O Carneiro E O Escorpião escrita por DanizGemini


Capítulo 1
A Discussão




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I – A Discussão.

Mais um dia iniciava-se no santuário. Aquele lugar não era mais o mesmo após a batalha das doze casas. Pairava tristeza, após a morte de tantos guerreiros na batalha das Doza Casas. Mas a vida precisava continuar e o tempo não esperava ninguém curar suas feridas.

Mu seguia sua rotina. Após dar instruções a seu pupilo que permaneceu na primeira casa, dirigiu-se para a arena de treinamento. Sabia que seu grande amigo Aldebaram estava em uma viagem e não seria seu parceiro de treino como o habitual, naquele dia.

Não estava sendo fácil adaptar-se novamente à vida no santuário, após tanto tempo afastado, mas Aldebaram era realmente um ótimo amigo. Já sentia sua falta. Agora, embora na companhia dos outros cavaleiros, sentia-se sozinho e além de ter que administrar seus próprios treinos com o treinamento que dava a Kiki, também teria que cumprir a inusitada missão que Atena lhe incumbira.

Chegou à arena de treinamento buscando por Milo ou Aiolia, porém quem viu foi aquele que mais queria evitar. Shaka esperava os colegas de treinamento em sua costumeira posição de meditação

O ariano suspirou pesadamente... Além de tudo, agora também tinha que suportar aquilo. Desde que findara a Batalha das Dozes Casas, evitava Shaka a todo custo. Cogitou voltar para a sua casa.

- Bom dia Mu. – A voz melodiosa atingiu-lhe. Rapidamente decidiu o que fazer. Iria permanecer. Era óbvio que não conseguiria evitar o Cavaleiro de Virgem para sempre.

- Bom dia, cavaleiro de Virgem. - O tom de sua voz saiu frio como desejava. Não que frieza fosse seu forte, mas possuía muito autocontrole. Sentou-se no degrau mais baixo da arquibancada e começou a trançar os longos cabelos, esforçando-se para ignorar por completo o cavaleiro que o observava.

- O que está havendo Mu? – O cavaleiro de Virgem foi até ele e parou na sua frente.

- Nada, estou aguardando meus companheiros de treino. – Disse, naquele tom imparcial, que se esforçava em assumir, acabando de prender a trança.

- Ora, você sabe. Eu te conheço, Mu afinal o que está acontecendo? – O ponderado virginiano deixava transparecer um leve tom de irritação em sua voz o que não passou despercebido por Mu.

Como podia afirmar que o conhecia, que audácia era aquela? Mas não iria perder a paciência. Não, não iria deixar o loiro afetá-lo. Aquele era um trato que havia feito consigo mesmo, após tantas noites em claro em dolorosa reflexão.

- Não creio que me conheça como afirma. No mais, não tenho assuntos a tratar com você. – Calmo e imparcial. É... Estava ficando bom nisso, uma vez que Shaka não era uma pessoa fácil de ignorar, ainda mais para ele.

- Ah eu o conheço sim e você vai me explicar agora por que me evita ou ignora desde o final da batalha. - O guardião da 6ª. Casa ficava mais agressivo. Afinal, o homem mais próximo de Deus odiava ser ignorado.

Era verdade. Não podia negar que Shaka havia tentado fazer contato. Mas o contato com Shaka, algo que outrora ansiava tanto, não o interessava mais. Tentava manter-se firme nesta convicção.

- Não seja tolo, Shaka, não lhe devo nenhuma explicação. – Sua voz saiu mais irritada do que pretendia. Levantou-se se afastando de Shaka, tendo seu pulso segurado por ele. Quando se virou foi surpreendido. Shaka fitava-o com os olhos abertos.

A visão dos olhos de Shaka o desnorteou. Foram raríssimas as vezes que viu os olhos de Shaka abertos e já fazia mais de 13 anos, desde que deixou o santuário após a morte de seu mestre. Não que os houvesse esquecido. Mantinha viva a lembrança dos lindos olhos azuis todos os anos que viveu no exílio.

Shaka também queira olhar nos olhos do ariano. E os olhos verdes não o enganavam, percebeu que o ariano havia baixado a guarda.

- Não seja orgulhoso Mu. Diga o que está havendo. – Havia sinceridade em sua voz. Mas o que recebeu de volta foi um olhar felino e um tom agressivo e irônico.

- Orgulhoso? Não posso acreditar no que estou ouvindo. Como pode, Shaka de Virgem, o homem mais próximo de Deus chamar a mim de orgulhoso?

A paciência de Shaka estava se esgotando. Não gostava de joguinhos de palavras. Queria reatar a amizade com Mu, abalada desde o dia que este saiu do Santuário e foi considerado por todos, inclusive por ele, um traidor. Mas agora sabia da verdade e gostaria de reparar seus erros.

Embora humildade não fosse seu forte e odiasse ter que admitir seus erros, a amizade e o respeito que nutria pelo ariano o fazia engolir seu orgulho, ou pelo menos parte dele.

- Por favor, não seja criança Mu. Converse comigo como um homem adulto e me conte o que você está pensando. – O tom de Shaka não era bem o de um pedido. Estava mais para uma ordem. E quem iria recusar-se a cumprir uma ordem do homem mais próximo de Deus?

Mu certamente. E a agressividade com que o olhava e lhe respondeu o surpreendeu, embora já devesse esperar por aquilo. Mu era um homem pacífico, mas muito agressivo quando provocado e Shaka tinha um jeito nato para tirá-lo do eixo. O ariano o fuzilava com o olhar.

- Não ser criança? Ser adulto? Você tem idéia de tudo que eu já passei desde tive que deixar este santuário e ser considerado por todos, inclusive por você, um traidor? – Todo o seu estimado autocontrole havia se extinguido completamente. Ele não dava a mínima chance para o virginiano argumentar. – Criança para mim é alguém que não admite seus erros. Que se considera um Deus, mas não conseguiu ver o mal que pairava neste lugar, logo embaixo de seu nariz. E sobre orgulho... Ah não me fale sobre orgulho Shaka, porque no quesito ser orgulhoso eu não chego nem aos seus pés. – De modo abrupto se desvencilhou de Shaka e desviou o olhar.

Shaka até poderia ser tudo aquilo que Mu dissera, mas não era tolo. Pôde claramente perceber que além de raiva havia muita mágoa no tom agressivo de Mu e não desejava que o ariano continuasse chateado com ele.

- Escute Mu... – O virginiano tentava fazer com que Mu o olhasse, agora falava num tom mais sereno. Novamente tocou no pulso do ariano, mas foi prontamente repelido.

- Não toque em mim. – O modo frio e pausado que Mu falou fizera Shaka recuar. Mas novamente seus olhos o traíam. Shaka podia perceber a dor no conhecido olhar.

Ignorado até o presente momento, Milo aproximava-se, observando discretamente a discussão dos dois seres teoricamente mais pacíficos do santuário.

Mu percebeu a presença de Milo. Deu graças aos Deuses pelo escorpiano ter aparecido para treinar aquele dia.

- Milo, vamos treinar? – Um pedido feito com urgência.

Milo compreendeu que poderia estar retirando o colega de uma situação constrangedora e aceitou prontamente.

- Tudo bem Mu, o que gostaria de treinar? – Milo respondeu num tom comedido.

- Que tal uma luta? – Respondeu o ariano incisivo.

- Luta? – Agora estava surpreso, sabia que a natureza do ariano era avessa a combates até mesmo em treinos, quando era possível treinar de outra forma.

- Sim, faz tempo que eu não treino assim e nós precisamos sempre estar em forma não é mesmo? – Precisava extravasar todo aquele mar de emoções que Shaka lhe despertava. Shaka consumia sua paciência, minava seu autocontrole e lhe despertava seus piores sentimentos.

- Se é o que deseja, vamos lá. – Milo não gostava de lembrar-se de sua última luta, que havia sido contra Hyoga há três semanas. Mas deixou de lado a tristeza que aquele dia lhe remetia e passou a estudar o cosmo oscilante e raivoso de seu colega-oponente.

Fazia aproximadamente uma hora que os dois cavaleiros lutavam. Satisfeito, Milo descobrira que o ariano, motivado como estava, era um excelente companheiro de treino. Talvez superestimasse o lado pacifico de Mu, ou simplesmente não havia tido oportunidade de ver aquele lado do guardião da primeira casa. Milo possuía uma natureza guerreira e o combate o fazia sentir uma leveza que há muito não experimentava. Era uma ocasião onde podia esquecer seus problemas e suas dores e concentrar-se totalmente no momento.

Aos poucos a intensidade do embate ia aumentando. Mu nunca treinara daquela maneira com o escorpiano, mas sabia em que terreno estava pisando. O cosmo de Milo estava concentrado e era naturalmente bélico. Sabia que qualquer erro poderia ser perigoso mesmo em um treino, mas não era isso mesmo que ele havia proposto? Sim, sua vida precisava de um pouco de aventura e nada como uma boa luta para fazer-lhe esquecer de certos sentimentos... Digamos indesejáveis.

Em certo momento da luta. Milo parou, aproveitando o momento de descanso para estudar o colega. Mu também observava o adversário e sentia o perigoso olhar azul sobre ele... Eram belos olhos azuis... Tão parecidos com os de Shaka, mas ao mesmo tempo tão diferentes...

A lembrança do virginiano tirou momentaneamente a concentração de Mu. O escorpião sentiu a brecha na defesa do ariano e preparou o bote, já preparando a defesa para o contra ataque que viria em seguida.

Mas o contra ataque não veio.

Surpreendendo a Milo, Mu não conseguiu defender o ataque a tempo e foi totalmente pego pelo golpe. Devido à intensidade do golpe Mu foi jogado contra uma das pilastras da arena de treinamento e caiu inconsciente no chão.

- Pela Deusa, o que eu fiz? – Milo correu em socorro do companheiro.


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Notas finais do capítulo

Que loucura é essa de Milo e Mu?
Calma, calma, eu sou super MuShakista e Milo, ah Milo foi feito para o Camus... Então que doideira é essa? É que eu sempre quis ver uma fic que retratasse uma amizade entre estes dois cavaleiros que eu amo de paixão... certamente o carneirinho e o escorpiano temperamental são meus favoritos.

Espero que não tenha ficado OOC.

Por favor, façam uma aspirante à escritora feliz, comentem!

Beijos e até breve!