Killer X escrita por Jhay


Capítulo 20
Capítulo 19




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Era ali e agora. Sunny iria apertar o gatilho e disparar um projetil que perfuraria o crânio de Laura. Poderia fazer algo? Qualquer coisa? Não. Ali e agora. Sunny não tinha piedade. Ela passara de irmã para uma vítima qualquer. Seu destino era aquele: morrer diante de uma praia deserta, sem telespectadores por perto para registrar a terrível cena. Você está vendo isso universo? Eu irei deixar suas pessoas em paz. Ouviu uma sirene ao longe. Era impressão sua?

 - Não posso deixar que você fique com Andrey. Ele é meu. Esse é o fim da linha para você.

 Ísis. Sua mente tentava achar alguma conexão entre os pensamentos sem sentido. Ísis. No meio do turbilhão de emoções, ela sorriu. Não se importava de levar um tiro e acabar com tudo ali. Ali e agora. Parecia estar em outro plano. Aquele mundo, aquele lugar, nada pertencia a ela. Estava sozinha, certo? Mas e Andrey?, uma voz, no fundo de sua mente sibilou fracamente. Algo se acendeu. Pareceu uma lâmpada aceno no meio de sala completamente obscura. Andrey. Não podia se esquecer dele. Ele tinha saído do hospital, estava bem.

 - Obrigada – sussurrou levemente, extasiada.

 Estava preparada. Naquele momento sabia que poderia morrer. Queria aquilo mais do que tudo. Seu sofrimento, suas angustias, as vidas que matara. Tudo iria se escoar; cair em um esquecimento para nunca mais voltar. Todas aquelas almas perdidas dentro de sua mente iriam sumir. Aquela era a solução para seus problemas. Ali e agora. Estou pronta.

 O dedo de Sunny deslizou para o gatilho. Um, dois, três segundos que se passou em câmera lenta. Fechou os olhos e esperou pelo impacto. Ouviu o som da arma disparando o projétil. Ouviu um baque surdo, mas nada sentiu. Aquilo era estranho. Tinha que sentir alguma coisa. Obrigou seus olhos a ficarem abertos. Quando olhou para Sunny a viu com a mão na boca e a arma no chão. Olhava fixamente para o chão a sua frente. Laura baixou o olhar. O que deveria sentir? O que deveria fazer? A sirene estava mais próxima. O que é isso?!, sua mente gritava e ela queria gritar.

 - O que você fez?! – gritou com todas as forças, sentindo as lágrimas percorrem seu rosto.

 - Não... Não foi culpa minha. – ela falava com voz tremula – Ele simplesmente apareceu do nada!

 - Você é um monstro Sunny! Um monstro!

 Continuou olhando para o corpo imóvel de Andrey. Colocou a cabeça do garoto em seu colo e acariciou seus cabelos. Era difícil falar. Uma bola se formara em sua garganta, fazendo com que os sons saíssem de forma abafada e estrangulada.

 - Ah meu Deus! Andrey! Não! Por favor, você não! – conseguiu sussurrar.

 A sirene continuava se aproximando. Ouvia Sunny chorando, ajoelhada no chão, sem se permitir chegar perto.

 - Ah cara, o que eu foi que eu fiz?! Não era pra ser ele. Não ele – lamentava-se.

 Laura não sabia o que sentir. Sentia dor e medo, mas também sentia uma raiva crescendo dentro de si. Raiva de Sunny. Raiva por ela ter apontado uma arma para sua cabeça e ter matado Andrey. Levantou a cabeça vagarosamente. Os olhos cheios de um ódio mortal. Pousou a cabeça mole de Andrey na calçada suja e se levantou. Aquela raiva, aquele ódio, consumia seu ser como nunca. Pegou a arma que jazia no chão e apontou para sua irmã (ela não é minha irmã). Colocou o dedo no gatilho. Ouviu portas se abrindo com força. Sunny tirou as mãos do rosto e olhou para cima. Encarou Laura com espanto, mas depois sua expressão, deduziu Laura, indicava gratidão.

 - Por favor. Eu sou um monstro! – suplicou.

  Apertou o gatilho. O projétil perfurou o crânio e espalhou sangue pela calçada da praia. Laura foi agarrada por trás. Eram braços e mãos firmes. Alguém gritou “Abaixe a arma!”. Não era preciso dizer. Laura já deixara a arma cair livremente, ajoelhando-se e se entregando. Não importava mais. Estava sozinha. Se quisessem, podiam mata-la naquele exato momento. Mas eles não a mataram.

 Laura sentiu uma agulha sendo inserida em seu braço e foi carrega para algum lugar. Sentiu a textura sólida e fria do metal. Onde estava? Entrara em uma ambulância ou algo assim? Não importava. Estava sozinha. Uma névoa pegajosa começava a invadir sua mente, deixando todo e qualquer pensamento trêmulo, sem força, sem conexão. Estava à deriva. Fechou os olhos e se deixou levar.

6 anos depois

Nome: Laura Gramllyn Dummer

Idade: 22 anos

Estado psicológico: instável.

Descrição: Desde sua chegada, Laura Gramllyn, não apresentou quaisquer emoções. A paciente passa o dia olhando para um ponto fixo, sem proferir palavras ou esboçar ações. Incapaz de comer ou beber sozinha.

 Laura não falava. Não olhava e nem esboçava qualquer interesse em alguma coisa. Era simplesmente nada. Passava as manhãs e as tardes em um banco do jardim. Podia ser confundida facilmente com as estátuas colocadas ali como decoração. Era um mistério. Sua história de vida era um completo segredo. Havia especulações de diferentes tipos, mas nenhuma chegava perto da verdade. Simplesmente não se interessava em conversar ou até mesmo olhar alguma coisa. Muitos foram os curiosos que tentaram puxar conversa e animar seus ânimos, porém cada um fracassou. Deixavam de se interessar em saber de sua ida depois de algumas horas sendo ignorados. As enfermeiras era as piores. Sempre com uma falsa gentileza estampada no rosto, tentando chamar sua atenção. Vários tinham medo dela. Diziam que era um receptáculo demoníaco e o mundo iria experimentar a discórdia quando a hora chegasse.

 Os segundos se transformavam em minutos, os minutos em horas e as horas em dias, semanas, meses. Todo aquele tempo escorrido era acompanhado de mais e mais imagens aterrorizantes. Laura via suas vitimas. Elas ainda gritavam como nunca. E tinha os pesadelos de olho aberto. Aqueles que a levava quando estava sentada no jardim. Eram os piores. Pareciam reais. Sonhava com sua irmã, com a gêmea, com Andrey e todas aquelas pessoas que morrem por sua causa. O que havia acontecia do Ísis?, a pergunta rodopiava em sua cabeça de segundo a segundo, sempre acompanhada de um pesadelo de olhos abertos. Quando aquilo iria acabar? Era uma tortura. Era a forma do universo faze-la se redimir. Estava ficando louca. Estava tendo alucinações.

 - Laura – uma voz doce chamou seu nome.

 Era uma das enfermeiras. Laura gostava dela, mas não se permitia qualquer aproximação mais pessoal. Ainda estava em estado de choque, era o que diziam.

 - Você tem uma visita.

 Laura continuou olhando para o chão. Nada naquele mundo a interessava. Nada. Simplesmente viveria ali até a velhice, ou até que o mundo resolva expulsa-la (Esperava por isso).

 - Vamos. Vou leva-la até a recepção.

 A mulher jovem e magra – provavelmente um pouco mais velha que Laura – empurrou sua cadeira de rodas. O barulho rítmico dominada Laura. Ela gostava daquilo. Não sabia porque, mas aquele barulho e o sacolejo leve a faziam se sentir mais confortável.

 - Chegamos

 Estavam na recepção. Um lugar com várias cadeiras de espera e uma recepcionista gorda e mal-humorada. Laura achava aquela mulher negra muito engraçada – mesmo sendo um poço de impaciência sem um pingo de humor.

 - Olhe quem veio te ver Laura.

 Ela não queria ver. Era uma visita. Depois de tanto tempo estava recebendo uma visita, mas não tinha animo de saber quem poderia ser. Porque deveria se animar? Estava sozinha no mundo. Ninguém para lembrar-se das coisas boas que já fizera e de suas qualidades, mesmo que mínimas.

 - Finalmente encontrei você – a voz era suave e gentil.

 Laura a reconheceu. Os anos haviam passado, a voz se modificara, mas ainda assim soube imediatamente quem era. Ergueu os olhos embaçados pelas lágrimas que tentavam transbordar. Ali estava. Com os cabelos ondulados e loiros batendo um pouco abaixo do ombro, os olhos ainda com a inocência da infância. E os traços. Ela era a copia de Angel.

 - Ísis – Laura sorriu, sentindo as feriadas dos lábios rachados se abrirem. 


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Notas finais do capítulo

É isso então :D
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