Em um minuto começou seu pesadelo. A missão era recuperar algumas garrafas de vinho, mas no caminho tiveram que escapar de abelhas venenosas. Conseguiram. Tudo parecia bem, tirando o fato do Imperador dos raios estar muito atrás.

- Ginji, vamos!

- T... Ta. - O loiro falou enquanto carregava sozinho a mercadoria.

Um minuto.

Em um minuto teve vontade de olhar para trás e acabou vendo o amigo fechando os olhos e caindo vale abaixo.

GINJIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!

Por impulso (e sempre foi por impulso) o Midou saltou no vale e se segurou no alho de uma árvore para segurar o loiro com a outra mão a tempo. A surpresa foi tanta que nem conseguiu olhar para os cacos de vidro molhados com vinho no fundo do vale.

- Desculpe... - Ginji murmurou com dificuldades - Eu só consegui pegar uma garrafa...

- Seu idiota! Isso não é hora de se preocupar com o vinho! Você está queimando!

Ban escorregou pelo vale e acolheu o loiro, que ardia em febre.

Ajeitou Ginji sob a sombra de uma árvore frondosa e ofereceu a ele algumas ervas medicinais, mas aquilo não resolvia. Tinha que buscar o antídoto e seria perigoso carregar Ginji e correr o risco de levarem mais picadas de abelhas.

Não sabia o que fazer.

Então ouviu o loiro delirar:

- Ban-chan...

- Huh?

- Ban-chan...

Nada mais importava. Iria sozinho enfrentar diretamente o responsável por aquilo e pegar o antídoto. Não tinha tempo para pensar em um plano.

"Ginji"

"Ginji"

"Aguente"

"Eu juro. Eu vou salvar você!"

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Apenas um minuto.

O pior minuto de todos não foi causado por nenhum Jagan. Ginji realmente estivera por um fio e Ban acabou tendo que lutar com todas as forças para pegar o antídoto e recuperar a saúde do amigo.

Ferido, desgastado, caiu de joelhos ao lado do loiro, que delirava e ardia em febre.

- Idiota... - Ban acolheu o rapaz nos braços e abriu o frasco com o remédio - Da próxima vez... Não esconda isso de mim.

- Ban-chan... - Ginji murmurou. 

- Não se preocupe, eu estou aqui.

- Arh... Arh...

- Não vou deixar você, Ginji.

"Nunca..."

Assim que provou um gole do antídoto, o loiro foi se acalmando, até dormir completamente com a cabeça encostada no colo do amigo.

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Algum tempo depois.

Era madrugada. Ban, dentro do fusquinha, abriu os olhos sem conseguir dormir depois de lembrar da última missão. Apesar de tudo, Ginji dormia tranquilamente, como se nada de ruim tivesse acontecido.

O moreno abriu a porta do carro, mas não chegou a sair. Ajeitou o assento e olhou para Ginji. Daquele jeito, parecia um anjo livre de qualquer mal.

- Ginji... 

Ban passou a mão no rosto do loiro e se inclinou na direção dele:

- Quando vai parar de me dar trabalho?

Silêncio. De repente, para o seu desespero, a mão de Ginji se moveu e segurou a sua, abrindo os olhos segundos depois.

- Você estava FINGINDO!? - Ban se exaltou furioso.

Mas Ginji continuou em silêncio. Estava diferente das outras vezes, sem fazer muito barulho e sem fazer birra feito uma criança. Estava olhando Ban com muita seriedade.

- Arigato, Ban-chan.

- Baka, você já me agradeceu.

- Eu sei.

Ginji se sentou e apoiou os braços nas pernas:

- Você me salvou outra vez e por sorte a missão foi completada. Acho que ainda não estou forte o suficiente.

- ...

- Eu deveria ficar mais esperto nas lutas. Estou atrasando você.

Após dizer isso, suspirou enquanto o moreno o mirava seriamente.

- Ginji.

- O que foi?

- Por acaso está comigo só para se tornar mais forte?

- Não. - Foi direto - Mas quando conheci você percebi que meu poder não era absoluto.

- ...

- Eu confesso que passei a admirá-lo e quis ter todo esse controle que você tem, mas ultimamente não estou conseguindo alcançá-lo.

- Tolo.

- ...

- Eu nunca achei alguém que tivesse condições de me acompanhar como você. Deve ser por isso que viramos sócios.

O loiro olhou surpreso para o parceiro.

- Ginji, na Fortaleza Ilimitada prevalece a nossa mente. Lutar contra uma mente confusa como a sua na época não foi tão difícil.

Ginji ficou na sua forma chibi.

- Confusa? Não exagere, Ban-chan.

- Ginji...

- Huh?

Quando o loiro abriu os olhos, voltando ao normal, Ban passou, de repente, a mão pela sua nuca e puxou-o para o que poderia ser considerado um abraço.

- B... Ban-chan...?

- Eu disse que você me dá trabalho porque eu não consigo deixar de me preocupar com você.

- ...!!

- Então... Preocupe-se com a sua vida antes de qualquer missão.

Ginji apenas sorriu e fechou os olhos. Estavam juntos então estava tudo bem.

FIM