POV Percy Jackson

Depois de escutar o que Annabeth disse para mim e meus amigos, olho para ela um pouco atordoado.

— Hã?!

— Quer dizer que elas são monstros, Percy! — exclama Thalia irritada ao meu lado.

Destampo Contracorrente, que estava dentro do meu bolso, e me levanto. Nico me olha incrédulo.

— Percy, estamos em uma avião no meio do céu cheio de mortais, o que você pensa que está fazendo? — diz ao lado de Annabeth, que me encarava com uma expressão impassível.

— Mas essas mulherers com cabelo de serpente podem nos matar! — exclamo enquanto eu as vejo “atendendo” a um mortal. Parece que elas não notaram que nós notamos que eram monstros.

Annabeth estala os dedos como se estivesse se lembrando de algo.

— São Górgonas! — exclama para ninguém em especial.

— Górgonas? — indago. — Você quer dizer as irmãs de Medusa?! — me lembro de Medusa. — Mas eu já olhei para elas, e não virei pedra nem nada!

— Só Medusa faz isso. — diz Annabeth. — Mas como vamos matá-las dentro de um avião sem esses mortais entrando no caminho?

— Eu cuido disso. — diz Thalia ainda encolhida perto de mim. — É só ajeitar a névoa a nosso favor, os mortais não irão achar nada estranho.

Quando Thalia diz isso, as Górgonas me fuzilam com os olhos e depois observam Contracorrente. Aperto minha arma contra a minha mão e fico em posição de ataque. Annabeth se levanta com sua adaga e Nico com a sua espada do Rio Estige.

Não sei o que os mortais estavam vendo com a névoa feita por Thalia, mas em vez de ficarem incomodados por estarmos em pé no meio do avião decolando, eles riam e batiam palmas feito loucos.

Então Thalia se levanta, trêmula, e retira a espada que Apolo lhe deu. Qual era o seu nome mesmo? Tigres? Bem, não me lembro ao certo.

— Vocês são Euríale e Esteno, certo? — pergunta Annabeth.

— Isso mesmo. — diz a górgona que estava com um olhar mais mortífero. — Eu sou a Euríale.

— E eu a Esteno! — exclama a outra, animada, com uma bandeja de comida na mão. — Vocês querem babatas fritas com queijo? Está delicioso!

Nico lambe os lábios e vai em direção a Esteno. Porém, antes que chegasse até ela, é barrado pelo grito de Thalia.

— NICO! — diz Thalia em um tom de reprovação.

— Raios, eu estava com fome... — escuto Nico retrucando e Thalia o fuzilando com os olhos.

— Se eu fosse vocês comiam! — exclamava Esteno novamente.

— Não temos tempo para isso Esteno! Vamos apenas matá-los! — diz Euríale encarando a mim e a Annabeth com fúria. — Vocês dois em especial irão pagar pelo que fizeram com a nossa irmã!

Annabeth literalmente corre em direção a Euríale, mas quando estava chegando ela escorrega e cai, o que foi estranho. Isso não era normal de se acontecer com Annabeth.

Euríale ri com desdém.

— Semideusa tola! — diz, e Annabeth finca sua adaga em sua perna, e faz a górgona gritar.

Se levanta sem tirar sua adaga de lá.

— Até parece que eu cai sem querer... — murmura.

Mais aplausos dos humanos. Eu e Thalia vamos em direção as duas górgonas. Thalia para no meio do caminho ao olhar sem querer para os lados e se lembrar que estava em um avião. Ela surta e grita, ficando para trás. Continuo o caminho e impulsiono Contracorrente contra a Euríale, que não conseguia se movimentar bem com a adaga de Annabeth fincada em sua perna, e a acerto em cheio na barriga.

Ela urra de dor e sua irmã vem em sua ajuda.

— Euríale! — grita Esteno, jogando sua bandeja de comida em minha face com muita força.

Cambaleio e caio em cima de Thalia, que havia se recuperado (um pouquinho), e estava indo para a luta.

— PERSEU! — berra Thalia que está vermelha como um tomate e percebo que a minha cabeça está em cima de seus seios. Fico escarlate.

A ira de Thalia me proporciona inúmeros choques e eu grito de dor.

— Ei Thalia, não foi minha culpa! — dizia tentando me levantar enquanto Thalia me dava tapas elétricos.

Nico se acabava de rir.

Enquanto isso, de alguma forma, Annabeth havia retirado sua adaga da perna de Euríale e estava lutando contra as duas irmãs de Medusa ao mesmo tempo.

— Ei, uma ajuda seria bom! — grita Annabeth no meio da batalha me lançando um olhar venenoso.

Não entendo a raiva apenas em mim, afinal Nico e Thalia não estavam a ajudando também. Mas não discuto e logo saio de perto de Thalia que ainda tentava me dar socos elétricos.

Andando em direção às górgonas tenho uma ideia meio maluca. Tem uma grande chance de não funcionar, entretanto o corredor do avião não era muito largo e assim não poderia lutar sem que o risco de destruir o avião fosse grande.

— ABAIXE-SE! — grito para Annabeth e lanço Contracorrente em direção a ela e as górgonas.

Annabeth se desvia abaixando com habilidade bem na hora. Contracorrente é atirada em outra bandeja de comida que estava com Esteno, sendo isolada nos fundos do avião.

— Os alimentos nutritivos para as refeições! — exclama Esteno e corre em direção a bandeja.

Euríale nem ligava para a comida e para Esteno, ela apenas me encarava com ódio.

— Perseu Jakcson! — urra. — Você irá pagar agora por ter decepado a minha irmã! — diz indo em minha direção.

Enquanto isso, Annabeth segue Esteno. No momento em que o estúpido montro se abaixa para pegar a bandeja, a filha da sabedoria perfura o pescoço da górgona que se reduz a pó.

— Combatendo mulheres com cabelo de serpente como nos velhos tempos, não? — exclama Annabeth para mim com um sorriso torto, enquanto eu escapava dos ataques desgovernados de Euríale.

Logo me lembro da minha primeira missão como semideus. Era apenas eu, Annabeth e meu fiel amigo Grover em busca de um raio mestre idiota. Não pude deixar de sorrir para Annabeth.

Nessa pequena brecha a Górgona já estava com um ataque direcionado a mim sem escape. Quando ia me acertar, Nico endireita a sua espada e dá um golpe em Euríale que é defendido.

— Percy! — grita Annabeth pegando Contracorrente perto da bandeja e a joga pelo chão. Paro minha arma com os pés.

“Atenção, estamos aterrissando.” — Anuncia uma voz em meio da confusão.

Parece que Thalia se lembra novamente da altura e se assusta novamente.

— AAH! — berra Thalia.

Cansado e estressado pela batalha ainda não ter terminado, empurro Nico que estava no meu caminho lutando com a górgona e ele cai em cima de uma velha mortal e ouço ele gritando inúmeros xingamentos em grego.

Pego contracorrente e dou um golpe na górgona que não estava com uma cara muito boa insistindo em dizer que ia me matar de uma forma dolorosa. Contracorrente atravessa o seu peito e o monstro do avião se desfaz em cinzas.

Deito no chão esgotado por ter lutado em um território de um deus que me odiava por irmãs de uma antiga inimiga e suspiro fundo depois de sentar-me no chão.

Annabeth estende a mão para mim.

— Vamos cabeça de alga, levante-se! Não pode ficar sentado no meio do corredor de um avião. — diz Annabeth me puxando.

Minhas bochechas queimam. Não sei se era porque estava muitíssimo perto de Annabeth, percebendo que o seu rosto continuava lindo como sempre mesmo depois de uma luta, com os seus lindos olhos cinzas tempestuosos ou por sentar-me estupidamente no meio do corredor.

Ouço Thalia bufar muito alto olhando para mim e Annabeth, depois de se sentar em seu respectivo lugar.

***

Durante a aterrissagem Nico e Annabeth conversam animadamente sobre alguma história antiga sobre o mundo inferior enquanto Thalia cobria o seu rosto com as mãos pelo medo da altura e me ignorava completamente, bufando toda vez que eu tentava falar com ela. O que havia acontecido?

***

Finalmente o avião aterrissa em denver, a capital do Colorado, e descemos do avião.

— É... Definitivamente essa não foi a melhor viajem de avião que já fizemos. — comenta Nico e nós todos rimos completamente exaustos.