Quatro Elementos: O Começo escrita por Amanda Ferreira
Notas iniciais do capítulo
Desculpe por não postar ontem amores, mais eu estava meio ocupada.
Entrei pela porta dos fundos, eu sabia que ela não tinha chegado, porque seu cheiro ainda não estava ali, e eu não ouvia seus batimentos. Deixei minha bolsa no balcão fiquei sentada esperando ela chegar, eu tinha que falar porque aquilo era muito estranho.
Não demorou muito para ela entrar devagar e por algum motivo se assustou comigo ali imóvel:
- Bia eu nem ouvi você ai!
- Estava te esperando!
- Eu?
- Sim. - peguei a bolsa dela e estendi.
- A sim, eu esqueci minha bolsa aqui ontem, minha cabeça estava a mil.
- É, eu peguei para te entregar, mais eu não te vi e então eu levei para casa.
- Levou minha bolsa para sua casa? - ela perguntou e pareceu furiosa.
- Sim, algum problema?
- Não, nenhum, é que eu pensei que tinha ficado aqui. - ela agora estava calma.
- Pois é. Não ficou.
- Mais obrigada. - ela veio pegando a bolsa da minha mão. Eu me levantei e ergui a garrafa dela, ela arregalou os olhos.
- Mexeu na minha bolsa?
- Então isso é mesmo seu?
- Não, quer dizer é sim.
- E você pode me explicar o porque disso está na sua bolsa?
- Você não sabe que é falta de educação mexer nas coisas dos outros! - ela agora estava irritada.
- Caiu no chão sem querer e ai eu vi.
- Não devia ter pegado a bolsa.
-Por que esta tão nervosa Kate? Será porque tem uma garrafa de sangue na sua bolsa? - ela me encarou e parecia tentar encontrar uma resposta.
- Não é sangue! - ela falou irritada.
- Você acha mesmo que eu sou idiota? Que não consigo reconhecer sangue? Esta muito enganada Katherine. - falei dando um passo em sua direção.
Ela ficou em silêncio e me olhava tentando encontrar uma boa resposta para aquilo e é claro que eu tinha quase certeza, ou minha amiga era uma vampira ou tinha um amigo vampiro.
- Bianca, isso é complicado, você não entenderia...
- Por que eu não entenderia? - eu a interrompi.
- Não é algo que eu possa contar.
- Pensei que fossemos amigas! - falei.
- Somos e é por isso que eu não posso contar.
- Contar que é uma vampira? - os seus olhos se arregalaram com minha pergunta e ela não respondeu.
- Existem muitas coisas que eu sei, e existem também muitas coisas que eu não posso contar.- falei baixo.
- É o que você acha que eu sou? - ela perguntou.
- Se você carrega sangue na sua bolsa, não vai ser para doação.- ela me olhou e respirou fundo e vi que estava decidida, puxou uma cadeira para mim e se sentou na outra.
- Em 1842 eu vivia no interior de Minas gerais, era só uma garota que não conhecia nada da vida, que nunca tinha ido em uma cidade grande e que era uma sonhadora, tudo pra mim girava ali naquela vila e nada parecia anormal... - ela suspirou e continuou.
- Ate que eu completei 17 anos e tudo mudou... eu comecei a ver coisas nas pessoas, podia sentir a dor delas, o que se passava nas suas vidas, quem elas amavam, quem odiavam, se estavam mentindo ou dizendo a verdade. Eu estava enlouquecendo e não sabia como parar aquilo, eu não queria ser assim. Eu saia na rua e pensava que todos estavam falando de mim que eu realmente era uma louca, mais não falava para ninguém porque eu sabia o que aconteceria, no mínimo a cidade inteira viria atrás de mim como se eu fosse uma aberração. Foi muito difícil, ficar com aquilo aqui dentro e não saber controlar. Mais ai eu o conheci, era lindo e encantador, me apaixonei como uma tola adolescente e ele parecia estar apaixonado também e foi ai que eu resolvi que para ele eu podia contar, e que ele me ajudaria e foi o que ele fez. Me disse que era um dom que eu tinha e que ele também tinha um dom só que era diferente do meu, mais que eu não podia contar para ninguém... e o meu maior erro foi confiar nele, ate o dia em que ele mostrou o que realmente queria e foi ai que tudo que já parecia horrível demais pra mim, piorou... - essa lembrança parecia causar dor nela. - Eu só me lembro da dor e mais nada e quando acordei minha garganta ardia como se eu estivesse muito tempo sem água, eu sai que nem uma louca e quando eu vi uma garota eu consegui ouvir o coração dela batendo e o sangue bombiando pelo seu corpo, cada célula sua pulsava, o sangue quente e com um cheiro que... foi involuntário, eu a ataquei e cravei meus dentes no seu pescoço e depois eu vi ela ali morta nos meus braços. E essa foi minha primeira vítima e eu não conseguia mais parar, não sabia o que estava acontecendo, eu só sabia que era um monstro assassino. - ela ficou me olhando enquanto eu processava o que ela disse.
- Nossa... - foi só o que eu consegui dizer.
- Você não pode contar isso a ninguém, ser assim não é fácil, ter um passado sombrio, a dor da culpa, o segredo.
- Claro que eu não vou contar.
- Só te contei porque confio em você, porque é minha amiga, mas ainda acho que não teria outra opção. - nos rimos.
- Mais se você é uma vampira, como tem batimentos?
- Sou uma vampira um pouco diferente, lembra do começo da história, em que eu disse que tinha um dom?
- Sim eu me lembro.
- Ele não se foi quando me transformei, quando se é um vampiro com dons, você não perde seu sangue, ele continua aqui, porque... - ela suspirou.
- Por que?
- Por que vampiros com dom se alimentam somente de sangue humano! - ela falou isso de cabeça baixa e eu congelei.
- Sangue humano... - falei baixo.
- É doloroso, e não é fácil ou melhor não é possível controlar, é como se o sangue humano faça com que meu dom continue.
- Não há outro jeito? - perguntei.
- Eu já tentei antes, ainda tendo mais se fico muito tempo sem o sangue humano perco a força e meus dons.
- Então é você quem anda fazendo isso na...
- Não! Claro que não! - ela me interrompeu.
- Quem é então?
- Eu ainda não sei! - ela deu de ombros.
- Quer dizer então que minha amiga tem 170 anos! - tentei mudar de assunto.
- 171. - ela sorriu.
- Você esta velha! - falei rindo.
- É estou sim. - ela riu mostrando os dentes perfeitos e eu me perguntei onde estavam as presas!
- Você disse que tem um dom, Kate eu...- não terminei a frase, será que eu contava a verdade, ela confiou em mim e contou tudo porque eu não contaria meu segredo.
- Você...
- Tenho um dom também! - falei rápido demais.
- O que? É uma mutante também?
- Sim.
- Eu não acredito! - ela riu e eu não entendi.
- Então esta explicado essa nuvem que gira em torno de você. O que você faz? - ela perguntou.
- Sou a dominadora da água. - os seus olhos se arregalaram e ela se levantou.
- Uma elementar! - ela falou admirada.
- É. não vivo em uma casa comum, moro numa escola para mutantes, meu namorado domina o fogo, eu tenho uma amiga vampira de 171 anos e sou uma idiota. - ela riu alto e me olhou como se visse uma obra de arte já pronta.
- Bia tem noção do quanto você é importante!
- Então conhece a historia.
- Eu não vivi tanto tempo atoa. E quer saber é uma honra te-la aqui.
- Obrigado e é uma honra ter uma anciã aqui. - ela riu.
O dia foi longo, antes de fechar nos conversamos um pouco e ela me contou mais historias e ficou admirada quando mostrei minha dominação e ela me mostrou seu dom também e disse que nunca tinha usado comigo, agora eu sabia a verdade e ela também sabia a minha verdade. Era bom ter em quem confiar um segredo dessa forma.
- Obrigado por confiar em mim! - ela disse na hora que saímos juntas da padaria.
- Digo o mesmo para você!
- Por nada, então ate sexta!
- Ate. - ela me deu um abraço e saiu, fiquei olhando e imaginando como seria ter tanto tempo de vida e também que os vampiros não eram monstros como no meu sonho e sim eles eram lindo e encantadores, ri comigo mesma e fui embora feliz por saber a verdade e pela confiança dela em mim.
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E ai gostaram?