Sexta-feira à noite, eu estava no computador conversando com minhas melhores amigas e escutando Green Day no volume máximo. Sim, eu sou uma garota de 16 anos que gosta de ficar em casa numa sexta-feira à noite. Bruna estava me perguntando que nova cor de cabelo deveria usar, já que o rosa a estava enjoando. Senti um calafrio percorrer por meu corpo e fui fechar a janela, olhei para fora e vi a silhueta de um homem alto, encapuzado, com uma longa túnica preta. Seria minha imaginação? Fechei os olhos e quando os abri o homem havia desaparecido, porém um leve incômodo ficara. Contei para Bruna e para Let o que havia acontecido, disseram que não era nada demais e que eu só estava cansada.

Avisei-as que iria desligar, pois estava realmente cansada. Coloquei meu pijama dos Beatles e fui me deitar, liguei meu IPod e deixei tocando na primeira música da Playlist: “So Far Away – Avenged Sevenfold”. Peguei a pequena caixinha vermelha aveludada na gaveta do bidê de madeira rústica feito por um amigo de minha mãe. Abri-a e fiquei olhando para as fotos de meus pais. Quase toda a noite eu fazia isso, desde o dia em que meus pais morreram, sete anos atrás. O assassino nunca foi encontrado, mas acredito que um dia a justiça será feita e irão prender o sujeito que os matou. Fiquei um tempo olhando para a foto de nós três juntos, no parque, no dia em que eles morreram. O dia estava tão lindo, o céu estava claro e estávamos indo fazer um piquenique, mal sabíamos que ao ir mais adentro da pequena floresta encontraríamos o verdadeiro mal. No verso da foto havia uma data gravada, 14 de Julho de 2006, fazem sete anos hoje, e não há um dia que eu não sinta o vazio do que foi tirado de mim naquele dia.

Não aguentei mais lembrar daquilo, fechei a caixa e a guardei. Deitei na cama de acolchoado branco, estampado com guitarras e fiquei ali, chorando, tentando tirar as horríveis imagens da minha mente, até finalmente cair no sono.