-Não adianta chamar por eles. –Nacadiel (http://herdeira-do-anjo.blogspot.com.br/2013/06/look-nacadiel-funeral-da-lucy.html) falou. –Eles estão bem longe dessa cidade.

-Cadê meu pai? –falei tentando controlar o medo e pensar em uma saída para aquilo.

-Estão cuidando dele. Não se preocupe, não mataremos. Seu pai é uma verdadeira lenda sabia? O único anjo a recuperar as asas e tornar-se humano. Não podemos matá-lo, seríamos punidos por isso. Já você querida... –ele falou pegando em meu pescoço e me jogando na parede.

-Diga-me, como você quer morrer? –ele falou.

Senti minhas pernas tremerem. Olhei disfarçadamente para os lados e vi meu abajur. Peguei-o e quebrei-o na cabeça de Nacadiel. Ele me soltou e tocou na sua cabeça, estava sangrando. Aproveitei a chance e pulei pela janela. Comecei a escorregar pelo telhado rapidamente. Tentei segurar-me nas telhas, mas não conseguia. Cai em um arbusto, ele amorteceu minha queda. Olhei para cima e vi que Nacadiel já descia pelo telhado atrás de mim. Corri o máximo que pude, entrei na floresta para despistá-lo. Vi uma grande árvore e subi nela antes que Nacadiel conseguisse me alcançar. Subi o mais alto que conseguisse. Sentei em um alto galho e tapei minha boca, minha respiração estava muito acelerada e aquilo poderia denunciar minha posição. Vi Nacadiel passar por lá com dois capangas. Eles olharam ao redor, mas não me viram.

-Droga! Ela fugiu! –esbravejou Nacadiel. –Ela não escapará da próxima vez. Nós pegamos os pais dela, ela virá até nós.

Eles saíram. Esperei mais cerca de 20 minutos depois deles irem embora para ter certeza que eles realmente tinham ido. Comecei a descer da árvore, as lágrimas corriam em meu rosto. Meu corpo inteiro tremia. Não podia voltar para casa, estava com medo que Nacadiel tivesse deixado um anjo lá para esperar minha volta. Comecei a caminhar para a cidade, eu precisava encontrar um telefone e ligar para Liu. A cidade estava completamente deserta naquela hora. Já devia passar de meia noite. Meus pés já estavam com calos horríveis já que minha casa ficava distante da cidade.  Vi um telefone público mas eu não tinha moeda nenhuma, vi que um carro se aproximava e me escondi no beco imaginando que era Nacadiel. O carro parou. “Ele me viu?”, pensei. Eu não consegui ver quem era, pois estava muito escuro. Eu ia gritar, mas ele tapou minha boca.

-Calma! Sou eu!-falou Seth. 

Eu desabei em seus braços, ele me abraçou de volta. Eu chorava desesperadamente.

-O que aconteceu?-ele indagou em meu ouvido.

-Nacadiel... ele pegou meus pais.-falei no intervalo entre um soluço e outro.

-O que? Como?-ele falou.

Seth levou-me para seu apartamento.  Era um apartamento luxuoso, com móveis modernos. “Onde ele consegue dinheiro?”, pensei. Sentei no sofá. Não demorou muito e ele trouxe chocolate quente. Apesar de ser primavera, as noites continuavam muito frias. Contei-lhe tudo que havia acontecido.  Seth ouviu-me atentamente. Depois que terminei, ele sentou-se ao meu lado e me abraçou. Ficamos desse jeito por aproximadamente uma hora.

-Você tem que ficar aqui. Quando amanhecer eu vou a sua casa em busca de pistas dos seus pais. –ele falou.

Concordei com a cabeça.

-Você pode dormir na minha cama. –Seth falou. Eu arregalei os olhos. –Sem eu nela, obviamente. –ele sorriu. Eu sorri de volta.

-Ou na do Liu, se você preferir. –ele disse.

-Você mora com o Liu?-indaguei.

-Na verdade, ele mora comigo. Esse apartamento é meu. –ele respondeu.

Decidi por dormir na cama do Seth já que ela era maior e mais macia. Seth dormiu na cama de Liu.