O Homem De Preto escrita por RafaRock


Capítulo 11
Capítulo 11 - Plano de Fuga




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/350977/chapter/11

  Virei-me em direção à cama e percebi que ao lado dela havia uma sacola. Sentei-me e virei a embalagem de cabeça para baixo, espalhando pela cama o que havia dentro. Uma calça de moletom preta, uma camiseta cinza de magas compridas, duas garrafas de água e uma barra de chocolate. Tirei a roupa imunda que estava vestindo e coloquei a que me foi dada. Abri o chocolate e comecei a comer, bebendo goles d’água entre as mordidas. Eu não comia nada desde ontem, então quando finalmente me senti satisfeita, vi que tinha acabado quase a barra inteira.

Após, deitei na cama e comecei a pensar sobre o que havia acontecido momentos antes. A última coisa de que me lembrava era dos grandes olhos castanhos do homem me observando enquanto a escuridão tomava conta de mim. E então o sonho. Eles estavam ficando cada vez mais intensos e reais, me fazendo pensar se eles significavam alguma coisa. Repassei em minha cabeça todos os sonhos que tive desde que tudo isso começou e procurei por alguma conexão. A única coisa que era comum à todos era o homem de preto e, com exceção deste último, a cabana pela qual passei quando cheguei aqui. Mas como era possível eu ter sonhado com ela antes mesmo de tê-la visto? Será que já estive lá antes?

O som de uma chave destrancando a porta interrompeu meus pensamentos. Sentei-me na borda da cama e abracei minhas pernas enquanto a porta se abria, revelando um garoto alto, de cabelos castanhos e olhos azuis penetrantes. Me encarou por alguns segundos e então deixou no chão uma travessa de metal, retirando-se. Fui até o local em que a havia colocado e puxei a tampa, revelado uma bandeja com três compartimentos – um com arroz, um com salada e um com dois pequenos pedaços de carne – e garfo e faca ao lado.

Eu não sabia quanto tempo tinha se passado enquanto ficava deitada na cama, mas minha barriga já estava roncando novamente, de forma que supus que já havia anoitecido, e agradeci pela comida.

Quando terminei, sentei na cama e decidi preparar um plano para encontrar minhas amigas e dar o fora dali. Forcei minha mente para lembrar de cada detalhe de onde eu havia passado até aqui. Achar o caminho até a escada que levava à saída seria fácil, o grande problema seria passar pelos seguranças. Eles eram o dobro do meu tamanho, tornando-se impossível lutar com eles, então eu teria que criar uma distração. Passei o resto da noite planejando tudo o que eu teria que fazer até que finalmente peguei no sono.

Quando acordei, comecei a arrumar o que eu precisava para que meu plano funcionasse. Fui até o pé da cama e peguei um prego longo que eu havia reparado na noite anterior e que estava solto. Caminhei até a sacola que me foi entregue e tirei o pouco de chocolate e a garrafa de água que restava. Então, com o prego, fui furando a sacola e rasgando nos menores pedaços que eu conseguia.

Após, fui até a cama e retirei o colchão, apoiando-o na parede. Olhei para a grade de metal que segurava feita de finas barras de metal e pensei em como poderia quebra-la. Coloquei um dos meus pés em cima e comecei a forçar, mas nada aconteceu. Decidi então subir em cima, na parte do meio onde parecia ser mais fraco, e comecei a pular. Após alguns saltos a grade finalmente cedeu, raspando minha perna e fazendo um barulho maior do que eu gostaria. Peguei um dos pedaços que havia caído no chão e saí dali do meio.

Peguei então o prego que deixei ao lado da sacola rasgada e apoiei sua base em uma das extremidades do metal. Então peguei uma das tiras que rasguei e amarrei os dois juntos. Usei todas as tiras até que tive certeza de que estavam bem presos, de forma a ficar como um tipo de chave de fenda.

Coloquei o colchão de volta na cama e deitei em cima. O buraco que eu havia feito na grade fez com que minhas costas afundassem de forma desconfortável, mas se tudo desse certo eu não precisaria ficar ali muito tempo. Fiquei repassando na minha cabeça tudo o que eu teria que fazer até que ouvi a fechadura da porta sendo destrancada.

Meu corpo contraiu esperando que fosse o homem de preto vindo me buscar novamente e preparando-se para por o plano em prática, mas quando a porta se abiu apareceu o mesmo menino da noite anterior com outra bandeja. Dessa vez ele havia trazido uma porção pequena de massa com uma quantidade mínima de molho branco por cima. Estava fria e sem sal, mas comi mesmo assim pois não sabia quando teria outra oportunidade e precisava de energia.

Passaram-se dois dias sem que ninguém além do menino da comida aparecesse. Fiquei pensando quanto tempo demoraria até ele vir e se algo havia acontecido. Então ouvi uma batida na porta. Encolhi-me na borda da cama e coloquei a “arma” que havia feito embaixo da manga. Era ele, com mais dois guardas atrás. Fiquei onde estava. Não podia deixar que ele desconfiasse de nada então fiz todo o esforço que podia para não transparecer meu nervosismo.

—-- O que você quer? – Pedi friamente

—--O seu tempo de descanso acabou. Tenho mais planos para você.

—--Que planos? O que você quer comigo? Não tenho nada a te oferecer!

—--Ah, querida, tudo a seu tempo. Agora venha!

Encolhi mais meu corpo e abracei minhas pernas.

—--NÃO!

—--Teimosa como seus pais, mas acho que já sabe que não é algo que você tenha escolha.

Nesse momento os dois guardas vieram e me tiraram do quarto. Seguimos pelo corredor por cerca de cinco minutos até que paramos em uma porta. Era o mesmo caminho do outro dia. Quando a porta se abriu, ouvimos um barulho estrondoso mais a frente. Ele olhou para os guardas e pediu para que ficassem ali comigo enquanto ele ia checar. Era minha deixa.

Peguei o metal que estava na manga e cravei na mão de um dos guardas e chutei no meio das pernas do outro, que me soltou imediatamente. Comecei a correr como nunca antes relembrando o caminho de volta. Um alarme começou a soar. Passei pela porta do “meu quarto” e virei à direita, revelando a escada de saída no final do corredor. Virei para trás e vi que os dois guardas estavam quase me alcançando, então apertei o passo. Comecei a subir as escadas que pareciam não acabar nunca. Quando finalmente vi a porta uma ponta de esperança percorreu meu corpo, então senti algo agarrar meu tornozelo. Olhei para trás e vi o homem de preto me segurando com toda força. Tentei soltar meu pé dando chutes e sacudindo, mas nada funcionou.

—--ME LARGA!

—--Você não vai fugir!

Então ele me puxou com uma força insana, fazendo com que eu rolasse escada abaixo. Senti a dor irradiar pelo meu corpo enquanto eu caía em cima do meu braço e rolava pelos degraus, batendo fortemente a cabeça no chão ao parar.

Ouvi-o descer as escadas. Tentei me arrastar para longe, mas ele me pegou e me ergueu. Minha cabeça estava ficando pesada e fiz de tudo para me manter consciente. Então a escuridão me invadiu.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Homem De Preto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.