Ser nova em uma cidade é algo extremamente ruim. As pessoas te olham estranho, te acham estranho e você será eternamente um estranho. E para piorar minha situação, nos mudamos para uma cidade no interior da Inglaterra: Sweetchild. Nem se preocupe em tentar achar no mapa, de tão parada no tempo ela provavelmente nem chegou a ser mapeada, ou foi mapeada mas como ela não mudou nos últimos 30 anos , desistiram dela.

É uma cidadezinha de clima frio e chuvoso o que a deixa com aparência de filme de terror. Para se ter uma noção, quando um filme chega ao cinema da cidade, ele já está disponível em DVD. Já moro aqui à cinco anos e ainda sou considerada uma forasteira. Com exceção,é claro, da minha melhor amiga Lanna Brooks e de minha babá Mika. Sim eu ainda tenho babá, mas é por preocupação de meus pais. Meu pai, Patch Cipriano, é médico e minha mãe, Nora Grey, é jornalista, sendo que os dois trabalham em Liverpool o que faz com que eles vivam fora de casa.

Porém, não me sinto tão sozinha por causa de minha amiga. Ela é muito linda: cabelos negros, pele morena, baixinha mas de corpo escultural. Eu não diria que sou totalmente o contrário: tenho pele branca, sou mais alta e tenho cabelos castanhos escuros e meus olhos são negros. Além disso ela é americana, o que nos faz irmãs de nacionalidade e de alma.

Estava uma linda manhã lá fora mas definitivamente eu preferia dormir mais um pouco. Fechei os olhos e sonhei. O mesmo sonho de sempre:

“Um garoto. Não, ele tinha asas. Um anjo? Sim, um anjo. Ele estava com uma calça jeans preta, sem blusa. O seu corpo era escultural e perfeito. Seu rosto também era inigualável. Parecia que cada traço de seu corpo havia sido desenhado.

Ele começou a andar até mim. Parou na minha frente. Dava para sentir seu cheiro: canela e chocolate. Eu não conseguia nem me mexer. Ele me abraçou.

–Quem é você?-indaguei. Ele apenas sorriu.”

–Emily Cipriano Grey, acorde agora!- levantei assustada ouvindo os gritos de minha mãe.