Paradoxo Temporal: A Origem De Ginmaru escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 8
Dilema




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- SAKATA GINMARU! VOLTA JÁ AQUI PRA TOMAR BANHO, SEU ENCARDIDO!

Era a voz de Gintoki, que corria atrás de um garoto que driblava qualquer obstáculo, só para fugir de um banho para retirar toda a lama do corpo, após cair em uma poça de água gerada pela chuva. O garoto, agora com oito anos de idade, se parecia cada vez mais com o pai.

Por fim, Gintoki conseguiu agarrar o garoto pela gola do quimono yukata azul, conseguindo pará-lo. Ginmaru não conseguia parar de rir mesmo sendo pego pelo pai. Apesar da bronca que viria em seguida, fora divertido correr daquela maneira.

Porém, desta vez não houve bronca. Seu pai o fitava por alguns momentos, parecendo perceber algo diferente.

- O que houve, pai? – perguntou.

- Não é nada, Ginmaru. Pega a toalha e vai tomar banho, a hora da diversão já acabou.

Assim que o garoto se dirigiu ao banheiro, Gintoki sentou-se à escrivaninha com uma caixinha de leite de morango e um copo. Ao olhar mais atentamente para Ginmaru, conseguira se dar conta do quão rápido o tempo passara.

Oito anos! Realmente passaram muito depressa! Nem parecia que fazia tanto tempo assim que a primeira frase de Ginmaru quase havia causado seu despejo.

A frase? Ginmaru havia dito “Sua bruxa velha” em alto e bom som e bem na frente de Otose. não fosse por ele ter alegado que era tudo um mal-entendido, estaria literalmente no olho da rua.

O tempo não parava.

Dias atrás, Ginmaru começara a querer saber sobre a mãe. Como saber de alguém que nem ele mesmo conhecera direito? Ele mal conhecera Saitou Hikari! Tudo fora apenas em uma única noite, algo totalmente casual. Nenhum dos dois previa que o que fizeram daria origem a uma criança resultante de um descuido que, nove meses depois de sua concepção, nasceria e, instantes depois, sua mãe faleceria.

Já tentara dar respostas evasivas, mas Ginmaru não era fácil de ser enganado. Ele não era burro. Sabia que o garoto estava muito incomodado com suas evasivas, mas a verdade era que não sabia o que realmente responder.

A verdade mesmo era que Gintoki sabia muitíssimo pouco a respeito da mulher na qual deixara uma parte de sua carga genética. E, mais cedo ou mais tarde, teria que contar ao filho de onde viera.

Se Ginmaru fosse adulto, tudo bem, era falar na lata. Mas ele era apenas um garoto de oito anos. Claro que não inventaria histórias de cegonhas e repolhos, mas não poderia contar pra ele coisas para maiores de idade.

Cara... Que dilema...!

*

- Ei, velha! Preciso da sua ajuda!! Por favor, por favor, por favor...!

Gintoki aparecia no bar com cara de pai-desesperado-que-não-sabia-o-que-fazer-com-o-filho, querendo urgentemente um conselho de quem tinha muito mais experiência de vida do que ele... Mesmo que xingasse quase todo santo dia a referida pessoa. E mesmo que essa referida pessoa nunca tivesse tido um filho.

- O que quer, Gintoki? – Otose já perguntou de forma direta.

- O que... O que você faria se tivesse que contar ao seu filho de oito anos sobre a mãe dele, que morreu quando ele nasceu?

- Diria a verdade.

- Mas ele tem apenas oito anos, não dá pra se falar muito!

- Apenas diga a verdade e omita os detalhes desnecessários. E procure saber sobre a mãe do seu filho. Com certeza ela era uma boa mulher, porque mesmo tendo uma gravidez indesejada ela a levou adiante.

- Isso, se não queria dar o golpe da barriga em mim.

- E quem em sã consciência te aplicaria um golpe desses?

A velha tinha razão. Quem faria isso com ele? O Yorozuya pensou mais um pouco e realmente aquela mulher não tinha cara de golpista. E ele precisava realmente contar a verdade ao garoto. E saber o porquê de ele querer saber, pois o menino não perguntaria do nada.

Levantou-se do banco defronte ao balcão do bar e decidiu.

Levaria Ginmaru a Yoshiwara.

*

Chegou ao dojo dos Shimura, onde viu que Ginmaru lutava com todo o empenho contra Shinpachi. O dojo reabrira e tinha alguns alunos, e o jovem de óculos era o sensei em meio expediente, procurando conciliar com o trabalho na Yorozuya.

O garoto albino se destacava dentre os demais. Não só pela aparência, como também pela habilidade que mostrava com a espada de bambu nas aulas de kendo.

Pelo jeito, herdara não só a permanente natural prateada do pai. O sangue do antigo Shiroyasha corria nas veias do garoto.

Gintoki não conteve um sorriso de orgulho ao ver o garoto treinando com tanto afinco. Ginmaru não era do tipo preguiçoso ao extremo.

- Oi, Gin-san! – Shinpachi o cumprimentou. – O que achou do avanço do Ginmaru?

- Nada mal. Mas ainda pode melhorar.

- Mas nada que uma boa prática não resolva, não concorda?

- É, que seja. – Gintoki respondeu limpando o nariz. – Shinpachi-kun, o Ginmaru não te perguntou nada sobre a mãe dele?

- Ele não me perguntou, Gin-san. Ele te perguntou?

- Sim. E decidi levá-lo até Yoshiwara para saber um pouco sobre a mãe dele. Coisa que eu também não sei, para ser sincero.

O garoto viu o pai e correu até ele com um sorriso de satisfação no rosto.

- Pai, viu só o quanto melhorei? Vou conseguir participar da competição de kendo da escola!

- Por que quer participar disso?

- Pra mostrar aos valentões de lá que não tenho medo deles e que não sou nenhum fracote!

- Heh, essa eu vou querer ver! – Gintoki afagou o cabelo do garoto. – Ginmaru, vamos a Yoshiwara?

- Fazer o que lá? Não vai encher a cara de novo pra eu ter que te arrastar, não é mesmo? – Ginmaru questionou com olhar cético.

- Sem chance. Não pretendo beber.

- Então vai lá pra quê?

- Você não quer saber alguma coisa sobre a sua mãe? É pra isso que vamos lá.

- Sério? Agora posso mostrar pra aqueles meninos que não fui abandonado pela minha mãe!

- Ei, Shinpachi-kun – Gintoki perguntou. – Você vem junto?

- Bem, a aula já acabou mesmo, então vou junto.


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