Ela estava atrasada, fiquei andando de um lado para o outro no aeroporto e o voo ela não chegava. Faltava um dia para meu casamento e só em pensar em tudo que tinha para ser feito me deixava mais impaciente. Finalmente o voo de minha prima Eleanor chegou e eu o vi pousar, ela era minha prima favorita e iria ser minha madrinha no casamento. Uns minutos depois ela saiu pela porta do desembarque com duas enormes malas na mão, corri ate ela para ajudar:

- Finalmente Els, pensei que você não viesse mais.

- Desculpa priminha do meu coração, não foi culpa minha, o voo atrasou de mais...

- Tudo bem Els, vou te perdoar essa vez, mas da próxima vez eu não aceito – disse e virei à cara fingindo estar muito brava.

Eu estava tão feliz que meu casamento seria amanha que nem estava deixando que coisas tão pequenas afetassem minha felicidade. Eleanor tinha ido passar uns meses em Paris com seu namorado, e tinha voltado antes só por causa do meu casamento:

- Mas então Els, cadê o Alex, pensei que ele voltaria com você – peguei uma das malas dela e comecei a andar em direção a saída do aeroporto.

- Então Angel... – olhei para trás e encarei sua cara porque ela tinha parado no meio do caminho. Sua expressão não era das melhores.

- Está tudo bem Els? – perguntei e voltei para onde ela estava.

- Eu... Eu e o Alex terminamos semana passada – ela colocou o rosto entre as mãos e começou a soluçar. Soltei as mala e a abracei forte, nunca pensei que ela terminasse com Alex, pareciam tão apaixonados. Nem todo mundo tinha a minha sorte de casar cedo.

- Eu não sabia... – passei as mãos em suas costas para acalma-la – Venha, vamos sair daqui para podermos conversar melhor, venha – comecei a leva-la para a porta e chamei um taxi que nos levaria para casa.

Louis não pudera ir comigo buscar a Eleanor, ele tinha ficado para fazer não sei o que para o casamento. Por isso tivemos que ir de taxi, mas agradeci mentalmente por ele não estar lá, Els precisava conversar e com Louis aqui poderia ser embaraçoso.

Entrei no taxi com a Eleanor e dei o endereço para o motorista que começou a dirigir silenciosamente. Eleanor ainda chorava ao meu lado:

- Porque vocês terminaram? 

- Porque ele e um idiota completo, como eu pude não perceber isso antes, ele me enganou Angel! – ela deitou a cabeça em meu colo e eu acariciei seus cabelos. Não a interrompi em momento algum, a deixei botar tudo para fora e poder se aliviar daquela dor. Quando ela levantou a cabeça já recomposta, enxugando uma ultima lagrima insistente que teimava em cair eu disse:

- Isso foi só uma pedrinha que você encontrou no caminho para o castelo do seu príncipe – ela sorriu para mim – Seu príncipe deve estar mais perto do que você imagina. Você vera.

- Obrigada – ela me abraçou – Queria que tivesse encontrado meu príncipe rapidamente que nem você.

- Eu tive sorte – sorri para ela – Louis é meu príncipe encantado, ele é tudo para mim e eu sou tudo para ele.

- Sortuda! Queria ele pra mim – ela fez bico e eu dei risada.

- Desculpa Els, eu te daria qualquer coisa, mas ele é só meu viu.

- Egoísta, temos que dividir tudo. – ela disse e caímos na gargalhada.

(...)

- Angel! – ouvi quando entrei no meu quarto para mostrar seu vestido de madrinha, sabia de onde vinha essa linda voz. Da sacada. Fiz um movimento com a mão fazendo a Els me seguir.

Saímos na sacada e Louis estava encostado na sacada dele, virado de costas para mim, mas ainda conseguia ver que ele segurava uma rosa branca na mão.

- Louis? – disse para lhe chamar a atenção. Ele se virou e olhou para mim. Seu sorriso era enorme seu sorriso que desapareceu ao olhar para Els do meu lado, ele parecia meio paralisado ao vê-la.

- Quem é? – ele disse fazendo mensura da menina ao meu lado.

- Ah essa é minha prima Eleanor, Els esse é meu prin... meu noivo – eu disse e ela deu uma risadinha tímida.

- Prazer em conhecê-lo finalmente, não aguentava mais ouvir tanto de você e não saber como você era – Els disse. Lou olhou para mim com uma sobrancelha levantada.

- Ouviu muito falar de mim é? – ele disse fazendo cara de espanto, ele realmente estava perturbado com isso e eu podia sentir.

- Muito, mas do que você imagina, posso ate ter um caso com você, porque te conheço melhor que muitos! - “Merda de boca hein Eleanor!” reclamei mentalmente, ela era louca. Meu rosto esquentou instantaneamente.

- Ok, vamos parando né! – disse olhando incisivamente para Eleanor que deu uma risada um tanto escandalosa.

- Ah! – exclamou Lou como se lembrasse de alguma coisa. Me virei para ele, esperando que meu rosto já estivesse normal de novo – Essa rosa e para você – ele apenas a jogou para mim, nem deu um beijinho nela como sempre fazia, apenas a jogou.

- Obrigada – disse um pouco envergonhada.

- Ainda vai acontecer minha visita a você a noite? – ele perguntou já quase entrando no seu quarto. Eu apenas assenti e ele entrou.

- Lou! – ele apareceu de novo na porta da sacada – se você quiser vir pra casa depois do almoço fique a vontade.

- Vou pensar tabom Angel – ele parecia cansado e ao mesmo tempo irritado, ele nunca tinha me tratado assim tão seco

- Eu te amo – eu disse e ele entrou no quarto sem ao menos olhar nos meus olhos ou me responder. Ele estava normal ontem e pareceu hoje também quando o encontrei no jardim regando as plantas, como ele ficou tão rude de repente.

- Ele e sempre assim tão... frio? – Eleanor perguntou quando eu entrei no quarto arrasada. Eu neguei - Ele deve estar assim por causa do nervosismo do casamento amanha.

- Deve ser...  – Digo tentando me convencer.

(...)

Depois de almoçarmos eu e a Eleanor subimos e fomos ver um filme em meu quarto. Ainda estava pensativa com o comportamento de Louis, mas o jeito sempre alegre e exagerado de Eleanor me colocava para cima, esquecendo-se de varias preocupações. Mais o menos depois de 20 minutos de filme ouvimos a campainha tocar. Meu coração disparou como sempre fazia só de pensar que poderia ser ele.
Desci as escadas correndo e abri a porta e lá estava o Louis – pelo menos uma parte do Louis, porque esse não era o Lou brincalhão e escandaloso que eu havia conhecido, esse era um Louis cabisbaixo e sem brilho.

- Entra amor – eu disse e dei passagem para que ele entrasse. Ele entrou e parou, respirei fundo e fechei a porta, virando e o encarando – Lou esta tudo bem?

- Está tudo bem Angel.

- Não e isso que esta parecendo.

- Só estou pensando na vida, você sabe o casamento amanha.

- Pensando em que? – Parecia que ele estava arrependido do casamento.

- Na vida.

- Tem certeza amor? Você quer desis... – ele veio e me beijou fazendo com que eu me calasse.

Era um beijo um tanto quando “urgente”? – não sei se essa é a palavra certa para o que estava acontecendo -, ele me beija rapidamente e não lentamente e apaixonado como sempre, esse parecia apenas um beijo que eu daria em um garoto qualquer e não no amor da minha vida, naquele beijo não tinha sentimento. Era igual beijar uma pedra.

Minhas mãos percorriam seu corpo enquanto as suas continuavam paradas em minha cintura. Seu toque não me passava mais tanto calor como sempre passou, ele realmente parecia... Apagado.
Em um movimento súbito ele me distanciou de seu corpo como se tivesse feito alguma coisa errada– e vamos dizer que ele não fez isso de uma forma tão gentil.

- É... – engoli em seco. Mesmo não tendo sido um beijo arrebatador eu ainda o amava e podia dizer que ele beijava muito bem e isso me desestabilizava – A Els esta lá em cima no meu quarto, vamos? – ele concordou e eu peguei sua mão. Seu toque era seco, sem a normal naturalidade de sempre. Ficamos apenas de mãos dadas, parecíamos o que... amigos?

Não conseguia mas pensar que isso fosse normal. Isso realmente estava me preocupando. Mas eu tinha que acreditar que era apenas paranoica da minha cabeça. Entremos no quarto e Eleanor estava jogada na cama.

- Abrir uma porta nunca demorou tanto – ela disse e deu uma risada, que para minha surpresa fez Lou rir também.

Louis se jogou na cama e eu ao seu lado o deixando no meio de Els e eu. Por incrível que parece ele parecia animado e ate feliz por estar lá, estranhei na hora. Depois de um tempo Louis começou a conversar com Els e eu parei para analisa-los. Eles eram tao iguais na personalidade, faziam sempre brincadeiras e sempre são evasivamente exagerados nos gestos, nos gritos em tudo. Ele ria e comentava coisas com a Els fazendo os dois rirem ainda mais. Comecei a relaxar e curtir realmente o filme. Louis estava normal, deve ser coisa do momento. Eu amava os dois e saber que estão se dando tão bem era um alivio e ainda uma felicidade.

- Angel já esta pronta? – ouvi minha mãe gritando. Caramba tinha me esquecido que teria que fazer os últimos ajustes para o vestido hoje.

- Já mãe!- Me levantei rapidamente pegando os tênis de baixo da cama- Me desculpem, mas preciso ir. Podem terminar de assistir o filme ai – Me aproximei de Louis lhe dando um selinho – Eu sei que vai ser a despedida de solteiro hoje, mas poderia passar aqui antes de ir – Ele assentiu – Ótimo. Tchau Els, cuida do meu noivo em.

- Como se fosse meu – Ela brincou batendo continência seria.

- E olhe as liberdades. Tchau – Disse rindo e descendo as escadas.

Se aqueles poucos minutos com Eleanor, Louis já era de novo o mesmo, um tempo maior com ela vai fazer muito bem. Mais animada com este pensamento fui para a costureira alegre por ter Eleanor em minha vida.

(...)

Cheguei exausta em casa, fiquei a tarde toda na costureira e terminando os últimos detalhes de amanha. Todos já estavam dormindo quando entrei no meu quarto indo direto para o banheiro tomar um merecido banho relaxante. Já de pijama cai na cama pronta para uma boa noite de sono, quando estava quase caindo na consciência ouvi barulhos de pedrinhas contra o vidro da porta da minha sacada. Olhei para o relógio na minha cabeceira, droga esqueci que Louis vinha.

Meio cambaleando abri as porta dando entrada ao vento frio da noite, vi um vulto subir a arvore ao lado e cair na sacada me dando um abraço forte:

- Você esta cheiroso – Digo ainda meio entorpecida, ele ri da minha vos arrastada. Louis me pegou no colo me colocando na cama e se deitando ao meu ;lado.

- Muita coisa hoje? – Ele perguntou.

- Demais. Mas já acabou, amanha é so acordar e casar. Não preciso mais me preocupar com cores dos vestidos, arranjo de mesa, cabelo, flores. Mais nada.

- Deve ser estressante organizar essas coisas.

- Você não faz ideia – Digo enterrando o rosto no vão de seu ombro sentindo mais seu cheiro maravilhoso – Mas vale a pena no final, vou realizar meu sonho de me casar com um príncipe. – Ele não fez nenhum barulho e curiosa o olhei o vendo com uma expressão pensativa – Um tostão pelos seus pensamentos.

- Só estou pensando em como vai ser minha vida a partir de amanha.

- Esta arrependido? – Perguntei triste.

- Claro que não – Ele pareceu ofendido pela minha conclusão – Você foi à única coisa certa que escolhi na vida. Claro que não estou arrependido.

- Então o que você tem? – Pergunto analisando seu rosto ainda em busca de arrependimento.

- Só estou cansado, mas nada.

Acabei deixando isso quieto e continuei o observando enquanto ele devolvia o olhar.

- Sabe Angel?

- O que?

- Acho lindo seu nome. E muito apropriado já que você me salvou e acabou virando meu anjo da guarda.

- Você sempre diz que eu o salvei. Quando me pediu em namoro disse o mesmo, so não entendo do que eu o salvei.

- Eu tinha um melhor amigo. Ele se chama Jonathan, fomos amigos desde quando éramos do primário. Mas três anos atrás ele se mudou para Londres, fiquei muito mal por isso ate pensei em tirar minha vida. Pode achar que é exagero, mas éramos melhores amigos e nunca pensei que iriamos nos separar. No dia que você chegou eu estava tocando piano depois de muitas semanas e quando a vi meu mundo criou cor e brilho novamente. Angel você foi meu anjo que me resgatou.

- Por que nunca me disse isso?

- Você nunca perguntou – Ele deu de ombro.

- Lou? –Perguntei depois de um tempo em silencio.

- Oi?

- Te amo. Muito.

- Também e farei tudo para amanhar seu o melhor dia da sua vida.

- Você é o homem perfeito.

- Como já disse sou perfeito para você. Pode dormir, estou vendo que esta cansada. Não vou fugir, amanha te vejo no altar

 Deitei novamente no vão de seu ombro fechando os olhos exaustos o ouvindo cantarolar baixinho. Pouco antes de dormir senti uma leve beijo na bochecha e ouvi sua voz sussurrar:

- Não importa o que acontecer eu te amo. E nisso eu não estou mentindo.

E logo entrei no mundo dos sonhos onde eu e Louis já estávamos casados com nossos filhos e felizes juntos para sempre.