O Homem que Eu Amo escrita por Angel_Nessa


Capítulo 32
O HOMEM QUE EU AMO - PARTE XXIV




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Já se passou um bom tempo desde a última vez que eu escrevi nesse caderno, e voltar a escrever aqui me fez lembrar da razão de tê-lo começado a escrever. Eu comecei a escrever essas lembranças na noite que Naruto saiu numa missão sem mim, eu estava tão preocupada que peguei esse pequeno caderno que estava na gaveta de um dos consultórios do hospital e comecei a escrever sobre o que eu estava sentindo naquele momento.

 

Ao sentar-me para escrever sobre como havia sido nossa primeira vez eu acabei relendo sobre a minha noite de angústia a espera de Naruto, e achei inapropriado começar meu caderno de memórias com sentimentos tão tristes, por isso eu decidi arrancar a primeira página e deixei a partir da segunda onde estava relatado o retorno de Naruto aos meus braços. Quando ele retornou vivo da missão senti um alivio tão grande e depois tivemos nossa primeira vez juntos, foi tudo tão mágico e especial que eu quis eternizar isso nas linhas desse caderno.

 

No entanto, eu não pude evitar em escrever páginas tão tristes como aquela primeira página que eu arranquei. Achei que é era parte da nossa vida ter momentos felizes e tristes, e então, por isso decidi não mais arrancar nenhuma página. Eu escreveria a minha história com Naruto de forma completa, como seus momentos de plena felicidade e tristeza.

 

Ah, há tanta história de nós dois para ser contada. Talvez um dia eu sente aqui nessa mesa para escrever como nós nos conhecemos e em que momentos de nossa vida eu percebi que o que sentia por ele era algo além da amizade.

 

Por agora quero contar sobre minha família, só que a nossa história é tão grande que não caberia nessas páginas em branco que restam. Eu queria poder escrever a emoção que senti quando Minato e Jiraya deram os primeiros passos apoiados um no outro, e como Kushina agarrando-se em minhas pernas se pôs de pé; queria poder escrever sobre o dia em que eu e o Naruto dormimos abraçados num campo de flores de uma aldeia para a qual fomos prestar serviços; queria simples escrever em detalhes os nossos momentos mais perfeitos para que assim eles não se perdessem jamais no abismo do esquecimento.

 

Vou contar algo que eu realmente quero que fique registrado. Foi algo que aconteceu e deixou uma forte lembrança quando passou.

 

A melhor definição de Naruto como pai era: tolerante.

 

Eu sabia que Naruto havia crescido órfão e que por isso ele nada conhecia sobre limites impostos pelos pais, no entanto, a tolerância dele ante as travessuras e requisições de nossos filhos era demais.

 

Aos 3 anos nossos filhos passaram a não querer mais dormir em seus quartos, e preferiam vir nos visitar durante a madrugada. A seqüência de visitas era bem planejada; primeiro vinha o Minato.

 

- Pai, mãe... num consigo mimir – ele dizia uma voz tão meiga que era impossível resistir.

 

Eu e Naruto já deitados na cama e em meio a nosso sono despertávamos com a presença dele em nosso quarto.

 

- Minato, volte para seu quarto – eu tentava mostrar o certo a ser feito.

 

- Ah, Sakura-chan, ele está com medo.

 

- Naruto...

 

Aquela não era a primeira vez que isso acontecia, e por isso eu sabia que se Minato ficasse os outros não tardariam a vir também.

 

- Venha Minato.

 

Naruto abriu um espaço entre nós, e Minato escalando por cima do pai deitou-se em nosso meio, aconchegando-se naquele espaço que lhe oferecia tanta proteção.

 

Assim como eu previra, Kushina veio seguindo o irmão. A pequenina esfregava os olhos enquanto caminhava, ela tropeçou no tapete e caiu com as mãozinhas espalmadas na barriga de Naruto. Sem me pedir permissão ou esperar a garotinha falar, Naruto puxou-a para o meio da cama e deixou-a ficar ao lado do irmão, eu apenas lhe lancei um olhar de reprovação, porém Naruto o rebateu com um sorriso.

 

Um minuto depois, Jiraya adentrou no quarto e se pôs sobre a barriga de Naruto voltando rapidamente a dormir.

 

- Eu disse... – disse virando para o outro lado.

 

Naruto virou-se de lado e Jiraya caiu ao lado dos irmãos. Nossa cama era grande, mas ao abrigar três crianças e dois adultos ela se tornava pequena.

 

Quando eu voltei a me virar, Naruto não estava mais na cama; nossos filhos já estavam dormindo profundamente. Eu sentei-me e vi Naruto no chão do quarto também dormindo. Não pude evitar que um risinho saísse por meus lábios ao ver que ele havia cedido o espaço para os seus filhos.

 

- Seu bobo... vai ter que dormir no chão...

 

Eu cobri meus pequenos, e delicadamente sai da cama e cobri meu grandinho que repousava tranqüilo no chão do quarto. Eu lhe dei um beijo na bochecha, e Naruto segurou meu braço; ele abriu os olhos e me encarou.

 

- Não está brava comigo?

 

- Naruto você tem que dar limites aos seus filhos... Olha só, agora você vai dormir no chão

 

- Por que você não fica aqui comigo? – me pediu fazendo biquinho.

 

- Vai passar a noite dormindo no chão... Sozinho – enfatizei a última palavra.

 

Eu me levantei e voltei para a cama.

 

Uma semana depois, Naruto e eu nos encontrávamos na mesma situação.

 

- Hey Sakura-chan... – me chamou Naruto que estava deitado no chão.

 

- O que foi Naruto? – disse um pouco sonolenta

 

- Você acha que um dia eles vão voltar para o quarto deles?

 

- Sim... – respondi me ajeitando melhor no pouco espaço que me sobrava na cama – quando eles se casarem...

 

- O que?! – disse assustado Naruto sentando-se

 

- Fica quieto Naruto. Quer acordar os nossos filhos?

 

Naruto aproximou o rosto da beirada da cama, e nesse momento a claridade da luz do luar vinda da janela me permitiu ver o olhar de ternura que ele lançava sobre nossos filhos.

 

Minato estava virado para o pai e dormia tranquilamente com o dedo na boca, Kushina estava ao meu lado e sua pequena mãozinha segurava um pedaço do cobertor, já Jiraya dormia de barriga para baixo com as perninhas bem arqueadas, deixando pouco espaço para os irmãos.

 

Era essa cena com a qual Naruto se deleitava naquele momento, uma visão de nossos pequeninos filhos adormecidos baixo nossa proteção.

 

Eu estendi minha mão por cima de nossos filhos e Naruto a segurou, nossos dedos se entrelaçaram e como dois bobos ficamos uma boa parte da noite admirando nossos rebentos. Era muito boa a sensação de se ter uma família.

 

Conforme nossos filhos foram crescendo, eu tive que tomar as rédeas de algumas situações, e como Naruto era sempre muito tolerante nossos filhos, cabia a mim ser a mãe chata.

 

Ao completarem sete anos eu tive que colocar uma plaquinha especial na parede da sala.

 

Nela havia escrito com letras pretas em kanjis.

 

REGRA DA MAMÃE: PROIBIDO KAGE NO BUSHIN.

 

Naruto havia feito o favor de explicar a nossos filhos como realizar essa técnica, e devo dizer que eles adoraram. Para conter a super lotação de Minatos, Jirayas e Kushinas pela cidade eu tive que impor a eles tal regra. A plaquinha na parede ajudava-os a se lembrar disso constantemente. Afinal se eu permitisse que eles realizassem o Kage no Bushin, Konoha seria destruída por nossos próprios filhos, cópias perfeitas em peraltice do pai.

 

Agora eu vou voltar um pouco quando meus filhos tinham três anos; uma coisa muito boa aconteceu naquele ano. Tsunade-sama mandou que eu e o Naruto comparecêssemos a seu escritório por conta de um assunto urgente. Não posso negar que tal requisição em tempos de paz que vivíamos era preocupante.

 

Ao chegarmos lá, Tsunade-sama sentou-se em sua mesa e cruzou as mãos na altura dos olhos; ela nos olhava diretamente deixando aquele ar de segurança próprio dela nos atingir. Ao seu lado estava Shizune, sua fiel escudeira, para não dizer também: auxiliar, aluna, família, amiga e confidente.

 

- Pedi que viessem hoje aqui porque tenho um assunto importante a tratar.

 

Tsunade-sama não parecia disposto a medir palavras, o que viesse de sua boca, viria de forma direta e bem clara.

 

- Por que não fala logo porque nos mandou chamar aqui, oba-chan?

 

Naruto estava tão nervoso e apreensivo quanto eu, mas explodir dessa maneira não levaria a nada.

 

- Fica quieto Naruto! – dei-lhe um soco na cabeça.

 

- Hey Sakura-chan – disse massageando o lugar onde levara o soco.

 

Eu tinha que controlar o espírito impulsivo do Naruto. Tsunade-sama riu com a cena, e Shizune a acompanhou no riso.

 

- Mesmo que passem os anos parece que os vejo sempre iguais – disse Tsunade-sama rindo.

 

Ela nos olhava com uma ternura rara de ver em seus olhos, não porque não existisse, mas simplesmente porque “ternura no olhar” não era algo que Tsunade-sama deixasse os outros verem brotar de seus olhos.

 

- Me perdoe, Tsunade-sama – me desculpei pela situação.

 

Tsunade-sama balançou a cabeça e voltou a ficar séria, parecia que aquele movimento de cabeça havia levado para longe seu sorriso.

 

- Eu os chamei aqui porque queria que fossem os primeiros a saberem da minha aposentadoria.

 

A palavra “aposentadoria” nos deixou pasmados, era difícil entender que Tsunade-sama estava pensando nisso.

 

- Vai se aposentar é oba-chan. Para alguém da sua idade é bem normal pensar nesse tipo de coisa.

 

- Será que não pode fechar essa sua boca grande Naruto!

 

Novamente eu tive que socá-lo a fim de demonstrar que tais palavras soavam um tanto hostis.

 

Os anos poderiam passar, e Naruto poderia carregar nos ombros a responsabilidade de ser pai, porém seu jeito direto de lidar com as noticias nunca mudaria, eu estava certa disso. 

 

- Aposentar! Como assim? – Shizune parecia mais surpresa do que eu e o Naruto.

 

- Preciso de um tempo para mim, já estou cansada desse trabalho de Hokage.

 

Para quem conhecia Tsunade-sama podia soar estranho ela falar desse jeito, mas para quem a conhecia de verdade entendia que suas palavras eram simplesmente falsas; ela havia tomado uma decisão e não se sentia confortável em falar dos reais motivos que a levarão a tal atitude.

 

- E o que pretende fazer? – perguntou Naruto cruzando os braços e se pondo bem sério.

 

- Pensei em deixar o cargo para você... – disse ela de forma direta.

 

- O que?! – surpreendeu-se Naruto.

 

- Acho que um moleque mal-educado e cabeça dura como você pode dar conta de cuidar de Konoha, além disso, conto com a Sakura e a Shizune para ficarem de olho em você.

 

- Tsunade-sama... – as palavras me faltaram nessa hora.

 

Eu não sabia se ficava triste por ela estar deixando o cargo de Hokage ou se a agradecia por estar permitindo que Naruto realizasse o sonho dele de ser Hokage.

 

- Não precisa fazer isso... – retrucou Naruto a contragosto – eu vou ser Hokage por meus méritos.

 

- Seu idiota, e por que acha que o escolhi como meu substituto? Acha que eu deixaria a cidade nas mãos de qualquer um?

 

As perguntas retóricas de Tsunade-sama eram repletas de elogios ocultos, isso era de sua maneira às vezes rude em se dirigir as pessoas.

 

Naruto a olhava com desconfiança, ele parecia não acreditar no que estava acontecendo.

Tsunade-sama soltou um largo suspiro.

 

- Finalmente vou poder descansar... Não tenho mais idade para ficar me arriscando em missões... Consegui deixar o cargo viva!

 

Tsunade-sama mostrava-se feliz com a decisão tomada, acredito que para ela aquele pareceu o momento certo para se abdicar do cargo de Hokage em favor de Naruto.

 

- Obrigado – agradeceu Naruto.

 

- Meus parabéns Naruto – disse Shizune toda sorridente.

 

Era evidente que Shizune ainda estava um pouco aturdida com a decisão de Tsunade-sama, no entanto, ela estava feliz por ser Naruto a vir ocupar o lugar vazio deixado por minha sensei.

 

- O filho de Minato finalmente vai ser Hokage! – gritou Tsunade-sama se levantando - Temos que comemorar!

 

Tsunade-sama saiu da sala e Shizune logo a seguiu. Naruto ficou paralisado de frente para a mesa onde outrora Tsunade-sama estivera sentada. Eu abracei Naruto pelas costas. 

 

- Você finalmente conseguiu Naruto. Você é o Hokage de Konoha.

 

Naruto colocou sua mão sobre a minha.

 

- Sempre achei que o dia que eu me tornasse Hokage seria o dia mais feliz de toda a minha vida, e agora vejo que estava enganado...

 

Eu dei a volta em Naruto e me prostrei ante a ele.

 

- O que está dizendo? Você sonhou com isso a sua vida inteira!

 

Naruto colocou suas mãos sobre meus ombros.

 

- Ser Hokage não é o que me faz ser feliz.... Você e meus filhos são a razão da minha felicidade... – disse exibindo um enorme sorriso.

 

Eu o abracei e lágrimas saltaram de meus olhos.

 

- Nossa família... – sussurrei com a cabeça afundada em seu peito.

 

- É o que eu tenho de mais valioso...

 

Naruto colocou a mão atrás da minha cabeça e com a outra me envolveu num abraço apertado. Eu não podia deixar de concordar com ele, nossa família era realmente muito especial.

 

 


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Notas finais do capítulo

nota da autora: Um pouquinho da vida em família de Naruto e Sakura... Aguardem uma grande emoção nos próximos capítulos.

Desculpem o atraso pela postagem.