O miado de um gato distante anunciava a presença de alguém. Alguém atrevido e corajoso.

A mulher de capuz, passava rapidamente pelos becos sujos da cidade, que agora permanecia calada. Seu rosto sujo de sangue, suas unhas negras quebradas,  a varinha escondida, joelhos machucados. Totalmente escondida de baixo das roupas negras como a noite. Fugia.

Sabia que era de uma raça superior. De uma raça mais forte. Era uma bruxa. Mas era dominada por aqueles que não ha aceitavam. 

Há 2 anos , quando o atual presidente tomou posse, sua vida deu uma virada radical. O que antes era apenas motivo de bullying e discrimanação, virou motivo de morte. Leis e regras foram impostas e o mundo caiu na escuridão dos que mandavam. Sem vida. Era assim que os bruxos viam o mundo. 

Uma raça aprisionada, que saía apenas nas noites escuras para garantir a vida a que tinha direito. Para conseguir algo para se alimentar. 

Mas tinham os rebeldes. Claro. E aquela garota de apenas 16 anos era uma dessas.

Seu nome era Lily Evans. Uma das maiores ameaças aos que impunham silêncio. Sendo uma das mais fortes que o mundo bruxo já viu, Lily não podia deixar sua raça ser dominada.

Corria pelos becos escuros da cidade, escondia-se em lixeiras e bueiros. Fugia dos oficiais que corriam atrás dela.Não era idiota. Não iria em direção ao seu esconderijo, pois assim poderia anunciar sua localização.

Saiu de trás de uma lixeira e correu como se não fosse haver amanhã. Olhou para trás e viu que tinha despistado os oficiais, sendo assim seguiu para o lugar que servia de esconderijo para ela e mais pessoas como ela.

Chegou ao metro abandonado, adentrou a estação e seguiu pelo trilhos até chegar a uma parte mais afastada. Dali entrou em uma passagem secreta e deu direto em uma casa no subsolo de uma empresa fechada e abandonada. Era ali que vivia. Era ali o único lugar que podia se esconder sem medo.

Abriu a porta , tirou o casaco negro, soltou o cabelo e deixou-o cair por suas costas, livremente. 

-- Lar, doce, lar. -- falou.

Tirou a varinha das botas e colocou-a sobre a bancada na cozinha. Foi em direção a sala e encontrou seus amigos. Pessoas que compartilhavam dos mesmo problemas que ela.

-- Conseguiu, Lily? -- Perguntou um garoto de aparentemente 10 anos. Seu nome era Hunter. Era como um filho para ela.

-- Não, Hunt. Mas prometo que na próxima eu pego. Estavam muito agitados hoje.

--OK. -- o garotinho abriu um sorriso de compreensão.

Lily puxou-o para seu colo e abraçou-o.

-- Desculpe-me. 

-- Tudo bem, Lils. Eu te entendo. Não é sempre que dá para pegar um bom coelho.

A ruiva deixou uma lágrima escapar. Não aguentava mais essa situação. Todos os dias saía para "caçar" algo para comer. E nem sempre voltava com algo. Hoje, Hunter havia pedido um coelho. Lily nunca caçou algo vivo, ou comeu um coelho. Mas quis fazer um favor ao garotinho de apetite exótico. E não conseguiu realizar a meta do dia. Se achava fraca por fracassar mais uma vez.

-- Hey, Hunter. Que tal jogarmos Xadrez? -- perguntou um moreno alto. Possuía cabelos revoltos, óculos escuros, e uma face marota. Aquele era o porto-seguro de Lily. James Potter.

James desceu as escadas e sentou-se no sofá, com o braço ao redor do ombro de Lily. Hunter mudou de posição e deitou no colo dos dois. 

--Sabe,eu não seria nada sem vocês. --disse o moreno mais velho.

-- Somos dois -- concordou Lily.

--Sabe, acho que já está na hora de eu estar na cama. --brincou Hunter, vendo os olhares que os dois mais velhos trocavam.

-- Concordo -- disse Lily. -- Você tem que descansar. Amanhã trago seu coelho. É uma promessa. -- Envolveu o pulso do outro com sua mão. O garotinho fez o mesmo. -- É um voto.

O menino assentiu., soltou a mão da garota e deu um beijo na bochecha de cada um dos dois. Subiu as escadas e acenou lá de cima.

James olhou fundo nos olhos da ruiva e a beijou. O beijo foi evoluindo, e quando viram , já estavam no quarto.