Listen To Your Heart escrita por Flame


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Desde já agradeço por ler o capítulo. Espero que goste.



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Aquele quarto ano foi algo completamente inusitado para Hermione Granger: Harry fora escolhido para participar do Torneio Tribruxo e quase perdera a vida em um duelo com Lord Voldemort; Rony continuava com aquela mentalidade tapada que a fizera sofrer no Baile de Inverno. O melhor de tudo – ou pelo menos a única coisa que acontecera que a agradou – foi o fato de conhecer alguém que a convidou para a tal celebração bruxa.


O ano passou muito rápido, e logo ela percebeu que havia chegado a hora de os alunos de Durmstrang e de Beauxbatom retornarem para suas escolas. Hermione sabia que sentiria falta alguns deles, especialmente de Viktor Krum, que naquela tarde de muitas despedidas deu-lhe aquele pequeno pedaço de pergaminho, pedindo para que ela lhe escrevesse no verão. Foi nesse momento que Hermione foi capaz de notar que aquele convite para o baile de inverno não fora apenas uma - feliz - coincidência. Um fio de esperança que ela tanto tentava manter firme nessas últimas semanas logo tornou-se mais forte, até consumir-lhe totalmente por dentro, proporcionando uma euforia indescritível. Havia algum significado naquilo tudo, evidentemente, e logo os dias foram se sucedendo sem que a jovem aluna de Gryffindor identificasse em qual estava – nem mesmo um calendário, para falar a verdade, a ajudaria -, e também sem saber como lidar com aquela situação.

Em sua mente, estava o grande dilema daquelas últimas semanas quentes do impiedoso verão inglês: "Enviar uma coruja para Viktor ou não?". O problema, além de conseguir uma resposta para essa dúvida, era que, caso ela decidisse entrar em contato com o búlgaro, o que escreveria? "Oi, Viktor, estou escrevendo para saber como você está. Aliás, o que está achando das suas férias ai na Bulgária? Atenciosamente, Hermione Granger."


– Não, definitivamente, não. - Dentro de seu organizado quarto, ela dissera para ninguém, como se estivesse pensando alto. Bichento, que estava deitado em seu canto, apenas a olhou e logo voltara a fechar os olhos e a dormir profundamente. Ela caminhou até a janela e a abriu, deixando que o ar quente e carregado com o cheiro da grama seca invadisse o lugar. Olhou para o horizonte urbano até voltar a se questionar. - Não seja estúpida, Hermione. Provavelmente ele nem deve se lembrar mais de você. – Convenhamos, chega a ser engraçada (para não dizer “trágica”) essa capacidade que a jovem tem de negar o que já estava evidente em seus pensamentos.

Decidiu, finalmente, não pensar mais nisso. Tinha muitos livros do quinto ano que deveria ler antes de regressar à Hogwarts, sem falar que agora deveria tomar cuidado com qualquer ação que executasse, já que Lord Voldemort, agora com um novo corpo, retornara e começara a ameaçar a segurança do mundo bruxo. Ajudar Harry nesse momento difícil que estaria por vir era algo essencial, e nenhum erro poderia ser cometido.

Sentou-se em sua escrivaninha e começou a folhear o seu exemplar d’O Profeta Diário. Tudo que estava escrito ali era referente ao Lorde das Trevas. – letreiros exaltados e gigantes especulavam movimentos que Voldemort realizava, assim como destacavam Harry em relação à morte de Cedric Diggory. Em várias páginas do jornal era possível ver fotos com diferentes ângulos mostrando um Harry em frangalhos chorando ao lado do amigo que fora morto, enquanto que linhas e mais linhas de teorias ou de informações verídicas eram acomodadas nas páginas amareladas do folhetim. Hermione leu cada uma das reportagens com toda sua atenção, procurando por algo no meio de tudo aquilo que pudesse lhe ser útil. Tudo em vão, entretanto. Folheou o jornal mais algumas vezes até decidir jogá-lo fora.

Deitou-se em sua cama e ficou horas olhando para o teto e se perdendo em seus abundantes pensamentos. Era bem difícil ficar vendo o tempo passar e não ter por perto de si algum conhecido para conversar. Numa situação dessas, ela até preferia que Krum a estivesse olhando estudar (por mais que isso a irritasse e que ele fosse um sujeito quieto e de poucas palavras) - ao menos não estaria ali sozinha. Ora, estava assim porque queria, já que seus pais, muito liberais, permitiam que ela passasse as férias na casa de algum amigo – nesse caso, Rony.

Levantou-se e, decidida, sentou-se novamente na sua escrivaninha. Ligou a luz da pequena luminária que ficava no canto esquerdo da mesa, desenrolou um pedaço de pergaminho e, após molhar a ponta da pena no pequeno tinteiro, começou a formular palavras aceitáveis o bastante para se comunicar com Viktor.


Olá, Viktor, lembra-se de mim?– ela escreveu.

– Como assim "lembra-se de mim?", Hermione? - ela disse sarcástica para si. Após um pesado suspiro, amassou o pedaço de pergaminho violentamente e começou novamente.

Cerca de uma hora depois lá estava ela com o chão próximo à escrivaninha cheio de pergaminhos amassados. O relógio da parede indicava que duas horas da manhã já haviam se completado. Uma leve brisa cruzou sua janela e foi forte o suficiente para que aquele cômodo ficasse mais frio, libertando o lugar daquele ar quente que antes havia. Irritada, Hermione sai de onde estava, desloca-se para a janela e começa a olhar para o lindo céu estrelado.

– Droga! - era tudo que ela conseguia dizer.

Retornou, após alguns bons minutos, e enviou a primeira leva de palavras – sinceras, contudo - que foram escritas por suas mãos.


Olá, Viktor.

Não consegui escrever antes porque não sabia ao certo o que dizer. Bem... estou lhe escrevendo, conforme você pediu. Espero que esteja bem e que esteja aproveitando os dias agora que terminaram os estudos em Durmstrang.

Aguardo sua resposta.

Hermione.


– Hum... não ficou tão ruim. - sorriu levemente e em seguida amarrou o pequeno rolo de pergaminho na pata direita da coruja que adquirira no último verão. Ficou alguns minutos olhando a linda ave de cor amarelo-queimado voar elegantemente pelos céus até não conseguir mais ver seu vulto.

Deitou-se e adormeceu não muito depois. Naquela noite, sonhou aos montes, mas a única vez que podia se lembrar claramente era aquela noite no baile de inverno, no qual abrira a pista de dança com Krum e com os outros Campeões - e a cara de Harry enquanto tentava, desajeitadamente, dançar com Parvati Patil era a mais engraçada possível. Lembrava-se exatamente do olhar de satisfação e de alegria que Krum possuia, por mais fechado e misterioso que aparenta ser. Sentia seu corpo ferver, enquanto que acompanhava o ritmo da música orquestrada pelo professor Flitwick, até que seus olhares cruzaram-se e, inesperadamente, ele foi aproximando o rosto do seu e...

– O quê?! - ela levantou assustada e com o coração palpitando tão descontroladamente que parecia que este estava prestes a sair-lhe pela boca. - Foi só... um sonho... - dissera enquanto olhava para o relógio e constatava que já eram 10 horas da manhã. Suas costas doíam e seu cabelo estava mais crespo e desarrumado que o normal.

Hermione se arrumou e desceu as escadas e teve sua atenção atraída por um noticiário que estava passando na televisão.

– ...pessoas afirmam ter visto algo maior que uma águia sobrevoando os céus de Londres e que haviam pessoas na garupa do animal. Os especialistas dizem que o calor, combinado com a poluição do ar costumam gerar reflexos que facilmente podem confundir as pessoas e...

– Miragens... sei... - ela disse desconfiada.

– Disse alguma coisa, querida? - seu pai, curioso, aparecera e perguntara para a filha.

– Não... não é nada, papai. Só fiquei um pouco pensativa quanto a o que vi na televisão - mentira. Seu pai, sorrindo levemente, disse:

– Não se preocupe, minha filha, pois hoje em dia as emissoras de televisão fazem de tudo para chamar a atenção. A audiência é o que mais importa para eles.

Hermione sentira pena e ao mesmo tempo algo semelhante a alívio com as palavras do pai. Ele, um Trouxa, não poderia dizer nada mais do que aquilo, já que era impossível que ele imaginasse que o que estava sendo mostrado na televisão tinha ligação com os bruxos - e muito provavelmente com Voldemort.

– Tem razão, papai. Estou me impressionando com coisas sem muita importância. - voltou a mentir, mas firme o bastante para que o pai assentisse e saísse da sala após desligar a televisão.

A garota retornara para o seu quarto e percebera que uma linda coruja cinza-grafite estava bicando levemente sua janela, e carregando junto a si um rolo de pergaminho com um tamanho considerável. Por um momento ela pensou que fosse alguma carta de Harry ou de Ron comentando sobre algum assunto de Hogwarts ou das férias, mas, para sua surpresa, não era.

Desenrolou o pedaço de pergaminho e começou a ler:


Hermione,

Fico feliz por ter escrito para mim, porque eu já estava começando a achar que não iria fazê-lo. Não ter que ir novamente para Durmstrang é algo que me deixa um tanto feliz, mas também triste, se é que consegue me entender.

Estou passando uns dias em Londres e amanhã pretendo comprar uma nova varinha lá no Beco Diagonal, já que a minha foi destruída durante a terceira prova do Torneio Tribruxo. Se quiser me encontrar, esteja lá pela manhã.

V.K.


Hermione sentiu um peso no estômago ao mesmo tempo em que suas pernas fraquejaram, quase a ponto de fazê-la desabar no chão. Sentou-se na ponta da cama e voltou a ler o que Krum lhe escrevera. Sim, Hermione, ele está te convidando para encontrá-lo no Beco Diagonal. Recuperada e ciente do que leu, ela, então, sentou-se e tratou de responder imediatamente – para sua própria surpresa.


Viktor,

É claro que eu gostaria de me encontrar com você. Tenho que comprar alguns materiais que ainda faltam para meu próximo ano em Hogwarts, então aproveitarei a ocasião.

Até mais.

Hermione.


Ela releu para ver se estava tudo certo e tratou de amarrar sua resposta na perna da coruja e despachá-la para que chegasse logo a ele.

Hermione não sabia ao certo de onde tinha vindo aquele impulso para responder ao recado de Krum de imediato, mas sabia que era possível, então, reunir coragem o bastante para ir no dia seguinte ao Caldeirão Furado e passar pela parede secreta que levava ao Beco.

Aquilo tudo foi o suficiente para encerrar o dia da jovem bruxa, que começou a contar os minutos para que o próximo chegasse. O relógio se arrastava, como se tivesse sido mergulhado em um caldeirão da mais pura Poção de Preguiça. Ela estava enlouquecendo, e tentava, inutilmente, arranjar alguma coisa para fazer e que lhe proporcionasse distração o bastante para que o relógio deixasse de frescuras. Quando finalmente havia chegado a hora de dormir, o mais difícil começou para a aluna de Gryffindor: lutar contra aquela euforia que a impedia de adormecer. Após incontáveis minutos, sentiu seu corpo finalmente relaxar e entregar-se ao cansaço, desligando-se completamente, assim como sua mente, que mergulhou em local sem luz e sem qualquer movimento.

***

Amanheceu, e Hermione foi acordada com o estrondo de um trovão, cujo barulho estremecera sua janela violentamente. Assustada, a ela olhou para a embaçada janela e observou a vizinhança ser castigada por uma densa pancada de água.

– Maravilha... - disse sarcástica, enquanto esfregava os olhos e espreguiçava-se. Olhou para o relógio e apavorou-se com o que vira: 9 e meia da manhã. – Por Merlin, estou atrasada! - praguejara.

Hermione se arrumou numa velocidade completamente inverossímil para uma mulher e saiu desesperada de casa rumo à estação de metrô - "Ah, se eu pudesse aparatar..." - pensou, enquanto caminhava com passos largos pela bonita rua em que morava.

Cerca de uma hora depois ela cruza a cidade e chega à rua que leva ao Caldeirão Furado. A chuva já havia cessado, mas tudo indicava que logo o dilúvio voltaria. Entrou no lugar e, caminhando rapidamente pelo escuro lugar e ignorando alguns rostos conhecidos que estavam próximos de falar com ela, foi para o lado oposto, até sair por uma pequena porta que resultava em um local que só possuía uma grande parede de tijolos velhos a vista. Com uma seqüência de movimentos com sua varinha, ela, maravilhada assistia aos tijolos se moverem rigorosamente em sintonia até moldarem uma espécie de passagem em arco. Logo ela passou por ali e perdeu-se pelo mar de bruxos que desfilavam com suas crianças e conhecidos pelas muitas lojas que formavam o Beco Diagonal.

Olhava atentamente para tudo e todos, procurando por algo ou alguém que era de seu conhecimento. Nada, para sua infelicidade. - "Será que Viktor realmente vem?" - ela começou a pensar. Parou na vitrine da loja de artigos para poções e começou a olhar para os diferentes tipos de caldeirões e balanças. Estava encantada com a diversidade de coisas que havia ali, em especial para um caldeirão banhado a ouro que cozinhava alguma poção verde - a qual não fora reconhecida de imediato por ela. Passaram-se alguns minutos até que ela percebeu um vulto a observando, no outro lado da rua. Fixou seu olhar para a vidraça, e logo viu o reflexo de Viktor Krum.

Envergonhada, ela se vira e o encara, sem saber exatamente o que dizer.



Continua...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Críticas construtivas, elogios e qualquer outra consideração que possa me ajudar a melhorar meu trabalho são sempre muito bem-vindas.