficar de pé novamente. “Use seus talentos e ajude-a, por favor?” O pedido foi feito em voz manhosa. “Tenho certeza que você tem mais experiência em partos que uma cachorra.”


Eu tinha presenciados poucos partos, e isso não me dava a garantia que eu saberia parir uma ninhada. Hesitante, sentei-me no chão, pensando no que fazer para tirar o dor da cadelinha de Bella, mas, para minha sorte e espanto, antes que tentasse qualquer coisa, os filhotinhos simplesmente saíram.


O choro de Bella me surpreendeu, o de Grace foi absolutamente estranho. Eu permaneci do mesmo jeito, nenhuma nova emoção me acometeu. É, nada de sentimentalismo!


“Amor, eles não estão chorando.” A fala de Bella saiu estrangulada por causa do choro. “Eu não posso acreditar, Edward. Não posso acreditar que eles estão mortos.”


Aquela era minha profissão, então, sem muito cuidado, peguei os cãezinhos. Todos estavam rígidos e eu me perguntei o que eu faria dar-lhes aquela notícia. Confesso, era injusto ver Bella e Grace tão tristes, mas, me surpreendendo novamente, Kim gemeu de dor e, do nada, mais um cãozinho saiu dela e, para felicidade geral, ele chorou. Chorou de verdade.


Shady e Kim também pareciam felizes. A cachorra, apesar da fraqueza e tudo mais, lambeu todo o dorso do filhotinho, que era meio amarelo e que parecia ter o pelo liso e curto de Shady.


“Ele é fofo!” Grace externou em voz quente, ansiosa para ter mais detalhes do animalzinho. “Eu posso pegar?”


“Faça isso e Kim te odiará pelo resto da vida.” Eu a adverti. “Espere um pouco, sim? Kim vai ficar temperamental e ciumenta.”


Bella abraçou minha cintura e descansou o rosto em meu ombro. “Estou feliz por ela! Pelo menos um se salvou. O que a gente irá fazer com esses outros três? Você é o legista dessa história.”


“Eu posso abri-los e te dizer a causa exata da morte.” Falei-lhe com muita diversão. “Se você não achar muita insensibilidade de minha parte, eu cavo um buraco e jogo terra. Grace e você podem fazer uma lápide.”


“É uma boa ideia.” Bella falou com sinceridade, o que me assustou, porque eu só estava brincando. “É macho ou fêmea?”


Ignorei a cara feia de Kim e Shady e peguei o animalzinho em minhas mãos, o bichano era pequenino e usei toda minha delicadeza para virá-lo de bruços. Foi impossível não sorrir. “Mais uma mulher em minha vida.”


Grace não poupou a risada contagiante. Bella seguiu-a e também não mascarou a felicidade. “Eu já tenho um nome.” A vergonha estava em cada palavra. “Vai ser aquele, Grace.”


Minha filha piscou de lado, sorrindo. “Seja bem vida, Mariah!”


Preferi não saber o porquê de elas terem dado nome de gente para uma cadelinha, mas nada era muito sensato quando vinha de Grace e Bella, então, para minha sanidade, era melhor ficar sem uma explicação.


“Posso ir dormir agora?” Perguntei depois de colocar Mariah ao lado de Kim. “Vem comigo, amor?”


Bella me ignorou por completo, assim como Grace. As duas continuavam babando na cadelinha recém-parida. Eu não tinha o direito de ficar enciumado, porque se não fossem meu cachorro pervertido e a cachorra virginal de Bella, nada daquilo teria acontecido. Claro, Grace também tinha muitos créditos nessa história, o que me fazia amá-la ainda mais. Em sinal de agradecimento, ignorei meu sono e me juntei a eles. Bella sorriu para mim, como sempre fazia quando estava feliz. Grace só piscou e deitou o rosto em meu ombro.


Meu olhar alternou entre as duas, entre o rosto de Grace e o de Bella. Eu sorri por puro ato reflexo, elas também sorriram. Nós só precisávamos daquilo, da certeza que tudo estava bem e que apesar dos surtos de Bella, da loucura de Grace e de minha total rendição as duas, nós dávamos certo. E não importava tudo o que acontecera, porque, de um jeito torto e inexplicável, era para ser assim. Grace, Bella e eu.


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Notas finais do capítulo

Então, o que me dizem? Gostaram?
—_
Talvez demore, mas ainda teremos o bônus. Uma Grace grandinha e aprontando, Bella tirando fotos de homens nus... É só ficarem de olho.
—_
Não deixem de comentar e recomendar, aguardo os recadinhos de vocês.
—_
Penso que a maioria de vocês já tenha conhecimento, mas tenho outras duas histórias postadas, Addicts e Passado Distorcido. Quem tiver interesse, passe por lá também.
—_
Por último, para as fãs de drama, fiquem sabendo que logo logo volto com mais uma fanfiction.
—_
Beijos, até ( : Fiquem bem.