Detalhes, Detalhes. Rotina. escrita por Kalhens


Capítulo 1
Na sequência


Notas iniciais do capítulo

Acabei de descobrir que é realmente complexo escrever sobre Junjou Romantica... Ainda mais se o tentar fazer enquanto assiste Pulp Fiction (tudo a ver).
Enfim, boa leitura.



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Páscoa


–Misaki, eu quero um ovo de páscoa.

Sim, simples assim.

O Misaki em questão mal se dignou a tirar os olhos da frigideira ao ouvir aquilo. Certamente, evitar que os ovos queimassem era prioridade frente mais um capricho desnecessário daquele Usagi abusado.

– Japoneses não comemoram páscoa, Usagi-san. Você não achará ovos por ai...

Se bem que, conhecendo-o era capaz dele ir para outro país só comprar ovos. Sim, ele era do tipo que poderia fazer uma coisa estúpida e cara dessas só para satisfazer seus caprichos...Era uma criança. Uma criança obscenamente rica e mimada.

Ovos, Misaki, concentre-se nos ovos, senão a omelete não ficará gostosa!

– Sim, por isso que quero que você faça um pra mim.- ele virava uma página de jornal enquanto falava, tranquilamente.

Chegava a dar raiva.

– O quê? Sem chance. Tenho aulas hoje e ainda por cima nem estamos perto da páscoa!

– Não quero ‘’páscoa’’. Só quero um ovo feito pelo Misaki.

Bufou, arrumando os pratos do café da manhã.

– Se quer ovos, coma esses!- uma batida enfática do prato na mesa, só para pontuar a frase mesmo.

Sabe aquelas auras malignas? Aquelas, obscuras, que parecem sair do nada, envolvendo uma pessoa quase que completamente?

Pois é.

Crianças fazem bico.

Usagi-san faz aquilo ali de cima.

– Não adianta fazer essa cara para a omelete- bronqueou sentando-se na mesa, ao lado de Suzuki-san- e pare de ficar cutucando a comida com o garfo! É falta de respeito brincar com a comida!

– Então, me dê pelo menos uma surpresa.

– Quê?- um olho no relógio, outro no garfo que enchia com vigor. Ia acabar chegando atrasado na faculdade!

– Ovos de páscoa costumam vir com alguma coisa dentro, como bombons ou brinquedos. Se não vai me dar o ovo, me dê pelo menos a surpresa que deveria vir junto.

Que lógica é essa?

– Certo, certo, quando eu voltar te trago alguns bombons....

– Não quero bombons. Quero você.

Arroz. Arroz voando por toda a mesa quando Misaki sofreu de um acesso de tosse deprimente.

Não importava quantas malditas vezes coisas assim acontecessem, não dá pra pedir que um jovem normal e saudável simplesmente se acostume com essas perversões logo pela manhã!

– Desculpe, meu caro senhor Usami, mas não acho que eu caiba dentro de um ovo de páscoa, então...

– Tudo bem. Você já deixou bem claro que eu não vou ganhar o ovo mesmo.

Sabe qual a droga de discutir com alguém obviamente mais inteligente com você? A pessoa sempre vai ter uma resposta para a qual você não tem nada decente a dizer!

E isso é realmente irritante!

– Não! Não tenho tempo para esses seus pensamentos estranhos hoje! Já estou atrasado!

Estava até mesmo se levantando da mesa, mas um certo alguém achou que seria divertido agarrar seu pulso.

– Eu te levo de carro depois.

Sabia bem como aquilo ia terminar. Acabaria sendo tragado para o colo daquele pervertido antes mesmo de se dar conta e, sim, ia chegar atrasado de todo modo! Nada disso. Estava num processo para se tornar mais maduro, ainda mais agora que finalmente decidira o que fazer da vida.

Reivindicou a posse do braço de volta.

– Já disse que não, Usagi-san. Eu realmente tenho que ir. E você também, não pense que eu não vi que você cortou os cabos do telefone de novo! Quantas vezes acha que a Aikawa-san já me ligou!? Tome um pouco de responsabilidade antes de vir com esses pedidos estranhos!

Era assim que um homem decidido deveria agir!

É!

....É.

....................Né?

Então porque ele ainda não tinha consegui sair de casa com passos firmes sem nem ao menos olhar para trás, ao invés de se deixar ficar ali, esperando uma reação qualquer do outro?

Olhou enquanto Usagi-san se levantava.

–...Não vai terminar de comer?

– Não. Tem razão. Tenho trabalho a terminar ainda. Melhor correr, ou vai se atrasar.

Ao menos ali, teve a decência de não esperar para ver os passos subindo a escada daquele apartamento desnecessariamente grande.

...

Droga.


Chocolate


Chegou em casa, apenas para dar de cara com a sala vazia.

Do quarto de cima, ouvia um barulho incessante de digitação.

O máximo que viera lhe receber fora o cheiro forte de cigarro.


Ok. No momento em que entrou, desconfiava.

Quando colocou as compras (ah, seu salário... Seu salário estava quase todo ali...) em cima do balcão da cozinha, estava quase certo.

Mas no momento em que viu a si mesmo pronto, de avental e cabelos presos com presilhas, longe do rosto, não restou dúvidas de que era um idiota!

Descontou um pouco da raiva direto nos ingredientes, os misturando a ponto de quase jogar tudo pra fora da tigela.

Só não o fazia por ser um óbvio desperdício. Mas foi por pouco, viu!

Até uma estúpida forma acabara comprando!

Sentia o rosto quente, mas se deu ao luxo de fingir que aquilo tudo era devido ao árduo trabalho que estava realizando.

Sim! Depois disso, até chegou a por mais energia naquilo, como que acreditando na mentira que acabar de se contar.


Lá em cima, um certo Usami-sensei preferiu ignorar aqueles sons estranhos vindo da cozinha...

Não queria...

Acendeu outro cigarro, recostando-se na cadeira, tragando.

Era difícil, mas necessário. Evitava alimentar esperanças.

Voltou a digitar.


Pornografia


Pensou se não deveria ter batido na porta. Mas quando viu aquele cadáver estirado no chão, com direito a Suzuki-san por cima e livros tombados por todos os lados, percebeu que realmente não adiantaria de nada.

–....Depois de todo o trabalho que me deu...Simplesmente morre por ai....

Largou o embrulho num canto do quarto. A experiência lhe dizia que não ia adiantar de nada tentar acordar aquele desgraçado. No máximo, ia acabar sendo agarrado e ficariam os dois caídos ali no chão.

Não, não.

Como já disse, estava passando por mudanças! Amadurecimento, esclarecimento, sabedoria!

Yeeei!

O plano era carrega-lo até a cama, e deixa-lo lá, quietinho e tudo o mais.

Pff.

Clichê? Previsível? Óbvio?

Tudo isso e mais um pouco.

O fato? Resume-se em seu corpo engolfado em meio aqueles braços, mãos e dedos que lhe percorriam e agarravam e que, antes que pudesse fazer algo mais efetivo do que gritar, o haviam aprisionado entre as pernas do pretenso cadáver.

– VOCÊ ESTAVA FINGINDO!

– Não, eu estava realmente cansado. Por isso, preciso de uma recarga.

Chegou a esperar que aqueles membros excessivos logo fossem para lugares estranhos e constrangedores e todo o resto do roteiro que normalmente acabavam seguindo.

Mas...Apenas sentiu a cabeça de Usagi-san recostando-se em suas costas.

A respiração dele...Realmente parecia cansado.

Podia sentir as batidas lentas daquele coração logo atrás de si. Mais e mais fortes, conforme aqueles braços se apertavam ao seu redor.

– Usagi-san... Você está acordado?

– Quer que te solte? Você...Deve ter trabalho para fazer...

Odiava.

Quando aquele... Aquele besta falava daquele jeito...

Mordeu os lábios, contrariado.

– Feliz Páscoa, Usagi-san.

Alguns segundos, nos quais pode imaginar uma sobrancelha ou outra se arqueando, curiosa.

– Não é páscoa, Misaki. Estamos em outubro.

– N-não importa! Olha!- levantou-se, livrando-se de mãos e pernas e tudo o mais que havia se embolado em cima de si- pra você!

Ali estava. Um ovo de páscoa, com embalagem toda decorada de ursos, e uma cabeça de urso prendendo um laço. Sim, ursos por toda parte.

Nada mais infalível para chantagear um certo coelho, diga-se de passagem.

E, olha, não sabia se era pelo ovo ou pelos ursos, mas funcionara.

Ao ponto, de até conseguir um sorriso de troco.

– Eu... Acho que deve ter ficado bom... Bom, ao menos o chocolate ficou....E. É, isso. Vou te deixar trabalhar.

Não, nada de pegadas no pulso dessa vez. Agora, fora imobilizado apenas pela voz.

– E a minha surpresa?

– Está ai dentro, hunf! Abra e olhe, seu mal-agradecido!

– Isso pode soar repetitivo, mas já não tinha os concordado que você não cabia aqui dentro?

– EU NUNCA DISSE QUE IA ME DAR PRA VOCÊ!

– Não precisa ‘’se dar’’. Se quiser só dar pra mim, já ficarei feliz.

– S-s-seu PERVERTIDO! Apenas coma seu ovo e fique grato!

Deveria. Deveria realmente ter fugido quando teve a chance. Mas não dá, simplesmente não dá. Maduro, alto ou empregado, era só o mesmo Misaki meia-boca de sempre.

Por isso, querendo ou não, acabou mesmo foi prensado na porta, fechada por sinal, com um Usagi-san curvado sobre si o encarando profundamente.

– Então, deixe-me ao menos mostrar minha gratidão.

Primeiro, foram as mãos. Voltando, como que reivindicando posse sobre cada canto de seu corpo, puxando a pele e se esfregando contra si. Uma se decidiu pela nuca, enquanto a outra se aventurava através da barra da blusa, subindo pelo tórax, possessiva.

Depois foram as pernas. Em complô com os quadris, ainda por cima. Pressionando-se contra os seus próprios. Insistentes, lascivos. Rijos.

E durante tudo aquilo, a boca. Lábios, língua, saliva, tudo, misturados, invasivos. Consentidos.

Arfava, mas Usagi-san não cedia, aprofundando mais e mais o ato, ignorando os punhos que de enfiavam entre os corpos, tentando conseguir alguma distância que fosse, nem que para respirar. Inútil.

Sentia-se fraco.

Antes empurrava, agora agarrava. Dedos fechando-se em garras na blusa, querendo, se muito, evitar de cair, vez que as pernas, trêmulas, o traiam.

Sentiu um sorriso no meio daquilo que humildemente alguém chamaria de beijo.

– Desistiu, Misaki?

Mesmo com a face vermelha de vergonha, constrangimento e, sejamos francos, um quê de excitação, ainda conseguiu enfiar uma careta emburrada ali.

Prontamente desfigurada quando aquela mão lá que havia se enfiado debaixo da blusa avançou.

Agora sim, poderia-se dizer que a rotina começava. Aquela, aquela rotina repetitiva a incansável. Deliciosa pelo clichê e irresistível pelos pequenos detalhes.

O corpo marcado reconhecia os caminhos. Dos dedos, dos lábios. Da dor e do prazer.

Gesto após gesto, toque após toque. Sempre os mesmos.

Sempre únicos.

Gemia, inevitável, contido, irritando-se com os sorrisos e zombarias tanto quanto com a própria voz que escapava cada vez mais falha. As costas doíam, e uma parte de si resmungava por aquela mania daquele baka-Usagi de fazer aquelas coisas em qualquer lugar, sem a mínima consideração pelo corpo alheio.

Porque, sabe, ficar nú no chão frio NÃO é confortável.

Claro, no momento em que reclamou, acabou jogado na cama. Na qual, por sinal, ficou mantido como prisioneiro até a Aikawa-san invadir a casa disposta a pegar o manuscrito nem que tivesse que abrir a cabeça do Usagi-san e tirar direto de lá dentro.

Mas nada disso vem ao caso.

– Misaki.

Não se dignou a olhar para aquele jovem senhor abusado que finalmente se dignara a abrir o ovo que tanto lhe causara problemas.

Ocupava-se em fazer o jantar.

– O que foi?

– Obrigado pelo ovo de páscoa. Fiquei feliz com ele.

...Detalhes.

Alguns pequenos detalhes na rotina. Sutis mesmo, quase imperceptíveis e, por vezes, eles mesmos costumeiros, faziam tudo valer à pena.

– Você também sabe fazer panetone?

Mas só às vezes.


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Notas finais do capítulo

Feliz Páscoa, Chriss~
Afinal, pode-se dizer que ao menos tentei cumprir nosso ''objetivo''.
Infelizmente, foi a Thaís quem escreveu. Mas é de coração~
Voltamos à rotina.
Mas, afinal, isso não significa naaaada ♥
À todos que leram, meu muito obrigada.
Infelizmente, não pude mandar pra betagem então, qualquer erro, por favor me avisem~
Me sinto terrivelmente estranha e desconfortável escrevendo algo que não só não é MelloxNear, mas sequer é de Death Note. Por isso, certamente saiu estranho.
Mas enfim, enfim~
Até,
Kalhens.