Os raios de sol já invadiam o meu quarto, mas tudo o que menos queria era abrir os olhos e enfrentar o mundo. Por mim, ficava aqui para sempre. Abracei o urso em forma de coala que sempre ficava comigo e me mexi ficando de costas para a janela. Quando eu estava pegando sono novamente ouvi a porta se abrir e passos firmes em minha direção. Minha mãe.

- O que houve coalinha? – Ela disse sentando ao meu lado e afagando os meus cabelos – Você sabe que pode me contar tudo!

- Mãe! – Disse sentando – Eu to grávida. – Fui direta. Não ia adiantar ficar enrolando, a porra já tá feita mesmo. Eu senti as lagrimas descerem no meu rosto e seus braços me apertarem –

- Eu vou ser vovó? – Ela disse surpresa – Eu sou tão nova, essa criança vai ter que me chamar de tia! – Ela disse e eu me afastei a olhando assustada – Filha, uma criança é um presente de Deus, é muita luz! Tudo bem que isso vai prejudicar teus estudos, você vai ter que abdicar de muita coisa, seu corpo vai mudar, tem enjoos... - Eu fiz uma careta e ela continuou - eu não vou mentir, é muito difícil. Mas eu vou te ajudar minha coalinha.

- Mãe, só agora seja uma mãe comum! – Ela revirou os olhos –

- Elizabeth Francis Mason, quem é o pai do bebe? É o Lucca? Ah, eu adoro esse garoto! – Ela disse sorrindo –

- Não mãe, mas isso é outra historia. Essa criança é só minha. – Disse limpando as lagrimas e ela fez uma careta –

- Liz!

- Mãe, eu vou pra Espanha! – Eu disse antes que ela começasse a brigar – Ganhei a bolsa.

- Não vai não! Filha você não pode...

- Por favor, eu preciso ir. São seis messes, e eu preciso ficar longe da California! – Pedi – Mãe, eu nunca te pedi nada, sempre fui uma boa filha, faz isso por mim.

- Liz, como você me pede uma coisa dessas! – Ela disse levantando –

- Mãe, eu to grávida, não invalida! – Disse um pouco alto –

- Fale direito Elizabeth Francis! Você não sabe o que é gravidez, você vai ter que se cuidar, ir ao médico...

- Eu faço isso lá, mas mãe eu não posso ficar aqui! Eu não vou aguentar! – Eu disse me aproximando dela – É só o que eu te peço, eu vou com tudo pago e vou ganhar todo mês dinheiro, vai ser bom pra todo mundo mãe.

- Se é o que você quer, eu não vou proibir. Você não me escuta mesmo! – Ela disse revirando os olhos – E quanto ao Marco, ele vai ficar doido e você conta!

- Eu sei, mas com ele eu me resolvo! – Disse a abraçando – Obrigada mãe.

- Eu posso não ser a melhor mãe do mundo, nem a mais normal, mas eu te amo coalinha e vou ficar ao seu lado. – Ela me soltou – Agora vá pra aula, manda um beijo para o bonitão!

- Mãe! – A repreendi e ela gargalhou –

- Se você não quer filha, ele é um pedaço de mal caminho! – Revirei os olhos e ela saiu do quarto –

- Ele tem a minha idade! Qual é o teu problema? – Eu disse e ela sorriu –

Um peso grande saiu das minhas costas depois que eu contei tudo para a maluca da minha mãe, mas eu tenho quase certeza que o problema mesmo vai ser contar para o Marco, ele vai querer matar o pai da criança e depois me matar. Mas enfim, pelo menos daqui a duas semanas eu vou estar indo para a Espanha ficar longe de tudo, do Jon e da Alie.

Me arrumei correndo, já que eu já estava atrasada, vesti uma calça jeans básica, uma camiseta azul marinho, meus velhos tênis, prendi meu cabelo num coque alto e sai de casa pegando apenas uma maçã.

Cheguei na faculdade e fui direto falar com o reitor sobre a viajem, depois de muitos vai e vem de entrega de documentos e blá blá blá eu consegui chegar a tempo para assistir a ultima aula. Lucca discutia com Mike Steven, um idiota que se acha o dono do mundo, quando eu cheguei. Fui direto para meu cantinho no fundo da sala.

- Raio de sol! – Me assustei com a voz de Lucca, dando um pulo da cadeira e ele gargalhou –

- Vai pra merda Lucca, já te disse mil vezes pra parar de me assustar, caralho! – Disse enfezada-

- Deixe de ser chata, esses dias você tá muito rebelde. – Ele disse sentando na mesa – Você quer me falar alguma coisa?

- Porra, porque todo mundo me pergunta isso?

- Ai raio de sol, você é fácil de ler. – Fiz uma careta – Isso é bom. Mas você não vai me falar mesmo... – Que caralho de fácil de ler, eu posso até ser, mas Lucca nunca nota nada. Se alguém morresse do lado dele eu aposto que ele não notaria. -

- Você já sabe! – Disse rápida. É claro! – Lucca!

- Alie me falou, ela achava que eu era o pai. Ela disse alguma coisa sobre a festa do Marco, mas não fui eu quem saiu com você raio de sol... – Eu abaixei a cabeça – E ele não é? Jon?

- Sim! – Disse baixo – Lucca...

- Não se preocupa Liz, eu não to aqui pra julgar você. Se você fez o que fez é porque deve gostar muito daquele imbecil! – Ele disse afagando meus cabelos – Ei, eu to aqui!

- Alicia é uma fofoqueira! – Disse irritada –

- Ela está preocupada Liz, ela disse que você se distanciou e bom, agora eu entendo o porquê. Ele sabe?

- Mais ou menos. – Disse fazendo uma careta e contei o episodio da noite anterior – Então ele acha que o filho é seu. – Conclui –

- Todo mundo acha isso. – Nós rimos – Eu vou te ajudar com essa criança raio de sol. O que você vai fazer?

- Embarco para a Espanha daqui a treze dias. – Disse rápido –

- Você tá maluca? Você não pode fazer isso sozinha! – Ele disse levantando da mesa –

- Eu vou fazer, eu não posso continuar aqui, tá legal? – Disse séria – Você disse que ia me apoiar!

- E eu vou! Nem que seja na Espanha! – Eu não pude deixar de sorrir –

- Você é o melhor Lucca! – Ele me abraçou – Se aquele imbecil procurar você de novo me avisa, que eu mando todos os meus princípios pacifistas pro inferno!

- Você já mandou faz tempo! Se toca cara. – Nós rimos e a professora entrou na sala –

A aula passou voando, eu já estava mais aliviada e confiante pra enfrentar isso tudo, eu não sei porque mas Lucca me passou essa confiança. Voltei para casa com ele depois da aula e fomos falando besteira, ele estava animado com essa criança, já tinha se autointitulado de padrinho. Eu não discordei da ideia.