James & Juliana escrita por Lasanha4ever


Capítulo 1
Capítulo 1




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  Eu estava deitada em uma cama grande, e ele estava ali do meu lado, de camisa preta e uma calça jeans rasgada, perfeito. Estávamos conversando sobre alguma coisa aleatória e minha bochecha doía de tanto sorrir. Ele me olhava com aqueles lindos olhos castanhos e eu me derretia. Ele foi se aproximando do meu rosto prestes a me beijar, e uma sirene começou a tocar. Ele foi desbotando e desaparecendo, e então eu acordei. Sozinha e com o meu despertador tocando.

  - Despertador filho da puta. – resmungo parecendo um zumbi e tateio a mesa até achar o maldito despertador, e quando acho, demoro uma eternidade para encontrar o botão de desligar.

  Coloco o uniforme do colégio, uma blusa três quartos, branca, e uma calça jeans qualquer. Penteio meu cabelo de qualquer jeito e minha mãe já começa a berrar.

  - Juliana! Saia já desta cama! Já são sete e vinte e oito! – só um detalhe, o ônibus passa às sete e meia, do outro lado da rua do meu condomínio. E eu moro nas ultimas ruas do condomínio.

  Tô atrasada. – pensei.

  Peguei minha mochila junto com o fichário, o ipod e corri para fora de casa. Cheguei ao ponto de ônibus e ele tinha acabado de sair. Legal, o próximo só daqui a vinte minutos. Tomara que não tenha transito.

  Enquanto esperava o ônibus chegar, fui ligando para minha parceira de trabalho. Era uma apresentação na frente do segundo ano todo. Sobre a crise do euro. Ela ia falar tudo, porque eu sou muito tímida e não consigo falar na frente de muita gente. Portanto eu fiz o trabalho todo do Power Point. Aí fica meio a meio.

  - Oi, Lu. – falei.

  - Jujuba, me diz que você vai pra escola hoje.

  - Hum, vou, mas vou perder o primeiro tempo. Mas você já tá aí, né? Porque eu acho que vai ser primeiro e segundo tempo, a apresentação.

  - Não, menina. Esqueceu que hoje tem artes antes de geografia?

  - Ah é, menos mal...

  Ficamos em um silencio estranho.

  - Ok, então até daqui a pouco... – fui me despedindo.

  - Ah, Ju, antes de desligar, eu queria dizer que não vou ao colégio. – ela falou como se fosse normal.

  - O que? – quase berrei.

  - É que eu não estou muito bem, ontem bebi um pouco e tô morrendo de dor de cabeça.

  Ah, claro. A pessoa que teria que apresentar o trabalho faltou porque tá de ressaca. Que sorte a minha.

  - Porra, Luiza. Se você não for eu não vou deixar o seu nome não! – já estava me irritando isso. O ônibus chegou e eu entrei correndo e caí logo nos degraus. Meu joelho e minha mão que segurava o fichário começaram a doer. Tudo caiu da minha mão. Peguei o fichário e a mochila com a mesma mão e o celular eu enfiei no bolso, sem jeito. Para melhorar a situação, o ônibus estava lotado. Fiquei em pé, me ajeitando.

  A minha calça jeans amorteceu o meu joelho, não ralou nada, e provavelmente só está roxo. A minha mão, por outro lado, estava toda ralada. Acho que é porque o chão estava sujo, e pro meu azar, eu caí e escorreguei. Conclusão. Minha mão está doendo, meu joelho também. Perdi o primeiro tempo de aula, que é de artes, minha matéria favorita. E a apresentação do trabalho era no segundo e terceiro tempo. E eu teria que apresentar isso sozinha. Na frente de umas cem pessoas. Tá tô exagerando. Deve ser umas sessenta, nó máximo. Mas mesmo assim. Tô fodida.

  Depois de quinze minutos sofridos, chego à escola. Esbaforida. Ainda estava tendo o primeiro tempo de aula, então eu precisei ficar sentada junto aos outros alunos atrasados.

  - Já volto. – falei ao inspetor, me encaminhando ao banheiro.

  Lavei minha mão, que ardia pra cacete e decidi tirar a minha calça para ver o meu joelho. Tranquei a porta do banheiro, porque não queria ninguém entrando e me vendo de sem calça, e estiquei a perna na pia para ver o machucado melhor. Meu joelho estava com uma mancha roxa gigante. Doía só de passar a mão por cima. Peguei um pouco de papel, molhei na pia e deixei em cima do meu joelho. Aliviou um pouco a dor.

  E então, a Lei de Murphy existe. Nesse momento a porta do box do banheiro que estava atrás de mim se abriu. E de lá saiu um garoto. Preciso dizer que eu berrei e ele ficou de olho arregalado, e virou de costas?

  - Por que diabos você está no banheiro feminino? – tentei soar irritada, mas a vergonha venceu e minha voz saiu tipo um sussurro irritado.

  - O banheiro masculino estava em manutenção, e eu não queria subir. Aí eu entrei nesse. – ele estava nervoso.

  Coloco minhas calças com pouca agilidade e me olho no espelho. Estava corada, muito corada.

  - Posso me virar agora? – perguntou, um pouco sem jeito.

  - Po-pode. – resmunguei, dando atenção para a minha mão. Ainda saia um pouco de sangue. Comecei a lavar com agua de sabão e o menino se virou para mim. Porque ele não sai logo?

  - O que aconteceu? – perguntou. Ainda sem olhar para ele, respondo.

  - E-eu caí. – minha voz sai tipo um murmuro baixinho.

  - Quer que eu limpe? Normalmente dói menos quando é outra pessoa que limpa. Se você olhar, dói mais.

  Realmente estava doendo muito, então eu deixei. Até porque, sempre fui meio molenga em relação ao sangue.

  - O-o-obrigada. – gaguejei meio nervosa e olhei para ele.

  Quase tive um ataque. O garoto que estava ali, comigo, é o James Harrison! James, o garoto do intercambio. James, o menino da Inglaterra de olhos castanhos e cabelos ruivos. James, o garoto que eu tinha uma queda desde a primeira vista, quando eu o vi dando comida para os micos que apareceram aqui no colégio. O James Harrison! E então eu me lembrei de que ele acabara de me ver de calcinha...

  - Que isso, é o mínimo que eu poderia fazer. – ele deu aquele sorriso encantador e eu corei mais ainda.

  E então ele começou a limpar o meu machucado. Não doeu muito, mas eu faço muito drama. Fiz careta, puxava a minha mão, parecia mais uma pirralha do que uma menina de quinze anos.

  - Pronto. Tá limpo agora. – ele deu mais um sorriso e jogou fora o papel que usou para secar minha mão.

  - O-obrigada. – Juliana, para de gaguejar!

  - Você é da minha turma de inglês, não é? Juliana, né? – ai meu Deus, aquele sotaque!

  - A-acho que si-sim.

  Ele riu baixinho.

  - Você é meio tímida, não é?

  Não respondi, mas eu senti meu rosto pegando fogo.

  - Gosto de você, Juli. – ele falou, com o sorriso perfeito, os olhos brilhando, o cabelo desgrenhado e a voz melodiosa, e depois saiu do banheiro.

  Ele gosta, gosta, ou só gosta? Puta que pariu, por que ele foi falar isso justo para mim? 

Saí dos devaneios com o sinal tocando. Corri para pegar minhas coisas e encontrei um papel dobrado em cima do meu fichário. Peguei-o e coloquei no meu bolso, subindo as escadas o mais rápido possível. Chego na minha sala e o inspetor disse que todas as três turmas tinham ido para o auditório, para a apresentação do trabalho.

  Desci dois lances de escada correndo e fui ao auditório, descendo mais três lances. E chego na hora de apresentar o meu trabalho. Porra, que legal!

  - Juliana Ferreira! – o meu professor falou no microfone e eu subi no palco para apresentar. Comecei a tremer e peguei o microfone da mão do meu professor, entregando a ele o meu pen drive. Ele abriu o trabalho e eu comecei a falar. Ou melhor, gaguejar algo inaudível.

  - Fala mais alto! – um menino idiota berrou, fazendo as pessoas a sua volta rirem.

  - Para de gaguejar e fala alguma coisa! – uma garota metida com voz nasalada reclamou, fazendo as suas cópias rirem.

  O que eu fiz? Fiquei parada no meio do palco, tremendo, morrendo de vergonha, apertando o microfone em minhas mãos.

  - O que a Juli quer dizer é que... – olhei para o lado e o que eu vi? O James falando ao meu lado, perto do microfone, que estava na minha frente, então ele estava muito perto. Ele continuou contando o que estava escrito no papel e pegou gentilmente o microfone da minha mão. Por incrível que pareça, ele até acrescentou algumas coisas. 

  - Obrigado, Harrison e Juliana. – professor falou seco, pegou o microfone da mão do James e anotou em seu caderno a nossa nota. – Mas eu não sabia que estava no grupo da Juliana, Harrison.

  - Foi uma mudança de ultima hora, professor. – ele falou com um sorriso torto no rosto.

  - Juliana, você sabe muito bem que eu disse que era uma dupla. – o professor voltou sua atenção para mim.

  - Ma-mas é uma du-dupla, professor.

  - Não, é um trio. Ou a Luiza Martines não está sendo a sua dupla?

  - Ela não ajudou em nada, pro-professor. Só nã-não deu tempo de tirar o nome de-dela.

  Ele bufou, irritado e nos mandou para nossos lugares.

  - Por-por que me ajudou Ja-James? – pergunto, enquanto sentamos nas únicas carteiras sobrando, que era na ultima fileira, as duas juntas.

  - Eu ajudo as pessoas que eu gosto. – falou apenas e me lançou aquele sorriso torto que eu tanto gosto.

  Maldita timidez. Não consegui falar nada. Só fui sentindo minha bochecha esquentando.

  - Sabe, você fica muito fofa corada. – sussurrou em meu ouvido, o que só me fez corar mais ainda. Eu devia estar parecendo um pimentão.

  - Você leu o meu bilhete? – ele perguntou, ainda sussurrando.

  Que bilhete? Ah, lembrei.

  - Nã-não deu tempo. – sussurrei de volta, pegando o papel do meu bolso e comecei a abrir, mas ele me impediu.

  - Não abre aqui não. No recreio você abre, e no final da aula você me responde. – eu o notei corando. O que estava escrito no papel?

  - Vo-você só está me deixando mais curiosa. – falei um pouco mais segura e sem gaguejar muito.

  Ele deu uma risada baixinha como se estivesse se lembrando de uma piada antiga e se virou para mim.

  - Então tenta se distrair durante esses dois tempos, porque não vou deixar você ler isso não.

  Bufei e peguei meu ipod.

  - O que tá fazendo, Juli? – ele sussurra, enquanto um grupo apresentava alguma coisa sobre os Estados Unidos.

  - Ué, passando o tempo. – sussurro.

  - Posso jogar também?

  - Claro.

  E ficamos jogando por duas horas. Foi de tudo quanto é tipo de jogo. Ele só parou para apresentar o trabalho dele e depois voltamos a brincar. Chegou o recreio e ele desapareceu, deixando apenas o bilhete no meu colo.

  Abri o papel e o mundo poderia ter acabado naquele momento que eu morreria feliz.

  Ali estava escrito:

Julie, você talvez não me conheça muito bem, mas eu estou apaixonado por você. Há um bom tempo. E eu quero saber se você quer namorar comigo. Aceita?

  Saí correndo do auditório a procura dele e o encontro perto do muro do colégio.

  - James! – berrei correndo em direção a ele. Ele me olhou, meio assustado meio feliz e eu me jogo em seus braços, o abraçando com força.

  Fiz um sanduiche de James. Eu, James no meio e o muro do outro lado.

  - Acho que sei a resposta da pergunta que eu te fiz, mas eu gostaria de escutá-la. Julie, você quer namorar comigo?

  - Claro que eu quero né seu bobo!


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