Just Give Me A Reason escrita por Melanie


Capítulo 1
Parte Um


Notas iniciais do capítulo

A pedidos, tenho uma nova Spoby pra vocês. Toda vez que eu ouvia essa música, esse enredo aparecia e não me largava mais. Então, na miléssima vez que escutava, resolvi escrever. Espero que vocês gostem ;)



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‘Não há mais do que lençóis vazios, entre o nosso amor, nosso amor [...] Apenas me dê uma razão. Apenas um pouco é o suficiente. Só um segundo, não estamos quebrados, somente fora do eixo e podemos aprender a amar novamente.’

            Spencer nunca foi uma daquelas pessoas que reclama da vida. Na verdade nunca teve do que reclamar. Tinha tudo que a maioria buscava incansavelmente durante toda a vida e nem sempre conseguia – um emprego estável, uma casa grande em um bom bairro, os melhores amigos que alguém poderia pedir, um filho lindo que acabara de completar seus quatro anos e uma pessoa incrível com que dividia a vida a quase oito anos.

            Mas nos últimos tempos as coisas em seu casamento pareciam desandar. O emprego de Toby tomava praticamente todo o tempo que tinha, e ele acabava saindo de casa antes do sol nascer e voltava quando a família a muito já dormia.

            No começo isso não incomodava Spencer, afinal de contas ele só seguia o sonho. Mas aquilo virou um grande pesadelo, porque Toby passou a ser reconhecido como um grande arquiteto. E Spencer já não aguentava mais.

            Naquela noite, quando colocou o filho para dormir tomou uma decisão. Toby precisava de um choque de realidade, precisava ver que seus passos o levavam cada vez mais longe da própria família. Tomou uma longa respiração e pegou uma pequena mala, colocando algumas roupas do filho dentro. Antes de sair, parou na porta lançando um olhar para o pequeno garoto que ressonava tranquilo em sua cama, alheio a tempestade que se passava com a mãe.

            Um pequeno pedaço de esperança, que lembrava Spencer que nem sempre as coisas haviam sido daquele jeito.

            Caminhou lentamente até seu próprio quarto, aquele espaço que antes a trazia tantas lembranças boas e agora era só um emaranhado de lençóis frios e vazios. Não podia lembrar qual fora a última noite que sentiu os braços quentes de Toby a rodeando, que sentira o toque de mais de alguns segundos dos lábios doces contra os seus. Foram dias, semanas, meses?

            Sinceramente não lembrava.

            Pegou uma das malas que usava em viagens e embalou meticulosamente algumas de suas próprias roupas. Sentiu as lágrimas se agruparem em seus olhos e as secou rapidamente. Não queria derramar mais nenhuma lágrima, não queria sentir mais nada. Depois de colocar tudo que queria dentro da mala, sentou na ponta da imensa cama e esperou.

            Não sabia se minutos ou horas haviam passado, mas o barulho sutil de sapatos chocando contra o assoalho a fizeram levaram o olhar. Toby a olhava com os olhos azuis confusos.

“Eu pensei que você estaria dormindo agora!” Até sua voz soava confusa e ele se aproximou lentamente da cama.

“Nós precisamos conversar.” Spencer deixou escapar pelos lábios e viu Toby congelar em sua frente.

“O que tem de errado?” Ele sentou ao lado da mulher e a encarou mordendo o lábio inferior.

            A determinação de Spencer vacilou. Estava tão certa da decisão que havia tomado quando embalava as malas, mas agora, olhando para os lindos olhos azuis do homem pelo qual havia se apaixonado tantos anos antes, aquela certeza toda começou a ruir. Via Toby a olhando com uma expressão tão confusa e perdida no rosto, como se não fizesse nenhuma ideia do problema.

“Isso tudo está errado.” Ela crispou os lábios e começou a gesticular nervosamente as mãos, claramente desconfortável. “O que aconteceu com a gente, Toby? Fazem semanas que você chega tarde em casa, mal passa um tempo com seu filho antes de se trancar no escritório e  quase não conversa comigo. Isso está me matando.”

“Spence, você sabe que meu trabalho exige muito de mim.” Ele retrucou levemente irritado. “Eu acabei de abrir meu próprio escritório de Arquitetura, e eu preciso passar mais tempo lá do que quando eu trabalhava no outro.”

“Passar mais tempo lá?” Spencer inquiriu abismada, os olhos castanhos faiscando em uma raiva contida. “Você praticamente vive naquele escritório. Você por acaso lembra que semana passada foi nosso aniversário de casamento? Que a um mês seu filho foi pela primeira vez para o colégio e queria que o pai o levasse também?”

            Toby engole em seco. Sabia que andava relapso em algumas coisas, mas não imaginava que perdera momentos tão fundamentais preso no próprio escritório. “Eu...eu não sabia.”

“Claro que não sabia.” Mais uma vez ela crispava os lábios gemendo de frustração. “Você nunca sabe de nada. Eu amo você Toby, mas eu preciso e mereço mais do que você está oferecendo. Eu não suporto dormir em meio a lençóis frios, e não sentir a sua presença em nenhum momento do meu sono. Te dei meu coração a anos atrás, mas para o meu bem e o bem do nosso filho, eu estou pegando ele de volta, e só vou entregá-lo novamente quando tiver uma razão, só uma mesmo, que prove que nós podemos nos amar como antes.”

“O que você quer dizer com isso? Está me deixando?”

            Toby sente o coração afundar quando os olhos de Spencer vacilam até um ponto próximo a porta e ele vê pela primeira vez a mala dela. Seus olhos arregalam e ele dá um passo naquela direção.

“Pra onde você está indo?”

“Eu vou voltar pra Rosewood por uns dias.” Spencer fala e sua voz soa quebrada, parecendo um murmúrio fúnebre. “E vou levar o Ethan junto.”

            E com isso Spencer irrompe para fora do quarto, levando o último resquício de esperança e racionalidade que o homem tinha. Toby a segue à passos duros até o quarto do filho, onde vê ela o acordar delicadamente.

            O pequeno menino – a mistura perfeita dos dois – abre lentamente os olhos de um azul celestial e os fixa com dificuldade no rosto perturbado da mãe. “Mamãe?”

“Ei, urso.” Ela dá um sorriso aguado e afaga delicadamente seus cabelos revoltos. “Você precisa levantar. Nós vamos visitar a vovó.”

“Agora?”

“Agora.” Spencer concorda e o pequeno levanta os braçinhos em sua direção. “Bom garoto.”

            Ela o suspende em seus braços e o leva para fora do quarto, trombando contra os ombros largos de Toby. Ele faz menção de comentar alguma coisa, mas o olhar afiado que Spencer lhe dá o cala.

            Em pouco minutos já está de volta ao quarto e busca sua mala e a de Ethan. Toby se coloca em sua frente, barrando a sua saída das escadas. Sua expressão facial é raivosa – o maxilar bem feito trincado, as narinas infladas e os olhos azuis fervendo com mais emoção do que Spencer via em semanas.

“Você não vai levar meu filho!” Ele rosna próximo ao seu rosto, e fica ainda mais furioso quando a expressão de Spencer não altera.

“Já está decidido, Toby.” Spencer retruca com a voz sem emoção. “Eu vou passar alguns dias na casa da minha mãe e você vai ficar aqui pensando. Nós dois precisamos esfriar a cabeça e repensar se nosso casamento ainda vale a pena.”

“Spence, por favor.”

“Só uma razão, Toby. Me de uma razão.”

            Ela espera. E quando ele não fala nada, solta um longo suspiro e deixa a casa sem olhar para trás.


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Notas finais do capítulo

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