Independência Ou Morte! escrita por Mike Casa


Capítulo 2
19 de Abril de 1834


Notas iniciais do capítulo

Ok...Vamos lá!



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19 de Abril de 1834

I

No dia seguinte acordei determinado a descobrir a verdade sobre meu pai. Uma fita de sol iluminou meus olhos, ultrapassando as venezianas de meu quarto. Saltei prontamente de minha cama, fazendo os cobertores esvoaçarem, enquanto voavam no ar. Corri até a porta de madeira, abrindo tal porta com um empurrão. Vi o corredor se estendendo á minha frente. Atravessei-lhe até a metade, e desci as duas escadas, escorregando no corrimão. Na sala, no tapete enfrente a poltrona Italiana preta e dourada - De Florença, suponho - Vejo, ajoelhados, Francisco e Maria, mexendo peões e torres - um formal jogo de Xadrez. Francisco levava a melhor pois acabará de colocar o rei de Maria em xeque. Ela revidou, movendo o bispo e comendo a torre que ameaçava teu rei. Francisco moveu o peão que ficava no canto inferior direito de seu rei. Com um movimento rápido, o bispo derrubou o rei tabuleiro á fora. Francisco olhou inconformado o tabuleiro, enquanto Maria comemorava. Minha mãe atravessou a sala, carregando uma pesada caixa, cheia de louça.

-Minha mãe! Precisa de ajuda? - perguntei olhando o esforço que a progenitora fazia para carregar a caixa.

-Se você tiver tempo... - Suspirou pesadamente, enquanto estendia a caixa para mim. Agarrei aquilo. Hesitando para descansar, seguiu caminho para o quintal ao fundo de casa. Com passos lerdos, cheguei lá, e abaixei-me o mais delicadamente o possível que meus músculos doloridos permitiram. Mamãe olhou orgulhosa para mim. Sentei-me na terra, que era iluminada rusticamente pelo sol. Olhei a minha casa, logo atrás de mim - Você vai se tornar um belo trabalhador, filho. Não acredito que você aguentou uma caixa tão pesada.

-Aguentaria outras milhões se necessário - Levantei-me, batendo na roupa para tirar a poeira - Onde está o papai? Preciso tratar de alguns assuntos com ele. 

-Ele saiu hoje cedo.

-Ele disse para onde ias?

-Não. Ouvi que se tratava de algum assunto relacionado a dinheiro. Talvez, apenas talvez, ele esteja no banco agora mesmo. Ouvi também dizer de uma tal censura feita pelos majores de São Paulo.

-O.k. Eu irei ao banco. O assunto que eu tenho a tratar é de máxima urgência. Então, tchau, por enquanto.

Corri de volta para casa. Cruzei a casa como um raio. Afinal de contas, por quê eu me interessara tanto em um assunto que não devia me meter? Eu só acho que não devia. Mas se um dos Batista tem um segredo, outro Batista tem que lhe ajudar! 

Cheguei a porta de casa, e a abri levemente, um feche de luz tocou meus olhos. A rua lá fora era movimentada, mercadores corriam atrás de larápios, homens andavam pela rua em direção á Catedral, enquanto seus escravos carregavam bens de luxo. A segurança desses homens era uma pistola embainhada e engatilhada. Os negros, cabisbaixos, seguiam caminho. Nós não tínhamos escravos, pois todos achamos que todos tem direito de ser livres. Uma movimentação, em particular, chamou minha atenção. Eram 5 homens, embainhando espadas ou armas, liderados por um mais bem vestido, se aproximavam de nossa casa. Fechei rapidamente a porta, recuei, e andei até a janela direita. Este último bateu na porta. Olhei, da janela, ele abrindo um papiro e começando a pronunciar o que lá estava escrito:

-Senhor Harry Baptist, viemos com mandados de prisão para o senhor. Por favor, renda-se, não queremos luta.

Me abaixei covardemente. Francisco veio ver o que estava acontecendo. Voltando do quintal, veio, finalmente, nossa mãe. Ela olhou por entre o vão que nós dois formávamos um do lado do outro. Ela olhou preocupada para os homens tão preocupada quanto nós dois. Atrás de nós, em uma curta corrida, surgiu Maria. A porta vibrará como se fosse ser arrombada em poucos segundos.

II

O homem começou a tomar distância. Uma pedra afiada passou enfrente de seus olhos. Todos viraram-se para esquerda, de onde a pedra vinha. E um vulto encapuzado surgiu do meio das pessoas. Ele embainhava uma espada e uma pistola, todos olhavam em pânico para este. Ele manteve-se à distância segura. Um sorriso sarcástico surgiu em seu rosto:

-Por que vocês não deixam eles em paz? Já não acha que os impostos de Dom Pedro fazem isso?

-Lave a boca antes de falar de Dom Pedro, Assassino!

O homem manteve o sorriso:

-Não quero. Mande para ele um beijo, e não esquece de entregar a jaqueta rosa.

-Cale-se! - Gritou o bem-vestido, apontando para ele - Peguem o bastardo!

Os três da frente aproximaram-se do homem. O da direita atacou primeiro, tentando acertar um corte na cabeça do homem. Este desviou se inclinando para esquerda, preparando o punho esquerdo e acertando um soco que desnorteou o guarda, e o mandou para a janela de nossa casa. O do meio, tentou decapitá-lo, mas ele rolou no chão, desviando de perder a cabeça(literalmente). Ele pegou impulso e arremessou-se contra o guarda, acertando uma cabeçada em seu queixo, e derrubando-o. Por último, o homem segurou o punho da espada do guarda esquerdo bem a tempo. Acertou-lhe uma joelhada na barriga e um soco nos olhos, jogando-o para o chão. O que havia batido na janela de nossa casa, voltou. O homem segurou o punho da espada, levou-a para baixo e a virou em direção a barriga do guarda. E ali mesmo, apunhalou-o, ignorando o pandemônio ali formado. O guarda caiu. Segurando o corpo da espada, o assassino tirou-lhe do estômago do morto. Ajeitando a espada em sua mão, partiu para o homem do meio, simplesmente cortando-lhe a garganta. O homem, imóvel, caiu morto no chão. O último sentiu a extremidade da lamina perfurar seu cérebro.

Os dois cavaleiros restantes olhavam com raiva para o homem.

-Você sabe que eu vou te matar não é? - Vociferou o assassino para o homem

-Pelo contrário, eu vou te matar, aqui e agora.

-Acredito...

-Depois vou ficar com a suculenta esposa de Harry Baptist...

-Como é bom sonhar, não? - Interrompeu-lhe o Assassino.

Um guarda partiu em direção do homem, desembainhado a sua espada e arremessando a do assassino ao ar. A força foi tanta que o assassino caiu no chão. Conseguiu, antes de cair, segurar o punho do homem, e tocar com a palma da mão esquerda em seu coração. Segurando o local, o guarda caiu morto. Que tipo de bruxaria foi essa?O assassino caiu e bateu a cabeça, deixando-lhe debilitado. O último guarda foi aproximando-se do homem, com a espada erguida. O humor passou diante dos olhos do assassino - e dos meus - pois foi ridícula a forma de qual o ex-matador caiu. Uma garrafa de cerveja voou no ar e acertou a sua cabeça, o nocauteando. Tonto, o assassino se levantou, sacou a espada, e cravou a lamina na nuca do guarda. Um vulto pulou do prédio de qual a garrafa havia sido arremessada. Ele também estava encapuzado. Se aproximou do assassino. Agora eram dois contra um.

-Ora, seus malditos crias do diabo! - Assoviou nervosamente - Não tenho mais tempo há perder! - Um cavalo preto surgiu. O homem subiu em cima deste, mostrando o dedo para os assassinos - Vocês iram pagar caro! - O cavalo correu, e sumiu nas sombras do dia.

Os assassinos olhavam o cavalo sumindo.

-Oliveira - Pronunciou o que lançou a garrafa - Acha que ele fará algum mal a Ordem?

-Talvez Gomes - Oliveira limpou o sangue inimigo de sua testa - Mas temos que ficar em atenção. Vamos

Ambos correram em direção a multidão, sumindo em segundos.

Todos estávamos espantados com a batalha que presenciamos ali. Agora a necessidade de falar com meu pai aumentará. Esperei a confusão se desfazer um pouco, e sai de casa. Correndo pelas ruas claras de São Paulo, cruzando ruas, empurrando pessoas apressadamente. Não prestei atenção no grito de "Espere!" de minha mãe, e por isso corria livremente por aí. Cruzei a rua a esquerda. Desci o pequeno barranco de terra, saltei para a estrada de pedra e continuei. Apesar de não conseguir raciocinar, movia-me mais rápido do que um gatuno totalmente treinado. Fazer essa comparação é algo errado, eu sei. Mas eu acho mesmo que venceria um ladrão nessa corrida. 

Em um cruzamento, vi uma carroça se aproximando rapidamente. E no caminho da carroça, havia uma menina. Eu já tinha visto muita ação naquele dia, mais um instinto me mandou salvar a moça. Aproveitando a velocidade que eu ainda mantinha, saltei contra a moça. A carroça estava muito próxima de nós.

III

Hesitei em abrir os olhos. Um leve corte acima da sobrancelha, alguns arranhões no braço. Nada grave. Olhei para cima, e vi os olhos queimando meu rosto. Ergui com esforço as duas mãos contra os olhos. Desloquei meu braço. Merda.

-Ele salvou minha filha! - Um homem alto, barbas e cabelos ruivos, terno fino preto e uma calça vermelha aproximou-se de mim. Fiz o máximo de esforço para me levantar e ver a roda se formando em minha volta.

-Ele é um herói! - Gritavam uns.

-Garoto prodígio! - Gritavam outros.

Com a ajuda do homem barbudo, me levantei. Eu estava...Tonto. 

-Eu sou Antônio! Antônio Silveira!

-Miguel...Miguel Batista... - Respirava pesadamente.

-Só devo obrigado a vós mercê, senhor Miguel. Deve ter algo em que eu possa retribuir.

-Claro...Algum dia, com certeza.

-Está é Cristina Silveira - Apontou para a menina. Cabelos negros caindo sobre os ombros, olhos verdes impactantes, roupa cara, pele branca - A pessoa que você acaba de salvar.

-Obrigado, Miguel.

-De nada. Então...Eu estou atrasado com algo, nós nos falamos depois, senhor Antônio, Tchau!

Sai do meio da multidão, e voltei a correr. Pensei na sensação de ser uma águia, no momento em que pulei contra Cristina. Eu parecia voar. Corri ao lado do porto, virando a direita - logo estaria no Banco do Brasil. Virei a esquerda, e vi a grande placa escrito BANCO DO BRASIL.

Cambaleante, entrei lá. E ali estava meu pai, carregando alguns documentos abertos. Discutia com Patrício, o negociante do Banco. Andei até meu pai.

-Pai...

-Miguel? O que diabos você faz aqui?

-Nossa casa...Atacada...Homens encapuzados...Defender...Estamos bem...Precisamos voltar para casa...

-Por favor filho, fale direito.

-Alguns homens foram lá em casa hoje, bateram a nossa porta e estavam á sua procura. Dois homens encapuzados defenderam nossa casa, matando todos, menos o líder. Precisamos voltar para a casa. Há muitas coisa a ser entendidas.

-Oh meu Deus!

Então partimos, de volta para casa. O coração parecia que ia saltar de ambas as nossas bocas.


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Notas finais do capítulo

*Oliveira e Gomes:Membros da Ordem dos Assassinos.
**Antônio Silveira:Grande Banqueiro da cidade; Rico, e futuramente grande amigo de Miguel
***Cristina Silveira:Namorada do jovem Miguel Batista.
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Espero que vocês tenham gostado. Até o próximo capítulo!



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