Hopeless escrita por Anne Avlis


Capítulo 3
Vermelho


Notas iniciais do capítulo

Hey! aqui está um novo capitulo, espero que gostem.



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Toc toc. Annabeth ignorou as primeiras batidas, estava assistindo um documentário sobre arquitetura, nada mais era importante no momento.

Toc toc toc toc.

Malditos pombos, pensou ela enquanto se levantava com a intenção de espantá-los. Mas o que encontrou era bem diferente. Empoleirado na janela de seu quarto estava Percy Jackson. Ele acenou para ela e apontou para o fecho da janela.

Depois de se recuperar do choque inicial a irritação subiu pelas suas veias. Impertinente. Essa palavra parecia definir bem o garoto.

Annabeth se dirigiu até a janela e abriu-a.

— O que você está fazendo aqui? — perguntou ela entre os dentes.

— Terminando a nossa conversa. Depois de sua fuga senti necessidade de tomar atitudes drásticas.

A garota sentiu o rosto corar, depois que Jackson a encurralara na escola ela simplesmente desatara a correr. Fora ridículo.

— Eu também sinto necessidade de tomar atitudes drásticas, você acha que essa queda é o suficiente para matar?

Percy olhou para baixo e um calafrio percorreu-lhe a espinha, considerando o ódio que a garota tinha por ele, o moreno achava que ela poderia muito bem tomar essa atitude. Mas Annabeth sabia que não era o suficiente para matar, afinal, ela já tentara.

— Entre — disse a garota suspirando e afastando o corpo para o lado para que o garoto pudesse passar.

Percy sorriu aliviado e pulou para dentro do quarto, durante esse movimento uma brisa bagunçou os cabelos do moreno. E ela pode sentir.

O corpo de Annabeth enrijeceu. O moreno pousou suavemente no chão do quarto olhou em volta, analisando o lugar, livros, livros e livros, foi só o que ele viu, livros no chão, livros na prateleira, livros na cama, o lugar parecia a biblioteca. Até tinha cheiro de coisas velhas.

— Eu nunca tinha percebido — sussurrou Annabeth.

— O que? — perguntou o garoto se virando e encarando-a

— Você. — a garota disse deixando-o confuso — Você tem cheiro de maresia.

— Bem, eu surfo.

— Eu já senti esse cheiro antes… — o olhar de Annabeth estava longe.

— Você provavelmente já foi à praia.

A loira não ouviu. Estava imersa em lembranças.

— … naquele dia, depois do assalto… — a garota parou abruptamente e encarou Percy, que engoliu em seco.

— Eu estava lá. Eu vi tudo — disse ele finalmente.

Annabeth parou, digerindo a informação

— Você me abraçou. — não era uma pergunta — Por quê?

— Porque achei que alguém deveria fazê-lo. Você não me viu?

A garota balançou a cabeça, sentindo um nó se formando em sua garganta.

— Eu não vi nada, — sussurrou, a voz quase inaudível — nada além de vermelho, vermelho, vermelho. Tudo parecia tão distante, os gritos, os choros, as sirenes, como no fim de um túnel. E eu apenas fiquei ali, parada, encarando aquele vermelho que estava em todo lugar, estava em mim, em minhas roupas, estava nas roupas dela, e a única coisa que eu consegui pensar era que ela ia brigar comigo por deixá-la sujar tanto, e aquelas manchas demorariam para sair, e que queria ir até lá, ajudá-la a levantar, mas e- eu não conseguia, meu corpo não queria me obedecer. Tudo estava o caos, então eles chegaram, e levaram ela. Eles levaram ela! E eu me senti tão pequena, tão impotente, tão insegura. Sem chão. Então você me abraçou, e tudo pareceu ficar bem, e eu me senti segura novamente. Mas então você se foi, você me deixou, assim como ela.

A voz da loira foi morrendo aos poucos, segurando o choro, ela levantou os olhos para encarar Percy, ela nunca havia falado com alguém sobre a experiência, e tudo parecia mais leve depois de fazê-lo.

O moreno trocou o peso dos pés, desconfortável.

— Eu sinto muito.

A garota se recompôs, não queria ser digna de pena, atravessou o quarto e se sentou na cama, encarando o moreno.

— Tudo bem, não foi você que a matou — disse ela numa falsa atitude de displicência — não foi, não é?

— Claro que não.

— Ótimo, estava reconsiderando aquele empurrão na janela.

Ele deu um sorriso mínimo.

— Vai responder minha pergunta?

— Essa?

— O que?

— Ou essa?

O garoto franziu as sobrancelhas, confuso:

— Não fuja do assunto.

— Nós não temos um — Annabeth estava se divertindo com a confusão do moreno.

— As marcas! —Percy jogou os braços para cima, exasperado.

— Sim, as marcas, poisé, eu briguei com uma galera barra pesada. Clarisse La Rue. Conhece?

— Claro que sim.

— Ótimo, já expliquei, agora você pode ir embora.

— Você briga com ela todos os dias? — perguntou Percy intrigado.

— Desculpe?

— Aquelas marcas — ele se aproximou e levantou a manga do suéter — essa marca — ele encostou o dedo indicador em cima de um hematoma perto do pulso — é mais recente que essa — ele deslizou o dedo pelo braço da garota até chegar à outro hematoma, causando um arrepio involuntário.

Annabeth suspirou.

— Por que você realmente está aqui? Me fazendo todas essas perguntas?

— Porque eu me importo com você.

— E por que você se importa?

— Porque…

— ANNABETH!! — uma nova voz ecoou pelo apartamento, uma voz masculina parecendo muito irritada.

O corpo da garota se enrijeceu, ela arregalou os olhos.

— Não saia daqui! — ela sussurrou entre os dentes.

Annabeth foi até a sala, onde encontrou seu pai, Frederick Chase, esparramado no sofá assistindo à um desenho animado idiota.

— Estou aqui — avisou ela sentindo as mãos tremerem.

— Onde. Está. A. Minha. Cerveja? — falou ele pausadamente, seu rosto ficando vermelho, os olhos não desgrudando da televisão.

A garota reprimiu uma resposta venenosa.

— Está em cima da mesa — ela apontou para a mesinha de vidro na qual o pai descansava as pernas.

— Espera que ela venha flutuando até mim?

— É só estender a mão.

O homem se levantou abruptamente, sua barriga protuberante e o cheiro forte de bebida obrigou Annabeth a recuar dois passos.

— Você está me desafiando? — Frederick avançou um passo.

— N-não.

O homem segurou-a pelos pulsos e jogou-a no chão, Annabeth bateu a cabeça contra a madeira e sua visão escureceu, logo depois sentiu um chute lhe atingir a boca do estomago e desatou a tossir.

— Vá para o seu quarto. AGORA!

A garota se levantou, as mãos protegendo a barriga. Foi então que ela viu, Annabeth arregalou os olhos, paralisada.

Percy Jackson estava avançando furiosamente contra seu pai.




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Notas finais do capítulo

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