Ups And Downs: Todos Os Caminho Levam Ao Mesmo Fim escrita por AsCumadre


Capítulo 8
Blame it on the a-a-alcohol




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POV’S NICK

Eu nunca tinha aberto o meu coração para uma menina antes, pelo menos não daquele jeito. Terminar com ela foi estranho e arrancou um pedaço de mim. Ta, pode parecer que estou na fossa, mas... Ah, quem eu quero enganar? Eu to na fossa! Eu amava aquela garota! E de repente, por causa de não sei o que, acabou. Eu queria saber o que eu fiz de errado...

E é duro ver o meu “melhor amigo” a pessoa que deveria estar me apoiando neste momento, dando todo suporte a ela. Não que ela não mereça isso, afinal, eles também são “melhores amigos” ou sei lá o que eles têm... Mas o que eu não consigo enxergar é o que eles têm contra mim e a Emy. Nós éramos um quarteto perfeito de amigos e de repente nossa amizade desmoronou por um motivo que ainda é meu desconhecido. E pelo rumo das coisas parece que é Adam e Lily versus eu e Emy, o que, não significa que somos um casal! Um garoto e uma garota não podem ser amigos agora?

Na república, descobri um grande amigo em Kevin, agora estávamos sempre juntos, ele virou meu parceiro.

- Meu, eu já te disse que eles vão perder! Esses Dodgers são horríveis! – Kevin dizia.

- Cala boca, cara! Eles só estão 4 pontos atrás...

- Do que vocês estão falando? – chegou Emy toda arrumada pra sair, de novo.

- Baseball! – Respondemos em uníssono.

- Ah... Vai Yankees! – disse ela.

- Vai sair de novo?! –  Não pude deixar de perguntar.

- Sim, senhor.

- Ah, Emy, você vai acabar... Você lembra o que aconteceu da ultima vez!

- Você vai vir comigo pra me “proteger”? – Ela perguntou, fazendo aspas com os dedos e respondendo a própria pergunta em seguida. -  Não. Então não posso fazer nada. 

- Quer saber...

Levantei do sofá e subi a escada. Entrei no meu quarto e vi Adam jogando Rock Band com uma cara meio desanimada. Comecei a tirar a camisa e a calça.

- Agora, amor? Não to muito afim... – disse aquele baitola. – Tudo bem, vai pegar o chantilly e o chocolate...

- Hum, que delicia!

Terminei de me trocar.

- Aonde o gatão vai? – perguntou o loiro.

- Vou sair. Vou voltar meio tarde.

- Você ta pensando que eu sou uma mulher-objeto, você me usa e me joga fora? Seu bofe sem coração!

- Relaxa, bi! Depois eu te recompenso! – Não sei o que se passa entre nós, mas esse cara ainda me faz dar risada!

Desci as escadas e fui até o sofá.

- Você não vai fazer nenhuma burrada hoje, Emy!

- Você também vai? – perguntou o Kevin.

- Você vai? – Ela parecia não acreditar, e eu não entendi o porquê, mas ela mantinha um sorriso no rosto.

- Você acabou de me convencer... – Eu disse, piscando para ela sem seguida.

- Vocês dois não...?

- Ugh, não Kevin! – disse Emy. – Sem ofensas, Kevin, mas não!

O celular dela tocou.

- A Mandy chegou. Vamos?

Descemos. Deparei-me com o brinquedo vermelho que chamavam de carro. Uma garota buzinava. Eu nunca tinha visto aquela tal de Mandy antes e não fazia idéia de como ela era. Entrei no carro. A luz não me permitia ver o seu rosto direito, mas de onde eu estava sentado, pude ver que suas pernas eram muito... Belas!

- Resolveu trazer toda sua bagagem?

- São meus seguranças. Esse é o Nick – Mandy me mediu e deu um sorrisinho para Emy. Hã? – e esse é o Kevin.

Ela também o mediu, mas não deu um sorrisinho. Eu já sabia o motivo, eu sou mais gostoso do que ele.

Logo, já havíamos chegado ao nosso destino: o inferno! É claro que eu já fui à baladas antes, mas essa era diferente... Era tipo, muito do mal. Tinha uma galerinha do mal do lado de fora, tinha uns carros do mal estacionados na frente, até os seguranças eram do mal!

 Respirei fundo e sai do carrinho de brinquedo vermelho.

Chegamos na porta e Mandy deu o nome dela e o da Emy. Elas iam entrando, só as duas.

- Emy! – chamei-a.

- Ah é! Desculpa aí. Eles estão com a gente.

- Nossa, que poderosa! – disse Kevin e estalou o dedo.

- Sou foda! Na verdade, a Mandy conhece uns caras bonzões aí e...

- Deve ser uns caras do mal. – eu pensei em voz alta.

- Nick, se você quiser ir embora, tudo bem. Eu te levo de volta.

- Não precisa. Se você gosta disso, não deve ser ruim. Além disso, você disse que te ajuda a esquecer das coisas.

- Então vem, guys.

Ela pegou a minha mão e a de Kevin e nos levou para o bar, onde Mandy já estava com seu copo. Pedi uma coisa que eu não fazia idéia do que era, só sabia que tinha álcool. Até quis pedir um whisky, mas achei que eu ia parecer muito um rapper ou um cafetão.

Depois de muitas doses eu fiquei bem doidão. As garotas tinham me abandonado para dançar, o Kevin já tava se pegando com uma garota do meu lado e eu... Bem eu não fazia idéia do que fazer! Eu estava bêbado e perdido. Era ridículo!

Virei para meu outro lado e achei uma ruiva (acho) que até que era bonita.

- Oi. – eu disse. Eu tava a fim de conversar com alguém.

- Oi. – ela disse, na verdade eu não ouvi porra nenhuma, só li seus lábios. Resolvi chegar mais perto da minha nova amiga.

- Sou Nick.

- Sabrina. Você é muito cheiroso. – Ela disse vindo cheirar o meu cangote.

- Ah, valeu. Eu... Tomo banho. – Sim, eu disse isso.

Ela riu, tomou mais um gole da sua bebida e do nada a louca começou a me beijar! O que eu fiz? Ah, eu sou bonzinho, mas não sou boiola!

Ela se apertava cada vez mais contra o meu corpo. Fiz uma coisa que só pude fazer com a Lily depois de alguns meses juntos: apertei com gosto o bumbum dela. Oh yes! Eu fiz isso sim! Sou safado ou não sou? Quem é o papai agora?

Mas, depois de conhecer quase todo o corpo, resolvi partir pra outra. Bebi mais umas doses esperando Kevin terminar com uma outra garota.

- Vamos pra outro lugar.

- Embora?

- Não!

Eu tava felizão. Comecei a dançar e andar ao mesmo tempo. Estava à procura de mais vitimas para eu caçar (uh, sou cachorrão). A noite toda se passou assim. Acho que nunca tinha beijado tanto na minha vida! Encontramos com a Emy e a Mandy por sorte, se elas tivessem demorado mais um pouquinho para demonstrar que eram nossas amigas, provavelmente teriam sido as próximas presas. Meu nível de embriaguez só me deixava distinguir mulher de homem, apenas isso.  Zoamos um pouquinho dançando ao redor de casais ou simplesmente se jogando em cima deles e os separando. Quase arrumei briga por causa disso, mas Mandy jogou seu charme pra cima do cara e ele esqueceu.

Entramos no carro. Eu fui atrás com a Emy e o Kevin foi na frente com a sua predadora, porque com a Mandy é assim, é ela quem vai pra cima.

O carro começou a balançar e em uma reação ao mal-estar, deitei minha cabeça para trás.

- Nick, você ta bem?

- To um pouco tonto, né? – Ela ria. – Mas to de boa...

- É que parece que você...

- Ah, não se preocupa! E valeu por me trazer aqui... Até que é legal. –  Passei meu braço sobre o ombro dela fazendo com que ela encostasse a cabeça no meu peito.

- Er... Não foi nada...

- Obrigado mesmo. Eu só queria que a Lilian estivesse aqui pra...

- Ah, tava demorando... – Ela se soltou de mim.

- Pra ela se divertir! – Eu tinha noção de que o que eu estava falando era de difícil compreensão para os ouvintes, mas não sei por que, não calava a porra da minha boca. – Ela é nossa amiga, não é Emy? – Ela não respondeu. – Não é, Emy? – falei um pouco mais alto.

- Calma, Nick! É, ela é nossa amiga, sim...

- Mas eu não quero ser amigo dela... – Senti meus olhos lacrimejarem. – Eu não quero só amizade, Emy! Ela nunca vai entender?

- Deita aqui, deita? – Emy batia em seu colo.

                Eu a obedeci.

- Só assim pra essa porra ficar quieta hein! – Pude ouvir Mandy dizer.

Meus olhos iam fechando e... Apaguei.

Só acordei no elevador da república. Kevin me servia de apoio.

- Hã?

- Calma, Nick. Já estamos chegando. – A doce voz da Emy dizia.

Não me lembro como cheguei ao meu quarto só lembro de alguém tirando o meu sapato e a minha camiseta.

                                                                   

- Agora é festa no quarto? – era a voz de Adam.

- Cala a boca, Adam.

- Emy? O que você ta fazendo aqui?

- Ajudando! E, Kevin, vê se para de fazer barulho, cacete! – Ele devia estar muito bêbado também. – Adam, tira a calça do Nick depois, não é legal dormir de jeans... Boa noite pra vocês!

- Opa! Com o maior prazer!

               

                 Com os olhos entreabertos, pude ver que a silueta de Emy abandonara o quarto.

                Senti Adam, obedecendo Emy, e arrancando as minhas calças sem o mesmo cuidado e delicadeza que os meus sapatos e camiseta foram tirados.

                Meus olhos já nem abriam mais, mas eu estava acordado.

- Ei Adam, vai tomar no seu cú! – Eu disse assim que ouvi que ele havia deitado. Não consigo explicar porque eu fiz isso.

- Ah, de nada por ter te ajudado... – Vi que ele não me levava a sério.

- É sério cara, vai se fuder! Você é... Um filho da puta! – Nem eu estava entendo as palavras que saiam da minha boca.

- Ta bom, bêbado ingrato, vai dormir!

- Eu vou te pegar, cara! Vai ter volta...

- Nicholas, caralho! Cala a porra dessa boca, sua bicha escrota do caralho! – Kevin, com palavras tão tombaleantes quanto às minhas, tentou me parar. A minha embriaguez, que me fez desmaiar, fez com que eu o obedecesse. Mas ainda assim, pude ouvir Adam dizer: “Idiotas.”

O que veio depois, ou se teve alguma coisa a mais... Virou lenda! Só sei que no dia seguinte eu estava com uma puta dor de cabeça.

- Cara, tem como você apontar esse lápis? Esse barulho de lápis esfregando no papel ta fazendo minha cabeça doer demais!

- Mas até de ressaca é fresco! Puta que pariu! – Adam ria de mim. Ele pegou seus milhares de livros e seu lápis barulhento e se retirou do quarto.

                Já era mais de meio dia, então resolvi levantar da cama. Tudo rodou. Minha cabeça estava pesada... Como a Emily resiste a isso e eu não? Acho que eu nunca bebi tanto na minha vida... Eu ia saindo do quarto, quando me dei conta que estava só de cueca. Voltei e vesti uma blusa de moletom e uma bermuda.

Fui para a cozinha atrás de qualquer líquido. Lily estava estudando lá, sozinha. Sorri sozinho ao vê-la... Já estou com saudades dela, e ela, pelo visto, não deve nem se dar ao trabalho de pensar em mim de vez em quando...

                Eu não sou mais nada pra ela, mas ela ainda é o amor da minha vida, eu não queria que ela me visse daquele jeito... Abaixei a cabeça e coloquei o capuz, mas a minha estupidez se esqueceu que isso não me torna invisível. Fui direto para a geladeira, mas eu não poderia ficar sem desejá-la bom dia.

- Bom dia, Lils.

- Bom dia, Nicholas. – Poxa, porque ela fica  me chamando pelo meu nome? Só para me machucar?

                 Ela não havia tirado os olhos de seu livro, mas eu sentei à sua frente, e aí sim, ela me notou.

- Nossa senhora! O que aconteceu com você? – Eu devia estar muito mal mesmo, porque até falar comigo, ela falou.

- Nossa, eu to mal assim?

- Ai Nicholas... Você bebeu , né? – Concordei com a cabeça. – Você sabe que álcool vira glicose no sangue, e o senhor por acaso tem diabetes?

- Sei... – VergÔnha.

- Já mediu a sua diabetes?

- Não...

- Ai, Nicholas! – Ela fica tão fofa se preocupando comigo!

                Lily se levantou, pegou o meu medidor de glicose, e uma xícara de café.

- Toma! Mede a sua diabetes e toma isso... Vai ser bom pra sua ressaca...

- Obrigado, Lily, de verdade – Eu não conseguia parar de sorrir, eu estava surpreso e admirado com a sua atitude.

- Não precisa me agradecer... E vê se fecha essa blusa! Não ta calor pra você ficar com esse peito de fora!

                Ela pegou suas coisas e se retirou.

Às vezes ela me lembra a minha mãe, e eu sei que ela fala desse jeito autoritário só pra fingir que está brigando comigo, mas na verdade ela morre de preocupações...

Ela voltou. Ficou lá, parada por um tempo...

- Posso te ajudar? – Eu não sabia o que falar! Não me julguem!

- Voltei só pra dizer que eu não me preocupo com você, ta bom?

- Ta... – Até parece!

- Que bom que entendeu... – Ela continuou lá. – Mas, se por acaso você está tentando se matar, você está no caminho certo, Nicholas!

                Desta vez ela se retirou permanentemente. Acho que só ela acredita nessa pose de malvada que ela tem. Eu sinto falta de suas broncas...

Depois de obedecer todas as recomendações da minha ex-namorada (preciso usar essa expressão pra ver se me acostumo com ela), resolvi ir para o meu quarto desejando encontrar um silêncio considerável lá. Doce Ilusão...

                Adam e Kevin, aqueles viciados, estavam jogando vídeo-game. Por que é tão difícil pra eles entenderem que eles NÃO são aqueles personagens, portanto, eles NÃO precisam gritar pelas dores da animação! Tá, do que eu to reclamando? Eu faço a mesma coisa!

                Resolvi sair dali, e o único lugar onde eu pensei em poder encontrar a paz, era o quarto das meninas. Para minha sorte, ele estava vazio, deitei na cama de Emy, e com a minha cabeça ainda latejando, lá adormeci.

 - Nick?! O que você ta fazendo aqui? – Aquela voz que ontem era doce, hoje soava muito aguda.

- Ai, ai, Emy! Fala mais baixo... – Eu resmunguei e ela riu.

- Exagerou na dose né, bonitão?

- É, um pouco...

- E ia ser desse jeito, que você pretendia “cuidar de mim”? – Ele gostou mesmo desse negócio de fazer aspas com os dedos!

- Não vai se repetir...

- Ah é? E se resolvesse seguir o seu exemplo, huh?

- É o que você deveria fazer! Estou te dando uma lição de vida! – Tentei dar a volta por cima.

- Ah, lição de vida?

- É! Se você for uma boa menina, você vai passar o domingo assim, que nem você está agora: Linda e sem dores. Mas, se você quiser ser uma bad girl, você vai ficar na pior, com dor de cabeça, com sede, com a glicose alta, olheiras e etc...

- Então eu posso continuar saindo e fazendo tudo o que eu fiz na noite passada, é isso? – Ela sorria vitoriosa.

- Não, não foi bem isso que eu quis dizer... – Eu procurava por argumentos, mas eles não vinham. – Eu quis dizer que...

- Não adianta! Perdeu playboy!

- Não vai me dar chances pra eu me redimir?

                Ela balançava  a cabeça negativamente.

- É, eu sinto muito.

- Poxa, como eu vou poder viver sem a sua absolvição?

- É, eu sei... É duro, né? Mas você supera, eu acredito em você!

- Acredita mesmo?

- Acredito!

- Ah, sendo assim, eu posso viver... – Eu agia feito um idiota, mas Emy ria mesmo assim. Isso é que é amiga!

- E agora, vou deixar você dormir ta bom?

- Nossa, além de acreditar em mim, você é boazinha assim?

- Pra você ver, meu querido! – Ela falava de um jeito como quem esnobava, e aquilo me fez rir. E fez a minha cabeça doer mais também.

- Ta agora vai embora, vai... Você fala agudo demais! – Falei “zoando”, mas era sério!

- Ei, me respeita! Só não taco nada na sua cabeça, por respeito a sua ressaca!

- Poxa, ressaca merece respeito agora...

- Nossa, como você é chato! Não te dou mais moral!

- Mano, pára de falar!

- Pára você primeiro... Não to falando sozinha! – A obedeci. – Ei, não me deixa no vácuo!

- Só to obedecendo!

- Virou cão mandado, agora?

- Tudo é assunto pra você hein? Puta que pariu! – Ela riu.

- Ta, já enchi o seu saco, agora eu vou de verdade... – Ela ia indo mesmo. – Tolinho! – Ela disse da porta.

- Por quê?

- Acreditou mesmo que eu ia ser boazinha com você? Seu trouxa!

                Eu ria, enquanto ela saia e fechava a porta.

               

                No meio da noite, Emy pediu que eu fosse para o meu quarto. Fany e Lily já dormiam, e eu, estava curado!

(...)

                Já estávamos em uma quinta-feira, a semana passara muito rápido.

                Os dois primeiros dias ainda foram bem constrangedores, eu não estava satisfeito com o que eu havia feito no fim de semana. Sabe, na hora é a  coisa mais gostosa do mundo sair pegando qualquer mini-saia que passar na sua frente, mas agora, que eu estou sóbrio, eu ficou pensando em como eu sou um cachorro, cretino, safado, prostituto!

                Eu queria ser como aqueles meus dois amigos e não ligar pra nada e apenas aproveitar, eu até tentei fingir assim, mas na segunda, enquanto andava pelo campus, algumas (muitas) meninas me pararam no caminho com uns “Você lembra de mim?” e umas eram até barangas que eu nunca pegaria de cara limpa, devo confessar. Isso só alimentou a minha imagem de “moleque piranha”.

                Estava comentando sobre isso com a Emy, enquanto fazíamos algumas tarefas da faculdade, porque sim, nós ainda somos estudantes... Ou deveríamos ser.

- Ah ta. Além de bêbado é mentiroso agora?

- É sério, Emy, to me sentindo mal... Eu sempre critiquei quem tratava as mulheres daquele jeito e eu chego lá e passo o rodo? Isso não é legal.

- Aff, pára de ser fofo! - Ela disse colocando a mão na boca em seguida como se tivesse dito alguma coisa muito errada, eu não entendi. Apenas ri.

- Fofo? Eu pensei que você ia me chamar de viado ou algo assim!

- E foi isso o que eu quis dizer... – Ele me parecia um pouco aérea.

- E depois ainda se acha no direito de chamar alguém de brisado... – Eu pensava alto.

- Como é que é? – Ela arqueava as sobrancelhas.

- Não, nada... – Sim, eu tenho medo dela. – Ei, sabe aquele dia que eu tava de ressaca?

- Hm, o que tem?

- Sabe quem falou comigo? – Mano, eu sei que eu estava com uma cara de idiota, eu não consigo evitar.

- Quem, gatinho selvagem? – ela perguntou. Não pude evitar de rir.

- Bom... – eu ia dizendo, mas acho que, pela cara dela, ela já sabia de quem eu falava. - A Lily! Tinha que ver, ela só faltou morrer de preocupação! – falei mesmo assim.

- Ai, Nick! Como você é besta! – Ela ria – E por isso você não quer mais ir pras balada, brother?

- Não, quero dizer, acho que não... – Ela riu mais. – E quem disse que eu não quero ir pras baladas? – Minha vez de rir. – Com a culpa, eu lido depois...

- E com a Lily, Sr. Pirigueto?

- Ela não tem mais nada haver com a minha vida. Ela cuida da dela e eu, da minha.

- Hum, gostei de ver, é assim que se fala, djow!

- É, até porque acho que ela e o Adam estão ficando...

- E você chegou a essa conclusão sem cuidar da vida dela? Ah, ta. Eu acredito sim!

- Fica quieta, Emy! Eu cuidei da vida dele, não dá dela!

- Ah ta, aí é justo! – Por que ela gosta tanto de ficar me tirando?

- Nossa nem falei com ele essa semana...

- E eu já nem sei quantas semanas faz que eu não falo com ele...

- E ainda não me contaram o porquê...

- Ah, Nick. Vai ver era melhor você não saber mesmo. Estamos bem como estamos!

- Quem você ta tentando enganar? Ninguém ta bem desse jeito, não! – Eu disse e ela riu.

- É, você tem razão... Mas ainda temos um ao outro! E eu prometo não te decepcionar! – Ela dizia com um sorriso sincero no rosto, um sorriso daqueles que te faz sorrir também.

                Apoiei a minha mão sobre a dela. Adam entrou na sala de estudos na mesma hora.

- Atrapalho? – Ele pareceu muito incomodado com a cena de um amigo segurando a mão de sua “irmã”, bom, pelo menos por consideração.

- Olha, na realidade... – Ele ia me levando a sério, e com cara de poucos amigos, ia se retirar.

- Ei! Calma aí, eu to zoando! – Eu ri, mas ele nem sequer sorriu.

                Sentou-se a uma cadeira de distância, na mesma mesa, e lá começou a devorar seus entediantes livros de anatomia.

                Continuei de onde havia parado:

- Obrigado, Emy. É verdade, tudo isso estaria sendo muito mais difícil sem você.

                Adam se intrometeu:

- Ou não estaria acontecendo se não fosse por ela...

- Cara, qual é o seu problema? –  Abandonei sua mão sobre a mesa e me virei para ele.

- Nenhum, Nick. Foi mal, não queria atrapalhar o casal, mas você sabem, aqui não é lugar de namorar.

- Loiro, você sabe muito bem que eu e Nick não temos nada!

- Ah, querida, isso por que ele só sabe pensar na Lily né, porque se não, eu duvido que você já não teria dado o bote!

- Adam, se liga! Não fala assim com ela!

- Nossa, Nick, se você soubesse como você fica insuportável defendendo ela...

- Do mesmo jeito que você fica insuportável rondando a Lily 24h? Ah, é... Sei bem como é isso. – Adam balançava a cabeça negativamente, com um sorriso no rosto.

                Por que é sempre assim? Eu me altero e ele fica com essa cara de bobo, fingindo que não estamos brigando e que ele não está com a mesma vontade de socar a minha cara, como eu estou de socar a dele.

- Meninos, não briguem! Eu acho que vocês precisam conversar. Vocês são melhores amigos, ou não são? Vocês querem mesmo perder a amizade de vocês assim?

- Você poderia começar aplicando esses conselhos na sua própria vida né, Emy?

- Adam, por favor, não to com saco pra você hoje!

- Porque com a Lils, você não tentou conversar e... – Ela o interrompeu.

- Cala a sua boca! 1º: Ela quem decidiu parar de falar comigo sem conversar e 2º: Você tem seus próprios problemas, então, você poderia parar por um minuto de bancar o advogado dela. – Nossa, ela mandou muito nessa!

                Adam se calou.

- É, isso mesmo. Era exatamente esse silêncio que eu esperava de você! – Ela disse e se retirou em seguida, abandonando todos aqueles livros lá...  Ei! Sou eu que vou ter que carregar tudo àquilo depois! Oh shit!

- Pior que eu não tenho nada pra te dizer...

- Eu muito menos. Só te digo que a minha consciência está limpíssima! – Ele disse e eu ri. – O que foi?

- “Só te digo que a minha consciência está limpíssima” – O imitei com uma voz de madame gordona. Ele riu. – Você não pode abandonar a sua homossexualidade por nenhum instante né?

- Não dá, cara... É mais forte do que eu.

                Então é isso: Não discutiríamos sobre isso hoje.

- Vai fazer alguma coisa no sábado?

- Não, eu não quero sair pra encher a cara com você! – Adam tentava me sacanear.

- Ah, que engraçadinho! E você nunca ficou bêbado né, seu viado?

- Já, mas nunca mandei você tomar no cú, ir se fuder e nem te chamei de filho da puta...

- E também nunca vai esquecer isso?

- É que é foda, cara... Não foi uma coisa sem noção. Parecia que você queria mesmo dizer aquilo.

- Ta, talvez eu quisesse... – Ou talvez vamos discutir sobre isso hoje.

- Oi?

- É, loiro! Talvez eu quisesse te mandar tomar no cú e talvez eu te ache um tremendo de um filho da puta, mesmo!

- E eu poderia saber por quê?

- Eu já te disse cara, eu te avisei uma vez e você não respeitou a minha opinião...

- Eu não sei do que você ta falando...

- Claro que sabe! Você não é tão idiota assim!

- Olha Nick, não to afim de brigar com você, de verdade, mas você ta caçando! E quem procura acha, filhote. Paciência tem limite e você ta esgotando a minha!

- Ah, calma lá! Não tenta fugir do assunto não! E ta pra nascer o cara que vai me meter medo!

Levantei da cadeira.

- Fugir do que? – ele fez o mesmo.

- A Lily, Adam! Você me tirou a Lily! A única pessoa que eu me importava de verdade!

- Ainda essa história, cara? Eu não tenho nada a ver com o que aconteceu entre vocês dois!- ele jogou o lápis que estava em sua mão na mesa.

- Não tem outro motivo pra ela ter terminado comigo...

- Você estava se fingindo se surdo e mudo em todas as suas discussões? Ela nunca escondeu o que ela tava sentindo...

- Mas ela só deve ter se importado com isso, por que ela ta gostando de você e estava procurando por uma desculpa pra terminar comigo.

- Nossa, por favor, pare de ver filmes de meninas!

- Eu to falando sério, Adam. Você como meu “melhor amigo”- imitei a Emy com o bang das aspas com os dedos. – deveria ter me apoiado...

Nesse momento já estávamos nos encarando, já em posição de briga. Mas ele se afastou.

- Mas eu estava o tempo todo aqui, cara. – abrindo os braços como se para mostrar a si mesmo.

- Estava o tempo todo aqui, só que do lado dela...

- Eu já te disse que... – Eu o interrompi.

- Ta, eu sei, ela tava sozinha. Mas, você poderia ter me dando um toque, falar o que de fato está se passando nessa história da Emy e vocês... Por que esse ódio repentino.

- Tem muito lorota nesse angu. Não posso te contar...

- Por quê? Por que eu sou o ÚNICO que não posso saber de porra nenhuma? Mano, eu também devo estar no meio dessa história e vocês ficam com essa de um não falar com o outro e quem está se fudendo sou eu! Fui eu quem perdeu a melhor namorada de todas, sou eu que sei como a Emy ta sofrendo e se mutilando por dentro, e sou quem perdeu o melhor amigo! Agora, você acha isso justo?

- Não, eu não acho justo, Nick. Mas eu não posso fazer nada. A única que pode te contar é a Emy e eu a Lily só não trouxemos isso à tona ainda, pela Emy. Foi ela quem pediu. E nós, ainda gostamos muito dela.

- Puff...

Ele voltou a se sentar e dar atenção ao livro de anatomia. Sentei também. Ficamos em silêncio por um tempo. Mas tinha uma coisa que eu ainda não conseguia tirar da cabeça.

- Você gosta muito dela, não é?

- Quem? – Adam tinha ficado vermelho. Ih... Não gostei.

- Da Lily.

- Ah... Demais, cara. Eu a amo muito, do fundo do meu coração! Não consigo ficar mal quando estou perto dela... – não consegui esconder a expressão de raiva, mas pô! Bastava responder sim ou não, caralho!  – Calma, não do jeito que você ta pensando. Eu digo, do mesmo jeito que você sente com a Emy sabe?

- Eu não me sinto assim com a Emy...

- Não?

- Eu consigo ficar mal perto dela... – Adam ficou quieto, e eu fiquei pensando. Então, completei – Mas daí eu escuto seus conselhos e ela transforma as minhas lágrimas em sorrisos...

- Ai, viu? – Ele também pareceu incomodado. – E você tem chorado é, seu boiola?

- Desculpa, se eu tenho sentimentos, ta? Você acha que eu sou só um corpinho gostoso? – ele riu. - Foram só duas vezes... Eu gosto de verdade da Lily, por que ninguém acredita?

- Eu acredito!

- Mas eu não consigo acreditar em você... – Ele riu. – To falando sério, loiro. Pra mim, vocês dois têm alguma coisa...

- Cara, você ta viajando...

- Não to, não. E eu ouvi aquele dia, você cantando pra ela “Lucky, I’m in love with my best friend”.

- Nick, pára de ser ridículo, vai!

- É sério, meu! Isso é coisa que se cante? Você cantava essa música com a Emy e só com ela. Eu até pensei que você...

- É só uma música, para de ser chato!

- Ta, parei... – Ficamos em silêncio por um tempo, mas eu ainda não tinha colocado pra fora toda a minha revolta. – Mas você precisa ficar tanto com ela? – voltando ao assunto da morena.

- Eu não fico tanto com ela assim...

- Ah, fica sim! Fiquei sabendo que vocês saíram juntos...

- Saímos! Eu, ela e mais umas sete pessoas! Relaxa, cara! E eu fiquei sabendo que você encheu a cara! – Ele disse e em seguida riu.

- Pois é, foi um pequeno deslize.

- Pequeno? Você não conseguia nem andar!

- É, talvez eu tenha exagerado um pouquinho...

- Um pouquinho?!?!

- Ta, já entendi Adam! Eu sei que eu sou um moleque piranha! – Eu disse e ele riu.

- Ah, essa é boa!

- Mas olha você fugindo do assunto...

- A gente já não tinha terminado?

- Não, ainda não.

- Então vai, Nick. Interrogue-me mais um pouquinho... – Ele parecia já estar de saco-cheio... Quem se importa? Muahaha!

-  Vocês já se beijaram? – Ele riu alto.

- Nossa, todo o dia! Bem que você disse que ela era boa nisso! – Ele ria, mas eu não vi graça. – Preciso avisar que eu estou zoando?

- Por favor.

- Ah, ta.

- Ta, se vocês nunca se beijaram... Você acha que a beijaria?

- Sei lá, cara...

- Não, Adam. A resposta é “sim” ou “não”. –  Odeio repostas vagas!!

- Depende, se eu não a conhecesse, “sim”. Mas, como somos muito amigos, “não”.

- Isso significa que se ela fosse pra cima de você com toda aquela beleza e boa saúde, você não iria pará-la?

- Responde se você beijaria a Emy, primeiro?

- Isso não faz diferença, a Emy nunca foi sua namorada!

- Mas era a melhor amiga da sua...

- Sim.

- Você ficaria com a loira??! – Ele pareceu não acreditar.  Confesso que respondi sim para ele se sentir “livre” pra ser honesto na resposta dele.

- Claro, por que não? Depois de uns bons drinks! – Ele riu. – Zueira! Ela é linda, legal... Eu ficaria sim!

- Bom saber...

- Não vai contar pra Lily, hein!

- Relaxa!

- Sua vez...

- Eu não devo responder isso pra você... Você já é meio paranóico...

- Ta então isso é um sim, você ficaria com a Lily, agora conta a novidade... – O ódio de repente voltou a estar presente.

- É você é bipolar...

- Não sou não... E namorar? Você a namoraria?

- Aff, começou! Eu vou nessa, cara!

- Responde, ta com medinho do que eu posso fazer com você dependendo da sua resposta? – Eu falei sério, mas ele achou que eu estava de brincadeira.

- É, to me cagando. Tchau, Nick gostosão!

- Vadia!


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Notas finais do capítulo

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