A Força De Cinco escrita por LylaM


Capítulo 2
Número Um.


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Não achei justo deixar só o prólogo para dar o gostinho da fic. Espero que gostem.



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Muito tempo antes.
Lorien. Um planeta verde e belo, com quimeras vivendo em suas colinas verdejantes e peixes brilhantes em seus mares cristalinos. O povo era bom e desenvolvido, uns tinham dons inexplicáveis e poderosos. Outros simplesmente eram guardiões, peças chaves e líderes.
A sabedoria de meu planeta era infinita. Os Dez Anciões que desceram a Lorien muitos e muitos anos antes nos guiavam através das eras, iluminando-nos. Estávamos prestes a nos tornar ainda mais poderosos quando algo aconteceu. Algo negro e triste. Mogadorianos. E tudo se tornou pó.
Apenas dezoito de nós sobrevivemos. Nove Garde. Nove Cêpans. Estamos separados, nos preparando para retornar ao nosso planeta. Somos fracos separados, mas somos ainda mais fracos juntos. Pelo menos por agora, antes de nossos Legados se desenvolverem. Os Anciões nos enfeitiçaram para proteção. Colocou uma ordem de números em nós, e só podemos morrer nessa ordem. Pelo menos até que nos juntemos. Então estaremos prontos. Eu sou a Número Cinco.
Muitas vezes eu sonho em encontrar os mogadorianos. Em meus sonhos, são sombras escuras  e burras que não conseguiam me tocar enquanto eu rodopiava em chamas para destruí-los e torna-los em cinzas. Em pó. Como eles fizeram à minha terra. O sonho era bom, até que eu caía e não me levantava mais.
Nessas noites eu acordava gritando, e Annara corria preocupada até o meu quarto. Eram as únicas vezes que ela me via chorando, fosse por meus pais, meu planeta ou por nós duas. Eu me sentia impotente porque caía, e a angústia aumentava cada vez mais quando meus legados não se desenvolviam. Eu queria vingança. Eu queria saber me defender. Eu queria ser forte.
Talvez por isso eu sempre me dei melhor em lutas. Não que estudar tenha sido um problema. Annara me ensinava  as matérias de escolas normais, matérias de Lorien. Acabei me saindo bem demais, e aos oito anos é como se eu já tivesse terminado o Ensino Médio. Matemática e Física eram minhas melhores matérias.
Mas o que eu realmente gostava de fazer era lutar. Preparar-me para quando os monstros viessem atrás de mim. Sabíamos que um dia ou outro os mogadorianos descobririam que estávamos aqui. E, quando isso acontecesse, eles virão com toda a força e destruirão tudo em seu caminho.  Espero que, quando isso acontecer, eu esteja pronta.
A única habilidade que eu tenho desde o nascimento é a Quimaera. Não, eu não viro um animal, mas nasci com o dom de mudar minha aparência. Olhos, altura, corpo, cabelo, voz. Tudo. Não ser reconhecida era fácil para mim, e eu podia parecer com qualquer um.
Annara é minha Cêpan. Ela é completamente diferente de mim, somos praticamente opostos: ela é doce, gentil, delicada e bonita. Costumava me incomodar as nossas diferenças. Eu queria ser como ela, e em todos os aspectos. Felizmente, não demorou muito para eu chegar a conclusão que isso nunca aconteceria.
Adoro ler. Leio vários livros por semana, um  mínimo de cinco, e meus favoritos são medievais e antigos. O Senhor dos Anéis, por exemplo. Enche-me de orgulho saber que a cidade dos elfos tem o mesmo nome que o meu planeta.
Eu tenho uma quimera que chamo de Petúnia. Na verdade, é do sexo masculino, mas quando eu era menor a chamava de Petúnia como um experimento, para ver se eu podia causar uma crise de identidade em um animal. Nunca deu muito resultado, mas o nome pegou.
Enfim. Começamos pela Rússia, mudando de tempos em tempos de um vilarejo para outro. Eu gostava de me chamar Petrova. Mas logo mudamos de país e fomos para a Itália. Compramos uma casa com um vinhedo no quintal, e moramos lá por dois meses. Eu me chamava Giovanna, e Annara era Paola.
Certo dia, eu estava caminhando por entre as vinhas e perdi o equilíbrio. Caí no chão sem sentir dor alguma. Sons não entravam em meu ouvido, e foi como se eu tivesse me fechado para o mundo. A visão se tornou turva e eu pensei se por acaso o feitiço que nos protegia tinha sido desfeito. A minha reação foi pedir, pelo amor de Deus, que isso não tivesse acontecido. Eu não estava pronta, eles não estavam prontos, nós não estávamos prontos.
Tive uma visão clara. Um garoto de cabelos negros em corte militar estava sendo erguido por um terrível monstro de jaqueta negra. Uma floresta quase tão escura quanto a jaqueta era densa a nossa volta, fazendo com que eu me sentisse como se sendo sufocada por mãos negras, engolida pela escuridão.
Notei vagamente quando Annara gritou e aproximou-se de mim, colocando a mão pelas minhas costas e erguendo-me o suficiente para encarar-me nos olhos. Eu desviei a cabeça de seu olhar e encarei o céu, azul, ignorando a luz do sol que me cegava. As lágrimas por causa da luz caíram por meu rosto, mas tudo o que eu conseguia fazer era sentir medo.
Vi meu Cêpan sendo morto, uma espada mogadoriana bem através de sua barriga, e o que eu queria fazer era gritar e matar a todos. Então percebi que não era apenas eu quem queria fazer isso, e definitivamente não era eu que via meu Cêpan ser morto, mas sim o garoto que estava sendo segurado. O Número Um.
Quando percebi isso, quis ajuda-lo de qualquer maneira. Gritei, esperneei e tentei alcançar o mog, mas ele limitou-se a enfiar a espada na barriga do garoto. Eu gritei no colo de Annara, pois senti como se a espada tivesse sido enfiada em mim, queimando o meu interior, entrando em mim. Senti o sangue quente empapar minha blusa, e algo em minha perna começou a brilhar e queimar. A luz fez com que a imagem se enevoasse e desaparecesse, mas antes disso eu vi os olhos de Um se fixarem em mim e ele sussurrou:
“Esteja pronta.”
Desmaiei completamente.

Quando acordei, estava deitada em minha cama, dentro do quarto com gelo em minha cabeça e linho em minha perna. Cobria a queimadura de minha nova cicatriz. Annara corria de um lado para o outro montando caixas para a mudança, mas quando me viu parou imediatamente. Ela sentou-se em minha cama e me abraçou. Petúnia estava ao meu lado em forma de gata e aconchegou-se mais perto de mim quando eu gemi. Minha cabeça estava explodindo.
- Eu vi... Eu senti... – odiei quando minha voz tremeu. Annara assentiu com a cabeça, como se dissesse que eu não precisava continuar. – Os mogadorianos estão aqui. Eles nos acharam. 
E agora não há mais paz, eu pensei.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?