No Sussurro Dos Ventos escrita por Fernanda Melo


Capítulo 12
Me Perdendo aos Poucos


Notas iniciais do capítulo

Hoje tomei a audácia de escrever um pequeno texto sobre algo que mexe muito com a mente de qualquer pessoa sendo ela criança, jovem ou adulto. Algo que descontrola o psicológico da pessoa mais racional ou controlada do mundo... A solidão ou abandono.
Escrevi o texto com alguns relatos meus, talvez vocês se identifiquem com algo ou talvez não... Mas querendo ou não isso é um dos degraus de minha vida...
Boa leitura...



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As coisas nem sempre saem da forma mais clara que imaginamos. Sempre damos de cara com portas e isso sempre nos machuca por mais preparados que nós estejamos. Mas não basta somente minha preparação física sendo que minha alma padece nos pecados mais absurdos e, então, me pego pensando na coisa mais estranha que poderia me acontecer, porque não partir por um tempo sem ninguém perceber?

Nem mesmo aquele galho de árvore irá notar minha ausência aqui e quando eu voltar serei rodeada por sentimentos que eu já esperava e alguns outros até que não. Às vezes devemos nos pegar pensando em como seria se as pessoas se assustassem sem nossa presença. Saber o nosso verdadeiro significado quanto a elas e por fim descobrir quem está ao seu lado de verdade.

Pensar, pensar... Nunca eu acho que seja demais até que em um ponto a linha arrebenta, um pensamento bobo me perde a concentração e recomeço, mas o mesmo pensamento insano me atormenta novamente. Por fim tomo outro rumo e penso sobre isso, a parte que não me deixa seguir adiante. Vejo as muralhas se formarem diante a mim, sem ter para onde fugir me pego chorando racionalmente. A solidão ali prevalece até eu não ter mais planos nenhum.

Perdida, desamparada, sem ter com quem refugiar. É as partes que menos demonstramos que nos fazem enlouquecer, o anseio por ter alguém ao meu lado me dando atenção eminente, sem fim. Nem sempre penso nessas coisas absurdas, nem sempre penso em como é bom estar no pódio e ter algum poder sobre alguém. Mas me pego pensando em como me acostumei em me isolar, em como me obriguei a aprender a ficar só, em como me forcei a gostar de ser invisível.

Para quem antes era um pouco conhecida, apesar de ser por fama de maluca, hoje a invisibilidade me parece mais propício do que qualquer coisa. Já não tiro notas boas com medo de me descobrirem, já não vou mais sentir o calor do sol no lado de fora com medo de que me vejam, já não faço as mesmas coisas de antes com medo que me encontrem novamente, para eles eu sumi e quero que permaneça assim, ou pelo menos me iludo achando que assim seja melhor.

Mas vejo que nem sempre o que pensamos ser melhor é bom. A solidão acaba aos poucos com meu corpo, com minha mente, com minha alma. É uma droga que me viciei e não sei mais como fugir. É um meio, uma fuga, um jeito de resolver os problemas. Ela vai corroendo primeiro minha alma passando para minha mente, me deixando completamente insana a ponto de não saber mais o que é bom ou não para mim, acaba com meu corpo físico... Destrói-me de todas as formas. Estou morrendo aos poucos e mesmo assim levanto a cabeça e sempre digo que estou bem.

Afinal a solidão me fez perceber que demonstrar minha angústia faz com que as pessoas me vejam e isso é o que menos quero. Sendo que muitas delas apontarão o dedo em minha cara e sempre dirão que a culpa sempre foi minha e que de alguma forma eu esteja pagando por algo que fiz. Mas apesar de aceitar todas as acusações eu não entendo qual o direito que eles têm para apontar meus erros, meus defeitos...

Às vezes essas acusações me fazem sentir ainda pior, me fazem afundar em um poço, perder o rumo de volta para algum lugar que eu deveria ir, mas que eu não me lembro mais. É assim que levo minha vida, custa me deixar em paz? Mas ninguém está feliz sem antes criticar e criticar a vida das pessoas que elas nem ao menos conhecem.

Olhar por fora, assistir de camarote ou dar uma singela passada por minha vida e observá-la como se observa uma vitrine de uma loja qualquer não irá fazer de você um expert sobre minha história e nem lhe dar a autoridade de me julgar. Apontar o dedo na cara das pessoas é fácil demais, um gesto no qual até mesmo uma criança de menos de um ano consegue fazer, mas elas ainda fazem este gesto por pura inocência e você?


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