Anomalia Mutante escrita por Neko


Capítulo 2
Mercado Macabro


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas aqui está o segundo capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/348275/chapter/2

Podiam-se ouvir os sonidos metálicos que instigavam o chão freneticamente no grande Recinto. Parecia inacreditável um lugar tão aglutinado de seres ficar tão calado a ponto de se ouvir simples passos no chão cálido de metal.

O quebrador do venerável silêncio era um homem alto, de olhos castanhos e cabelo social também castanho. Ele passava ininterrupto por um enorme corredor cheio de inúmeras portas de luz feitas de lasers,contra algo que elas guardavam.

O destemido homem trajava roupas inteiramente feitas de couro preto. O mais interessante era que, da elegante jaqueta que o resguardava, saía uma capa que ia até a altura dos tornozelos.

- Mestre! Mestre! – Chamou alguém, interrompendo o contíguo silêncio com uma voz rouca e vindo na direção do impetuoso soberano. Era uma criatura estranha, tinha os olhos e bocas grandes, ambos de uma cor esverdeada. Quase não tinha cabelo e parecia pular ao invés de andar.  – O centauro ainda não chegou. O que eu devo fazer, senhor?

Os dois viraram para outro corredor, onde centenas de janelas batiam com um vento alucinante que preveria, quem sabe, uma futura chuva forte.

- Vá até o Setor Quatro e fale com Dewey. Ele saberá o que fazer.

O exótico bicho virou correndo para o mesmo lado de onde veio, enquanto o homem prosseguiu até encontrar a última porta do corredor. Esta não era de laser, constituía-se de uma madeira negra e detinha cerca de dois metros de altura.

- Abram! – Retumbou. Instantaneamente ela foi aberta e o homem entrou.

[...]

- Você ouviu esses gritos?! – Arfou Lindsay. Os dois não pararam de correr por um instante, até àquela hora. Já estavam longe do lugar e agora se encontravam em um beco escuro do lado do Grande Mercado, um enorme mercado que possuía outras ‘’lojinhas’’ incubadas junto a ele. - Será que ele...

- Não! – Gritou Ethan. – Não pense assim, aquele grito pode ter sido do transformado!

- Sinceramente, você acha mesmo que ele conseguiria matá-lo? – Indagou a menina, deixando escorrer uma lágrima em sua face.

 Ethan abaixou a cabeça. Seu amigo de infância acabara de morrer e ele não pode fazer nada. Sua cabeça latejava e podia ouvir o sangue permeando-a. Ele enfiou a mão no bolso e retirou de lá um colar que continha um semblante de um leão no meio. Josh o esquecera em sua casa e pedira para Ethan o devolvesse naquela noite.

- Essa não! – Balbuciou a menina. – Eth, olha!

Ele olhou para cima e viu um monte de seres voadores rodeando Bran no alto.

- Rápido, vamos entrar no Grande Mercado! – Sussurrou, puxando a garota loira.

Eles rodearam o lugar até encontrar a porta dos fundos.

- Trancada! – Afirmou Ethan. As coisas os rodeavam cada vez mais perto.

- Saia do caminho! – Lindsay respirou fundo e chutou a porta com toda a força,quebrando a fechadura que a trancava.

- Me lembre de nunca mexer com você. – Disse Ethan fitando-a com espanto.

Os dois entraram correndo no comércio e saíram em uma sala com cheiro podre. Havia caixas empacotadas por todo o lugar e teias de aranha em um logotipo de letras azuis no alto da porta, que indicava: ‘’Tio Zé: o melhor em variedades’’.

- Porco! Sempre suspeitei que ele vendesse margarina estragada! – Comentou Lindsay, tampando o nariz e fechando a porta.

- Por aqui! – O garoto apontou para outra porta no lado esquerdo da sala. Por sorte estava aberta e eles entraram, avistando um enorme salão repleto de prateleiras. Várias placas pendiam no teto e informavam as categorias das prateleiras.

Eles se enfurnaram no corredor de Utensílios e começaram a correr curvados. Lindsay pegou uma faca que pendia no balcão de ‘’Slashers 3000, leves e práticas’’.

- Podemos precisar... – Falou Lind, respondendo ao olhar afoito do menino.

Ambos continuaram pelo corredor até saírem nos balcões de compra. Um barulho triturador vibrou a atmosfera tensa.

- Vem! – Ciciou Ethan, puxando a menina para debaixo de um dos balcões.

Outro estrondo grotesco foi ouvido. Os monstros com certeza haviam quebrado as duas portas por onde eles entraram e agora invadiam o lugar.

- Miley e Miles, revistem as prateleiras e lojas do lado esquerdo. Jake fique com o resto, eu procurarei na parte frontal. – Grunhiu uma voz obtusa, porém feminina, que se alternava em um timbre grosso e fino.

- Temos que sair daqui. – Expressou Lindsay, por meio de uma linguagem labial. Ethan entendeu e acenou com a cabeça, concordando.

Eles se esgueiraram para fora, apertando-se para não serem vistos. Nada parecia anormal no vasto mercado, exceto pelos passos pesados de um deles que ecoava pelo lugar e se aproximava cada vez mais.

- Quando eu falar já, a gente corre! – Gesticulou Ethan, com a boca.

- Não é melhor falar ambrosia? Eu gosto de ambrosia... – Disse a menina, com uma expressão que mesclava medo e aturdimento. O ser que ficara responsável pela parte frontal estava entre dois balcões próximos ao deles.

- Já! – Gritou Ethan.

- Ambrosia! – Berrou Lindsay. Os dois dispararam a correr em frente aos balcões para a esquerda.

- Eles estão ali! – Soltou a mesma criatura da voz rígida. Dois monstros esvoaçaram-se da área de Higienização da mesma extremidade para onde eles corriam. Um casal praticamente idêntico: tinham olhos cor de mel e cabelos castanhos. Um par de asas marrons sobressaíam de suas costas, assim como centenas de penas em seus rostos. Trajavam um colete de couro encardido e uma calça de pano preta.

- Virar a bombordo, capitão! – Exclamou Lind, guiando o menino para a esquerda ao ver que a frente estava interceptada pelos gêmeos monstruosos. Logo estavam novamente entre as prateleiras, dessa vez no setor Alimentício.

- Peguei! – Gritou um dos seres, pousando em frente aos dois. Era moreno e tinha um cabelo estilo moicano. Suas asas eram maiores que as dos gêmeos e detinham uma cor caucasiana. Não tinha pés, somente um par de três garras enormes.

Os dois começaram a andar para trás, assustados, enquanto o garoto os seguia vagarosamente, com uma expressão letal. Ethan avistou dezenas de garrafas de leite de coco empilhadas em uma parte. O monstro abriu as asas, preparando-se para o bote e avançou contra eles. Rapidamente o garoto pegou a garrafa, lançando-a contra o rosto do energúmeno que acabou por ficar tonto, errando o alvo e batendo contra o chão. A dupla pulou sobre ele e retornou a correr, saindo no mesmo setor de Utensílios.

- Vamos conseguir! – Gritou Lindsay, arfando. A porta de onde eles saíram estava somente a cinco metros.

- Não vão! – Uma figura surgiu no final das prateleiras. Possuía cabelos negros e ondulados que caíam soltos até a cintura. Seus olhos eram imensuravelmente verdes e de suas costas saíam duas asas obscuras com cerca de um metro e meio, do tamanho das asas dos gêmeos. Trajava as mesmas vestes dos outros três, mas havia algo diferente naquele olhar destemido e ousado.

- Carly?! – Gritaram a dupla em coro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam da primeira aparição da Carly? E do suposto sumiço do Josh? Gostaram do capítulo? Comentem e recomendem se tiverem gostado!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Anomalia Mutante" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.