O Homem De Preto escrita por RafaRock


Capítulo 4
Capítulo 4 - Pesadelos




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Levantei da cadeira com um pulo e fui correndo pegar a caixinha no bidê ao lado da cama. Abri-a e peguei as fotos dos meus pais. Sim, era ele mesmo, o homem de preto estava em todas as fotos, atrás bem no canto. Parecia mais como um vulto, mas mesmo assim, tive certeza de que era ele. Agora eu entendia porque aquela cicatriz era tão familiar para mim. No dia em que aquele homem matou meus pais, ele chegou por trás de minha mãe e enfiou uma faca em seu tórax. Meu pai assustado, porém corajoso, chutou a barriga do homem, que cambaleou para trás, deixando a faca cair. Ao ver a faca caída, meu pai pegou-a e atacou, mas o homem foi rápido o suficiente para desviar, ficando apenas com um longo corte na lateral do pescoço. O homem contra-atacou meu pai, dando um soco após o outro em seu rosto. Meu pai caiu para trás desorientado, e foi aí que o homem recuperou a faca e a cravou no pescoço de meu pai.

Fiquei olhando para as fotos perplexa com o que tinha descoberto. Uma onda de raiva percorreu por meu corpo, passei a vida inteira acreditando na justiça, e que um dia encontraria o cara que matou os meus pais e tornou minha vida um verdadeiro inferno. E agora o assassino aparece na minha frente me ameaçando de morte. Mas o que aquele homem queria comigo? Ele disse que meu poder seria útil para ele... mas que poder? Eu não tinha nada de especial ou diferente, será que ele estava me confundindo com outra pessoa? Mas como poderia, se é o mesmo homem que matou meus pais? Novamente, muitas perguntas para poucas respostas. Isso é frustrante!

Decidi tentar não pensar nisso por um tempo, estava muito cansada. Fui até o banheiro e tomei um banho quente, logo após coloquei meu pijama e fui me deitar. Eu estava sendo ameaçada de morte. O que faria? Fiquei repassando todas essas perguntas em minha cabeça até conseguir finalmente dormir.

O homem de preto estava parado em minha frente, com uma enorme faca prateada nas mãos. Mas havia alguma coisa diferente naquela faca, alguns símbolos. Não sei dizer como eram exatamente, nem o que significavam, mas os símbolos cobriam toda a parte lateral da faca, e seu cabo era cuidadosamente entalhado com perfeitas imagens de morte e destruição. Estávamos em uma sala escura, parecia mais com uma cabana abandonada de madeira. Era de noite e o vento sacudia assustadoramente as árvores do lado de fora da cabana. O lustre balançava e cada movimento meu, ou dele, faziam o chão ranger e parecia que tudo ia desabar a qualquer momento. Prendi a respiração, preocupada, e recuei um passo. Bati em alguma coisa de vidro, que caiu e quebrou, mas não tive capacidade para olhar. Meus olhos focavam apenas na cara assassina do homem, que levantava sua faca, pronto para atacar. Eu não tinha para onde ir, não havia para onde correr e eu não conseguia reagir. Fechei os olhos com força, pronta para a morte, aceitando o fato de que havia perdido.

Acordei na manhã seguinte suando e tremendo incontrolavelmente. O sonho havia me perturbado, levantei-me ainda horrorizada, e coloquei uma blusa branca e uma calça jeans escura. Decidi sair para dar uma caminhada, precisava relaxar o corpo e tirar o sonho da cabeça. Coloquei um casaco, peguei as chaves e saí. Era um dia típico de Londres, o céu estava acinzentado e um vento forte trazia meus cabelos para trás de modo que ficassem bagunçados. Liguei para Bruna e Let e pedi que me acompanhassem para que eu pudesse contar o sonho para elas. Elas me encontrariam no final da rua, em frente a um supermercado. Continuei andando distraída até que esbarrei em alguém.

–-- Desculpa – Disse eu a menina – Estava distraída... não vi você!

–-- Tudo bem! – Respondeu ela - Eu é que me desculpo, também não vi você!

–-- Qual o seu nome? – Perguntei

–--- Samara, mas pode me chamar de Sama. E o seu?

–-- Giovanna, mas pode me chamar de Gio.

Eu não podia deixar de perceber certa semelhança na Sama, Tinha a impressão de que já havia visto ela antes.

–--Eu te conheço de algum lugar... seu rosto não me é estranho.

–--Digo o mesmo de você. Me mudei pra cá há poucos dias, eu morava aqui quando era pequena, mas aí meus pais e eu nos mudamos para a Califórnia por causa do trabalho deles. Decidimos voltar, e ficar desta vez!

–-- Ah, agora me lembrei de você! Costumávamos brincar juntas quando éramos pequenas, lembra? Nossos pais trabalhavam juntos se eu não me engano.

–-- Sim, isso mesmo! Já faz tanto tempo, parece que foi esses dias que a gente estava correndo pelo bairro e brincando enquanto nossos pais trabalhavam. Nunca pensei que fossemos nos reencontrar desse jeito.

–--Realmente, lembro de ter ficado muito triste quando você foi embora, éramos como melhores amigas. É tão bom te reencontrar!

Percebi que Let e Bruna estavam vindo logo a frente. Chamei elas e apresentei:

–-- Gente, esta é a Samara, uma amiga minha de infância que voltou a morar aqui! Sama, estas são Bruna e Let.

–-- Prazer! - Disseram as três ao mesmo tempo.

Começamos a rir. Pedi a Sama se ela gostaria de ir caminhar com a gente. Ela disse que adoraria, e então saímos as quatro em direção ao parque. Eu não gostava muito de ir lá, mas era um dos únicos lugares em que a gente podia sentar e conversar com tranquilidade. Contei para as três sobre o meu sonho, todas escutando com atenção e uma certa aflição. Quando cheguei ao fim Sama falou:

–-- Que horror! Sabe por que isso está acontecendo?

Contei a Sama o que estava acontecendo e contei-lhes sobre o e-mail que havia recebido noite passada, me dei conta que ainda não havia contado sobre ele para Bruna e Let. Sama me olhou perplexa, assim como Let e Bruna, mas nenhuma delas falou nada. Resolvi então chamar todas elas para jantar lá em casa, precisávamos quebrar esta tensão dos últimas dias e nos divertir um pouco. Sama se sentiu ainda um pouco desconfortável em ir, mas eu lhe disse que não havia nenhum problema e que iria ser muito bom se ela fosse. Por fim nos levantamos e nos dirigimos à minha casa.


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