O canto da Sereia escrita por Disturbed Lucy


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

É aqui que a trama se inicia. *-*



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Ela estava sentada na bancada da Taberna mal cheirosa, escutando os gritos de excitação e brigas gerais. Com os braços apoiados na bancada de modo que a capa escura que vestia lhe ocultasse as suas feições femininas, esperava. Primeiramente, os únicos tipos de mulheres que frequentavam tabernas, bem, eram... Prostitutas. Ela não o era, por isso preferia que ninguém soubesse que estava ali.

– Psiu. - Chamou sua atenção um homem baixote, com cabelos cor de fogo e uma barriga protuberante. - Sereia?

– Cale-se! - Ralhou a garota, irritada. Porém em um sussurro para que ninguém lhe escutasse. Seria difícil com o barulho de música e a gritaria constante, mas por precaução... - Não me chame assim em público.

– Tenho uma encomenda... - Ele lhe disse empurrando a ela um pedaço de pergaminho amassado. - Vá a este lugar e o encontrará.

– Quem é?

– Kairo de Sáint. - Ele lhe sussurrou ainda mais baixo. Porém ela escutou perfeitamente.

– Tem um preço maior pela nobreza. E quero metade adiantado. - Disse-lhe de forma direta, como se nem ao menos se importasse que este fosse o Rei de toda Hibórea.

– Claro, claro, o que for. - Ele disse rapidamente, por medo de que ela desistisse, lhe passando um saquinho de moedas que tilintou. Ali havia moedas o suficiente para que ela jamais precisasse trabalhar, e com a outra metade, ela se tornaria praticamente uma rainha.

– Sua encomenda estará pronta em uma semana. Encontre-me aqui. - Ela levantou-se, guardando o saquinho nos bolsos da capa, e cobrindo mais a cabeça. Saiu da taberna com um de seus maiores trabalhos em mão... Mas seria tão simples. Era apenas um rei obeso com uma guarda inteira em seu encalce.

Mas Lyanna jamais falhava.

–--

Sereia. Era conhecida por todos como Sereia. Isso porque atraia os homens com sua sedução, e então os matava. Hábil, esperta, persuasiva. Ela jamais falhara em uma encomenda, e não seria nesta que falharia.

Finalmente teria mais riqueza que seu pai jamais sonhara, ao expulsá-la de casa a taxando de "uma cadela sem escrúpulos". Apenas tinha se negado a casar com o grande amigo do pai... E o matado quando ele tentou convence-la de forma indecente. Seu pai não compreendera. Para ele mulher era um objeto.

Ah, como ela queria ver sua cara agora, quando esse objeto matasse o grande Rei do continente de Hibórea.

Checou-se novamente na bandeja de prata posta a frente de seu rosto. Estava impecável. Seus grossos cabelos negros presos em uma trança, os olhos azuis gelo brilhando de modo instigante, e sua pele branca e pálida contrastando com a cor dos seus cabelos. Lyanna sempre fora bonita. Muito. E foi graças aquela beleza que seu pai a vendeu... Um casamento que seria perfeito para suas finanças.

Não, ninguém prende uma sereia.

Trajava um vestido branco, incólume, que ressaltava suas partes bonitas, tornando seu corpo mais curvilíneo e suas feições mais angelicais. Ela não parecia uma prostituta, parecia uma moça inocente que não descobriu nada da vida. E era isso que os homens queriam. Inocência e submissão.

Caminhou até os portões do castelo, erguendo seu vestido para que não arrastasse na grama. Como previra, um dos guardas veio até ela.

– O que faz aqui a essa hora, senhorita? - Ele lhe indagou com um sorriso pervertido nos lábios. - Pode ser perigoso.

Ela lhe encarou com seus olhos inocentes, e como se não notasse suas segundas intenções, começou a falar.

– Eu estava indo de carruagem para o feudo do meu pai, e fomos assaltados por uma horda de malfeitores! - Ela chorou. Parecia mesmo desesperada. - Eu consegui fugir antes que me fizessem algum mal. Eu suplico que peça ao seu Rei para me dar abrigo.

O guarda parecia ter outras intenções em mente, mas quando escutou sua história, até sua postura se firmou. A punição para galantear uma moça nobre sem seu consentimento era o corte das partes mais baixas.

– Venha, senhorita, está frio. - Ele a guiou para dentro da propriedade. - Falarei com o rei imediatamente.

Depois de esperar pelo rei, sentada em uma poltrona de veludo e seda, enquanto conversava com sua filhinha, ele chegou.

– Ho ho! Vejo que conheceu minha pequena. - O rei lhe disse, sua barriga enorme apertada em vestes da mais fina seda. - Então, lady, o que faz aqui?

Ela lhe deu seu melhor olhar que suplicava piedade antes de dizer.

– Meu Rei. - Com sua voz melodiosa, fez uma reverência. - Sou filha do nobre Kaleel, do Sul, e estávamos passando aqui próximo para ir ao festival de primavera, quando fomos parados por homens encapuzados. Estes nos obrigaram a sair, e a darmos-lhes nossos bens. Eu escapuli por sorte, enquanto o senhor meu pai lutava bravamente por minha honra.

O rei lhe olhou emocionado, e sua filhinha pequena, que devia ter pouco mais de três anos, escalou suas pernas. A esposa dele morrera no parto da menina, franzina e frágil, e o Rei ainda estava de luto. Porém logo buscaria uma esposa.

Em menos de uma semana Lyanna o teria aos seus pés.

– Que triste desventura! - Ele falou sincero. - Como se chama, lady?

– Sou Joanne Beniet. - Ela lhe disse, e ele ficou surpreso. Ela calculara tudo... Realmente existia uma familia Beniet nobre, do Sul. Porém muito distante para que o Rei lhes contatasse em menos de dois meses.

– Lhe ofereço então minha hospitalidade, Madame Beniet. Poderá dormir com as donzelas que tenho sob minha custódia. A aia te levará. - Ele lhe disse, enquanto se afastava. - Por hora vou me retirar. Preciso me por a cuidar de sérios negócios...

Ela lhe acenou afirmativamente, como uma boa menina.

A aia, uma mulata dos países baixos, a levou para o imenso quarto onde quatro jovens dormiam.

Apenas uma delas estava acordada, e encarava Lyanna com certo pavor.

– Lya. - Ela murmurou o apelido que apenas uma pessoa conhecia... Aquela era Tamra.

Lyanna correu até sua cama e lhe fez sinal para ficar em silêncio, e só falou quando a Aia havia deixado o cômodo.

– O que faz aqui? - Perguntou Lyanna a Tamra. A menina de cabelos dourados e olhos azuis lhe parecia a mesma. Costumavam, em sua infância, brincarem juntas. Tamra era nobre, e o pai de Lyanna prestava serviços a sua familia.

– Eu que devia perguntar! - A garota disse, intensa. Porém em um sussurro. - Que roupas são essas? Pelos Deus Lya! Quase não te reconheço.

– Não me chame de Lya. - Ralhou, olhando em volta para ver se acordara alguém. - Sou Joanne agora. E o que faz aqui?

– Oh Ly- Joanne. Ferdinand morreu! Ele era protegido do rei. Eu fui trazida para cá.

– Então você se casou com Ferdinand? - Ela fez cara de nojo. Era um menininho arrogante e imbecil.

Ela apenas acenou que sim.

Depois de uma breve conversa, Lyanna se deitou. Teria que adiantar seus planos... Não podia confiar que Tamra mantesse a boca fechada. Mataria o rei essa noite.


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Notas finais do capítulo

Não, os acontecimentos não estão rápidos. É só que esse é o ritmo.

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