Quatro Elementos: O Começo escrita por Amanda Ferreira


Capítulo 18
Verdade


Notas iniciais do capítulo

Desculpe por não postar ontem amores, mais eu estava meio ocupada.



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Entrei pela porta dos fundos, eu sabia que ela não tinha chegado, porque seu cheiro ainda não estava ali, e eu não ouvia seus batimentos. Deixei minha bolsa no balcão fiquei sentada esperando ela chegar, eu tinha que falar porque aquilo era muito estranho.

Não demorou muito para ela entrar devagar e por algum motivo se assustou comigo ali imóvel:

- Bia eu nem ouvi você ai!

- Estava te esperando!

- Eu?

- Sim. - peguei a bolsa dela e estendi.

- A sim, eu esqueci minha bolsa aqui ontem, minha cabeça estava a mil.

- É, eu peguei para te entregar, mais eu não te vi e então eu levei para casa.

- Levou minha bolsa para sua casa? - ela perguntou e pareceu furiosa.

- Sim, algum problema?

- Não, nenhum, é que eu pensei que tinha ficado aqui. - ela agora estava calma.

- Pois é. Não ficou.

- Mais obrigada. - ela veio pegando a bolsa da minha mão. Eu me levantei e ergui a garrafa dela, ela arregalou os olhos.

- Mexeu na minha bolsa?

- Então isso é mesmo seu?

- Não, quer dizer é sim.

- E você pode me explicar o porque disso está na sua bolsa?

- Você não sabe que é falta de educação mexer nas coisas dos outros! - ela agora estava irritada.

- Caiu no chão sem querer e ai eu vi.

- Não devia ter pegado a bolsa.

-Por que esta tão nervosa Kate? Será porque tem uma garrafa de sangue na sua bolsa? - ela me encarou e parecia tentar encontrar uma resposta.

- Não é sangue! - ela falou irritada.

- Você acha mesmo que eu sou idiota? Que não consigo reconhecer sangue? Esta muito enganada Katherine. - falei dando um passo em sua direção.

Ela ficou em silêncio e me olhava tentando encontrar uma boa resposta para aquilo e é claro que eu tinha quase certeza, ou minha amiga era uma vampira ou tinha um amigo vampiro.

- Bianca, isso é complicado, você não entenderia...

- Por que eu não entenderia? - eu a interrompi.

- Não é algo que eu possa contar.

- Pensei que fossemos amigas! - falei.

- Somos e é por isso que eu não posso contar.

- Contar que é uma vampira? - os seus olhos se arregalaram com minha pergunta e ela não respondeu.

- Existem muitas coisas que eu sei, e existem também muitas coisas que eu não posso contar.- falei baixo.

- É o que você acha que eu sou? - ela perguntou.

- Se você carrega sangue na sua bolsa, não vai ser para doação.- ela me olhou e respirou fundo e vi que estava decidida, puxou uma cadeira para mim e se sentou na outra.

- Em 1842 eu vivia no interior de Minas gerais, era só uma garota que não conhecia nada da vida, que nunca tinha ido em uma cidade grande e que era uma sonhadora, tudo pra mim girava ali naquela vila e nada parecia anormal... - ela suspirou e continuou.

- Ate que eu completei 17 anos e tudo mudou... eu comecei a ver coisas nas pessoas, podia sentir a dor delas, o que se passava nas suas vidas, quem elas amavam, quem odiavam, se estavam mentindo ou dizendo a verdade. Eu estava enlouquecendo e não sabia como parar aquilo, eu não queria ser assim. Eu saia na rua e pensava que todos estavam falando de mim que eu realmente era uma louca, mais não falava para ninguém porque eu sabia o que aconteceria, no mínimo a cidade inteira viria atrás de mim como se eu fosse uma aberração. Foi muito difícil, ficar com aquilo aqui dentro e não saber controlar. Mais ai eu o conheci, era lindo e encantador, me apaixonei como uma tola adolescente e ele parecia estar apaixonado também e foi ai que eu resolvi que para ele eu podia contar, e que ele me ajudaria e foi o que ele fez. Me disse que era um dom que eu tinha e que ele também tinha um dom só que era diferente do meu, mais que eu não podia contar para ninguém... e o meu maior erro foi confiar nele, ate o dia em que ele mostrou o que realmente queria e foi ai que tudo que já parecia horrível demais pra mim, piorou... - essa lembrança parecia causar dor nela. - Eu só me lembro da dor e mais nada e quando acordei minha garganta ardia como se eu estivesse muito tempo sem água, eu sai que nem uma louca e quando eu vi uma garota eu consegui ouvir o coração dela batendo e o sangue bombiando pelo seu corpo, cada célula sua pulsava, o sangue quente e com um cheiro que... foi involuntário, eu a ataquei e cravei meus dentes no seu pescoço e depois eu vi ela ali morta nos meus braços. E essa foi minha primeira vítima e eu não conseguia mais parar, não sabia o que estava acontecendo, eu só sabia que era um monstro assassino. - ela ficou me olhando enquanto eu processava o que ela disse.

- Nossa... - foi só o que eu consegui dizer.

- Você não pode contar isso a ninguém, ser assim não é fácil, ter um passado sombrio, a dor da culpa, o segredo.

- Claro que eu não vou contar.

- Só te contei porque confio em você, porque é minha amiga, mas ainda acho que não teria outra opção. - nos rimos.

- Mais se você é uma vampira, como tem batimentos?

- Sou uma vampira um pouco diferente, lembra do começo da história, em que eu disse que tinha um dom?

- Sim eu me lembro.

- Ele não se foi quando me transformei, quando se é um vampiro com dons, você não perde seu sangue, ele continua aqui, porque... - ela suspirou.

- Por que?

- Por que vampiros com dom se alimentam somente de sangue humano! - ela falou isso de cabeça baixa e eu congelei.

- Sangue humano... - falei baixo.

- É doloroso, e não é fácil ou melhor não é possível controlar, é como se o sangue humano faça com que meu dom continue.

- Não há outro jeito? - perguntei.

- Eu já tentei antes, ainda tendo mais se fico muito tempo sem o sangue humano perco a força e meus dons.

- Então é você quem anda fazendo isso na...

- Não! Claro que não! - ela me interrompeu.

- Quem é então?

- Eu ainda não sei! - ela deu de ombros.

- Quer dizer então que minha amiga tem 170 anos! - tentei mudar de assunto.

- 171. - ela sorriu.

- Você esta velha! - falei rindo.

- É estou sim. - ela riu mostrando os dentes perfeitos e eu me perguntei onde estavam as presas!

- Você disse que tem um dom, Kate eu...- não terminei a frase, será que eu contava a verdade, ela confiou em mim e contou tudo porque eu não contaria meu segredo.

- Você...

- Tenho um dom também! - falei rápido demais.

- O que? É uma mutante também?

- Sim.

- Eu não acredito! - ela riu e eu não entendi.

- Então esta explicado essa nuvem que gira em torno de você. O que você faz? - ela perguntou.

- Sou a dominadora da água. - os seus olhos se arregalaram e ela se levantou.

- Uma elementar! - ela falou admirada.

- É. não vivo em uma casa comum, moro numa escola para mutantes, meu namorado domina o fogo, eu tenho uma amiga vampira de 171 anos e sou uma idiota. - ela riu alto e me olhou como se visse uma obra de arte já pronta.

- Bia tem noção do quanto você é importante!

- Então conhece a historia.

- Eu não vivi tanto tempo atoa. E quer saber é uma honra te-la aqui.

- Obrigado e é uma honra ter uma anciã aqui. - ela riu.

O dia foi longo, antes de fechar nos conversamos um pouco e ela me contou mais historias e ficou admirada quando mostrei minha dominação e ela me mostrou seu dom também e disse que nunca tinha usado comigo, agora eu sabia a verdade e ela também sabia a minha verdade. Era bom ter em quem confiar um segredo dessa forma.

- Obrigado por confiar em mim! - ela disse na hora que saímos juntas da padaria.

- Digo o mesmo para você!

- Por nada, então ate sexta!

- Ate. - ela me deu um abraço e saiu, fiquei olhando e imaginando como seria ter tanto tempo de vida e também que os vampiros não eram monstros como no meu sonho e sim eles eram lindo e encantadores, ri comigo mesma e fui embora feliz por saber a verdade e pela confiança dela em mim.


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Notas finais do capítulo

E ai gostaram?



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