Ok, eu não tinha porque estar nervoso, se nada desse certo, era só eu dizer que era brincadeira, simples assim. Droga, a quem eu estava querendo enganar? Eu estava suando e minhas mãos tremiam. O motivo? Estou prestes a me declarar para a garota por quem sempre fui apaixonado, apenas isso. Há duas semanas eu já vinha pensando em como fazer isso, vou contar para vocês o meu plano:

Vou me declarar para Melanie (se eu conseguir, porque estou nervoso como nunca estive em toda a minha vida), depois de me declarar, vou esperar sua reação, se não der certo e ela me rejeitar ou agir de forma estranha, eu uso como desculpa o dia da mentira que como vocês sabem é dia primeiro de Abril, hoje.

Há duas semanas venho ensaiando em frente ao espelho todos os dias o modo como contar a ela. Pensei em dizer “Mel, eu te amo, sempre amei e nunca tive coragem para te dizer o que sinto” não, curto e direto demais. Eu talvez devesse fazer uma musica, mas nunca fui muito bom em compor, e na hora eu com certeza esqueceria a letra e pagaria mico. Um poema? Não, eu não sei rimar, afinal: o que rima com amor? Dor.

Esse era o meu maior medo, sentir dor. Eram muito grandes as chances dela dizer que me via apenas como um bom amigo, eu tinha uma saída caso ela me rejeitasse, iria negar e dizer que apenas era uma mentira de dia primeiro de abril, mas eu não tinha saída para a dor que sentiria caso fosse rejeitado, eu sofreria, e sofreria sozinho, tomando cuidado para ela não perceber. Porque apesar de tudo ela gosta de mim, não do jeito que eu quero, mas sou o melhor amigo dela, como ela mesma sempre diz.

Adentrei o portão da escola me dirigindo para o banco onde Melanie sempre me esperava para irmos juntos para a sala de aula, ela não estava lá, sinal de que ainda não havia chegado, me sentei e joguei minha mochila ao meu lado, apoiei os cotovelos nas pernas e esfreguei os mãos no rosto. Era hoje, tinha que ser hoje, eu não aguentava mais guardar esse sentimento só para mim.

– Oi princeso - Me deu um beijo estalado na bochecha.

– Para de me chamar assim, Mel – ouvi ela rir e levantei a cabeça para olha-la se sentar do meu lado apoiando o braço ao redor de meu pescoço.

–Eu gosto de te chamar assim- sorriu, e cara, como eu amava aquele sorriso.

– Gosta porque sabe que me irrita- ela riu.

–Também, mas você é mesmo meu princeso - mordeu meu ombro.

Essa era uma das manias dela, morder. Vocês devem estar pensando “ Nossa que maluca, ela sai por ai mordendo as pessoas” não era assim, ela morde de forma carinhosa, e essa mania é só comigo, Melanie só me mordia, e eu particularmente gosto de ser mordido por ela, só por ela.

–E você é uma chata que não vai parar de me chamar assim só para me irritar, né sua tampinha- passei os braços por sua cintura.

– Não me chama de tampinha- fez bico que eu senti vontade de morder (a mania deve pegar)

_ Ah, então quando é com você a senhorita não gosta- ela negou com a cabeça e riu. Tocou o sinal, nos levantamos e fomos em direção a sala de aula- Mel, eu preciso falar com você- É agora.