MATTEO

– MATTEO? MATTEO VOCE TÁ AI? – ouvi a voz do Louis embaixo das escadas do salão que eu estava.

– Estou aqui em cima Louis.

– CARA, PRECISA IR VER SUA NAMORADA. – ele gritou e eu ouvi seus passos fortes na escada.

– Não tenho namorada, Louis.

– A Sarah. Aquela ruiva. Ela não é sua namorada?

– Não. – eu disse secamente, antes de voltar a pintar o quadro.

– Mas vocês são amigos... – ele perguntou encarando-me, agora ao meu lado.

– O que foi, Louis?

– Atropelei ela. – ele disse rápido e eu me levantei em quase um pulo.

– Você o que? – eu quase gritei e ele deu um passo pra trás.

– Não foi culpa minha. Ela ultrapassou o sinal vermelho e eu não consegui frear.

– Cadê ela? Cadê? – perguntei gritando.

– Foi pra casa.

– Pra casa? Como assim? Você a atropelou e depois a mandou pra casa?

– Não! Ela quis ir pra casa. Disse que estava tudo bem. Então paguei um táxi. Eu insisti em leva-la ao hospital, mas ela não quis. – ele falava rápido demais.

– Como ela estava? – perguntei enquanto pegava minha jaqueta.

– Não sei. Mas acho que não estava bem.

– Estava sangrando?

– Não. Quer dizer, acho que tinha arranhado a testa.

– Acha?

– Ela estava de capacete, mas saiu quando ela caiu da moto.

Sarah... Caiu da moto. Ferida. Em casa. Droga.

Minha cabeça começou a dar nós. E se ele tivesse se machucado muito? Como pode ter querido ir pra casa? Sarah, porque tem que ser tão teimosa?

Eu estava descendo as escadas com Louis ao meu encalço.

– Não pode me dizer a aparência dela? Ela estava muito mal?

– Não. Não tão mal. Eu não sei, Matt. Ela estava meio tonta. Gemeu algumas vezes, acho que estava sentindo dores, mas se tivesse se machucado de verdade teria querido ir ao hospital.

– Você não a conhece. – eu bufei saindo do galpão.

– Eu te levo até ela.

– Não. Quero que me leve a outro lugar. – eu pedi e ele assentiu.

Em poucos minutos estávamos em frente a um dos prédios mais chiques da rua. Desci da moto e pedi que Louis me esperasse.

Falei com o porteiro e me informei sobre o número da casa. Ele disse alguma coisa aos seguranças depois que eu saí, mas não me importei. Devia estar pensando que eu era algum ladrão, ou coisa assim. Subi as escadas porque estava impaciente demais pra esperar o elevador. Quando cheguei ao andar, procurei o número e toquei a campainha quatro vezes seguidas.

– Já vai. – ele gritou e quando abriu a porta deu um passo pra trás. – Você?

– Eu. Sei que não vai com minha cara, mas não é sobre mim. Preciso que vá ver a Sarah. – eu despejei rápido e ele me encarou.

– Não entendi.

– Ela caiu da moto. – ele arregalou os olhos e deu um passo em minha direção.

– O que você...

– Não fui eu. – eu berrei antes que ele me acusasse. – Olha Taylor, você pergunta a ela o que aconteceu. Só preciso que veja como ela está, ok? Por favor. – eu pedi encarando-o. Ele assentiu devagar. – Obrigado. – agradeci, antes de dar as costas e sair.

Era melhor ele ajuda-la do que eu. Era melhor assim.

Oh Deus, faça com que ela esteja bem. Por favor.

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TAYLOR POV

– Chloe?

– Oi Taylor. – Chloe atendeu depois de dois toques.

– Preciso que ligue para Sarah.

– Por quê?

– Não sei. O italiano apareceu aqui.

– Matteo?

– Sim. Disse que Sarah tinha caído da moto, e que queria que eu soubesse como ela estava, mas...

– Eu vou ligar pra ela.

– Por favor. Me ligue assim que falar com ela.

Antes que eu notasse Chloe já tinha desligado. Segurei o celular com força e fiquei andando de um lado pro outro.

Ah Deus, ela está bem não está? O que deve ter acontecido? Por favor que não seja nada demais. Por favor. Com a Sarah não. Por favor...

O celular vibrou entre meus dedos depois de dois minutos e eu atendi rápido.

– E então? – perguntei rápido.

– Ela disse que estava bem. Assustou-se por eu ter ligado. Parecia cansada. Eu não sei. A Sarah não é de falar quando está mal, eu não sei se ela está dizendo a verdade, mas... Não parecia estar tão mal.

– Ok. Ok Chloe. Obrigado.

– Se souber de alguma coisa, me ligue. – ela sussurrou e eu notei que estava preocupada.

– Vou ligar. – eu disse antes de desligar.

Por favor Deus... Cuide dela.

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SARAH

Abri os olhos devagar. Estava frio. Muito frio. Notei que já era de manhã e tentei levantar.

– AAAAI. – gritei quando me mexi.

O que estava acontecendo? Parecia ter facas em minhas costas, e meu braço doía como nunca. Estiquei o braço direito para a cabeceira da cama e me forcei a sentar. Olhei para o lado e vi a jaqueta pendurada. Puxei-a. A jaqueta do Matteo. Cobri-me com ela e inspirei forte o cheiro. Nosso primeiro encontro.

Ah Matteo. Eu te amo tanto.

Eu comecei a chorar e soluçar. Não sei de dor física ou emocional.

Senti meus olhos arderem e minha cabeça doer mais.

Estava tão cansada.

Acho melhor ficar em casa hoje.