Os Opostos Se Atraem escrita por Lasanha4ever


Capítulo 4
Capítulo 3




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  Que dor de cabeça infernal. Que luz é essa que tá me cegando? Meu estômago está revirado. Meu corpo todo dolorido. O que aconteceu?

  Demoro um pouco para perceber que estou na cama do Danilo. Ele está dormindo ainda. Ele está dormindo do meu lado. Ele está dormindo com um braço em minha cintura. Acho que vou vomitar.

  Corro até o banheiro dele e consigo chegar até a privada.

  - Fernandinha? Você tá bem? – o Danilo pergunta ainda meu grogue. – Droga, você bebeu muito.

  Enquanto eu vomito tudo o que estava em meu estômago, ele segura meu cabelo.

  - Nunca mais vou beber. – resmungo e ele ri.

  - Vai sim, porque beber é bom. O que não é bom é a ressaca. Por isso que não se pode parar de beber, aí nunca vai ter tempo para a ressaca.

  - Essa é a coisa mais estúpida que eu já escutei.

  - Não sou eu que estou vomitando as tripas.

  - Era você, ontem. Ou foi antes de ontem? Argh, minha mente tá confusa.

  Volto a vomitar e ele fica em silencio.

  Não sei quanto tempo passou, mas enfim, paro de vomitar. Ele me coloca dentro do box e liga a água gelada.

  - Ei! – resmungo.

  - Ei nada, vai tomando um banho aí que eu vou buscar uma roupa pra você. Ou você prefere ficar de ressaca o dia inteiro?

  Reviro os olhos e ele sai do banheiro com ar de vitorioso.

  Deixo as minhas roupas molhadas pelo chão mesmo e tomo um banho relaxante. Não me olho no espelho, mas tenho a impressão de que minha maquiagem está toda borrada, e que eu devo parecer um defunto. Meu cabelo está todo embaraçado, de modo que demoro quase dez minutos para penteá-los.

  - Ei, Fernandinha – ele fala já entrando no banheiro. Só tenho tempo de cobrir o essencial – meus peitos e entre as pernas. Ele cora, mas também sorri.

  - Sai daqui, idiota! – ele me entrega as roupas e dá um sorrisinho besta antes de sair. E ainda por cima desceu seu olhar dos meus olhos por míseros segundos. Que falta de educação!

  Visto a cueca box preta – deve ser a marca registrada dele, uma camisa com uma banda de rap que eu não conheço e ele me deu meias. Pra que diabos ele me deu meias? Maluco...

  Saio do banheiro e o quarto dele está um gelo. Agora entendi o porquê das meias. Coloco-as rapidamente e me enfio embaixo do cobertor.

  Eu tenho a leve impressão de que deveria sair daqui e ir para o meu apartamento, mas estou com preguiça demais.

  - Sabe, você é realmente fraca para bebidas, mas eu já suspeitava.

  Olho para ele com a testa franzida.

  - Você já estava começando a enrolar as palavras com dois copos de álcool. E ainda por cima bebeu um pouco de todas as bebidas. Você nunca faria isso sóbria.

  Reviro os olhos, ele ri e se deita ao meu lado.

  - Ei, dorme em outro canto! – o empurro, mas quem disse que ele quer sair.

  - A cama é minha.

  - Ótimo.

  Levanto da cama e cambaleio até a porta do quarto dele, depois disso, as escadas. Nunca desça as escadas enquanto estiver de ressaca. Já no segundo degrau eu começo a tropeçar e vou tropeçando escada abaixo, terminando caída no chão como o Grand Finale. O Danilo fica entre a risada e a preocupação.

  - Você tá bem?

  Meu corpo todo está doendo mais do que antes, e minha cabeça parece que vai explodir. Estou ótima.

  - Vem, Fernandinha. – ele me carrega no colo cuidadosamente até o quarto dele e me coloca deitada na cama. – Fica aí que eu já volto.

  O que me resta é sentar e esperar ele voltar. Droga, eu vou ter que ficar na cama dele.

  Cinco minutos depois, ele volta, com um copo d’água e um remédio.

  - Dorme um pouco que melhora. – eu obedeço.

  Quando abro os olhos novamente, encontro o Danilo dormindo do outro canto da cama, quase caindo. Saio da cama silenciosamente e vou para a cozinha, beber um copo de água. Já me sinto bem melhor.

  O apartamento dele está totalmente sujo. Tem até vômito no chão perto do banheiro do primeiro andar. E caco de vidro perto da sala. E muita água no chão da cozinha. Comida para todo o lado, caixa de pizza no chão, camisinha então, tem aos montes. Nojento. Nisso eu não toco.

  Volto para o quarto do Danilo e ele está acordando. É uma cena fofa de se ver. Ele fica se remexendo, aí começa a resmungar alguma coisa que é impossível de se entender, e então vai abrindo os olhos, pouco a pouco.

  - Fernandinha? – ô voz rouca e sedutora...

  - Oi.

  - Já tá melhor?

  - Tô sim, valeu.  

  Ele sorri e levanta da cama.

  - Que horas são? – ele resmunga, coçando os olhos.

  Olho para o celular dele que está jogado no chão.

  - Seis e meia. Seis e meia?!

  Ele ri da minha expressão.

  - Nada como dormir o dia todo... – se espreguiça e levanta da cama. – Vai fazer o que hoje?

  - Sei lá.

  - Fica aqui então. A gente pede uma pizza e bebe o resto de álcool que tiver por aqui.

  - Nada de álcool hoje.

  - Mas você fica aqui?

  Penso. Repenso. Penso mais um pouquinho.

  - Tá.

  - Tá sim, ou tá não.

  Reviro os olhos. Ele é bem lento para entender.

  - Tá sim.

  Pedimos uma pizza de presunto e mozarela e ficamos no quarto dele, o único lugar do apartamento com pouca bagunça. Ligamos a televisão e assistimos a maratona de Jogos Mortais. Eu tenho certo medo de filmes de terror. Puta medo. O Danilo é tranquilo, e ele fica rindo da minha cara.

  Finalmente acaba o último filme.

  - Caralho, já são quase três da manha, como você ainda está acordada, Fernandinha? – ele se espreguiça e desliga a televisão.

  - Sei lá...

  Talvez porque eu estou com um medo inenarrável dessa merda de filme. Só talvez.

  Levanto da cama e coloco a caixa da pizza no chão, escovo os dentes e volto para o quarto. Só de sacanagem o quarto está com as luzes apagadas. Ando feito uma doida a procura da cama.

  - I want to play a game. - ele sussurra em meu ouvido e eu pulo de medo.

  - Vai se foder! – fico socando ele enquanto o mesmo ri que nem uma hiena.

  - Você tá morrendo de medo.

  - Tô nada.

  Deito na cama e me enrolo no cobertor. Ele se deita ao meu lado e fica rindo.

  - Você tá parecendo uma lagarta no casulo enrolada desse jeito no cobertor.

  - Ah, dá um tempo!

  - Uma lagarta fofinha e com tpm.

  - Vai se foder.

  Ele gargalha alto. E então fica um silêncio chato. Eu não deveria estar aqui. Tá ficando tenso o clima. Fico de costas pra ele e fecho os olhos, mas não consigo dormir. A cena daquele carinha do filme aparece na minha cabeça. Também não vou pedir para ele acender a luz porque seria uma idiotice.  

  Silêncio. Minutos parecendo horas. Ele começa a roncar. Não consigo dormir. Fico parada, contando a minha respiração, sim, não tem nada melhor para fazer. Quando finalmente consigo dormir, já está amanhecendo.

  Qualquer barulho me acorda, e o Danilo não consegue dormir parado. Já são onze e meia da manhã e ele não em deixa mais dormir. Ele está quase me jogando para fora da cama. Espaçoso, não?

  Saio da cama e vou para a cozinha, me desviando de qualquer coisa nojenta que tem pelo caminho. Bebo um pouco de água e procuro o meu celular, que está tocando em algum lugar na sala.

  - Desliga essa porra, Fernandinha! – o Danilo resmunga/berra, não sei como conseguiu, mas resmungou e berrou ao mesmo tempo.

  - Assim que eu achar a porcaria do celular, eu acabo com o barulho! Que tal vir aqui ajudar?

  Ele não respondeu mais nada. Também não desceu para me ajudar. O celular parou de tocar. E voltou a tocar. Parou. Voltou. Puta que pariu, quem é que quer falar tanto comigo?

  Por fim, encontro o meu celular embaixo do sofá, com um pedaço de pizza em cima. Tiro a pizza, limpo a tela e vejo quem foi o infeliz que me ligou.

  Ah, oi mãe. Querida mãe, que decide a pior hora para me ligar.

  Retorno essa ligação ou não retorno? Não preciso nem pensar muito sobre isso. Ela já está me ligando novamente.

  - Quem morreu? – atendo de sacanagem, mas ela está um pouco séria.

  - O seu primo.

  - Que primo?

  - O seu primo de terceiro grau que morava aí na Inglaterra, o João Marcelo.

  - Ah... – Nem conheço esse cara, não estou nem feliz, nem triste. Quem diabos é ele?

  - Você se lembra dele, né? Foi ele que te levou para o zoológico pela primeira vez. E você acabou se perdendo... Foi engraçado quando encontramos você chorando perto da jaula do leão que olhava para você como se você fosse um et. – pronto, a seriedade que tinha nela já foi embora. – Lembra?

   - Quantos anos eu tinha mesmo?

  - Três, eu acho.

  Ah, claro, vou me lembrar disso certamente.

  - Bem, mãe, eu preciso desligar, tô ocupada.

  - Filha, o filho do João vai passar uns dias aí com você.

  - Quem?

  - O filho do João, o Phelipe.

  - Ah, sei... Quantos anos ele tem?

  - Sete anos. A mãe dele está em depressão e pediu para você ficar com ele.

  - Ah, ok. – murmuro - Sem problemas.

  - Tchau filha.

  - Tchau.

  Nem para perguntar se eu estou bem. Que mãe fantástica, né?

  Agora, além de conviver com um vizinho festeiro e implicante, vou ter uma criancinha comigo vinte e quatro horas por dia. Ô vidinha boa.

  Começo a arrumar o apartamento dele. Já estou acabando de juntar todas as garrafas quando ele acorda e aparece ao meu lado.

  - Tá fazendo o que?

  - Plantando árvores, não deu pra ver?

  Eu, sarcástica? Que isso...

  - Não precisa fazer isso agora, Fernandinha.

  - Quanto mais cedo, melhor.

  Ele bufa que nem uma criancinha emburrada de cinco anos. Mas me ajuda a limpar as coisas. Eu cuido das garrafas e da comida largada no chão e ele dos vômitos e camisinhas.

  Duas horas depois, eu já estou acabando de juntar os restos de comida e ele se joga na cadeira ao meu lado.

  - Tô cansado, Fernandinha.

  - E daí?

  - Deixa essa bagunça aí e vamos tomar um café, sei lá...

  - Não. Isso tá parecendo um chiqueiro. Primeiro termina de arrumar, depois toma o café.

  Ele bufa.

  - Se não gosta de arrumar, não faça festa.

  Ele revira os olhos e continua de manha pra cima de mim. Acabo de juntar a comida e jogo tudo fora – porque não tem nada comestível a esse ponto. Limpo as garrafas e as coloco em uma caixa de papelão.

  - Me ajuda a levar as garrafas lá para a lixeira do prédio.

  Ele ajuda sem reclamar, mas eu sei que ele não curte muito essa coisa de limpeza. Preguiçoso pra caralho...

  Quando voltamos para o apartamento, volto para a cozinha e ele, contra a vontade, volta a arrumar a sala. Depois de tudo limpo, vejo as horas. Quase meia noite. Meu estômago clama por comida. E ele está desmaiado no sofá limpo da sala.

  Eu passei dois ou três dias na casa do Danilo? Velho, eu estou saindo dos eixos, e isso não é nada bom.

  Vou para o meu apartamento, tomo um banho relaxante e como um miojo. Vou para a cama e durmo. Ficar com o Danilo me deixa fora dos eixos. E eu preciso estar normal para a chegada do Phelipe. E a minha mãe se esqueceu de me avisar quando ele chega. Vou ligar amanhã para ela.

  Só acordo quando já passa de meio dia, e nenhum sinal do Danilo. Ainda bem. Esse menino está começando a mexer comigo. E eu não curto muito essas coisas.

  O meu tapete e as roupas do Danilo já estão limpas. A lavanderia entregou rápido até. Estico o tapete no chão e sinto o cheirinho de lavanda do tapete. Deixo a roupa do Danilo no apartamento dele.

  Vou para a minha biblioteca e arrumo o resto da estante. Tenho um total de quinhentos e trinta e dois livros.  Quando morava lá no Brasil, não tinha amigos, nem saía muito de casa, então comprava os livros e lia uns dois por dia, às vezes até três.

  Já são oito horas. Já acabei de ler outro livro. Desta vez, Paulo Coelho, Brida. Vou para a cozinha e como uma maçã. Alguém toca a campainha.

  Danilo.

  - Ei, Fernandinha, por que você não ficou lá comigo? – ele pergunta parecendo um garotinho de cinco anos.

  - Tenho mais o que fazer do que ficar esperando você acordar.

  Ele me mostra a língua, e então dá uma risada. Entra no meu apartamento com tanta naturalidade que eu até me espanto. Ok, nem me espanto. Ele é folgado, e isso eu já sabia.

  - Tem planos pra hoje? – ele tá me chamando para sair ou é impressão minha? Ele está corado ou eu estou imaginando coisas?

  - Talvez. Por quê?

  - Por que ainda falta arrumar muita coisa do meu apartamento e eu preciso da sua ajuda.

  - Você tem perfeita capacidade de arrumar sozinho.

  - Mas não quero.

  - Você mesmo disse que não precisava arrumar tudo na hora.

  - E daí? Ajuda aí, vai.

  - Ué, a festa quem quis foi você.

  - Ah, por favor, Fernandinha. – ele faz uma carinha de cachorro sem dono.

  - Argh, ok. Eu te ajudo, mas você estará me devendo uma. Espera só eu trocar de roupa.

  - Ah, toma o dinheiro – ele me entrega uma nota de cinquenta. – Pelo tapete.

  - Valeu. Fica aí.

  Ele espera na sala. Vou para o meu quarto e visto um short de pano meio curto e uma blusa qualquer de alça. Prendo meu cabelo em uma trança e desço para a sala.

  A campainha toca. Quem diabos é?

  Olho pelo olho mágico. Não vejo ninguém. Abro a porta. Dou de cara com um garotinho baixo, de olhos cor de mel, cabelo castanho claro, pele clara, sorrisinho angelical e uma covinha na bochecha esquerda. E com duas malas pequenas com ele.

  - Oi tia. Você é a Fernanda, né? Eu sou o Phelipe.

  - Ei, Fernandinha, quem é? – o Danilo pergunta, aparecendo ao meu lado.

  - Ele é o seu namorado?

  - Não! – viro para o Danilo. – Esse é o Phelipe, filho de um primo meu. Ele veio passar uns dias aqui.

  - Meu pai tá no céu, e minha mãe precisa de um tempo sozinha. – ele dá de ombros, como se isso fosse normal. – Então me mandaram para cá.

  - Ah, poxa, eu sinto muito, Lipe. – o Danilo diz, e o Phelipe dá de ombros.

  - Vem, Phelipe, vou te mostrar onde você vai dormir. – guio-o até o meu quarto. Pois é, não tem outro canto para ele dormir.

  - Ele vai dormir com você? – o Danilo sussurra em meu ouvido enquanto o Phelipe se joga na minha cama.

  - Eu vou ter que dormir no sofá, né. Fazer o que.

  - Eu tenho uma ideia melhor.

  - Tá. E qual seria?

  - Confia em mim?

  Não.

  Ok, eu confio.

  Mas nem tanto.

  - É...

  - Então não tem nada pra se preocupar.

  - Ei, tia, você e o tio vão sair?

  - Lipe, me chame de Danilo, sou muito novo para ser tio. – lá vem ele fazendo graça. O Phelipe sorri. – Ah, e pode chamá-la de qualquer coisa, mas tia não. Ela é mais nova que eu até. Aí fica estranho.

  Mais risos do Phelipe.

  - Phelipe, vai tomando seu banho que eu vou preparar o seu jantar.

  - Ok.

  Mostro para ele como o chuveiro funciona e separo a roupa dele. Um pijama de calça comprida listrada, azul e branco, e uma camiseta branca.

  Vou para a cozinha e o Danilo me segue. Faço uma omelete de queijo e presunto para ele e o Danilo pede pra eu fazer miojo.

  - Não sou sua empregada.

  - Ah, por favor! Seu miojo é muito melhor que o meu.

  Faço o miojo. O celular do Danilo toca. Ele assume uma postura totalmente diferente.

  - Oi mãe. – pausa enorme, provavelmente a mãe falando coisas que mães falam quando estão preocupadas. – Sim, eu tô bem. – ele se senta na cadeira. - Não, a Bianca tá dormindo. – começa a tamborilar os dedos na mesa. - É, ela tá cansada. – quase dez minutos de um monólogo da mãe. O miojo dele já está pronto e ele já comeu metade. - Não, eu não fiz nenhuma festa. – controlo o riso da cara impaciente dele. - É, a sua ideia tá funcionando. – o Phelipe chega à cozinha cantarolando alguma música. Dou a ele o jantar. – Não, mãe. É que eu tô na casa de uma amiga, e ela tá com o priminho aqui. – ele revira os olhos. – Não, mãe, eu não estou transando com ela.

  - O que é transar? – o Phelipe pergunta todo ingênuo.

   - Coisa de gente grande, um dia você vai entender. – explico para ele, que dá de ombros e volta a comer. O Phelipe parece faminto.

  - É, foi mal, mãe. Meu celular descarregou a bateria e eu não encontrei o carregador... Eu já disse que foi mal, pô. Não estava tentando te ignorar. – mais uma pausa dramática. – É, a escola começa daqui a alguns dias, já estou me preparando. É, tô bem ansioso. – ele, ansioso para as aulas? Até eu que não o conheço muito bem sei que é mentira. – Tá bom, mãe, eu te ligo amanha, pode ser? – ele acaba o miojo e respira fundo. – É, ok. Tá bom. Falou. Já entendi. Eu sei! Tá, tá, tá. Tchau mãe.

  Ele desliga o celular.

  - Problemas familiares? – juro que não tenho a intenção de provoca-lo.

  - Meus pais são imbecis. Querem que eu vire a marionete deles.

  - Você não perdeu o seu carregador, né? – o Phelipe fala como se tivesse descoberto um continente.

  - Não. Só falei isso pra acalmá-la.

  - Você mentiu pra sua mãe.

  - Ele é um exemplo vivo do que você não deve fazer Phelipe. Entendeu bem?

  O Danilo controla o riso. O Phelipe faz que sim com a cabeça.

  - Ótimo, agora vai pro quarto dormir que já está tarde.

  - Tá nada.

  - Tá sim.

  - Danilo, diz pra ela que tá cedo pra eu dormir.

  - Fernandinha, não são nem dez horas ainda. Deixa o menino ser feliz.

  - Dez horas eu quero você de dente escovado, deitado na sua cama.

  O Phelipe sorri e corre para a sala ver televisão.

  - Desculpa, Danilo, eu não vou poder ajuda-lo com a bagunça.

  Ele dá de ombros.

  - Nem ligo pra bagunça. Só quero ficar perto de você.

  Oi? Ele realmente falou isso?

  Bochechas: sem corar! Estômago: controle as borboletas! Lábios: nem pensem em sorrir bobamente!

  - É?

  - É. E você também faz comida pra mim, e isso é muito bom.

  Dou-lhe um soco no braço e ele ri.

  - Me ajuda a buscar uma coisa no meu apartamento?

  - Ok. Phelipe, eu já volto!

  - Tá, tá.

  Vamos para o apartamento dele. Mesmo depois de termos limpado quase tudo, ainda tá bem sujo. Precisa é de uma boa faxina. Vamos até o quarto dele. E o idiota pega o colchão da cama dele.

  - Me ajuda aqui, Fernandinha.

  Ajudo-o, mas não entendo nada.

  - Com o colchão no seu apartamento, você vai ter um lugar confortável para dormir e o Phelipe também.

  - E você?

  - Não se preocupe. Eu também terei.

  Levamos com um pouco de dificuldade o colchão enorme dele até o meu apartamento, e o colocamos na sala, entre o sofá e a televisão.

  - Dá licença?

  - Ah, sim, foi mal aí, Lipe. – o Danilo se desculpa e me segue enquanto eu vou para ao meu quarto.

   - Vai fazer o que?

  - Dar uma geral no meu closet, assim ele vai ter espaço também.

  - Ah. Quer ajuda?

  - Melhor não. Mas se quiser, pode ficar aí.

  O lado direito do closet eu coloquei todas as roupas dele, e do lado esquerdo, todas as minhas. Claro que ele ainda tem muito espaço de closet, enquanto eu não tenho nem um cabide sobrando. Como a noite está fria, separo uma blusa de manga comprida e uma calça comprida, ambos com o mesmo tecido quentinho, a calça é vermelha e azul e a blusa, azul. Solto meu cabelo e faço tudo o que preciso fazer no banheiro.

  - Ei, Fernandinha, já volto.

  Enquanto o Danilo volta para o apartamento dele fazer sei lá o que, mando o Phelipe sair da frente da televisão. São cinco para as dez.

  Ele, relutante, escova os dentes, coloca o pijama e se deita na cama. Ligo o aquecedor, porque ele já está tremendo de frio, e o cubro com o cobertor.

  - Boa noite, Phelipe.

  - Boa noite, Fê. – ele resmunga, fazendo biquinho. – Amanhã eu vou dormir mais tarde!

  Rio.

  - Veremos.

  Ele me mostra a língua e depois sorri. Fecho a porta do quarto e desço até a sala. Pego um cobertor no closet. O Danilo está com uma bermuda preta de tecido leve e uma regata verde. E está colocando dois travesseiros no colchão.

  - Você acha que vai dormir aqui?

  - Eu não acho. Eu vou.

  - Não vai não. Pode ir saindo.

  - Ah, por favor, Fernandinha. Já dormimos no mesmo colchão antes e eu não te estuprei. Você disse que confiava em mim.

  - O que o Phelipe vai pensar?

  - Que estamos dormindo juntos. Feito bons amigos.

  Reviro os olhos e me dou por vencida. Deitamos de frente para a televisão e colocamos um filme qualquer para passar. Desta vez, não é de terror.

  Filme vai, filme vem, e eu sinto meus olhos querendo se fechar. Aninho-me no cobertor e fecho os olhos.

  - Bons sonhos, Fernandinha.

  - Pra você também. – murmuro.


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