“Finalmente tudo acabou. A Luta para transformar as cartas chegou ao fim.

—Shaoran! Você esta bem?

—Estou sim. Só um pouco cansado.

—Muito obrigado. Se não fosse por você... não sei se teria conseguido.

—Sakura...

—Sim?

—Eu quero...

—Hun?

—Quero te dizer... Quero te dizer que eu te amo muito!

Uma expressão de surpresa se apoderou de sua face, sua voz repentinamente desapareceu e eu não o pude responder.”

Já fazia um mês depois que as últimas cartas foram transformadas, a escola Tomoeda estava quieta, os alunos agiam naturalmente, Ériol voltou para a Inglaterra e tudo parecia estar bem. Infelizmente, isso não era verdade.

Sakura e Shaoran não se falaram mais depois da repentina declaração. Ambos refletiam todos os dias o que se deveria fazer... Shaoran se realmente deveria ter se declarado e Sakura o que sentia verdadeiramente pelo rapaz.

O sol já era posto, e apenas lhe restava o alaranjado céu esperando o chegar da noite. Os jovens mais uma vez pensavam em tudo o que até então havia acontecido, sem alcançar uma resposta para tantas duvidas.

Estava pensando... Qual seria sua resposta acerca dos meus sentimentos.

Boa?

Má?

Estava muito confusa... E não sabia o que dizer.

Talvez fui eu que não me expressei bem... Não te disse que cada vez que te via...

Meu coração batia, sem que eu pudesse controlar.

Esse tipo de sentimento é algo que nunca havia sentido antes.

O que é?

Sempre tratei de lhe ajudar e proteger.

Tudo por ouvir:

“Muito obrigada”

Isso me fazia feliz!

Sempre esteve quando precisei. E creio que... Gosta de mim. Porém isso é muito mais forte.

Te via bem quando sorria e não podia evitar corar em apenas ouvir sua voz. Normalmente estava muito confuso, não entendia o que meu coração queria te dizer.

Ultimamente, apenas em vê-lo... Me alegro intensamente! E não sei o por que.

E agora que ela sabe sobre meus sentimentos... O que devo fazer?

Tenho que dizer o que sinto... Mas meu coração não entende!

Deveria marchar e a deixar para trás? Depois de tudo, apenas desejava que soubesse aquilo que tanto sufocava meu coração.

Não quero te perder...

As estrelas finalmente alcançaram o alto céu e iluminaram a cidade com beleza nunca antes vista. Ele finalmente tomou sua decisão, e precisava vê-la uma última vez, nem que fosse por um breve instante.

Na casa dos Kinomoto:

— Filha?

—Sim papai.

—Está tudo bem?

—Tudo bem.

—Telefone pra você.

—Quem é?

—Diz ser seu amigo. Se não estou enganado ele se chama Shaoran. Você o conhece?

O rosto da pobre menina adquiriu um vermelho extremamente forte, apenas assentiu com a cabeça baixa e foi atender o telefone.

—Alô?

—Sakura?

—S-sim Shaoran. Faz tempo que não nos falamos...

—Verdade. Mas posso te fazer uma pergunta?

—C-claro.

—Pode me encontrar na Praça do Rei Pinguim?

—Agora?

—Sim algum problema?

—N-não, imagina. Já estou indo.

— Até breve.

—Até.

A jovem saiu de casa e foi até praça e passou a sentir uma nostalgia muito boa... Lembrou-se das vezes que capturou as cartas naquele mesmo local, as brincadeiras de criança... E tristeza. Pois, foi ali que o chinês de olhos âmbarianos lhe consolou, pelo simples fato de ter tido seu coração estilhaçado por não ter seus sentimentos correspondidos pela pessoa amada. E nunca notou que alguém que estava ao seu lado sentia esse sentimento por ela.

Agora ela entendia o quanto o fez sofrer... Todas as vezes que dizia que amava Yukito e esperava ter seu amor correspondido, eram como facadas dolorosas no coração de seu amigo, que sempre a protegeu e ajudou.

Finalmente o encontrou, ele estava trajando uma calça e camisa preta, um casaco marrom e sapatos sociais. Enquanto ela usava um simples vestido azul com flores brancas e sapatinhas creme.

Olharam-se pela primeira vez depois de muito tempo, apenas se encarando no intimo silêncio de suas almas.

—Pensei que não viria...

—Sabe que eu nunca poderia fazer isso.

—Obrigado.

—Então... O que você precisava tanto falar comigo?- Sakura tentava manter um pequeno sorriso nos lábios.

— Acho que era o certo a se fazer. Dizer pessoalmente que estarei partindo para Hon Kong novamente.

O esforço para manter o pequeno sorriso foi em vão, pois a face da garota logo se transformou num misto de tristeza e medo.

—Por que?!

—Todas as cartas foram transformadas, nenhum acontecimento estranho se sucedeu durante esse tempo... Não tenho mais motivos para permanecer aqui- Era possível notar que sua voz já estava para falhar.

—E quando pretende ir?

—Amanhã de manhã.

O silêncio novamente se estabeleceu no meio dos dois, Sakura não podia mais aguentar isso e antes de ir embora deixou uma lagrima rolar pelo seu rosto e passou a correr pelas ruas escuras de Tomoeda até sua casa. Logo Shaoran tambem voltou para o apartamento afim de terminar de fazer as malas.

Talvez ela esteja confusa... Eu não queria entristecer-la... Não há pior coisa do que vê-la chorar.

O que farei sem ele? Por que apenas em pensar que Li irá embora... Tenho uma enorme vontade de chorar?

Só quero que Sakura seja feliz. E se eu não estou neste plano será melhor que me vá.

A noite se findou e um novo dia começou, seria hoje que ele voltaria para sua terra natal e deixaria aqui seu coração. Basta aguardar, pois não há mais nada para ser feito. E o que mais dói e ela não ter lhe dado uma resposta...

—Finalmente eu entendi!

Sakura se levantou de sua cama o mais rápido que pode, vestiu uma calça legue preta e uma blusa rosa bebê, calçou os sapatos e se dirigiu até o Aeroporto Internacional de Tomoeda. Ela acreditava com todas as suas forças que ainda dava tempo, ela diria tudo o que desejava dizer e faria algo que poderia parecer loucura, mas seria a verdadeira prova daquilo que sentia.

—Ultima chamada para o vôo 657 com destino à Hon Kong.

“Agora nunca mais voltarei aqui. E passarei a viver infeliz, mas é melhor estar longe do que vê-la se apaixonar por outro e me esquecer.”

—SHAORAN!

“Essa voz... Será possível?”

—SHAORAN ESPERE!

Quando ele finalmente se vira, vê Sakura correndo em sua direção.

Finalmente eu compreendi...

E quando a vi... Soube que não queria mais nada neste mundo.

—Eu Te Amo!- A garota se jogou nos braços do chinês.

— E por isso...

—Te amarei até o fim!

Seus lábios se tocam formando um pequeno beijo cheio de amor. O primeiro de muitos que ainda virão e mesmo que tudo diga que não... Ele farão aquilo que faça ambos felizes.

O amor

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. 

 Ainda que eu tenha o dom de profecia, saiba todos os mistérios e todo o conhecimento e tenha uma fé capaz de mover montanhas, se não tiver amor, nada serei.

Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me valerá.

O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.

Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.

O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará.

Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos; quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá.

Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.

Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma com que sou plenamente conhecido.

Assim permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.