Acho Que Estou Ficando Louca escrita por ladyjane


Capítulo 3
Capítulo 3




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Depois daquela batalha surpreendente entre o Drew e a Solidad, aconteceram as últimas batalhas da primeira rodada.

Enquanto isso, continuei sentada ao lado de Solidad, sem falar nada.

Algumas pessoas chegavam do nada e pediam autógrafo, ou pediam para tirar uma foto. Era meio estranho.

Depois de algum tempo, Solidad se dirigiu a mim.

– Foi uma grande vitória do Drew, não acha?

Pensei um pouco antes de responder.

– É... sim. Mas foi sorte.

– Você também teve sorte quando seu Wartortle evoluiu.

Ela estava certa.

Nos calamos depois disso. Alguns minutos depois percebi que Drew estava se aproximando de nós.

– Eu... vim aqui para te parabenizar, Solidad.

– Não. Eu é que tenho que fazer isso. Foi você quem ganhou.

– Mesmo assim. Parabéns.

– Acho que devia dar parabéns à May também. Ela fez uma apresentação ótima.

– Sim, claro – Ele olhou rapidamente para mim – Parabéns.

– Bom, eu vou lá parabenizar o Harley – disse Solidad, se levantando. – Por que você não fica aqui fazendo companhia à May?

– Ah... tá. – Drew se sentou do meu lado.

Não sei se foi impressão minha, mas vi ela piscando o olho para o Drew antes de sair. Sinistro.

– Então, acha que vai conseguir os pontos necessários para passar? – Drew perguntou, sem olhar para mim.

Na primeira fase do Festival, cada coordenador batalhava uma vez e recebia uma pontuação pela apresentação e só os 50% melhores passavam para a segunda fase.

– Eu não sei. Nunca fui muito boa em autocrítica.

– E você acha que eu vou passar?

– Mas é lógico. Você ganhou e sua batalha foi incrível! – acho que eu disse aquilo com ênfase de mais, porque ele olhou para mim e riu.

Não foi uma risada de escárnio; foi uma daquelas risadas que alguém dá quando acha uma coisa mais ou menos divertida.

Disfarcei e dei um sorrisinho. Sim, eu realmente tinha dito aquilo com muita ênfase. Mas o que ele esperava? A batalha dele tinha sido a melhor.

– Você também batalhou muito bem. Tenho certeza de que vai passar. Você e o Harley.

Como o que contava na primeira fase eram os pontos na apresentação, não importava se a pessoa tinha ganhado ou perdido, o que importava era se ela estava entre os 50% melhores.

– É. Também acho que o Harley vai passar.

Fim da conversa por enquanto. Ficamos uns 5 minutos sem dizer nada um para o outro.

Eu olhava em volta constantemente, torcendo para a Solidad voltar, mas não via nem sinal dela.

A parada ficou chata quando uma fangirl do Drew apareceu, sabe-se lá de onde, e pediu um autógrafo.

Ele deu um autógrafo na boa, mas aí ela começou a abusar. Pediu para tirar uma foto e dar um selinho. Daqui a pouco podia até pedir para... deixa pra lá.

A foto ele aceitou, mas recusou o selinho. A fã ficou meio chateada; saiu de lá deprimida.

– Às vezes é um saco ter fãs – Ele falou de repente.

– É pior ainda não ter – respondi imediatamente.

– Você não tem? Ninguém nunca te pediu um autógrafo ou algo parecido?

– Nunca.

– Mas você é uma ótima coordenadora. Não é possível que ninguém tenha te notado.

– Acho que nem o senhor Sukiso me nota.

Rimos casualmente daquela piadinha e ficamos em silêncio novamente. Às vezes eu olhava para a tela e fingia estar prestando atenção na batalha só para ele não achar que eu estava gostando de conversar com ele.

Quando pensei em puxar assunto outra vez, Lílian anunciou o fim da primeira fase do Grande Festival.

“E as lutas da primeira rodada acabaram. Agora vamos exibir no telão os coordenadores que receberam a melhor pontuação e vão passar para a próxima fase.”

Foi um momento de tensão geral. Todos se levantaram e se aproximaram do telão, esperando que sua foto aparecesse entre os melhores.

Pelo jeito, Drew foi o único que ficou sentado. Ele ia passar de qualquer jeito, não havia porquê ficar nervoso.

Alguns segundos depois as fotos apareceram na tela em ordem de melhor para maior pontuação. Em primeiro e segundo lugar estavam, respectivamente, Drew e Solidad, é claro.

Me surpreendi quando vi meu nome em 5º lugar. Harley ficou em 10º. Em terceiro e quarto estavam, respectivamente, Robert e Marina.

O Robert eu conhecia. Era um coordenador muito bom que com certeza seria um oponente muito forte esse ano.

Marina, até onde eu sei, era uma coordenadora de Johto que havia se destacado muito por lá. Ganhou até um prêmio de melhor coordenadora de Johto. Outra forte oponente.

– Parabéns. – Drew disse.

– Eu é que tenho que te parabenizar. Você ficou em primeiro.

– Bom, isso é...

– Normal?

– É...

– Acha que vai ganhar?

– Eu espero que sim.

E eu espero que não. Esse ano vou fazer de tudo para o título ser meu.

“Parabéns aos coordenadores que passaram para a segunda fase! Agora são 12:00. Vamos dar uma pequena pausa para o almoço. Voltamos 13:30.”

Finalmente. Minha barriga já estava roncando.

Me levantei para procurar um restaurante na cidade, mas quando já estava quase saindo da sala, Drew me chamou.

– May...

– O que?

– Se você quiser pode ir almoçar comigo.

Tanto faz.

– Por mim tudo bem.

Saímos juntos do estádio. Não vi nem sinal da Solidad. Queria parabenizá-la por ficar em segundo lugar.

Andamos um pouco pela cidade até chegarmos em um restaurante. Achei meio estranho ter pouca gente nele.

Nos sentamos em uma mesa perto da janela.

– Boa tarde – um garçom nos entregou o cardápio.

– Pode escolher – Drew entregou o cardápio para mim.

Olhei o preço das comidas e... caramba! Aquilo era caro de mais!

– Eu... eu acho que não dá. Que tal a gente ir em outro restaurante? Aqui está muito caro...

– Não tem problema. Eu pago.

– Não, Drew! Olha – eu disse me levantando – você pode ficar aí. Eu to indo.

– Por favor. Eu te chamei aqui.

– Só se você deixar eu te ajudar a pagar a conta.

– De jeito nenhum! Eu só estou tentando ser cavalheiro. Pare de deixar tudo tão difícil.

– Ser cavalheiro? Qual é o seu interesse em ser um cavalheiro comigo?

Ele não respondeu. Aquela pergunta tinha pegado ele de surpresa.

– Eu... só estava querendo ser gentil.

– Ah, me poupe! Você? Querendo ser gentil?

Percebi que meu tom de voz estava alto. As poucas pessoas dentro do restaurante começaram a olhar para mim. Drew também havia percebido isso e estava completamente embaraçado.

– Não vamos discutir isso aqui, por favor – ele disse, olhando para baixo.

– Tudo bem então. Eu vou procurar outro restaurante. – andei até a porta, mas ele me seguiu.

– Não – ele segurou o meu braço. – Tudo bem. Se você almoçar aqui comigo, eu respondo a sua pergunta.

Aquela proposta não me pareceu muito justa, mas eu estava curiosa... para provar as comidas chics.

– Tudo bem então. Você venceu.

Voltamos para a mesa e nos sentamos.

– Então.

– Vamos escolher a comida primeiro. – ele me entregou o cardápio.

Depois de alguma análise, me decidi.

– Que tal... carpaccio?

– Você pelo menos sabe o que é isso? – ele perguntou, desconfiado.

– Não, mas deve ser bom.

– É carne crua.

– O que?

– Carne crua com muito tempero. É uma delícia, mas mesmo assim, é carne crua.

– Tudo bem. Acredito em você se você diz que é bom.

– Só por precaução vou pedir um espaguete com queijo pra você.

O garçom veio e anotou o nosso pedido. Quando ele saiu, exigi a resposta do Drew.

– Agora você vai responder minha pergunta.

– Já que eu não tenho escolha...

Houve um silêncio antes de ele falar.

– Tente não ficar muito feliz, está bem? – ele deu um sorriso galante. – Eu não sei como dizer isso propriamente, então vou direto ao ponto. Eu estou a fim de você.

Ah! Vai enganar a tua vó!

– Isso não tem graça, Drew.

– Acha que estou brincando?

– Eu não acho, tenho certeza.

– Por que eu estaria brincando com uma coisa dessas?

– Por que você não estaria?

– Eu...

– Drew, por favor. Você pode ter qualquer garota do mundo! O que te fez pensar que eu acreditaria se você dissesse que gosta de mim?

– Eu não esperava essa reação...

– Você achou o que, então? Que eu ia ficar feliz? Que eu ia me derreter por você como todas as outras garotas que você engana fazem?

– Não estou te enganado.

– Pois eu acho que está! Você é o tipo de cara que aparece na capa das revistas com uma garota diferente toda semana.

– Que 100% das vezes são fãs descontroladas que ficam me seguindo o tempo todo e o único jeito de fazer elas pararem é fazer algum paparazzi tirar uma foto para ela ficar se gabando com as amigas depois. Acha que eu sinto alguma atração por elas, May? Você acha mesmo? Acha que eu ficaria nervoso só de conversar com uma delas como aconteceu hoje? Acha que eu levaria alguma delas para um restaurante e diria que gosto dela? É isso que você pensa de mim?

– É. Exatamente isso.

Houve silêncio por alguns minutos e nós ficamos olhando um para o outro, tentando dizer alguma coisa, mas ninguém encontrava palavras. Até que eu me manifestei.

– Eu já tive o coração partido uma vez, Drew. E se você quer saber, até hoje eu me lembro e sofro com isso às vezes. Eu não quero ter que sentir isso de novo. É difícil de mais aguentar essa dor.

– Se quiser falar sobre isso...

– Não tente bancar o bonzinho.

Ele ia dizer alguma coisa, mas nessa mesma hora o garçom chegou trazendo a comida.

Eu provei um pouco do carpaccio e realmente era bom, mas resolvi comer o espaguete com queijo, que estava uma maravilha.

Não olhamos um para o outro durante o almoço inteiro. Às vezes eu percebia que ele olhava para mim, mas tentei não olhar para ele de volta; não queria que ele pensasse que eu estava caindo na mentira dele.

Depois do que pareceu uma eternidade, finalmente terminamos e ele pediu a conta.

– Eu vou te ajudar a pagar – eu disse – e não tente me impedir.

Ele não falou nada. Pelo menos eu sabia que ele não ia me impedir.

Tirando a parte de que eu usei meu dinheiro todo para pagar menos da metade da conta, o fim do almoço foi ótimo para mim.

Saímos do restaurante e voltamos para o estádio. Não dirigimos uma palavra um para o outro durante todo o trajeto e quando chegamos lá, nos separamos. Fui procurar Solidad e ele voltou a sentar no lugar em que estava no começo do festival.

Depois de alguns minutos de procura, finalmente a achei.

– Oi, May. Onde você foi almoçar?

– Eu fui em um restaurante doido com o Drew.

– Um restaurante doido? Como assim?

– Não ligue para isso. Às vezes eu falo que uma coisa é doida quando não é normal... ou quando é mas... ah, esquece isso!

– E você gostou?

– Sim, a comida estava ótima.

– Estava me referindo ao tempo que passou com ele.

Ela sabia de alguma coisa. Com certeza. Me lembrei da piscadinha que ela deu para ele quando ele se sentou do meu lado.

Eu não sabia o que responder. E se ela não soubesse de nada? E se só estivesse perguntando por perguntar?

A voz da Lílian no megafone me salvou de ter que inventar uma resposta.

“Boa tarde, coordenadores. Espero que tenham tido um bom almoço, porque daqui a 5 minutos vamos dar início à segunda fase do Grande Festival de Hoenn!”

– Bom – comecei a dizer, tentando mudar de assunto – Vou me preparar. Só tenho que arrumar minhas pokébolas e... pensar em estratégias.

– Tudo bem. – ela se levantou –Guarde o meu lugar. Eu já volto.

E ela se foi. Se ela realmente estivesse por trás disso, iria perguntar para o Drew o que tinha acontecido no restaurante.

Quando a segunda fase começou, ela ainda não havia retornado.

“Agora começamos oficialmente a segunda fase do Grande Festival de Hoenn!”

Aplausos tomaram conta de todo o estádio e meu nervosismo voltou naquele instante.

“Sem mais delongas, vamos sortear as próximas batalhas!”

O telão começou a embaralhar os nomes. Eu ficava mais nervosa a cada instante. Dessa vez, só havia os melhores coordenadores e se eu perdesse uma batalha, seria desclassificada.

Finalmente as duplas foram mostradas.

Solidad. Eu iria batalhar contra a Solidad!

Tudo bem, agora eu podia me desesperar por completo!


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Notas finais do capítulo

O capítulo ficou meio pequeno, mas o quarto vai ser grande!



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