Os Opostos Se Atraem escrita por Lasanha4ever


Capítulo 7
Capítulo 6




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  Abro a porta do banheiro delicadamente e vejo o Danilo olhando para mim com um sorriso diabólico. Ele anda na minha direção, mas eu vou para trás e a Sam avança, assustando-o, e dando uma chance de eu correr para longe. Fico na sala dele, com tipo, umas cinquenta pessoas só na sala, dançando, naquele esfrega-esfrega.

  Vejo ele se livrando da Sam e correndo na direção da sala, mas, como eu sou baixinha, e tem realmente muita gente por aqui, ele não me encontra.

  - O que uma princesa como você tá fazendo por aqui? – um cara meio bêbado pergunta já se esfregando em mim.

  - Não é da sua conta. – me afasto dele, mas quem disse que ele se afastou de mim. Ele me segura pelo braço e não solta. Deve ter deixado um roxo.

  - Por que já vai embora, princesa. – ele me enoja. Fala pertinho da minha boca, com esse hálito horrível de bebida, e ele tem um bafo horrível, tipo, parece que a boca dele tá em decomposição.

  - Sai de perto dela, ou então as coisas ficarão feias por aqui.

  - Como você me achou? – não consigo evitar, devo parecer muito aliviada, e ele percebe, porque, então, sorri com aquele ar de fodão e me puxa para perto dele.

  - É muito fácil encontrar você.

  - Larga ela, cara, eu a vi primeiro. – o bêbado fala, sem nenhuma noção do perigo.

  - Se você sequer chegar perto dela, vai acabar em um hospital.

  - Ih, gatinha, não sabia que você tem namorado. – o bêbado continua. – Isso torna tudo muito mais interessante.

  - Eu não tenho namo – começo a falar, mas sou interrompida. O bêbado me puxa com força na direção dele, e eu bato em seu peito. Ele me beija, mas não abro a minha boca, e tento me afastar dele. As mãos dele se encontram na minha bunda – por cima do vestido. O cara é rápido. Isso tudo aconteceu em questão de segundos.

  Só consigo ver o Danilo partindo para a luta com ele, e me empurrando para longe. Caio no chão, mas ainda consigo ver a luta. O Danilo está ganhando, em uma boa vantagem. Ele soca a cara do bêbado, várias vezes. O bêbado consegue disferir uma voadora na cara do Danilo, o que o machuca, mas ele ignora a dor e continua atacando. O Danilo dá-lhe uma joelhada na barriga, outra no saco, e continua acertando-o com uma sequencia de golpes. O bêbado não conseguiu acertá-lo mais nenhuma vez, e então cai ao chão, sangrando e desacordado.

  O Danilo se vira para mim, com o rosto preocupado.

  -Você tá bem?

  Faço que sim com a cabeça, sem conseguir encontrar a minha voz. Ele segura minha mão e me leva até o seu quarto. Expulsa o casal que pretendia transar na sua cama e tranca a porta. Ele me deixa sentada na cama – que sem o colchão, não é nada confortável.

  - Tá realmente tudo bem? Aquele imbecil não fez nada além daquilo, né?

  - Eu tô bem.

  Seu olhar encontra o meu e ele me abraça forte. Aos poucos, vou me acalmando, e ele também.

  - Ei, Fernandinha. – ele murmura meio melancólico.

  - Hum.

  - Você conhece realmente todos aquelas pessoas que você mencionou?

  Sorrio ao perceber o que está acontecendo.  

  - Ué, tá curioso por quê? Quer que eu te passe o telefone deles? Você vai sair do armário? – tento agir inocentemente, mas o meu tom de brincadeira está presente, e ele percebe.

  - Ah, sem zoar, qual é. Tenha dó de mim, acabei de apanhar pra salvar a tua pele. Responde só essa pergunta, vai. – ele faz biquinho e seus olhos tristes esperam pela resposta.

  Afasto um pouco dele, e olho em seus olhos.

  - Não.

  - Não, você não vai responder, ou não, você não conhece todos aqueles garotos? – ele está meio desesperado.

  - Ué, vai saber, né. Mas que guri curioso...

  Ele me mostra a língua, mas faz uma careta depois. Eu consigo perceber a inquietação em seus olhos, e a dor também. A voadora do cara realmente o machucou.

  -Fica parado aí que eu já volto.

  Corro para o banheiro dele e pego uma toalha de rosto limpa, molho-a com água gelada e coloco-a em cima do machucado dele. E então começo a limpar delicadamente.

  - Tá melhor?

  -Bem melhor, Fernandinha. – impressão minha ou ele tá corado?

  - Eu vou pegar gelo, já volto. Fica aí.

  - Não! – ele segura meu braço. – Não vai.

  - Mas vai ficar roxo...

  - Então deixa ficar, mas eu não tô querendo lutar mais uma vez, o que definitivamente vai acontecer se você sair daqui.

  Reviro os olhos.

  - Você está agindo como se fosse responsável por mim.

  - Sou o mais velho aqui, então, tecnicamente, sou.

  - É nada.

  - Sou sim.

  - Né não.

  - Nem um pouquinho?

  - Não.

  Ele dá um meio sorriso maléfico, e eu já tenho a noção do que ele vai fazer, e não vai ser nada bom.

  - Sai de perto! – empurro-o para longe de mim, mas ele avança com mais força e começa a sessão de tortura.

  Eu estou entre o berro e o riso, sem fôlego, provavelmente vermelha. Ele sorri e parece totalmente alheio ao machucado no rosto.

  - Fala agora que eu sou o cara mais lindo e perfeito de todo o mundo! – ele fala rindo, enquanto acerta meu ponto fraco, o pescoço.

  - Nunca!

  - Ah é?

  Ele aumenta a quantidade de cosquinha, e agarra as minhas pernas. Eu olho confusa para o Danilo, mas ele apenas tira meus sapatos e dá aquele sorriso sapeca que eu adoro. O filho da mãe começa a fazer linhas imaginárias em meu pé, o que é horrível, porque eu sinto muitas cócegas no pé, e a minha situação fica até pior do que a mão dele no meu pescoço.

  - Ok, ok, ok, você venceu! – berro enquanto tento me afastar dele, o que não é possível, mas ele para com a cosquinha.

  - Agora fala.

  Reviro os olhos e murmuro baixinho o que ele quer que eu fale.

  - O que foi? Eu não escutei. – ele nunca aprendeu que eu tenho pavio curto?

  - PORRA, VOCÊ É O CARA MAIS LINDO E PERFEITO DE TODO O MUNDO! – berro na cara dele, mas ao invés de se assustar, ele sorri e me abraça.

  - Doeu?

  - Ai, ai, ai, ai, ai! Que dor! – faço minha melhor cara de dor e ele me mostra a língua.

  - Boba.

  - Sou nada, tá.

  Ele me abraça mais forte, e até que está gostoso... E me solta.

  - É sim.

  - Sou nada.

  - É sim, e agora a boba vai pro seu apartamento ficar com o Phelipe antes que eu precise agir como segurança particular nessa festa.

  - Eu sei me cuidar.

  - Claro, e os bêbados sabem estuprar, só um detalhe. – ele fala com um olhar sério.

  Reviro os olhos e levanto da cama. Ele me segue.

  - Ei, para de me seguir e... Sam! – vejo a Sam bebendo sozinha e vou até ela.

  - Ah, oi Fê! Oi segunda Fê. Não sabia que você tinha uma irmã gêmea. Agora são três Fê. Por que tá tudo girando? – ela resmunga, começa a rir e bebe o resto de ponche que estava no copo.

  - Você tá muito bêbada.

  - Não tô. – ela se enrola nas palavras e então desmaia em cima de mim. Eu cairia se o Danilo não estivesse atrás de mim para me segurar.

  - Ei, leva ela pro seu apartamento, ela deve ter bebido demais.

  - Não consigo carrega-la, né.

  A Samantha é mais alta do que eu. Ainda menor que o Danilo.

  Ele a carrega até o meu apartamento, onde a deita no sofá e me leva até o meu quarto, onde encontramos um Phelipe acordado, vendo televisão e comendo pipoca.

  - Ei, espertinho, quem deixou você fazer pipoca? – vou para a direção dele e tiro a pipoca de perto. São duas e pouco da manhã, não é hora de um garoto da idade dele estar acordado, muito menos de comer pipoca.

  - Poxa, tava gostoso! Por que voltaram tão cedo?

  O Danilo senta na cama ao lado do Lipe, enquanto eu coloco a pipoca na cozinha.

  -Sua prima estava correndo um grande risco perto de tantos caras bêbados.

  - Ah, você tava com ciúmes, aí decidiu tirar a Fê da festa.

  - Eu? Com ciúmes? Nem morto! Só não quero essa garota boba aí enchendo o meu saco depois.

  - Aham, tá. – o Lipe finge que acredita.

  Escovo os dentes, tanto meus quanto do Lipe, e coloco-o para dormir. Ele dorme em cinco minutos. O Danilo espera comigo.

  - Vou voltar lá pra festa, se quiser que eu venha mais rápido, liga pra portaria e o manda vir acabar com a festa.

  - Fica tranquilo, não farei isso.

  Ele ri da minha cara de mal humorada e dá um beijo na minha testa, demorando mais do que o normal, mas acabando rápido demais para o meu gosto.

  Eu durmo um tempo depois, na cama ao lado do Lipe, e acordo com o Lipe me cutucando.

  - Fê, Fê, Fê!

  - O que foi Lipe? – resmungo com os olhos ainda fechados. Estou morrendo de sono. Parece que eu nem dormi.

  - Uma garota tá vomitando muito no seu banheiro.

  Corro até ela e seguro o seu cabelo enquanto ela coloca para fora tudo o que ingeriu ontem a noite.

  - Onde eu tô? – ela pergunta antes de voltar a vomitar.

  - No meu apartamento, no mesmo prédio da festa.

  - E por quê?

  - Você desmaiou, e eu não ia deixa-la ali com um bando de bêbados.

  Ela sorri.

  - Obrigada, Fernanda, certo?

  - É.

  - Ei, Fernandinha, você tá bem? – o Danilo invade o banheiro com um semblante preocupado no rosto. Ele deve ter bebido bastante, porque está com uma puta cara de ressaca.

  - Ah, você é o Danilo, né?

  - Oi, garota que ajudou a Fernandinha a fugir de mim.

  Ela tenta dar um meio sorriso, mas volta a vomitar.

  - Fernandinha, eu seguro o cabelo dela, vai pegar aquele remédio que você me deu daquela vez.

  - Ok.

  Pego e volto correndo. Entrego o comprimido para ela, e um copo com água. Ela toma e eu a coloco no chuveiro. O Danilo se afasta e vai brincar com o Phelipe. Deixo a Sam tomando banho e pego uma muda de roupa minha que deve dar nela.

  Ela acaba o banho rapidamente, deixo as roupas no banheiro e vou de encontro aos garotos.

  - Como ela tá? – o Danilo pergunta meio preocupado, meio curioso.

  - Aparentemente bem.

  - Ela vai dormir aqui com vocês também? – o Lipe pergunta, com todo aquele ar inocente.

  - Não, ela vai pra casa dela.

  Aproveito para começar a fazer o almoço da gente, já que o Lipe almoça cedo, e, de acordo com o Danilo, o Lipe tomou café antes mesmo de me acordar.

  Faço uma lasanha, já que eu adoro lasanha e faz muito tempo que eu não como uma. A Sam sai do banheiro e fica ao leu lado, conversando alegremente. Ela é bem legal.

  - Tá, agora me diz, por favor, que aquele menino fofo não é o seu filho! – ela pede assim que eu coloco a lasanha no forno e o Lipe sai da sala pra brincar com o Danilo lá no meu quarto.

  - Que? Não! O Phelipe é meu primo, e tá passando uns dias aqui por causa dos pais, e o Danilo é o vizinho, e o dono da festa de ontem. A gente é só amigos.

  - Só amigos, aham, eu sei... – ela fala ironicamente.

  - Somos sim.

  - Fê, fala pro Danilo me devolver o controle da TV? – o Lipe resmunga com um biquinho enorme.

  - Claro, vou lá falar com ele.

  - Ei, Nanda, eu tô indo, a gente conversa mais na segunda! – Sam se despede.

  - Não vai ficar para o almoço?

  - Meus pais já estão putos o suficiente por eu ter dormido fora, não quero que eles fiquem mais putos.

  - Ok, até segunda. E boa sorte.

  - Valeu!

  Subo até o meu quarto, mas o Lipe não me segue. Fico na soleira as porta e olho raivosa para o Danilo.

  - Dá pra dar-

  - Quer que eu dê pra você? – ele me interrompe pra mostrar o quão poluído são seus pensamentos. Apenas reviro os olhos, o que o faz rir e se aproximar.

  - Quero que devolva o controle remoto pro Lipe.

  - Ah, mas aí perde toda a graça de te ver irritadinha.

  - Anda logo, folgado!

  Ele me abraça forte e me joga na cama, caindo por cima de mim.

  - Sai de cima!

  - Me obrigue.

  Fico me debatendo e tentando mordê-lo, mas não consigo me livrar dele.

  - Desiste?- ele pergunta com um sorrisinho besta no rosto assim que eu paro de me debater.

  - Nunca.

  Ele não tira o sorrisinho do rosto, o que me irrita. Ele segura meus pulsos, cada um com uma mão, e se senta em cima da minha coxa, de modo que o peso dele não me deixa fazer nada além de ficar parada.

  - Perdeu. – ele sussurra com o rosto bem perto do meu.

  Sério, o rosto dele é lindo, e tá me seduzindo. Ele não tem noção do que faz comigo. O cabelo dele está tocando em minha testa, e eu sinto a respiração dele em meu rosto. Minhas bochechas obtêm uma coloração avermelhada indesejável, mais conhecida como: puta merda, eu tô corando. E meu coração começa a bater mais rápido, e mais alto também. Acho que ele tá escutando o meu coração, que vergonhoso.

  - Me solta.

  - Não. – ele sussurra e olha bem em meus olhos com aqueles olhos perfeitos.

  Sinto a sua barba rala tocar a minha pele. Faz cócegas, a barba dele é macia, por incrível que pareça. Sempre pensei que fosse dura, e que arranhasse quem encostasse.

  Estamos com os lábios quase colados, falando tipo, menos de meio centímetro. Ele vai me beijar. Ele vai me beijar? O que diabos ele tá pensando em fazer? Por que eu não consigo me mexer? Eu quero beijá-lo? Somos só amigos, por que ele tá querendo me beijar? Espera, ele está sorrindo, um sorriso do tipo: extremamente feliz. Seus olhos brilham e ele fica meio corado. Desta vez eu tenho certeza de que ele está corado.

  Seus lábios se aproximam lentamente, como se ele quisesse ver a minha reação.

  - O que vocês ‘tão fazendo? – a vozinha do Lipe nos desperta e o Danilo me solta, deitando ao meu lado.

  - Er, nós estávamos apenas brincando de sério, Lipe. – eu invento qualquer coisa e ele sorri.

  -Posso brincar também?

  O Danilo ri.

  Brincamos de sério – brincadeira da qual os jogadores precisam ficar encarando uns aos outros até sobrar apenas um que não riu ou sorriu – por longos minutos, acho que horas. O Lipe perdia primeiro, e eu perdia logo depois dele. O Danilo fica fazendo careta pra cima de mim, e elas são realmente engraçadas. E a risada do Lipe me fazia rir também. E, uma vez, uma vez só, eu olhei para o Danilo e ele me olhava de um jeito estranho, quase como um olhar apaixonado, e quando eu me dei conta, estava sorrindo, ele sorriu logo depois.

  - Ai meu Deus, a lasanha! – berro assim que sinto um cheiro de queimado. Corro a todo vapor até a cozinha e tiro a lasanha do forno.

  - Sinto muito pela sua lasanha, Fernandinha. – o Danilo dá uma risadinha da minha cara triste e o Lipe ri.

  - Eu tô com fome, bora comer fora, Fê! – o Lipe pede.

  - Ok. Só vou tomar um banho. – aviso aos dois.

  - Danilo, melhor você tomar um também. E o Lipe também.

  - Isso foi um convite? – ele sussurra em meu ouvido com aquela voz rouca perfeita.

  - Não! – controlo a vergonha e subo para o meu quarto.

  Tomo um banho quente e relaxante. Escuto a risada dos dois fora do banheiro. Acabo o banho e me seco. Enrolo o cabelo na toalha e visto a roupa que já havia separado e colocado dentro do banheiro. Uma calça jeans azul clara, uma blusa azul marinho, de manga comprida, e bem folgadinha.

  - Até que enfim! – o Danilo resmunga assim que eu saio do banheiro.

  - Tem outro banheiro aqui, e dois no seu apartamento, nem começa.

  - Já tomamos banho.

  - É?

  - É, lá no outro banheiro.

  - Nós tomamos banho juntos! – o Lipe fala sorridente – Sabia que o Danilo tem um piu-piu grande?

  Ele fala com tanta inocência que chega a ser fofo.

  Eu e o Danilo estamos corados. Eu mais do que ele, por incrível que pareça.

  - Er, vamos? – eu falo, assim que acabo de calçar o tênis e coloco um casaco preto de moletom.

  - Vamos.

  O Lipe agarra a minha mão e a mão do Danilo, e fica brincando de balanço – ele encolhe as pernas e fica se balançando enquanto eu e o Danilo o seguramos pela mão. Ele é leve, então não tem muito problema. Andamos assim até o primeiro restaurante que vemos. Almoçamos peixe. Eca. Odeio peixe, mas era isso ou salada, e os garotos não comeriam salada nem fodendo.

  - Fê, vamos para o shopping hoje? Eu quero comprar uma coisa.

  - Comprar o que, Lipe?

  - Um negócio pra uma garota lá da escola.

  - Uma garota, hein. Como ela é? – pergunto e vejo aquele sorriso apaixonado nele.

  - Ela é a garota mais linda que eu já conheci. Ela tem cabelo meio laranja, e um monte de pintinha laranja no rosto. Olhos tão verdes quanto grama e o sorriso mais fofo que eu já vi.

  - Qual o nome dela? – o Danilo pergunta.

  - Joanne, mas eu a chamo de Anne.

  Pago a conta e levo o Lipe ao shopping. Ele compra um coelhinho branco de pelúcia. O Lipe falou que coelho é o animal preferido dela.

  - Espere um pouco, eu já volto. – o Danilo avisa e sai correndo para outra loja qualquer.

  Fico com o Lipe, esperando o Danilo. O Lipe parece realmente apaixonado. Ele me conta que conheceu ela na quarta, e ele a salvou de um inseto enorme. Ela, o John e o Lipe são grandes amigos agora. Incrível como as amizades se formam rapidamente quando se é criança.

  Quando o Danilo volta, ele está com uma sacola pequena em mãos.

  - O que é? – pergunto.

  - Não é da sua conta, pequena curiosa. – reviro os olhos e ele sorri. - Depois eu te conto.

  No caminho inteiro, ele não me mostra o que tem dentro da sacola, mas mostra ao Lipe, que sorri.

  Voltamos para o apartamento, e eu fico na biblioteca, lendo novamente o livro Belo Desastre. Como nada é perfeito, logo o Danilo aparece ao meu lado.

  - Ei, Fernandinha. Aqui pra você.

  Ele me entrega a sacola de hoje cedo.

  - O que é? – pergunto enquanto abro delicadamente a sacola.

  - Uma coisa que você só pode usar quando eu estiver ao seu lado.

  Tiro da sacola uma blusa preta com uma escrita branca e uma seta para a direita. Na blusa, tá escrito: He Is Sexy, e a seta logo embaixo.

  - Grande mentira! Alguém se esqueceu de escrever o Not.

  Ele me mostra a língua.

  - Vai, experimenta aí!

  Mando-o virar e tiro a blusa para colocar a camiseta que ele me deu. É baby look, de modo que se eu levantar o braço, a blusa para no meu umbigo. Safado – ele não parou de olhar para meus peitos, onde estava o inicio das palavras, mas eu sei bem que ele não estava lendo nada. E a blusa é apertada, então marca bastante, não que eu tenha muito, mas o que tem, fica bem aparente.

  - Certo, agora é oficial. Essa blusa fica muito foda em você. – ele tá quase babando.

  - O que é foda? – o Lipe pergunta inocentemente, entrando na biblioteca e se jogando na almofada.

  - Algo fantástico, Lipe. – o Danilo fala com aquele sorrisinho safado e um olhar malicioso.

  - Mas essa palavra não pode ser dita por crianças, então, Lipe, nada de tentar repetir o que o Danilo fala.

  - Ok, ok. – ele resmunga.

  - Ei, Lipe, sabe aquilo que a gente tava conversando antes? – o Danilo fala, sorrindo de um jeito meio sapeca pra minha direção.

  - Sei.

  - Quer pôr em prática?

  - Sim!

  O Lipe sai correndo e eu olho confusa para o Danilo, que dá de ombros e me abraça forte.

  - Só use essa camisa quando eu estiver ao seu lado, ouviu bem? – reviro os olhos. – E nada de revirar os olhos!

  - Idiota.

  - Fê, eu posso tomar banho de banheira hoje? – o Lipe volta para perto de mim, todo manhoso.

  - Vou lá preparar a banheira pra você.

  Os dois ficam sorrindo. Vou para o meu banheiro e PUTA QUE PARIU, TEM DUAS BARATAS NOJENTAS NO CHÃO! Dou um berro no maior estilo – menininha assustada e com berro fino – e saio correndo do banheiro, fecho a porta e pulo na cama. Respiro fundo. Eu tenho um medo colossal por baratas. Isso mesmo, medo. E nojo. Mais medo. Vai que elas sobem em mim? Aí eu tenho um infarto.

  Os dois aparecem no quarto, o Danilo com uma feição meio preocupada e o Lipe controlando o riso.

  - O que houve? – o Danilo pergunta, nem tão preocupado assim.

  - Ba-ba-barata!

  Eles vão até o banheiro, segundos depois voltam com as mãos atrás do corpo.

  - Você quis dizer, isso? – o Lipe fala e então ambos tacam as baratas em mim.

  Berro mais que tudo e corro para a sala. Escuto apenas a risada deles e as lágrimas de desespero se misturam com as de raiva. Como eles podem rir enquanto eu estou em pânico?

  Escuto-os descendo a escada e me tranco no banheiro. Não quero que eles me vejam chorando. É vergonhoso.

  Eu tenho medo de barata porque, quando eu era bem novinha, tipo uns quatro anos, um garoto pegou uma barata na mão e tacou em cima de um grupo de garotas. Adivinha em quem a barata caiu? Aquele bicho nem saiu de mim. Ficou passeando pela minha perna... Argh! Não quero me lembrar disso!  Aquele momento ainda me assombra. Desde então, eu odeio o garoto, e tenho uma fobia de baratas.

  - Ei, Fernandinha, cadê você?

  - Acho que ela tá no banheiro, Danilo.

  Eles tentam abrir a porta, mas a mesma se encontra trancada.

  - Ei, Fernandinha, é barata de plástico! Fica tranquila. Abre a porta aí!

  Controlo as lágrimas, mas ainda está muito obvio que eu chorei. Não respondo, não abro a porta, não faço nada.


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