Surpreendentemente é amor escrita por A garota do blog


Capítulo 4
Será que é amor?




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"Prefiro não dar um nome a isso. Prefiro não confundir as coisas. Na verdade eu prefiro não sentir, mas já que sinto, é melhor eu ter certeza."

Eu li essa frase em algum lugar, não me lembro onde. E acho que ela serve exatamente para o momento pelo qual estou passando. Eu não sei o que está acontecendo comigo. Nunca senti nada do tipo e nem sei o que eu estou sentindo pra dizer a verdade. Preciso da certeza, mas não faço ideia de como consegui-lá. Preciso de uma confirmação, para saber qual caminho seguir.

~ ~ ♥ ~ ~

Não tínhamos o costume de fazer as refeições juntos, então não nos víamos o tempo todo. Minha mãe e a Bianca estavam viajando. Meu pai saia cedo e chegava tarde. A casa era grande e eu passava mais tempo no meu quarto, que eu dividia com Arthur, do que no resto da casa.

A casa estava silenciosa, pensei comigo: "Não deve haver ninguém em casa." Fui para a cozinha comer algo, depois fui para a sala ver um pouco de televisão. Manuela estava lá, e assim que me viu, veio em minha direção.

– Vamos sair, porque não vem conosco? Você parece meio abatido, um pouco de ar vai te fazer bem. - Novamente ela sorriu e aquela dor no estômago voltou. É, acho que devem ser as tais 'borboletas no estomago'.

– Só vou trocar de roupa, é rápido. - Em menos de 10 minutos eu estava de volta á sala.

– Parece que só a ideia de sair já te fez melhor. Já está até corado! - Manuela era péssima em perceber as coisas. Se alguma coisa me fez ficar corado, essa coisa era... ela?

Ela estava muito bonita. Mas não era a roupa que a fazia ficar assim, era outra coisa. Talvez os olhos, ou o sorriso. Não sei ao certo.

O passeio do dia era ir ao cinema. Fomos assistir uma comédia romântica. Parecia que havíamos comprado refrigerante e pipoca pro cinema inteiro, porque era demais para apenas quatro pessoas. Sentou-se eu, Manuela, Alice e Arthur. Estava na cara que aquilo era um encontro de casais, apesar de só haver um casal ali presente.

Logo no começo do filme, Manuela apoiou o braço na divisória entre a minha cadeira e a dela. Depois de lutar contra meus pensamentos, coloquei minha mão sobre dela. Automaticamente a mão dela se ajeitou e seus dedos se entrelaçaram aos meus. Até parecia que foram feitas uma para a outra, porque se encaixavam perfeitamente. Eu a olhei, ela retribuiu o olhar. Lentamente fomos nos aproximando um do outro. Olhos nos olhos. A dor no estomago de novo. É, acho que agora eu sei o que são borboletas no estomago. Finalmente nossos lábios se tocaram, e o primeiro beijo aconteceu. Naquele momento foi como se meu coração houvesse saído de meu peito e ido de encontro ao dela. Eles batiam como um só. Nós éramos como um só.

Após o beijo, ela olhava fixamente nossa mão, ainda entrelaçada. Com o polegar eu acariciei sua mão e com a outra ergui seu rosto, a fazendo me olhar. Ela estava completamente corada. Eu provavelmente estava da mesma cor.

Talvez aquele tenha sido um dos melhores dias da minha vida. Talvez. Passamos o resto do dia nos olhando, timidamente pelo que havia ocorrido entre nós.

~ ~ ♥ ~ ~

Na manhã seguinte, tudo se seguiu como todos os outros dias. Não nos falamos, mas pelo modo de agir eu dei a entender que aquele beijo não havia significado nada. Mentira, havia significado sim. Talvez tenha sido o melhor de minha vida. Mas óbvio que não ia dizer isso á ela.

A questão é, ela havia entendido muito bem que aquilo fora apenas um beijo e que não voltaria á acontecer. Ela até parecia ter entendido que eu nunca seria dela.

Mas como assim, eu nunca seria dela? Eu já sou dela. Não, não sou. Claro que não. Para de ser idiota Matheus, você não a ama, é só... atração.

Ah meu Deus, já estou mais bipolar do que ela! Como isso é possível eu não faço a mínima ideia.

Resumindo, o lado bom é que ela entendeu que aquele foi só um beijo. Mas o pior é que ela pensa que o beijo não significou nada para mim, quando na verdade significou tudo. Ou não.

Naquela semana eu havia me aproximado mais de Arthur. Acho que pela primeira vez desde que ele nasceu eu estava me entendendo com ele. Iriamos fazer maratonas de filmes de terror. Quando eu soube da programação da noite, lembrei da primeira vez em que eu e ela nos tocamos.

Estávamos todos no sofá. A mesa de centro lotada de coisas para comer e uma pilha de filmes ao lado de Alice. Não faltava nada até que eu percebi...

– Cade a Manuela? - Tentei perguntar da maneira menos interessada possível.

– Hmmm tá sentindo saudade da namorada? - Perguntou Arthur, tirando sarro da minha cara.

– E se eu estiver? - O encarei.

– É o amoor! - Ele canta muito mal.

– Fala logo Arthur! - Alterei o tom da voz, já estava ficando irritado.

– Saiu.

– Com quem? Pra onde? - Tarde demais pra não demonstrar algo.

– Com o Fernando. Só não fica com ciúmes tá? - Então o Arthur começou a rir que nem idiota. Porque eu fui falar pra ele sobre meu sonho? Minha fúria foi ao extremo. O encarei. Se eu tivesse visão de calor, faria torrada de Arthur. Sim, eu sei, eu me irrito fácil demais.

– Legal. Coloca o filme logo. - Eu estava furioso e frustrado. Onde é que a Manuela estava? Com quem? Fazendo o que? E não, eu não estava com ciúme. Bom, talvez um pouco. Mas só um pouco.

– Ah, o amor é lindo mesmo!

– Falar que o amor é lindo é fácil, quando não é o seu coração que está despedaçado! - Eu disse tão baixo que provavelmente ninguém ouviu. Eu e meus clichês retirados de livros.

Eu não prestei atenção em filme algum, fiquei apenas perdido em meus pensamentos.

Quando estávamos no segundo ou terceiro filme, ela chegou.

– Ainda bem que chegou, seu namorado já estava com ciúme por você sair sem falar nada. - Nessa hora peguei uma almofada e acertei bem no rosto do Arthur. Eu sei, péssimo jeito de dizer que eu não me importava com ela. Mas e daí? Eu me importava mesmo. Manuela começou a rir e eu fiquei sem saber onde me esconder.

– Calma gente, eu só estava no meu quarto. Porque não me chamaram? - Ela se sentou no braço do sofá em que eu estava deitado. Eu a encarei. Ela nem reparou. Só estava no seu quarto? Custava dar um sinal de vida pela casa? Precisava te chamar? Você não ouviu o barulho que estava aqui? Nossa, ainda bem que ela não pode ler mentes, porque né...

Se eu dissesse á ela tudo que estava pensando, provavelmente discutiríamos. Minha mente estava um caos naquele momento.

Eu me sentei e ela ocupou a outra metade do sofá. Colocaram um filme qualquer lá que eu também não prestei atenção. Na metade do filme eu saí.

A melhor coisa que eu podia fazer depois daquele quase ataque de ciúme era deitar e dormir. Eu sei que fui infantil, mas e daí? Eu me importo com ela mesmo e assumo que sinto ciúme dela. E não, isso não é amor. Não sei o que é, mas não é amor. Não pode ser amor.



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