Boys And Girls escrita por Rogie


Capítulo 2
Capítulo II - A Festa




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/35055/chapter/2

 

Boys and Girls II - A Festa

Após ouvir o sinal anunciando o intervalo, Ryan pegou as coisas e as pôs na mochila, socando-as. Levantou-se enquanto jogava a mochila nas costas e saía da sala com uma parte da turma, sem olhar para trás. Aaron reparou na saída ligeira de Ryan.
- Volto já! - Sussurrou para Sophie enquanto soltava lentamente a mão dela. Ele correu, tentando alcançar Ryan. - RYAN! - Gritou.
Ryan parou. Respirou profundamente olhando o chão e, após um certo tempo, virou-se.
- E aí? - Forçou um sorriso.
Aaron se aproximou mais, cansado-se e respirando aceleradamente.
- Pô! Eu tava pensando se você não queria se sentar comigo e Sophie no refeitório durante o intervalo. Você parece... - Aaron buscou as palavras corretas. - um cara bacana
Ryan assentiu. Tímido até.
- Não sei! Eu taria meio que “segurando vela” e...
- Claro que não! As amigas da Sophie sempre sentam com ela. Só eu fico lá sobrando no papo do “Edward Cullen versus Jacob Black”! - Interrompeu Aaron a negação de Ryan.
Ryan assentiu lentamente, coçando a cabeça.
- Ok! - Murmurou.
- A gente se vê lá! - Aaron sorriu.
Ryan deu as costas e continuou a caminhar no meio da multidão. Mas ela não ia como no ritmo normal. Alguns alunos iam correndo, empurrando uns aos outros. “Mas que por--” pensou Ryan.
Ao chegar no pátio, Ryan logo localizou Rachel ao lado de uma bela e, abobada, garota negra. Enquanto se aproximava reparou que mais a frente das duas Daniel estava com Jeffrey em baixo de uma pequena árvore. Viu que Rachel e a menina viraram para a direção dele. Mas elas não estavam olhando-o e sim para cima dele. Ele parou e olhou também. E então, um corpo caiu do céu na sua frente. Ryan congelou.

Daniel estava abraçando Rachel, com o rosto no peito dele, quando os enfermeiros cobriram o corpo na maca com um lençol branco e direcionaram-se à ambulância. Rachel soluçava e tremia. Jeffrey se encontrava ao lado de Ashley, centímetros atrás de Daniel.
- Uau! - Começou Ashley franzindo o cenho. - Esse tipo de – Ela buscou uma palavra decente. - evento não costuma acontecer muito por aqui, né?
Jeffrey, com seus cabelos oiro-escuro-acinzentados escorridos até o queixo e o corpo robusto vestido com a mesma jaqueta de Dan, encarou Ashley com os olhos castanho-claros. Um pouco surpreso até.
- É! Não mesmo! - Respondeu.

- Ok! Obrigado pelo seu tempo! Você pode ir agora! - Disse o policial que interrogara Ryan, sentado no traseira do furgão da polícia.
Ryan assentiu, sem expressão. Daniel se aproximou, trazendo os outros no pacote.
- E aí, buddy? - Disse ele tirando uma das mãos do bolso da jaqueta apoiando-se no furgão.
Ryan apenas o olhou sem dizer nada. Rachel estava logo atrás com os braços cruzados. Como se se protegesse de algo.
- Eu quero sair daqui! - Foram as primeiras palavras de Ryan para com os presentes ali.
- Claro! Claro! - Respondeu Daniel, rapidamente, estendendo um braço para ajudar o irmão caçula a ficar de pé. - 'Cê quer ir também? - Disse voltando-se para Rachel.
- Não! Não, eu vou ficar bem! - Ela respondeu dando uma olhada momentânea em Ashley que sorriu com o sorriso tímido de sempre.
- Ok! Vejo vocês mais tarde! - Daniel terminou e, em seguida, pôs-se a caminhar para a rua com um braço cercando o ombro de Ryan. Lá, eles pegaram um táxi e partiram.
Ashley se aproximou de Rachel.
- Vai assistir as últimas aulas? - Perguntou pondo-se na frente de Rachel.
- Arrã! - Respondeu ainda tremendo.
Alguém chamou o nome de Jeffrey e ele saiu sussurrando um “tchau!” para as meninas.
- Tchau! - Rachel devolveu virando a cabeça e sussurrando, também.

Ao entrarem na sala, Ashley e Rachel foram direto para seus lugares mas não deixaram de notar nas meninas que choravam lá no canto da sala.
- Nós éramos tão próximas! - Soluçava uma loirinha cobrindo a boca e o nariz com a mão direita. As outras ao seu lado lhe davam apoio emocional.
Ao sentarem, a menina que estava sentada atrás da carteira de Ashley se jogou para a frente.
- Nossa! Então Casey Birdtown se suicidou mesmo, né? - Ela tinha um disfarçado sorriso de satisfação no rosto.
- Cala a boca, Meg! - Retrucou Ashley olhando com indiferença para a menina.
Rachel se surpreendeu com Ash. Até agora não a tinha visto daquela forma. Indiferente com as pessoas.
Meg se aproximou ainda mais.
- Aaaah! Qual é? Todo mundo sabe a bitch que a Casey era! - Devolveu Meg.
Rachel, então, reparou em algo. Ela sabia que não conhecia Ashley direito. Era seu primeiro dia de aula. Mas ela não pôde deixar de notar que, de certo modo, Meg se parecia com Ashley. A pele de Meg era mais clara do que a de Ash e seu cabelo ondulado era loiro e curto com algumas mechas castanho-escuras. Em relação à personalidade, Rachel supos que Meg poderia ser hiperativa pelo jeito que puxara o assunto se referindo à Casey Birdtown. O que lembrou um pouca da “alegria” de Ashley ao ver que ela tivera sentado ao seu lado no primeiro tempo.
- É! Mas esse não é o momento adequado para julgar a menina assim! - Confessou Ashley.
- Julgar? - Meg se surpreendeu. - Aposto que essa palavra tinha um significado diferente para ela! - Ela enfatizou o “ela” como se rejeitasse algo.
O professor entrou na sala. O Sr. Baum. Ele trazia um bilhete nas mãos.
- Por ordem da direção, em nome do Diretor Peterson, todos os alunos estão liberados até 2ª ordem!
A sala até poderia ter explodido em felicidade pelo cancelamento das aulas daquele dia. Mas foi substituída pela tristeza, podendo assim dizer, da morte de Casey Birdtown. Ashley e Rachel nem precisaram fazer muitos movimentos para saírem da sala: só jogar as bolsas nos braços e pronto.
Já estavam na metade do corredor quando Meg surgiu para se juntar às duas.
- Mas então... - Começou atrapalhada, ainda organizando as coisas na mochila. - O que vocês vão fazer agora?
- Ir pra casa! - Murmurou Rachel.
- Eu até poderia fazer o mesmo! Mas acho que vou dar uma passada no shopping antes de ir pro trabalho! Comprar algumas coisas – Ash pareceu ficar empolgada com a última frase.
- Posso ir com você? - Suplicou Meg com os olhos brilhando. - Prometo ficar quieta! - Ela disse como se Ashley fosse sua mãe.
- Tá, né? - Confirmou Ash, rindo.
Elas caminharam até o estacionamento onde Ashley entrou no Siena prateado. Meg foi pro carona.
- Quer uma carona? - Ashley perguntou, fechando a porta.
- Não! Não! Jef vai me dar uma carona na moto dele – Respondeu Rachel coçando a nuca fazendo os cabelos lisos se agitarem.
- Tá legal! A gente se vê! - Ash abriu o sorriso. O mesmo de quando ofereceu a carteira no 1º tempo para Rachel. - Beijinhos!
Rachel acenou enquanto via o carro se distanciar. Depois caminhou para a pista onde viu Jeffrey chegar com a moto.


Com os fones do Mp5 no ouvido, Ryan estava deitado de olhos fechados sobre a cama ouvindo a batida de Houses do Great Northern. A vocalista começou a cantar e ele não resistiu. Teve de segui-la.
-
The end begins just as it starts, and leaves me wondering what we left behind. -Ele afinou a voz para mesclar os sons em apenas um. A campainha da casa soou ao fundo.
- So take a step back will you, be alright, feel alright? -A batida da música ecoava na cabeça dele. Ele estava perdido na música como um viciado em heroína. Gesticulou com os punhos fechados como se estivesse tocando bateria.
A Sra. Breeman surgiu pela porta do quarto.
- Ryan! - Chamou. Nada. Ryan ainda cantava com a vocalista através dos fones. - Ryan! - Ela elevou um pouco a voz. Nada novamente. - RYAN!!! - Gritou.
No corredor, Rachel pôs a cara para fora do quarto.
- DÁ PRA FAZER SILÊNCIO? TÔ TENTANDO DURMIR! - Gritou.
Ryan levantou assustado com os fones caindo dos ouvidos. A Sra. Breeman adentrou mais no quarto dele.
- Você tem visita! Lá em baixo! - Disse apontando com o polegar para suas costas.
Ela deu as costas e saiu deixando-o coçando a nuca.
Ryan foi descendo lentamente as escadas para detalhar quem o estava visitando. Viu o All Star branco seguido pelas calças jeans largas, a camisa, também larga, do Real Madri e, por fim, a cabeça coberta pela toca xadrez.
- E aí, Aaron? - Cumprimentou.
Aaron virou-se. Estivera observando os retratos da família Breeman em cima dos cômodos. Abriu um pequeno sorriso.
- Hey! - Acenou com a mão esquerda um tímido “Oi!”.
- Como...como achou minha casa? - Estranhou Ryan.
Ele já terminara de descer todos os degraus. Estava de pé na frente da escada. Aaron se aproximou.
- Eu trouxe a Sophie até em casa! - Ele apontou para a casa de Sophie atrás da parede do outro lado da sala. - E aí ela me disse que você morava aqui! - Terminou esticando o sorriso mais um pouco.
Ryan franziu o cenho, assentindo.
- Mas e aí? Qual o motivo da visita? - Ryan tentou parecer legal, e não rude como a frase soava.
Aaron coçou a nuca meio pensativo.
- Eerrr... a Kate Collins vai dar uma festa hoje à noite! Aí pensei se vocês não queriam ir – Ele parou de coçar a nuca.
Ryan estranhou. Coçou a testa.
- Vão dar uma festa... no dia em que uma colega de escola morreu?
Aaron riu serenamente.
- Geralmente, quando algum inimigo seu caí, você comemora!
Ryan refletiu as palavras. Faziam sentido. Talvez em um filme de guerra. Mas na vida real, seria mesmo necessário?
- E então? - Aaron pôs os braços para trás. Cruzando os dedos.
- Eu vou ver com a Rachel. Talvez ela queira ir. Para se adaptar.
Aaron percebeu que Ryan se referiu mais à Rachel do que a si próprio. Mas não insistiu.
- Lá pras sete eu vou vir pegar a S – Ele apontou novamente para a parede do outro lado da casa, se referindo a casa vizinha de Sophie. -, posso passar aqui pra apanhar vocês também!
Ryan assentiu.
- Então, tá! - Aaron deu um passo para trás. - A gente se vê!
- A gente se vê! - Repetiu Ryan.
Aaron deu mais dois passos de costas até que virou-se e saiu. Ryan ficou parado na escada avaliando o momento.

Rachel se olhava no espelho enquanto passava o batom rosa-avermelhado. Ela ainda deu uma última escovada no cabelo e conferiu sua roupa: um tomara-que-caia vermelho dividido em listras pretas e uma saia jeans que cobria até acima dos joelhos. Olhou as botas de cano-longo negras e saiu do banheiro. Deu de cara com Ryan no corredor. Ele arregalou os olhos.
- Que roupa é essa?
- Ué? - Ela pôs as mãos na cintura. - Roupa pra sair.
Ele franziu a testa.
- Que é? - Rachel bateu o pézinho.
- Tá parecendo uma prostituta! - Revelou. Ele deu meia-volta e deixou ela, chocada, no corredor.
Ryan pegou o casaco de tecido sintético marrom e o boné vermelho e branco da Adidas. Voltou ao corredor e viu que Rachel ainda não se mexera desde a última conversa.
- 'Bora! - Ordenou. Rachel franziu o cenho. Ainda mais chocada com a autoridade do irmão.
Aaron já estava esperando Sophie na casa ao lado. Quando viu os gêmeos saindo, acenou. Rachel devolveu o aceno e Ryan, um “joinha”.
Sophie então surgiu. Mesmo à aquela distância o braço de Ryan cedeu como se estivesse anestesiado. Aaron também, lentamente, olhou para sua garota.
Sophie vinha vestida num vestido preto curto e justo. Ela estava mais alta, graças ao salto-alto preto de tiras que vinham até as canelas. Ela não caminhava. Ela desfilava. Os cabelos não se moviam. Estavam organizados e perfeitamente ajeitados num coque.
- Hey! - Disse ela antes de dar um selinho em Aaron. Ele a envolveu em seus braços magricelas e foi com ela até o outro lado do carro para abrir a porta para ela.
Ryan fechou os punhos. Rachel o encarou e aos seus punhos.
- Só eu pareço uma prostituta essa noite, R? - Debochou.
Ele não disse nada. Apenas caminhou para a calçada onde Aaron já viria se aproximando com o C4 vermelho de Sophie.
- Vam'bora, pessoas! - Disse ao chegar, sorrindo para Ryan.
Rachel direcionou-se para ir logo atrás de Sophie. Ryan detestou tal escolha da irmã mas não disse nada.
- Tão preparados? - Aaron continuava a sorrir pelo retrovisor. Rachel assentiu. Animada. Ryan se encostou no banco e ficou a olhar pela janela. E Aaron deu uma arrancada, fazendo os pneus cantarem.

Aaron estacionou o carro e desligou o som. Sophie e Rachel estavam rindo e Ryan logo saiu do carro. “O que eu vim fazer aqui?”, perguntou a si mesmo. Rachel e Sophie saíram juntas, ainda rindo, e puseram a encaminhar-se para dentro da balbúrdia. Aaron se aproximou.
- Algo errado, cara? - Disse se encostando no carro.
Ryan bufou. Aaron já estava enchendo-lhe o saco. Ele respirou profundamente e depois virou-se.
- Nada! - Disse com indiferença. - Só me sinto cansado! Acho que não devia ter vindo.
Aaron preocupou-se. Desencostou-se do carro.
- Quer ir pra casa? - Sugeriu. - Se quiser eu o levo!
Para Ryan essa história já estava ficando estranha demais. Primeiro, porque Aaron tivera falado com ele do nada no primeiro dia de aula. Segundo, Aaron visitou sua casa sem ter sido convidado. Terceiro, esse papinho todo de aproximação era muito suspeito. E, agora, Aaron ofereceu carona para ele, apenas os dois, sozinhos, no carro.
- Não! Não! Eu posso aguentar – Disfarçou.
Então houve um blackout. Tudo escureceu. Mas a energia não demorou a voltar. Uns dois minutos de escuridão na casa dos Collins.
- Nossa! Nunca tinha reparado como as ruas ficam realmente escuras sem luz por aqui! - Comentou Aaron.
Ryan forçou um sorriso. E então, dentro da casa, alguém gritou horrivelmente.

Continua...

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!