Coração de Fogo escrita por LNRD


Capítulo 5
SÁBADO, SETE DE DEZEMBRO




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Eles passaram pelo portal. O lugar na qual chegaram parecia que tinham voltado no tempo, voltado à era medieval. Havia castelos, choupanas, e pessoas, algumas eram totalmente estranhas. Elas tinham orelhas mais compridas, ou caudas, ou escamas densas e isso estavam assombrando os garotos, e para piorar, estavam encarando-os. E Ben olhava tudo aquilo impressionado.

– Sam! ─ murmurou Lana ─ Por que estão olhando pra gente desse jeito?

– Eu não sei. Mas não os olhe.

– Tudo bem meninas ─ assegurou Ninhursag ─, eles não vão fazer nada com vocês. Não enquanto eu estiver por perto...

– Obrigada ─ disse Sam. Ela olhou a mulher de cima a baixo ─ Parece que a senhorita ocupa um cargo importante aqui.

– Você nem imagina. ─ respondeu com um risinho ─ Quero dar mais explicações, mas eu prefiro fazer isso na presença dos outros.

– Outros? Que outros?

– Você verá ─ ela para em frente aos adolescentes ─ Bem-vindo à Skelver. Subam ─ ela apontou para uma escadaria que provavelmente tinha trezentos degraus.

– A gente vai subir... Isso?!

– Não tem outra forma de chegar ao salão central.

Ben bufou.

– Sempre alguma dificuldade.

Eles subiram e Sam analisava tudo aquilo, se perguntando como uma cidade poderia se esconder atrás de uma árvore e como podia ser tão antiga, parecendo que o tempo tinha parado ali mesmo no século cinco. Quando chegaram ao topo, encontraram um salão em forma de pentágono, aberto e cinco pilares em cada ponta.

Na base desses pilares havia cinco tronos, diferentes, o primeiro que ela observou tinha umas plantas ao redor e no recosto tinha uma folha desenhada em baixo relevo. O segundo aparentava ser o mais confortável: totalmente acolchoado em vermelho vinho e no recosto vinha inscrito um símbolo que era uma espada e um machado cruzados, com um escudo sobreposto. Ela olhou o próximo e era totalmente preto, como se fosse banhado nas sombras, e o símbolo era uma caveira segurando a flecha nos dentes. O quarto era semelhante a rochas vulcânicas prontas para entrar em erupção a qualquer momento e tinha como símbolo um círculo cortado ao meio irregularmente, uma parte laranja e outra azul clara. E por fim, o trono mais belo que existia, com uma gradiente de azul, verde claro e lilás e tinha como símbolo o sol com um risco ao fundo. Eles tinham dois degraus acima do nível do chão do resto salão. Sam olhou para o bastão de Ninhursag e imaginou que aquele deveria ser seu trono.

– Onde estão todos? ─ murmurou Ninhursag.

– Que lugar... Incrível! ─ disse Ben, animadíssimo ─ Eu posso sentar em um deles?!

– Garoto... Sentar em um desses tronos é o mesmo que suicídio. Não faria isso.

– Droga ─ murmurou.

Ninhursag sentou no seu trono, fechou os olhos e respirou fundo. Trinta segundos depois um redemoinho de folhas surgiu no centro do salão e começou a formar um corpo humano. Um homem. Ele estava vestindo uma túnica verde escura que cobria o corpo todo, combinando com seus olhos do mesmo tom, cabelos levemente avermelhados que iam até o queixo e com alguns ramos no corpo parecendo que estava perdido na mata, e tinha a orelha levemente pontuda para cima, semelhante à de Ninhursag. E mais: estava com uma foice grande, de cerca de dois metros e meio com uma serpente entalhada na cabeceira.

– Ynis!

– Oi Nin ─ disse com um tom suave tranquilo. Ele olhou para os garotos que estavam pasmados - Quem são seus amigos?

Quando ele disse isso uma criatura desceu voando em direção ao salão. Uma águia com cerca de quinze metros de envergadura e com uma pessoa em cima. Ela pousou como se fosse uma tempestade, fazendo o cabelo de Sam e Lana ficarem totalmente bagunçados. Um homem desceu, tocou numa corrente que tinha no pescoço da ave e ela reduziu-se ao tamanho de uma águia como qualquer outra e foi para o ombro do homem. Ele tinha cabelos espetados, louros, corpo totalmente atlético, usando uma armadura incompleta, apenas cobrindo o tórax, o antebraço e as panturrilhas, e por baixo algumas roupas vermelhas rasgadas. Tinha os olhos escuros com um leve tom avermelhado, exalando fúria. Estava com uma espada preta e cinza com vários riscos, como se tivesse riscado com metal e um escudo retangular amassado como se algo pesado tivesse socado.

– Quem são os intrusos? ─ perguntou à Ninhursag com uma voz grossa e firme.

– Equus. Eles são... ─ a voz de Ninhursag foi interrompida.

Uma sombra se formou no chão e foi levantando-se forma tridimensional, formando um corpo. Um homem apareceu, com uma túnica totalmente preta e um capuz atrás, e usava um arco bem detalhado, parecia ter feito artesanalmente e com muito cuidado; tinha cabelos espetados brancos cintilantes, mas não parecia nem um pouco ser velho e os olhos levemente azulados, quase brancos, profundos e tinha sorriso homicida. Ele se aproximou dos garotos que ainda estavam paralisados e disse:

– Humanos?! ─ disse com um tom de desprezo.

Ninhursag levantou-se do trono.

– Sim ─ disse fuzilando o homem com os olhos ─ Acho que estamos todos aqui - ela olhou para o trono rochoso, pesarosa.

– Por que eles estão aqui? Quando chegam novas raças não é preciso vir para o salão central ─ disse Equus.

– Equus... ─ disse Ynis ─ eles são especiais. Posso sentir o poder emanando deles.

Quando Sam voltou do transe, se deu conta que estava na frente três homens e uma mulher todos armados, e aparentemente um deles estava doido para ver o sangue dela.

– Seria interessante abri-los para descobrir isso ─ disse o homem com um arco na mão.

– Zeon! Você não vai abrir ninguém aqui, principalmente minha raça - gritou Ninhursag.

– Aqui não ─ retrucou com um sorriso sombrio.

– Enfim, faremos às devidas apresentações. Meninos - referindo-se aos outros com armas - esses humanos são Samantha Hasting - disse apontando para a ruiva – Benjamin Blyds, e Lana Ayase.

– Lana! - disse Ynis aproximando-se da garota - Você... É uma druidisa.

– Hã? - respondeu a garota sem entender nada.

– Druida. Seres ligados à natureza, podem controlar tudo que esteja relacionado à ela - quando terminou de dizer isso ele estendeu a foice, que foi ficando cada vez mais mole, e transformou-se em sua serpente que subiu até seu ombro.

– Subarashi!

– Sub-raça: japonesa - disse com um leve riso.

– Ynis... Ela não é a única especial, por aqui, acho que não pode sentir especificamente seus poderes, mas os outros são oheinas.

– Espera aí! ─ disse Zeon ─ Está dizendo que esses... Humanos são oheinas?

Ninhursag assentiu.

– Fiquei impressionada quando descobri. ─ Ela se aproximou de Samantha e tocou seu rosto ─ Extinto há tantos anos... E voltaram tão jovens.

– O que? ─ exaltou-se Sam ─ Eu não estou entendendo nada aqui! Quem... São vocês? E por que estão falando assim?

– Calma. Temos as respostas. Bom, quase todas, mas primeiro precisa dizer-nos como conseguiu estes poderes.

– Hã? Eu não... ─ lhe veio à mente a pedra e todos os acontecidos, principalmente a flor se queimando - uma pedra azul... Tocamos nela e tudo começou a ficar estranho.

Ninhursag suspirou e os outros se entreolharam.

– Obrigado. Disse o que eu queria saber. Agora diremos o que quiser saber.

– Quem eu sou? Que lugar é esse? Quem são vocês? Por que tenho esses... Poderes?

– Se matar é mais fácil - murmurou Zeon.

– Samantha, você e o Benjamin são oheinas. Oheinas são uma classe que foi extinta com a morte de seu mestre, Zamir, no qual aquele trono sentava ─ disse Ninhursag apontando para o trono rochoso ─, sobrou apenas um oheina no universo e ele... Enfim, respondi sua pergunta.

– E o quê? O que aconteceu com esse oheina?

– Todos os oheinas que existiram ─ disse Equus ─ foram mortos, ou passaram para o lado maligno.


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Notas finais do capítulo

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